Fôlego jovem*

images3Garantir a educação dos filhos está no topo da lista de preocupações de pais e avós quando o assunto é o futuro. “Fiz um plano de previdência para Gabriela e Luiz Gustavo logo que nasceram”, conta o atleta e empresário que acaba de lançar o livro para crianças “Tchibum!”, Gustavo Borges.
O nadador recordista em medalhas das Copas do Mundo (31, ao todo) e a esposa Bárbara (foto) esperam poder pagar a faculdade das crianças sem mexer no fundo, deixando a poupança para ser usada como um presente de formatura. “Mas, como o futuro é imprevisível, optamos por garanti-lo agora”, diz.

Assim também desejam os pais dos gêmeos Rafael e Daniela. O susto foi tão grande com a gravidez de gêmeos que até o plano de previdência veio em dose dupla. “Quando fui contar para meu sogro que tinha começado a poupança para garantir a educação das crianças, ele me disse que também havia adquirido o mesmo produto financeiro para elas”, conta Alexandre Pereira dos Santos. A mãe, Renata Húngaro, agradece, pois qualquer iniciativa para assegurar a educação dos filhos é preciosa, ainda mais num cenário profissional tão competitivo como o atual.

Motivado pela maior consciência dos pais em garantir uma educação diferenciada aos filhos, o segmento de previdência infantil cresce em média mais de 50% ao ano, passando de R$ 833 milhões em 2005 para R$ 2,9 bilhões em 2008. Já os planos voltados para aposentadoria registraram evolução média de 18% no mesmo período, encerrando 2008 com contribuições de R$ 31,8 bilhões e reservas superiores a R$ 140 bilhões.

“Hoje, de cada R$ 1 milhão destinados a planos de previdência, quase R$ 100 mil são investidos em planos para menores. Há 4 anos, eram R$ 40 mil”, compara Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, diretor geral responsável pela Bradesco Vida e Previdência, dona de 63,7%, ou seja, mais da metade de toda a receita de planos para menores arrecadada no ano passado.

Uma das explicações para o interesse é que os pais despertaram para a necessidade de poupar. “A educação não se restringe a escola. É fundamental que ela seja dada em casa. E mexer com dinheiro é um dos pontos mais importantes da educação de uma criança”, diz Willian Eid, especialista em finanças pessoais da Faculdade Getúlio Vargas e autor de diversos livros.

A primeira lição que os pais podem dar aos filhos é a da disciplina. Uma recente pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) mostrou que as pessoas tendem a poupar mais em momentos de crise. Por isso, o setor de previdência privada tende a sofrer impacto menor que outros setores com a desaceleração da economia e a evolução do desemprego. As estatísticas mostram que em momentos de dificuldades os saques ou suspensão dos depósitos ficam dentro da média nos planos de aposentadoria mas são raros nos planos infantis. “Se o pai precisa de recursos, busca em outras aplicações para evitar mexer na poupança do filho”, afirma Luis Martinez, gerente de produtos de previdência Icatu Hartford.

Outro ponto positivo para o setor é a intenção do governo em mudar o cálculo da rentabilidade da caderneta de poupança. “Sempre é o momento certo de pensar no futuro. As pessoas vão refletir sobre suas aplicações e perceberão as vantagens tributárias da previdência como uma aplicação de longo prazo”, diz Tarcísio Godoy, presidente da Brasilprev e diretor da Fenaprevi. Com tais justificativas, a estimativa da entidade é de contribuições de R$ 35 bilhões em planos de previdência em 2009, mantendo a expansão de 13% registrada em 2008, com o jovem vitalizando a demanda.

Para quem acha que a educação é o melhor investimento que se pode fazer para os filhos é bom pesquisar bem antes de contratar um plano. E mesmo aqueles que já o têm, como Gustavo Borges, precisam ficar atentos às novidades lançadas pelas empresas. “Será que estou pagando taxas muito elevadas por ter um plano antigo?”, questiona Borges ao parar para pensar no assunto.

É bom investigar, recomendam os analistas, pois a competição entre as empresas está acirrada. De um lado, grandes grupos beneficiados pela solidez diante da crise. Por outro, empresas independentes, com estrutura mais enxuta e que buscam atrair o consumidor com gestores diferenciados, isenção de taxa de carregamento, rentabilidade acima da média e serviços.

Antes de tomar qualquer decisão, é preciso ter em mente o objetivo para aproveitar o benefício fiscal que os produtos de previdência oferecem. “O Brasil tem os melhores incentivos fiscais do mundo. É preciso entendê-los. Quem souber usar, otimizará os ganhos no longo prazo”, afirma Osvaldo do Nascimento, diretor de produtos de previdência do Itaú Unibanco, que conta com mais de 250 mil planos para jovens em carteira.

O PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda. Ele permite o abatimento de até 12% da renda bruta. Já o VGBL tem o ganho tributado no saque. É possível optar por duas tabelas de IR. A regressiva tem tributação de 35% de IR sobre os rendimentos no primeiro ano e cai para 10% no décimo ano, alíquota menor do que a aplicada em fundos de investimentos, de 15%. Já a tabela progressiva é mais indicada para quem vai compensar a alíquota de até 27,5% sobre os rendimentos na declaração anual de IR. “São vantagens importantes e que ficaram ainda mais competitivas com a tabela regressiva de Imposto de Renda”, diz Juvêncio Braga, diretor da Caixa Seguros.

O plano de previdência, ao contrário de outros produtos financeiros, traz a possibilidade do titular de agregar um seguro de risco, por um custo próximo a 2% do aporte mensal. “Em caso da morte ou invalidez do titular, o filho receberá o valor total previsto pelo participante”, explica Edson Franco, diretor de produtos de previdência do grupo Santander, onde o plano infantil representa 5% da base total de clientes de previdência, com reservas de R$ 47 milhões.

Este foi o diferencial que atraiu o casal de médicos Vera Lúcia Tavares Nakamura e Marcelino Yoshikazu. “Além dos benefícios fiscais, poder agregar um seguro de vida que complete o valor que estimamos que será necessário para nosso filho cursar o ensino médio no exterior foi decisivo para a nossa opção de poupança”, conta a endocrinologista Vera Lúcia. “E é melhor poupar desde já, pois estou com 46 anos. Daqui a dez, quando ele for para a universidade, terei 56 anos e a disposição para fazer plantões e ter uma renda extra diminui muito.”

Quanto mais cedo se começa a poupar, maior será o efeito no longo prazo. O fim da inflação trouxe mais transparência aos ganhos das aplicações financeiras, facilitando a comparação entre fundos. “E a portabilidade existe não só para celular e plano de saúde. Ela também existe para a previdência. Quem não estiver satisfeito com rentabilidade ou com os serviços prestados pode mudar, sem qualquer custo”, diz Bento Zanzini, vice-presidente responsável por vida e previdência na Mapfre Seguros, que viu sua carteira crescer no primeiro trimestre deste ano, principalmente pela portabilidade.

Mais recentemente, com a queda da taxa básica de juro, a Selic, o investidor passou a ter mais clareza ainda do efeito multiplicador dos juros. Um cálculo tradicional dos consultores financeiros mostra que um rendimento de 1% ao mês durante dez anos significa 230% no final do período em razão dos juros compostos, ou seja, juros sobre juros.

Segundo cálculos de Edson Lara, diretor de varejo do HSBC Seguros, quem comprar um plano para o filho assim que nascer e projetar uma renda de R$ 60 mil aos 18 anos – valor estimado do custo de uma universidade -, terá de fazer aportes mensais de R$ 130. Se começar esta poupança quando o filho tiver dez anos, terá apenas oito anos para compor os R$ 60 mil e precisará contribuir mensalmente com R$ 480, considerando-se rentabilidade anual de 6%.

Por isso, é bom ficar de olho nas taxas cobradas pelas empresas, pois meio ponto percentual faz uma grande diferença no longo prazo. A taxa de administração é cobrada anualmente sobre o patrimônio e a de carregamento é aplicada sobre os aportes. A concorrência tem feito com que várias empresas isentem os clientes com aportes elevados da taxa de carregamento. A taxa de administração, que há pouco tempo superava 4%, pode ser encontrada por menos de 1% ao ano.

Novos benefícios fiscais para tornar o produto ainda mais atrativo são negociados com o governo. A Fenaprevi tenta convencer o governo de que dar incentivos para educação e saúde desonera o governo, a medida empurra as pessoas para a iniciativa privada. “Estimular a poupança de longo prazo é um benefício enorme para as pessoas e também para o governo”, diz Renato Russo, vice-presidente da SulAmérica e da Fenaprevi.

Além disso, o estímulo amenizaria os impactos diretos na previdência oficial no longo prazo. O tema “custo da educação” tem tido o poder de mudar o futuro de um país. Ele tem sido muitas vezes um fator decisório no planejamento familiar. Já se tornou rotina escutar a célebre frase “se não fosse tão caro educar, teria outro” de mães de filho único. E o efeito de baixa natalidade pode ser devastador para um país. Afinal, quem alimentará a receita da previdência oficial para pagar os benefícios dos idosos de amanhã?

Lucro da ACE cresce 50%, para US$ 567 milhões

images81O grupo ACE Limited registrou lucro líquido de US$ 567 milhões no primeiro trimestre deste ano, 50% acima dos US$ 377 milhões registrados no mesmo período de 2008. O lucro operacional aproximou-se de US$ 670 milhões. Segundo comunicado do grupo, a rentabilidade anualizada sobre o patrimônio ficou em 18,4%. O valor de mercado da ACE registrou alta de 2% no final de março deste ano, para US$ 272 milhões, comparado com dezembro último. O índice combinado das operações de ramos elementares chegou a 87,5%.

Em nota, o CEO Evan G. Greenberg comentou que a ACE teve um bom trimestre, ressaltando o lucro e o ganho operacional. Ele lembrou que a consolidação da compra da of Combined Insurance Company ajudou a fortalecer os resultados do trimestre, assim como pelas taxas de subscrição firmes registradas no período. Mesmo com elevação das taxas, os prêmios registraram pequeno aumento, passando de US$ 2,9 bilhões para US$ 3,1 bilhões. A América do Norte respondeu por US$ 1,4bilhão, operações internacionais por US$ 1,1 bilhão, o segmento de resseguros por US$ 238 milhões e vida por US$ 335 milhões.

O executivo acredita no crescimento do faturamento ao longo do ano. Se por um lado há menos volume de bens para fazer seguro em razão da recessão mundial, os clientes estão buscando alternativas para proteger patrimônio diante da crise.

Recessão impacta balanços de resseguradoras

42-21521781Começou a safra de balanços do primeiro trimestre do ano. A expectativa de analistas em relação ao desempenho das companhias de seguros e de resseguros é de resultados positivos, porém menores do que os registrados em mesmo período do ano passado, quando a crise financeira ainda se espalhava vagarosamente.

Neste ano, as consequências da crise começam a aparecer nos números. O PIB dos EUA, por exemplo, no primeiro trimestre deste ano teve redução de 6%. Como consequência, as seguradoras tiveram menos bens para proteger. O primeiro trimestre do ano também é um período fraco no que diz respeito a ocorrência de catástrofes naturais em países onde a penetração de seguros é elevada, como EUA, países da Europa e Japão.

Boa parte da redução do lucro nas resseguradoras que já divulgaram o balanço do primeiro trimestre vem da perda com investimentos. Já o declínio dos prêmios resulta da desaceleração das economias mundiais e redução dos capitais segurados pelas empresas como contenção de custos.

A resseguradora PartnerRe divulgou lucro líquido de US$ 141,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, acima dos US$ 129 milhões do mesmo período do ano passado. Os prêmios no período registraram ligeiro declínio, para US$ 1,3 bilhão. O índice combinado das operações de ramos elementares ficou em 87% no trimestre, melhora de cinco pontos comparado aos 92,3% do mesmo período do ano anterior. Segundo nota da empresa, o retorno sobre o patrimônio foi de 16,9%. Patrick Thiele, CEO do grupo, lembrou, no comunicado, que o primeiro trimestre do ano foi um período sem registro de catástrofes naturais. O balanço completo pode ser consultado no site www.partnerre.com.

O grupo XL Capital, que no Brasil tem uma parceria com o Itaú Unibanco, divulgou lucro de US$ 3 milhões no primeiro trimestre deste ano, diante dos US$ 244 milhões do mesmo período do ano anterios. O balanço traz perdas de US$ 251 milhões nos investimentos do primeiro trimestre deste ano, acima dos US$ 102,3 milhões do mesmo período do ano anterior. Os prêmios registraram declínio de 29,6% no período, para US$ 1,5 bilhão. Em nota, o grupo atribui a perda às condições gerais do mercado de seguros, com a queda dos valores segurados, e também pela desaceleração da economia. O índice combinado ficou em 93%, praticamente estável comparado ao mesmo período do ano anterior. O balanço completo pode ser consultado no site www.xlcapital.com

A Montpelier Re comemorou alta de US$ 300 mil em seu lucro do primeiro trimestre, para US$ 53,2 milhões. Os prêmios líquidos totalizaram US$ 237,8 milhões no período, 7,5% acima do mesmo perído de 2008. O índice combinado, que mede a eficiência da companhia ao considerar faturamento menos indenizações e despesas (quanto mais abaixo de 100% melhor), ficou em 74%, melhor do que os 89,7% do período anterior. O balanço completo pode ser consultado no site www.montpelierre.com

Já a Axis Capital divulgou queda de 49% no ganho do primeiro trimestre deste ano, para US$ 124,9 milhões. A justificativa, segundo comunicado do grupo, foi a perda com investimentos, que chegaram a US$ 40,6 milhões nos três primeiros meses do ano, comparado com ganhos de US$ 35,7 milhões no primeiro trimestre de 2008. Os prêmios tiveram incremento de 6%, para US$ 1,1 bilhão. O índice combinado registrou piora, passando de 81% para 86%. O balanço completo pode ser consultado no site www.axisre.com

Agências de rating têm novas regras na Europa

42-16389461As agências de classificação de riscos poderão recuperar um pouco da credibilidade com as novas medidas aprovadas na semana passada, dia 23, pelo Parlamento Europeu. O comitê dos 27 países membros aprovou novas medidas que pretendem melhorar a transparência e independência das agências de classificação de riscos. As empresas que quiserem atuar na União Européia terão de cumprir as determinações de registro da normativa aprovada por 569 votos a favor, 47 contras e quatro abstenções. As normas passarão a valer 20 dias após a publicação oficial e as empresas terão um prazo de seis meses para se adaptar.

As principais empresas afetadas com o novo posicionamento dos órgãos reguladores são Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch. Também são as mais penalizadas pela opinião pública pela gravidade da crise financeira global. Até mesmo economistas agraciados com prêmio Nobel declararam que as empresas deveriam ter previsto com mais antecedência a fragilidade financeira de grupos como AIG, por exemplo, que tinha o mais elevado rating entre seguradoras mesmo poucos dias antes de ser socorrida pelo Banco Central dos Estados Unidos (Fed), em setembro.

Entre as discussões do novo normativo estão a rotatividade de analistas, a supervisão das empresas, a obrigatoriedade de registro para operar na União Européia, prazo de cinco anos para que um analista responda por uma mesma empresa, a fim de assegurar a independência da classificação, evitando conflitos de interesse. As agências também precisarão contar com dois membros independentes e os critérios utilizados para a formação do rating deverão ser divulgados com clareza.

As medidas não afetam outros países, mas é sempre um exemplo a ser seguido quando o assunto é trazer mais segurança e transparência para acionistas, investidores e governos. Da mesma forma quando explodiu os casos das empresas Enron e Parmalat, colocando em jogo a reputação das empresas de consultoria e de rating, novas normas foram criadas trazendo impactos globais.

No Brasil, o uso de rating começa a ganhar força, principalmente na indústria de seguros que passou, com a abertura do resseguro, a participar mais fortemente do cenário internacional. O rating é o instrumento mais usado pelas empresas para definir se aceitam ou não uma seguradora ou resseguradora em contratos de seguros. Obviamente, que desde setembro, pior período da crise financeira, além do rating as empresas buscam outras garantias.

Em uma recente palestra no Brasil, durante seminário de resseguro promovido pela Revista britânica Reactions, no Rio de Janeiro, Roger Sellek, diretor de gestão da A. M. Best, que cobre 4 mil empresas em 65 países, defendeu a atuação das agências argumentando que nem mesmo a própria direção da AIG sabia das operações de alto risco realizadas pelos funcionários. Ele destacou que as agências levam em conta as informações passadas pelas empresas e também notas públicas.

Segundo Sellek, a deficiência de reservas foi responsável por mais de 38% de todos os casos de insolvência registrados entre 1969 e 2007 no mercado de seguros de ramos elementares. A estatística mostra que o crescimento rápido de uma companhia vem em segundo lugar. Mudança significativa de negócios ficou com 7,5%; perdas com catástrofes com 4,2%; insolvência do ressegurador com 3,5%; e fraudes com 6,9%.

Lucro da Chubb cai para US$ 341 milhões no 1º tri

images7O balanço da Chubb Corporation traz uma amostra da deteriorização das classes mais ricas nos Estados Unidos, afetados tanto pelas perdas de investimentos no mercado acionário como pelo desemprego. O grupo, um dos maiores em seguros diferenciados para a alta renda, registrou lucro líquido de US$ 341 milhões no primeiro trimestre de 2009, abaixo dos US$ 664 milhões registrados em 2008.

Os prêmios registraram queda de 7%, para US$ 2,7 bilhões. Desconsidando-se a flutuação cambial, o declínio seria de 2%. Nos EUA, a queda chegou a 5%. Nas operações internacionais, o recuo foi de 12%. Considerando-se as moedas locais, o balanço registra incremento de 5%.

Segundo o balanço divulgado pelo grupo, perdas com investimentos e cancelamentos de seguro de por parte dos clientes em razão da crise foram as principais razões da queda do ganho no primeiro trimestre. O índice combinado foi de 88,1% em 2009. Excluindo catástrofes, o índice combinado do primeiro trimestre foi de 87,2%.

Sobre os resultados, John D. Finnegan, presidente e CEO da The Chubb Corporation afirmou que “mesmo em meio a dificuldades econômicas, a Chubb continuou a apresentar um bom desempenho no primeiro trimestre. Esses números são reflexo do bom desempenho de nossas unidades de negócios e da performance de nossos investimentos, que estão sólidos, apesar da volatilidade do mercado global de capitais”.

O impacto da crise no mercado internacional*

images93Acostumadas a exibir índices de faturamento e de rentabilidade crescentes nos últimos anos, as resseguradoras e seguradoras internacionais terão de suar a camisa para apresentar bons resultados neste ano – principalmente enfrentando um cenário em que a taxa de juros é declinante, o volume de pedidos de indenização ascendente e o mercado acionário, ainda volátil.

“Em 2008 os resultados já não foram bons. E em 2009 veremos balanços ainda ruins”, diz David O’Brien, vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Transamérica-Re, resseguradora especializada em vida, registrada no Brasil como admitida. O pessimismo de David O’Brien tem coro internacional. “Seguradoras e resseguradoras que nunca haviam apresentado perdas foram atingidas nesta crise”, diz Graham Clarke, CEO mundial da Miller Insurance (foto), uma das maiores corretoras de resseguros do Reino Unido, durante visita ao Brasil.

Este cenário vale tanto as empresas que atuam no segmento de vida (life) como em ramos elementares (property & casualty). As consequências da crise financeira internacional, desencadeada pelos Estados Unidos e que já atingiu vários continentes, afetam o balanço das seguradoras em diversos itens, desde o patrimônio das companhias com ações em bolsa – pela acentuada queda do valor dos ativos – até o índice combinado. “A performance das ações das seguradoras de vida tem sido negativa e bem pior do que a média de mercado”, ressalta David O’Brien.

Além dos impactos financeiros, as seguradoras de ramos elementares desembolsaram elevados volumes de indenizações decorrentes da crise, com os pedidos de ressarcimento com apólices de Directors & Officers (D&O), e também para repor prejuízos causados por eventos naturais, o terceiro maior ano em perdas dos últimos tempos, com cerca de US$ 80 bilhões em indenizações, segundo estudo da resseguradora Munich-Re.

Os executivos acreditam em novas notícias negativas sobre dificuldade de instituições financeiras e empresas até o final do ano. Para David O’Brien, o grande desafio das seguradoras será o de manter as vendas elevadas para ter rentabilidade dentro do custo administrativo necessário para retomarem o crescimento com o fim da crise, previsto para 2010 – o que significa ter balanços sólidos. A busca de market share por guerra de preço ou taxas de juros com ativos e passivos descasados, para atrair os detentores de apólices de acumulação de recursos, pode acarretar o rebaixamento de rating pelas agências de classificação. “Sem rating, os corretores deixam de recomendar a seguradora para seus clientes”, afirma.

Este cenário difícil poderá estimular as vendas de resseguro, bem como fusões e aquisições. De 2000 a meados de 2008, explica David O’Brien, as seguradoras buscaram recursos via mercado acionário para se capitalizarem. Até então a opção era a compra de resseguro financeiro para terem índices de alavancagem de acordo com o nível permitido pela regulamentação de solvência. “Como o cenário não é apropriado para emissões em razão dos elevados spreads, a demanda por resseguro tem aumentado”, disse.

E o Brasil? Os estrangeiros entrevistados vieram ver de perto como vai este País que não entrou em recessão no rastro de economias fortes como Estados Unidos, Inglaterra e Japão. Todos reconhecem que o Brasil está muito bem posicionado para enfrentar a crise – seja em termos macroeconômicos ou solvência do sistema financeiro. “Os fundamentos econômicos são sólidos e muitos investimentos têm a promessa de manutenção do Governo como forma de estimular a economia”, diz Benjamin Gentscht, executivo responsável pela área internacional de property & casuality da Scor-Re, quinta maior resseguradora do mundo.

As seguradoras têm seus ativos aplicados em títulos do governo brasileiro, com juro real de 6,5% ao ano, uma das mais elevadas taxas do mundo. E também está livre de catástrofes naturais de grande porte. O País ainda teve o benefício da abertura do resseguro em abril de 2008, que atraiu investimentos de mais de 80 estrangeiros desde então.

Apesar da forte concorrência, as seguradoras brasileiras pulverizam o risco em todo o mercado internacional. Em grandes riscos, o mercado internacional é quem dita o preço do seguro por ficar com a maior parcela do contrato. Sendo assim, o impacto aqui será sentido.

A abertura trará novos produtos e serviços, com certeza, além de novas tecnologias para gestão de riscos. Porém, a manutenção de preços menores com coberturas abrangentes ainda é uma incógnita, segundo a avaliação de diversos executivos reunidos na I Conferência Brasileira de Resseguros, realizada no Rio de Janeiro, no início de março. “Capital escasso, perdas e recessão, redução do volume de contratos – é um cenário propício para a alta de preços e severidade na negociação de coberturas”, explica Paulo Pereira, presidente da Associação Brasileira de Resseguradores (Aber) e representante da Transatlantic-Re no Brasil.

Eduardo Nakao, presidente do IRB Brasil Re, que tem concentrado boa parte dos negócios de resseguros no País, também está reticente quanto a manutenção da queda dos preços, mas aposta no crescimento e prevê prêmios de resseguros de cerca de US$ 2 bilhões para os próximos dois anos. “O setor deve crescer mais que o PIB, principalmente por dois aspectos: a inovação de produtos a serem oferecidos pelos resseguradores no ambiente concorrencial e a demanda de empresários por redução de riscos”.

É um momento e tanto para o Brasil. Principalmente porque o Governo estima investimentos públicos e privados próximos de R$ 600 bilhões dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2010. E esses projetos precisam de seguro e de resseguro para se tornarem sustentáveis.

*Matéria produzida para a Revista de Seguros, da CNSeg, edição janeiro, fevereiro, março/2009

Regulação será mais rígida, diz pesquisa*

images31A indústria de seguros mundial ficará mais regulada. Esta é a conclusão de uma pesquisa feita pela Geneva Association (Associação de Genebra), entidade que reúne cerca de 80 CEOs da indústria de seguros mundial. A pesquisa foi realizada durante encontro que reuniu cerca de 70 especialistas para comemorar o 25º aniversário do grupo de estudo de em regulação, supervisão e questões legais. Entre os profissionais estiveram presentes Peter Braumüller, presidente da International Association of Insurance Supervisors (IAIS) e Roger Sivegny, presidente da National Association of Insurance Commissioners (NAIC), responsável pela fiscalização das seguradoras nos Estados Unidos.

Cerca de 80% dos profissionais acreditam que a crise vai elevar a carga regulatória no futuro; 71% apostam em um comportamento mais protecionista dos países, que afetará os negócios internacionais de seguros; e 57% consideram que as perspectivas de futuro para a venda de seguro por meio de agências bancárias – bancassurance – sejam afetadas pela crise financeira mundial, informa o comunicado da entidade, da qual Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica, e Osvaldo do Nascimento, da Itaú Unibanco, participam.

Segundo secretário geral e diretor da Geneva Association, Patrick Liedtke, o estudo revela que o excesso de regulação é uma ameaça real para a indústria de seguros. Segundo os entrevistados, o padrão contábil é o que mais necessita de revisão. Alguns argumentam que é preciso rever alguns padrões contábeis em razão da crise financeira e outros justificam que é necessária uma mudança para que a real situação da companhia seja mais fidedigna, tornando a leitura do balanço mais realista aos analistas.

Para José Rubens Alonso, da KPMG, o segmento de seguro foi o menos afetado pela crise entre as instituições financeiras. As companhias que sofreram foram as que tinham um perfil de investimento mais agressivo. No Brasil, a regulamentação mais severa, o conservadorismo e as atraentes taxas de juros de títulos de renda fixa blindaram as seguradoras nesta crise. “No Brasil, as seguradoras não aproveitam de todos os limites que têm para aplicar em ativos de maior risco. Por isso, a tendência de aumento de regulamentação é menor no Brasil comparada a expectativa demonstrada na pesquisa da Geneva Association”, diz Alonso.

Outro ponto levantado na pequisa da Geneva Association é se o seguro perderá competitividade para outros tipos de produtos financeiros. Para Alonso não. Pelo contrário. “A transferência de risco por meio de produtos financeiros sofisticados mostrou-se ineficiente e arriscada. Acredito que o seguro ganhe mais espaço como um instrumento de transferência de risco.”

Para o sócio da KPMG, o grande desafio contábil é fazer com que a regra contábil não seja um alimentador de crises em períodos de turbulências. Isso porque as normas determinam que os ativos sejam contabilizados pelo valor justo, que tem como parâmetro o valor de mercado. “No entanto, o valor justo não foi concebido para período de alta volatilidade como o verificado nesta crise”, diz. O mundo ideal é que a regra contábil seja neutra e não alimente a deteriozação dos ativos num ciclo vicioso como o que tem sido observado nesta crise. Um desafio e tanto.

Mais detalhes da pesquisa podem ser consultados no link http://www.genevaassociation.org/PDF/Progres/Questionnaire.pdf

*Matéria produzida com exclusividade para o site www.fenaseg.org.br

Governos podem reduzir perdas com catástrofes*

images13Uma grande preocupação dos governos em todo o mundo em relação a ocorrência de catástrofes é ter um planejamento em como reconstruir o país diante da destruição. Várias medidas podem ser tomadas. Melhorar a atratividade dos seguros oferecidos no país, introduzir alguns seguros obrigatórios, assegurar a idoneidade dos canais de distribuição, investir na conscientização dos riscos a que a população está exposta e também na credibilidade da indústria de seguros.

Trazer soluções para ajudar governos a mitigarem os riscos de vulnerabilidade financeira com catástrofes faz parte do dia a dia de Nikhil da Victoria Lobo, gerente de desenvolvimento de negócios com o setor público, da divisão de riscos financeiros da Swiss Re. “Uma catástrofe pode trazer perdas sérias para o Produto Interno Bruto (PIB) de um país”, comenta o executivo que está no Brasil para participar do Fórum Econômico Mundial, realizado no Rio de Janeiro, onde o debate gira em torno dos impactos da crise financeira na América Latina.

Os governos ficariam menos expostos a um rombo financeiro caso adotassem algumas medidas. Além das já citadas, Nikhil cita outros instrumentos, como ter um canal aberto para a negociação de empréstimos a taxas mais acessíveis, contar com a ajuda de entidades sem fins lucrativos, comprar um programa de resseguro, bem como criar um fundo onde os recursos seriam usados como um adiantamento para a reconstrução da região atingida pela catástrofe.

Os recursos deste fundo teriam o objetivo de auxiliar na reconstrução da infra-estrutura básica de um país após um desastre natural. “O governo do México tem tido iniciativas interessantes, como a criação de um fundo financeiro em 1996 para ajudar as vítimas de catástrofes”, informa. Este foi o primeiro fundo soberano de catástrofe criado na América Latina e aprimorado nos anos seguintes.

Algo semelhante se tenta fazer no Brasil para a agricultura, atividade que mais sofre na ocorrência de uma catástrofe natural e também com as mudanças climáticas. O fundo, administrado pela iniciativa privada, prevê um suporte às seguradoras para garantir a cobertura de todos os segurados em caso de grandes perdas nas lavouras. A idéia é que o fundo esteja à disposição das seguradoras já na próxima safra. Isto ajudaria a reduzir o custo do seguro e, consequentemente, aumentaria o número de agricultores protegidos por um seguro.

O executivo da Swiss Re, especializado em negócios com a América Latina, afirma que os que mais sofrem são os países emergentes. Sendo assim, são os que mais necessitam de instrumentos para minimizar as perdas com catástrofes. “A região tem apresentado um desenvolvimento econômico constante nos últimos anos, especialmente o Brasil. E por isso se torna ainda mais interessante que os governos, federal e estaduais, tenham um colchão financeiro em caso de catástrofes”, diz.

Caso o governo de Santa Catarina tivesse algo parecido, a região estaria numa situação melhor do que a atual, em razão das enchentes que castigaram várias cidades no final do ano passado, como mostra a foto acima. Por ser um Estado com muitos descendentes europeus, o índice de penetração de seguros está entre os mais elevados do Brasil. As indústrias catarinenses estimaram perdas superiores a R$ 350 milhões. Foram 12 mil desabrigados e 135 mortes.

O governo do Estado de São Paulo, por exemplo, o maior mercado de seguro do País, tenta viabilizar um seguro que indenize a população de baixa renda com perdas por enchentes no valor de até R$ 20 mil. Apesar de ter sido criado pela lei 14.493, em agosto de 2007, a eficácia deste instrumento ainda causa polêmica. A população de baixa renda está muito exposta a riscos. Somente nos últimos dois anos a indústria de seguros passou a criar produtos para esta camada da população, nicho que ainda representa um pequeno percentual entre os consumidores de seguros.

Segundo estudo de autoria de Nikhil, enquanto nos países desenvolvidos as perdas seguradas chegam a 25% do total dos prejuízos, nos países emergentes este percentual cai para apenas 7%. O Tsunami, na Indonésia, em 2004, por exemplo, trouxe perdas econômicas que representaram 5% do PIB do país. O excesso de chuvas, em Honduras, em 1998, causou perdas equivalentes a 95% do PIB.

Quanto mais pobre o país, maior a perda para o governo, pois a população não tem acesso ao seguro. Em países desenvolvidos, o impacto para o governo é menor em razão da forte penetração do seguro em todas as camadas da população. Outros fatores que tornam a situação ainda mais grave nos países emergentes é a concentração da população em grandes centros urbanos e a qualidade da infra-estrutura básica, desde a construção das casas até as pontes que ligam o mar ao sertão. Isto fica comprovado com o número de mortes. Os mercados emergentes são responsáveis por 94% das mortes ocorridas em catástrofes, ficando apenas 6% com os mercado maduros.

O Japão, por exemplo, além de ter um dos mais elevados índices de consumo per capita de seguro, conta com um fundo do governo para perdas catastróficas. Dos US$ 75 bilhões de perdas com o terremoto Kobe, em 1995, quase metade veio deste fundo. O Estado da Flórida, nos Estados Unidos, região onde ocorre a maioria dos mais violentos furacões da história, também tem um fundo público para ajudar a economia local a se levantar após a passagem de um furacão.

Nikhil acha pouco provável que o governo da Itália ou da região de Abruzzo tenham verba de um fundo para socorrer os habitantes de L’Aquila. O tremor, de 6,3 graus na escala Richter, causou até agora quase 300 mortes e cerca de 40 mil pessoas estão desabrigadas, tornando o termo “cidade fantasma” usual para retratar o estado caótico da região atingida.

Matéria produzida exclusivamente para o site www.fenaseg.org.br

Olho vivo nas turbulências econômicas*

images141Os efeitos da crise já são sentidos no Brasil. Ao mesmo tempo em que há sinais de vitalidade, com fila de espera para a compra de alguns modelos de veículos zero quilômetro, há também uma dura realidade, como os 100 mil veículos já recuperados pelos bancos até fevereiro em razão da inadimplência. Segundo especialistas, a intensidade com que o País será atingido dependerá do esforço de cada indivíduo, de cada empresa, de cada governo.

Todos concordam que 2009 será um ano difícil porque as turbulências econômicas vão gerar mudanças em custos e receitas. “Vai dar trabalho gerenciar todos os riscos a que estamos expostos e serão necessários ainda mais esforços para oferecer melhores produtos e serviços”, diz Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica.

Os indicadores no Brasil começaram a apresentar piora desde o início de 2009. “No setor industrial, a última coisa que a empresa corta é o seguro, pois os ativos têm de estar garantidos. No varejo, o consumidor elimina itens básicos. Se for demitido e não usar o carro, o segurado pode cancelar o seguro. É uma experiência nova e não podemos subestimar as conseqüências”, comenta Luis Maurette, presidente do grupo Liberty Seguros (foto acima).

Veja a seguir os principais riscos que as seguradoras terão de gerenciar para manter o crescimento do setor na cadsa dos dois dígitos em 2009.

Cenário internacional – Acompanhar o cenário internacional é de extrema importância para as seguradoras e grandes clientes segurados no Brasil. “O mercado de resseguros acaba de abrir no Brasil. É preciso estar atento aos movimentos externos para mitigar riscos e poder agir de forma rápida e preventiva”, diz Marcos Couto, presidente da ACE Seguros. As seguradoras estavam habituadas a colocar seus riscos no IRB Brasil Re nos últimos 70 anos, onde o risco de crédito era praticamente inexistente por ser o ressegurador controlado pelo Tesouro Nacional. Agora, precisam de uma avaliação de risco de crédito mais precisa do que aquelas feitas pelas agências de rating.

Indicadores econômicos – As seguradoras estão mais atentas às variações que podem ter no valor dos ativos e passivos em razão da volatilidade dos preços dos seguros e das taxas de mercado, considerando-se aqui juros, ações, moedas, desemprego, inadimplência, recessão, déficit primário, exportações, importações, bem como indicadores que afetam diretamente a indústria de seguros, como custo de reposição de peças automotivas e de medicamentos e serviços médico-hospitalar, por exemplo.

Crédito e poupança – Crédito mais caro e cliente mais consciente da necessidade de poupar. Este é um momento de desafio para que todos aprendam a viver com seus próprios recursos e reflitam mais sobre a necessidade de poupar, na opinião de Fernando Moreira, presidente da HSBC Seguros. “A questão foge da área econômica e aumenta a percepção do cliente em relação aos produtos e serviços prestados pelas companhias”. Segundo ele, para competir é preciso investir na prestação de serviços e trazer o cliente para dentro do grupo. Investimentos é o grande foco para os próximos anos. “O cliente no centro de tudo”, resume.

Consolidação – A indústria de seguros passa por um momento de consolidação, com algumas mudanças importantes como a fusão do Itaú e Unibanco e a remodelação na área de seguridade pelo Banco do Brasil. A reorganização e a força da atuação de grupos importantes como os citados trazem mudanças significativas para a estratégia das companhias. “É preciso acompanhar de perto a concorrência para antecipar tendências e assim reter os clientes com preços e serviços diferenciados”, diz Fábio Luchetti, diretor vice-presidente executivo da Porto Seguro.

Custos – Adequar os custos à nova realidade econômica fará com que o processo de gestão e de controle de risco das seguradoras continue submetido a revisões periódicas. Será preciso ter uma gestão ainda mais eficiente para remunerar o acionista e assim mantê-lo no negócio, como também encantar os consumidores. “Isso requer uma revisão de processos e produtos para ter o melhor retorno aos investidores”, diz Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica. “Praticar o preço justo será uma questão de sobrevivência neste cenário de baixa de juros, volatilidade dos mercados financeiros, aumento da criminalidade e da ocorrência de catástrofes naturais”, diz Luis Maurette, da Liberty.

Veículos – O melhor dos mundos para as seguradoras, segundo Max Thierman, presidente da Allianz, seria continuar com o nível de vendas de seguro automóvel obtido em 2008, quando os prêmios chegaram a R$ 15,3 bilhões, alta de 13%. Para manter o ritmo seria necessário manter o nível de vendas de carro. “O gGoverno tem sido um grande aliado ao estimular a indústria, e esperamos que persista nas medidas de isenção de alguns impostos e do crédito mais acessível”. Segundo estudo divulgado pela PricewaterhouseCoopers em fevereiro, a produção brasileira vai cair 13%, interrompendo uma sequência de alta média de 10% verificada a partir de 2003.

Mudanças climáticas – Max Thierman acredita no aumento da frequência cada vez maior da ocorrência de eventos climáticos incomuns, como os registrados entre outubro do ano passado e janeiro deste ano. “Alagamentos como o de Santa Catarina e granizo como em Minas Gerais certamente causarão impacto negativo para a nossa indústria”, diz. Praticamente todas as seguradoras participam do grupo de discussão criado pela FenSeg para viabilizar iniciativas que mitiguem riscos.

Regulamentação – A crise levantou uma série de questionamentos sobre a eficiência da normatização que visa transparência e solvência das companhias. “Quem poderia imaginar que a maior seguradora do mundo, a AIG, teria de ser socorrida pelo governo dos EUA para não ir à falência? Quem não investiria numa empresa que tinha o segundo mais alto rating mundial dado por agências de classificação? Como conseqüência, o mundo todo discute mudanças nas regras. “É preciso ficar atento para sugerir idéias coerentes, que não amarrem o crescimento das empresas e ao mesmo tempo tragam mais transparência aos investidores”, diz Samuel Monteiro, Diretor Geral Administrativo e Financeiro do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência.

*Matéria produzida com exclusividade para a Revista de Seguros, da CNSeg, edição de janeiro/fevereiro/março de 2009.

Portabilidade em saúde requer atenção

42-20907684Começa a valer nesta quarta-feira, dia 15, a portabilidade dos planos de saúde. O consumidor que não estiver satisfeito pode mudar de empresa sem ter de cumprir novamente as carências, que vão de 24 horas para urgência até 300 dias para gravidez. Alguns procedimentos têm carências de até 180 dias, como para cirurgias e procedimentos de alta complexidade e dois anos para doenças pré-existentes.

A medida é válida para planos individuais, já que os planos coletivos são isentos desta exigência e também menos regulados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Segundo a consultoria Capitólio, dos 52 milhões de usuários de planos de saúde, incluindo odontológico, cerca de 20% são individuais. A saúde complementar faturou R$ 55 bilhões em 2008, sendo o prêmio médio mensal pago por pessoa de R$ 116. As despesas assistenciais somaram R$ 44,8 bilhões, ou R$ 1,1 mil por beneficiário ao ano, informa a ANS.

A intenção da ANS é aumentar a concorrência entre as empresas, uma vez que o consumidor poderá migrar para outra operadora caso esteja insatisfeito com os serviços prestados. No entanto, há regras. A portabilidade é permitida para aqueles consumidores que assinaram contratos após janeiro de 1999, quando começou a valer a Lei 9656/98. Para pedir a transferência, o consumidor terá de estar no atual plano de saúde pelo prazo mínimo de dois anos. Entre outras exigências que serão observadas no pedido de portabilidade é mês de aniversário do contrato e as mesmas características do plano, que deverá ser similar ao que a pessoa tem.

Mas é preciso muito cuidado na hora de mudar de plano. Deixar um plano individual para fazer parte de um coletivo, por exemplo, significa sair da proteção da ANS, que regulamenta preços e coberturas nos planos individuais e familiares. O valor mensal chega a ser 30% menor, mas há diferenças em valores de reembolso de consultas e serviços laboratoriais e hospitalares, a ANS permite a livre negociação anual e também reajustes para equilibrar receitas e despesas da operadora do plano.

“É preciso ler com muita atenção o contrato, pois os produtos e cobertura diferem de um plano para outro. Inclusive no atendimento de hospitais e laboratórios, pois as negociações entre as empresas e os prestadores são dinâmicas e envolvem pacotes de serviços. Muitas vezes um exame rotineiro é permitido em um hospital e outro, mais específico, só pode ser feito em um especialista”, explica João Alceu Moroso de Lima, da corretora Qualicorp. Uma regra básica, segundo ele, é: quanto menor o preço, menor a cobertura e serviços oferecidos.

Segundo José Cechin, diretor do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo realizar estudos sobre saúde complementar, o plano individual está caro pois é sujeito a vários índices de incerteza. “Qual o índice que a ANS vai autorizar, qual o rol de procedimentos que as operadoras terão de seguir na próxima tabela, além da incerteza jurídica. Mesmo quando não há cobertura para o atendimento no contrato, os juizes acabam dando parecer favorável ao consumidor”, comenta.