A safra de balanços da indústria de seguros mundial continua apresentando resultados diferenciados. A maioria das empresas que já divulgou o relatório financeiro tem ressaltado as operações internacionais e a parceria de longo prazo com clientes como fatores positivos dos resultados do primeiro trimestre.
A resseguradora francesa Scor, presente no Brasil como resseguradora admitida para atuar em ramos elementares e também vida, registrou queda de 30% no lucro líquido do primeiro trimestre deste ano, para € 93 milhões. No mesmo período do ano anterior, o ganho do grupo foi de € 133 milhões. A rentabilidade sobre o patrimônio caiu de 15,7% para 11,1%, segundo informa o grupo em seu balanço trimestral.
Os prêmios, por sua vez, cresceram 15,4%, para 1,5 bilhão. Os prêmios de vida totalizaram € 693 milhões, evolução de 12,2%. O índice combinado de ramos elementares subiu um ponto percentual, para 99,4%. Um dos pontos destacados no balanço do grupo foi o crescimento das operações internacionais de ramos elementares e o sucesso das renovações dos contratos no mês de janeiro e abril, quando acontecem as principais negociações da indústria de seguros.
Segundo comentou na nota Denis Kessler, presidente e CEO da Scor, o sucesso das renovações no mês de abril, com incremento de preços de 4,1%, pouco acima dos 3,1% registrados em janeiro, demonstram a seriedade da subscrição e a estratégia do grupo em continuar apresentando resultados e capacidade financeira sólidos em um cenário de crise.
O grupo Everest Re, presente no Brasil como ressegurador admitido, conseguiu elevar em 40% o lucro líquido do primeiro trimestre deste ano, para US$ 108,6 milhões, segundo balanço mundial divulgado pelo grupo. Os prêmios evoluíram em um ritmo menor, passando de US$ 877,5 milhões para US$ 997,8 milhões, alta de 14%. Os prêmios de resseguros puxaram o crescimento, com índice de 19%, enquanto os prêmios de seguros registraram baixa de 3%.
De acordo com a nota divulgada pelo grupo, as operações internacionais puxaram o crescimento das vendas. O índice combinado ficou praticamente estável comparado ao mesmo período do ano anterior, em 89%. Segundo informou na nota Joseph Taranto, presidente da Everest Re, o relacionamento de longo prazo com clientes foi um dos fatores que ajudou o grupo a registrar um resultado sólido mesmo em cenário de crise mundial.
Nasce uma árvore especial em meu condomínio. “É preciso salvar o planeta”, dizem os que conhecem a história da árvore batizada de Allianz.
Para a indústria seguradora, a mudança climática já é um fato. É o risco que mais preocupa executivos das seguradoras em todo o mundo quando vão traçar suas estratégias de atuação, desenvolvimento de mercados e precificação de produtos. Seguradores e resseguradores afirmam em seus discursos que o setor mudará radicalmente sua forma de avaliar suas exposições aos riscos diante de uma mudança tão abrupta no clima.
Até 2005, muitas seguradoras não computavam custos com mudanças climáticas em seus preços. No entanto, depois de perdas superiores a US$ 80 bilhões e mais de 150 milhões de pessoas afetadas com catástrofes naturais naquele ano, tendo o furacão Katrina como o principal, muitas passaram a considerar o custo em suas apólices e investir em estudos e campanhas, além de estimular projetos sustentáveis, que respeitem o meio ambiente e a sociedade, com taxas de prêmios mais acessíveis.
Algumas empresas do setor foram além. Querem mais do que apenas criar produtos que reduzam os riscos de prejuízos e insolvência que as mudanças climáticas podem causar. Querem realmente ajudar a salvar o planeta. O grupo Allianz é um dos maiores incentivadores de medidas para reduzir a poluição do planeta. Internacionalmente, informa, o grupo comprometeu-se em reduzir a emissão de CO2 em 20%, até 2012, além de investir 500 milhões de euros em fontes renováveis de energia, assim como em outros projetos sociais e sustentáveis.
O Lloyd’s of London entre várias ações lançou o projeto Risco 360, que tem como meta estudar tendências na freqüência de catástrofes, estimulando discussões sobre como gerenciar o risco no ambiente. Segundo a instituição, com mais de três séculos de experiência em seguros, em 2050 catástrofes como o furacão Katrina se tornarão quatro vezes mais freqüentes do que no início do século.
Em 2005, a Munich Re lançou a “Iniciativa de Seguro da Mudança Climática de Munique”, que reúne seguradores, climatologistas, economistas e organizações independentes (ONGs), com o objetivo de desenvolver soluções do ponto de vista securitário para as perdas crescentes decorrentes de eventos extremos relacionados ao clima.
A Swiss Re, além de um amplo programa relacionado à mudança climática, mantém um banco de dados que associa estatísticas relativas a catástrofes naturais com informação sobre seguros, dados econômicos e um mapa interativo com estimativas sobre o risco climático. O programa de mudança climática da seguradora também se baseia no tripé pesquisa de risco climático, desenvolvimento de produtos e conscientização.
As seguradoras no Brasil começam a avançar em seus esforços. Até 2005, a iniciativa se resumia na economia de luz e uso de papel reciclado. Em 2006, algumas partiram para calcular a emissão de CO2 e plantar as árvores necessárias para neutralizar a poluição gerada pela empresa. Já em 2007, novas atitudes. Porto Seguro e Mapfre auxiliam na vistoria de automóveis e informam motoristas sobre medidas para reduzir a poluição. HSBC e Bradesco Capitalização revertem uma parte da receita de produtos para entidades ligadas a projetos ecológicos e sociais.
Em 2009, o ano começou com atitudes invejáveis. Depois de lançar o Ecoblos, uma biblioteca virtual sobre temas sustentáveis no ano passado, a Mapfre inaugurou em março a Villa Ambiental, primeira iniciativa do governo dentro do Programa Criança Ecológica, que prevê 37 projetos que serão desenvolvidos do Governo do Estado de São Paulo com o apoio da iniciativa privada.
A Allianz lançou o kit digital na Ecogerma – Feira e Congresso de Tecnologias Sustentáveis, organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanhã, realizada em março, em São Paulo. Ele estava entre os vários destaques da feira, ao lado dos elevadores ecoeficiente da ThyssenKrupp, do plástico biodegradável da Basf, da linha de aquecimento solar e de ferramentas à bateria com tecnologia de íons de lítio da Bosch.
Realmente a ação da Allianz é um exemplo para a indústria local de seguros, que já reduziu o envio de papel aos corretores e segurados. Na Allianz, o segurado recebe apenas a carteirinha e pela Internet. O restante está na página da seguradora na web para consultas. O kit imprensa foi entregue em um moderno pen drive. Encantou os jornalistas. E para fechar com chave de ouro, a empresa entregou um cartão de visitas em papel reciclado, com sementes. Ao chegar em casa, anota-se os dados do executivo na agenda e o cartão deve ser picado e plantado em um jardim. Assim nasce a Allianz no meu condomínio.
Mas será que atitudes tão pequenas farão a diferença diante de tantas calamidades previstas com as mudanças climáticas para um futuro próximo? “Sim, todas as atitudes são benéficas. Pequenas atitudes podem mudar o mundo”, respondem prontamente os especialistas. E você, o que está fazendo para ajudar a salvar o planeta?
Os executivos de previdência privada aberta nunca trabalharam tanto. Estão atolados de desafios desencadeados com a crise financeira global e a queda da taxa básica de juros da economia. A etapa final do processo é conquistar os jovens, apelidados de “Geração Ipod” por especialistas internacionais. Os jovens usam MP3 não só por modismo. E sim porque eles mesmos querem escolher as músicas que vão ouvir. A mesma lógica é aplicada em previdência.
Segundo os especialistas, os mais jovens não têm memória inflacionária. Nunca conheceram alguém que tenha ficado rico aplicando na caderneta de poupança. Sabem que precisam correr riscos para ter um rendimento mais elevado. Vivem conectados. Não convivem com os amigos. Interagem. Idolatram jovens talentos que enriqueceram com projetos inovadores e com a valorização de ações de empresas como o Google ou Facebook, por exemplo.
Para conquistá-los, o primeiro passo é acalmar os pais que investem em planos de previdência para garantir o futuro do jovem. Desde a explosão da crise, em setembro do ano passado, o empenho foi mostrar que o setor estava sólido e que as empresas de previdência cumpriam regras rígidas de aplicação. As seguradoras não podem aplicar em derivativos descasados e têm limites – no máximo 49% do patrimônio – para apostar em ações, segundo explicou a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão regulador das companhias. “Nenhuma empresa teve problemas nos últimos 30 anos”, ressalta o vice-presidente de vida e previdência da SulAmérica, Renato Russo.
Paralelamente, as empresas treinaram o call center para explicar aos clientes quais os impactos da crise nos investimentos de previdência. Conseguiram. O setor encerrou 2008 com crescimento, mesmo com elevado volume de saques. As contribuições em planos abertos evoluíram 13%, para R$ 31,8 bilhões, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Aberta e Vida (Fenaprevi). O segmento que mais cresceu foi o de planos para jovens, com 46%, para contribuições de R$ 2,9 bilhões. Por ter ainda uma participação pequena, este nicho é a grande aposta das empresas para os próximos anos.
A incógnita era o comportamento dos participantes que tinham migrado da renda fixa, um porto seguro para as aplicações de previdência, para a renda variável, numa busca por uma rentabilidade mais atraente diante do quadro de juros decrescentes da economia brasileira. “A previdência aberta no Brasil é uma indústria nova. A maturidade do investidor surpreendeu. Tivemos pouca migração de clientes dos planos com ações para planos conservadores, com 100% em renda fixa”, conta Juvêncio Braga, da Caixa Seguros.
Os resgates, que cresceram entre outubro e janeiro, também cessaram. Em fevereiro deste ano, os depósitos superaram os saques, gerando captação líquida positiva de R$ 1,07 bilhão, 74% acima dos R$ 400 milhões registrados em janeiro, segundo dados do site Fortuna. “A rentabilidade foi preservada nos planos de renda fixa. No caso dos fundos com aplicações em renda variável, os clientes sentiram a queda do valor dos ativos com o recuo da bolsa”, afirma Renato Donatello, diretor de investimentos da Brasilprev, empresa de previdência privada aberta do Banco do Brasil, em parceria com a americana Principal e Sebrae. O Ibovespa encerrou o ano com baixa de 41%. “Mas já se observa uma boa recuperação e alguns fundos já compensaram integralmente a queda gerada pela crise.”
O desafio agora, passado o pior da crise, é reter o investidor e atrair novos participantes para garantir o crescimento. “Claro que não teremos os índices de evolução dos últimos anos, mas fecharemos o ano com taxas positivas”, garante Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, diretor geral responsável pela Bradesco Vida e Previdência, líder do setor.
A intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de alterar a fórmula de calcular o rendimento da tradicional caderneta de poupança trouxe um tempero a mais para o setor. O assunto ainda está em estudo, mas já foi o suficiente para fazer com que as pessoas repensem seus investimentos. Aliado a este cenário, o Brasil passa por uma consolidação bancária. A briga pela liderança no ranking torna a oferta ao consumidor mais atraente em termos de rentabilidade e custos de taxas. Com produtos reformulados, as empresas correm atrás dos clientes.
O empenho das empresas num primeiro momento é tentar atrair recursos para os planos de previdência infantil, uma vez que os depósitos se caracterizam realmente com prazos superiores a dez anos. “Não há um investimento de longo prazo melhor do que os fundos de previdência”, garante Osvaldo do Nascimento, diretor de previdência do Itaú Unibanco, um dos maiores bancos do mundo. Numa segunda etapa, o setor pretende explorar o incentivo fiscal dado pelo governo para quem investe em previdência.
O participante não paga imposto enquanto o dinheiro está sendo acumulado, uma vez que no PGBL e no VGBL o rendimento é isento de tributação, o que o torna mais interessante do que os fundos de investimentos que sofrem tributação. A combinação do PGBL e da tabela progressiva para o jovem tem um efeito muito favorável, explica Nascimento.
Ao resgatar o patrimônio acumulado, o jovem estará estudando, com renda inferior ao teto da Receita Federal e despesas que podem ser abatidas. De cada R$ 100 de saque, por exemplo, pagará 15% de IR, valor que pode ser recuperado na declaração anual.
A combinação VGBL e tabela regressiva tem um efeito semelhante. “O valor será tributado no resgate, porém recuperado na declaração anual. Um efeito e tanto no longo prazo e que fica evidente neste cenário de baixas taxas de juros reais”, afirma.
A segunda parte da estratégia das empresas é conquistar a “geração Ipod”. Para convencê-los a manter os investimentos que os pais fizeram será preciso mais criatividade e transparência por parte das empresas. A maioria das seguradoras já disponibiliza serviços de previdência na internet e também no Iphone. Mas mesmo com tantos investimentos em tecnologia, o processo para saber quais as ações que compõem o fundo de previdência pode ser considerado pré-histórico.
É preciso entrar no site da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) para consultar. E mesmo assim há atraso de quase quatro meses nas informações. “É uma tendência ter uma divulgação mais abrangente, um leque maior de opções de fundos para os jovens, principalmente em renda variável e buscar retorno no longo prazo atraente para este participante tão plugado”, diz Donatello, da Brasilprev.
*Matéria produzida com exclusividade para o suplemento especial Previdência Jovem do jornal Valor Econômico, no dia 30 de abril de 2009
Garantir a educação dos filhos está no topo da lista de preocupações de pais e avós quando o assunto é o futuro. “Fiz um plano de previdência para Gabriela e Luiz Gustavo logo que nasceram”, conta o atleta e empresário que acaba de lançar o livro para crianças “Tchibum!”, Gustavo Borges.
O nadador recordista em medalhas das Copas do Mundo (31, ao todo) e a esposa Bárbara (foto) esperam poder pagar a faculdade das crianças sem mexer no fundo, deixando a poupança para ser usada como um presente de formatura. “Mas, como o futuro é imprevisível, optamos por garanti-lo agora”, diz.
Assim também desejam os pais dos gêmeos Rafael e Daniela. O susto foi tão grande com a gravidez de gêmeos que até o plano de previdência veio em dose dupla. “Quando fui contar para meu sogro que tinha começado a poupança para garantir a educação das crianças, ele me disse que também havia adquirido o mesmo produto financeiro para elas”, conta Alexandre Pereira dos Santos. A mãe, Renata Húngaro, agradece, pois qualquer iniciativa para assegurar a educação dos filhos é preciosa, ainda mais num cenário profissional tão competitivo como o atual.
Motivado pela maior consciência dos pais em garantir uma educação diferenciada aos filhos, o segmento de previdência infantil cresce em média mais de 50% ao ano, passando de R$ 833 milhões em 2005 para R$ 2,9 bilhões em 2008. Já os planos voltados para aposentadoria registraram evolução média de 18% no mesmo período, encerrando 2008 com contribuições de R$ 31,8 bilhões e reservas superiores a R$ 140 bilhões.
“Hoje, de cada R$ 1 milhão destinados a planos de previdência, quase R$ 100 mil são investidos em planos para menores. Há 4 anos, eram R$ 40 mil”, compara Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, diretor geral responsável pela Bradesco Vida e Previdência, dona de 63,7%, ou seja, mais da metade de toda a receita de planos para menores arrecadada no ano passado.
Uma das explicações para o interesse é que os pais despertaram para a necessidade de poupar. “A educação não se restringe a escola. É fundamental que ela seja dada em casa. E mexer com dinheiro é um dos pontos mais importantes da educação de uma criança”, diz Willian Eid, especialista em finanças pessoais da Faculdade Getúlio Vargas e autor de diversos livros.
A primeira lição que os pais podem dar aos filhos é a da disciplina. Uma recente pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) mostrou que as pessoas tendem a poupar mais em momentos de crise. Por isso, o setor de previdência privada tende a sofrer impacto menor que outros setores com a desaceleração da economia e a evolução do desemprego. As estatísticas mostram que em momentos de dificuldades os saques ou suspensão dos depósitos ficam dentro da média nos planos de aposentadoria mas são raros nos planos infantis. “Se o pai precisa de recursos, busca em outras aplicações para evitar mexer na poupança do filho”, afirma Luis Martinez, gerente de produtos de previdência Icatu Hartford.
Outro ponto positivo para o setor é a intenção do governo em mudar o cálculo da rentabilidade da caderneta de poupança. “Sempre é o momento certo de pensar no futuro. As pessoas vão refletir sobre suas aplicações e perceberão as vantagens tributárias da previdência como uma aplicação de longo prazo”, diz Tarcísio Godoy, presidente da Brasilprev e diretor da Fenaprevi. Com tais justificativas, a estimativa da entidade é de contribuições de R$ 35 bilhões em planos de previdência em 2009, mantendo a expansão de 13% registrada em 2008, com o jovem vitalizando a demanda.
Para quem acha que a educação é o melhor investimento que se pode fazer para os filhos é bom pesquisar bem antes de contratar um plano. E mesmo aqueles que já o têm, como Gustavo Borges, precisam ficar atentos às novidades lançadas pelas empresas. “Será que estou pagando taxas muito elevadas por ter um plano antigo?”, questiona Borges ao parar para pensar no assunto.
É bom investigar, recomendam os analistas, pois a competição entre as empresas está acirrada. De um lado, grandes grupos beneficiados pela solidez diante da crise. Por outro, empresas independentes, com estrutura mais enxuta e que buscam atrair o consumidor com gestores diferenciados, isenção de taxa de carregamento, rentabilidade acima da média e serviços.
Antes de tomar qualquer decisão, é preciso ter em mente o objetivo para aproveitar o benefício fiscal que os produtos de previdência oferecem. “O Brasil tem os melhores incentivos fiscais do mundo. É preciso entendê-los. Quem souber usar, otimizará os ganhos no longo prazo”, afirma Osvaldo do Nascimento, diretor de produtos de previdência do Itaú Unibanco, que conta com mais de 250 mil planos para jovens em carteira.
O PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda. Ele permite o abatimento de até 12% da renda bruta. Já o VGBL tem o ganho tributado no saque. É possível optar por duas tabelas de IR. A regressiva tem tributação de 35% de IR sobre os rendimentos no primeiro ano e cai para 10% no décimo ano, alíquota menor do que a aplicada em fundos de investimentos, de 15%. Já a tabela progressiva é mais indicada para quem vai compensar a alíquota de até 27,5% sobre os rendimentos na declaração anual de IR. “São vantagens importantes e que ficaram ainda mais competitivas com a tabela regressiva de Imposto de Renda”, diz Juvêncio Braga, diretor da Caixa Seguros.
O plano de previdência, ao contrário de outros produtos financeiros, traz a possibilidade do titular de agregar um seguro de risco, por um custo próximo a 2% do aporte mensal. “Em caso da morte ou invalidez do titular, o filho receberá o valor total previsto pelo participante”, explica Edson Franco, diretor de produtos de previdência do grupo Santander, onde o plano infantil representa 5% da base total de clientes de previdência, com reservas de R$ 47 milhões.
Este foi o diferencial que atraiu o casal de médicos Vera Lúcia Tavares Nakamura e Marcelino Yoshikazu. “Além dos benefícios fiscais, poder agregar um seguro de vida que complete o valor que estimamos que será necessário para nosso filho cursar o ensino médio no exterior foi decisivo para a nossa opção de poupança”, conta a endocrinologista Vera Lúcia. “E é melhor poupar desde já, pois estou com 46 anos. Daqui a dez, quando ele for para a universidade, terei 56 anos e a disposição para fazer plantões e ter uma renda extra diminui muito.”
Quanto mais cedo se começa a poupar, maior será o efeito no longo prazo. O fim da inflação trouxe mais transparência aos ganhos das aplicações financeiras, facilitando a comparação entre fundos. “E a portabilidade existe não só para celular e plano de saúde. Ela também existe para a previdência. Quem não estiver satisfeito com rentabilidade ou com os serviços prestados pode mudar, sem qualquer custo”, diz Bento Zanzini, vice-presidente responsável por vida e previdência na Mapfre Seguros, que viu sua carteira crescer no primeiro trimestre deste ano, principalmente pela portabilidade.
Mais recentemente, com a queda da taxa básica de juro, a Selic, o investidor passou a ter mais clareza ainda do efeito multiplicador dos juros. Um cálculo tradicional dos consultores financeiros mostra que um rendimento de 1% ao mês durante dez anos significa 230% no final do período em razão dos juros compostos, ou seja, juros sobre juros.
Segundo cálculos de Edson Lara, diretor de varejo do HSBC Seguros, quem comprar um plano para o filho assim que nascer e projetar uma renda de R$ 60 mil aos 18 anos – valor estimado do custo de uma universidade -, terá de fazer aportes mensais de R$ 130. Se começar esta poupança quando o filho tiver dez anos, terá apenas oito anos para compor os R$ 60 mil e precisará contribuir mensalmente com R$ 480, considerando-se rentabilidade anual de 6%.
Por isso, é bom ficar de olho nas taxas cobradas pelas empresas, pois meio ponto percentual faz uma grande diferença no longo prazo. A taxa de administração é cobrada anualmente sobre o patrimônio e a de carregamento é aplicada sobre os aportes. A concorrência tem feito com que várias empresas isentem os clientes com aportes elevados da taxa de carregamento. A taxa de administração, que há pouco tempo superava 4%, pode ser encontrada por menos de 1% ao ano.
Novos benefícios fiscais para tornar o produto ainda mais atrativo são negociados com o governo. A Fenaprevi tenta convencer o governo de que dar incentivos para educação e saúde desonera o governo, a medida empurra as pessoas para a iniciativa privada. “Estimular a poupança de longo prazo é um benefício enorme para as pessoas e também para o governo”, diz Renato Russo, vice-presidente da SulAmérica e da Fenaprevi.
Além disso, o estímulo amenizaria os impactos diretos na previdência oficial no longo prazo. O tema “custo da educação” tem tido o poder de mudar o futuro de um país. Ele tem sido muitas vezes um fator decisório no planejamento familiar. Já se tornou rotina escutar a célebre frase “se não fosse tão caro educar, teria outro” de mães de filho único. E o efeito de baixa natalidade pode ser devastador para um país. Afinal, quem alimentará a receita da previdência oficial para pagar os benefícios dos idosos de amanhã?
O grupo ACE Limited registrou lucro líquido de US$ 567 milhões no primeiro trimestre deste ano, 50% acima dos US$ 377 milhões registrados no mesmo período de 2008. O lucro operacional aproximou-se de US$ 670 milhões. Segundo comunicado do grupo, a rentabilidade anualizada sobre o patrimônio ficou em 18,4%. O valor de mercado da ACE registrou alta de 2% no final de março deste ano, para US$ 272 milhões, comparado com dezembro último. O índice combinado das operações de ramos elementares chegou a 87,5%.
Em nota, o CEO Evan G. Greenberg comentou que a ACE teve um bom trimestre, ressaltando o lucro e o ganho operacional. Ele lembrou que a consolidação da compra da of Combined Insurance Company ajudou a fortalecer os resultados do trimestre, assim como pelas taxas de subscrição firmes registradas no período. Mesmo com elevação das taxas, os prêmios registraram pequeno aumento, passando de US$ 2,9 bilhões para US$ 3,1 bilhões. A América do Norte respondeu por US$ 1,4bilhão, operações internacionais por US$ 1,1 bilhão, o segmento de resseguros por US$ 238 milhões e vida por US$ 335 milhões.
O executivo acredita no crescimento do faturamento ao longo do ano. Se por um lado há menos volume de bens para fazer seguro em razão da recessão mundial, os clientes estão buscando alternativas para proteger patrimônio diante da crise.
Começou a safra de balanços do primeiro trimestre do ano. A expectativa de analistas em relação ao desempenho das companhias de seguros e de resseguros é de resultados positivos, porém menores do que os registrados em mesmo período do ano passado, quando a crise financeira ainda se espalhava vagarosamente.
Neste ano, as consequências da crise começam a aparecer nos números. O PIB dos EUA, por exemplo, no primeiro trimestre deste ano teve redução de 6%. Como consequência, as seguradoras tiveram menos bens para proteger. O primeiro trimestre do ano também é um período fraco no que diz respeito a ocorrência de catástrofes naturais em países onde a penetração de seguros é elevada, como EUA, países da Europa e Japão.
Boa parte da redução do lucro nas resseguradoras que já divulgaram o balanço do primeiro trimestre vem da perda com investimentos. Já o declínio dos prêmios resulta da desaceleração das economias mundiais e redução dos capitais segurados pelas empresas como contenção de custos.
A resseguradora PartnerRe divulgou lucro líquido de US$ 141,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, acima dos US$ 129 milhões do mesmo período do ano passado. Os prêmios no período registraram ligeiro declínio, para US$ 1,3 bilhão. O índice combinado das operações de ramos elementares ficou em 87% no trimestre, melhora de cinco pontos comparado aos 92,3% do mesmo período do ano anterior. Segundo nota da empresa, o retorno sobre o patrimônio foi de 16,9%. Patrick Thiele, CEO do grupo, lembrou, no comunicado, que o primeiro trimestre do ano foi um período sem registro de catástrofes naturais. O balanço completo pode ser consultado no site www.partnerre.com.
O grupo XL Capital, que no Brasil tem uma parceria com o Itaú Unibanco, divulgou lucro de US$ 3 milhões no primeiro trimestre deste ano, diante dos US$ 244 milhões do mesmo período do ano anterios. O balanço traz perdas de US$ 251 milhões nos investimentos do primeiro trimestre deste ano, acima dos US$ 102,3 milhões do mesmo período do ano anterior. Os prêmios registraram declínio de 29,6% no período, para US$ 1,5 bilhão. Em nota, o grupo atribui a perda às condições gerais do mercado de seguros, com a queda dos valores segurados, e também pela desaceleração da economia. O índice combinado ficou em 93%, praticamente estável comparado ao mesmo período do ano anterior. O balanço completo pode ser consultado no site www.xlcapital.com
A Montpelier Re comemorou alta de US$ 300 mil em seu lucro do primeiro trimestre, para US$ 53,2 milhões. Os prêmios líquidos totalizaram US$ 237,8 milhões no período, 7,5% acima do mesmo perído de 2008. O índice combinado, que mede a eficiência da companhia ao considerar faturamento menos indenizações e despesas (quanto mais abaixo de 100% melhor), ficou em 74%, melhor do que os 89,7% do período anterior. O balanço completo pode ser consultado no site www.montpelierre.com
Já a Axis Capital divulgou queda de 49% no ganho do primeiro trimestre deste ano, para US$ 124,9 milhões. A justificativa, segundo comunicado do grupo, foi a perda com investimentos, que chegaram a US$ 40,6 milhões nos três primeiros meses do ano, comparado com ganhos de US$ 35,7 milhões no primeiro trimestre de 2008. Os prêmios tiveram incremento de 6%, para US$ 1,1 bilhão. O índice combinado registrou piora, passando de 81% para 86%. O balanço completo pode ser consultado no site www.axisre.com
As agências de classificação de riscos poderão recuperar um pouco da credibilidade com as novas medidas aprovadas na semana passada, dia 23, pelo Parlamento Europeu. O comitê dos 27 países membros aprovou novas medidas que pretendem melhorar a transparência e independência das agências de classificação de riscos. As empresas que quiserem atuar na União Européia terão de cumprir as determinações de registro da normativa aprovada por 569 votos a favor, 47 contras e quatro abstenções. As normas passarão a valer 20 dias após a publicação oficial e as empresas terão um prazo de seis meses para se adaptar.
As principais empresas afetadas com o novo posicionamento dos órgãos reguladores são Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch. Também são as mais penalizadas pela opinião pública pela gravidade da crise financeira global. Até mesmo economistas agraciados com prêmio Nobel declararam que as empresas deveriam ter previsto com mais antecedência a fragilidade financeira de grupos como AIG, por exemplo, que tinha o mais elevado rating entre seguradoras mesmo poucos dias antes de ser socorrida pelo Banco Central dos Estados Unidos (Fed), em setembro.
Entre as discussões do novo normativo estão a rotatividade de analistas, a supervisão das empresas, a obrigatoriedade de registro para operar na União Européia, prazo de cinco anos para que um analista responda por uma mesma empresa, a fim de assegurar a independência da classificação, evitando conflitos de interesse. As agências também precisarão contar com dois membros independentes e os critérios utilizados para a formação do rating deverão ser divulgados com clareza.
As medidas não afetam outros países, mas é sempre um exemplo a ser seguido quando o assunto é trazer mais segurança e transparência para acionistas, investidores e governos. Da mesma forma quando explodiu os casos das empresas Enron e Parmalat, colocando em jogo a reputação das empresas de consultoria e de rating, novas normas foram criadas trazendo impactos globais.
No Brasil, o uso de rating começa a ganhar força, principalmente na indústria de seguros que passou, com a abertura do resseguro, a participar mais fortemente do cenário internacional. O rating é o instrumento mais usado pelas empresas para definir se aceitam ou não uma seguradora ou resseguradora em contratos de seguros. Obviamente, que desde setembro, pior período da crise financeira, além do rating as empresas buscam outras garantias.
Em uma recente palestra no Brasil, durante seminário de resseguro promovido pela Revista britânica Reactions, no Rio de Janeiro, Roger Sellek, diretor de gestão da A. M. Best, que cobre 4 mil empresas em 65 países, defendeu a atuação das agências argumentando que nem mesmo a própria direção da AIG sabia das operações de alto risco realizadas pelos funcionários. Ele destacou que as agências levam em conta as informações passadas pelas empresas e também notas públicas.
Segundo Sellek, a deficiência de reservas foi responsável por mais de 38% de todos os casos de insolvência registrados entre 1969 e 2007 no mercado de seguros de ramos elementares. A estatística mostra que o crescimento rápido de uma companhia vem em segundo lugar. Mudança significativa de negócios ficou com 7,5%; perdas com catástrofes com 4,2%; insolvência do ressegurador com 3,5%; e fraudes com 6,9%.
O balanço da Chubb Corporation traz uma amostra da deteriorização das classes mais ricas nos Estados Unidos, afetados tanto pelas perdas de investimentos no mercado acionário como pelo desemprego. O grupo, um dos maiores em seguros diferenciados para a alta renda, registrou lucro líquido de US$ 341 milhões no primeiro trimestre de 2009, abaixo dos US$ 664 milhões registrados em 2008.
Os prêmios registraram queda de 7%, para US$ 2,7 bilhões. Desconsidando-se a flutuação cambial, o declínio seria de 2%. Nos EUA, a queda chegou a 5%. Nas operações internacionais, o recuo foi de 12%. Considerando-se as moedas locais, o balanço registra incremento de 5%.
Segundo o balanço divulgado pelo grupo, perdas com investimentos e cancelamentos de seguro de por parte dos clientes em razão da crise foram as principais razões da queda do ganho no primeiro trimestre. O índice combinado foi de 88,1% em 2009. Excluindo catástrofes, o índice combinado do primeiro trimestre foi de 87,2%.
Sobre os resultados, John D. Finnegan, presidente e CEO da The Chubb Corporation afirmou que “mesmo em meio a dificuldades econômicas, a Chubb continuou a apresentar um bom desempenho no primeiro trimestre. Esses números são reflexo do bom desempenho de nossas unidades de negócios e da performance de nossos investimentos, que estão sólidos, apesar da volatilidade do mercado global de capitais”.
Acostumadas a exibir índices de faturamento e de rentabilidade crescentes nos últimos anos, as resseguradoras e seguradoras internacionais terão de suar a camisa para apresentar bons resultados neste ano – principalmente enfrentando um cenário em que a taxa de juros é declinante, o volume de pedidos de indenização ascendente e o mercado acionário, ainda volátil.
“Em 2008 os resultados já não foram bons. E em 2009 veremos balanços ainda ruins”, diz David O’Brien, vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Transamérica-Re, resseguradora especializada em vida, registrada no Brasil como admitida. O pessimismo de David O’Brien tem coro internacional. “Seguradoras e resseguradoras que nunca haviam apresentado perdas foram atingidas nesta crise”, diz Graham Clarke, CEO mundial da Miller Insurance (foto), uma das maiores corretoras de resseguros do Reino Unido, durante visita ao Brasil.
Este cenário vale tanto as empresas que atuam no segmento de vida (life) como em ramos elementares (property & casualty). As consequências da crise financeira internacional, desencadeada pelos Estados Unidos e que já atingiu vários continentes, afetam o balanço das seguradoras em diversos itens, desde o patrimônio das companhias com ações em bolsa – pela acentuada queda do valor dos ativos – até o índice combinado. “A performance das ações das seguradoras de vida tem sido negativa e bem pior do que a média de mercado”, ressalta David O’Brien.
Além dos impactos financeiros, as seguradoras de ramos elementares desembolsaram elevados volumes de indenizações decorrentes da crise, com os pedidos de ressarcimento com apólices de Directors & Officers (D&O), e também para repor prejuízos causados por eventos naturais, o terceiro maior ano em perdas dos últimos tempos, com cerca de US$ 80 bilhões em indenizações, segundo estudo da resseguradora Munich-Re.
Os executivos acreditam em novas notícias negativas sobre dificuldade de instituições financeiras e empresas até o final do ano. Para David O’Brien, o grande desafio das seguradoras será o de manter as vendas elevadas para ter rentabilidade dentro do custo administrativo necessário para retomarem o crescimento com o fim da crise, previsto para 2010 – o que significa ter balanços sólidos. A busca de market share por guerra de preço ou taxas de juros com ativos e passivos descasados, para atrair os detentores de apólices de acumulação de recursos, pode acarretar o rebaixamento de rating pelas agências de classificação. “Sem rating, os corretores deixam de recomendar a seguradora para seus clientes”, afirma.
Este cenário difícil poderá estimular as vendas de resseguro, bem como fusões e aquisições. De 2000 a meados de 2008, explica David O’Brien, as seguradoras buscaram recursos via mercado acionário para se capitalizarem. Até então a opção era a compra de resseguro financeiro para terem índices de alavancagem de acordo com o nível permitido pela regulamentação de solvência. “Como o cenário não é apropriado para emissões em razão dos elevados spreads, a demanda por resseguro tem aumentado”, disse.
E o Brasil? Os estrangeiros entrevistados vieram ver de perto como vai este País que não entrou em recessão no rastro de economias fortes como Estados Unidos, Inglaterra e Japão. Todos reconhecem que o Brasil está muito bem posicionado para enfrentar a crise – seja em termos macroeconômicos ou solvência do sistema financeiro. “Os fundamentos econômicos são sólidos e muitos investimentos têm a promessa de manutenção do Governo como forma de estimular a economia”, diz Benjamin Gentscht, executivo responsável pela área internacional de property & casuality da Scor-Re, quinta maior resseguradora do mundo.
As seguradoras têm seus ativos aplicados em títulos do governo brasileiro, com juro real de 6,5% ao ano, uma das mais elevadas taxas do mundo. E também está livre de catástrofes naturais de grande porte. O País ainda teve o benefício da abertura do resseguro em abril de 2008, que atraiu investimentos de mais de 80 estrangeiros desde então.
Apesar da forte concorrência, as seguradoras brasileiras pulverizam o risco em todo o mercado internacional. Em grandes riscos, o mercado internacional é quem dita o preço do seguro por ficar com a maior parcela do contrato. Sendo assim, o impacto aqui será sentido.
A abertura trará novos produtos e serviços, com certeza, além de novas tecnologias para gestão de riscos. Porém, a manutenção de preços menores com coberturas abrangentes ainda é uma incógnita, segundo a avaliação de diversos executivos reunidos na I Conferência Brasileira de Resseguros, realizada no Rio de Janeiro, no início de março. “Capital escasso, perdas e recessão, redução do volume de contratos – é um cenário propício para a alta de preços e severidade na negociação de coberturas”, explica Paulo Pereira, presidente da Associação Brasileira de Resseguradores (Aber) e representante da Transatlantic-Re no Brasil.
Eduardo Nakao, presidente do IRB Brasil Re, que tem concentrado boa parte dos negócios de resseguros no País, também está reticente quanto a manutenção da queda dos preços, mas aposta no crescimento e prevê prêmios de resseguros de cerca de US$ 2 bilhões para os próximos dois anos. “O setor deve crescer mais que o PIB, principalmente por dois aspectos: a inovação de produtos a serem oferecidos pelos resseguradores no ambiente concorrencial e a demanda de empresários por redução de riscos”.
É um momento e tanto para o Brasil. Principalmente porque o Governo estima investimentos públicos e privados próximos de R$ 600 bilhões dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2010. E esses projetos precisam de seguro e de resseguro para se tornarem sustentáveis.
*Matéria produzida para a Revista de Seguros, da CNSeg, edição janeiro, fevereiro, março/2009
A indústria de seguros mundial ficará mais regulada. Esta é a conclusão de uma pesquisa feita pela Geneva Association (Associação de Genebra), entidade que reúne cerca de 80 CEOs da indústria de seguros mundial. A pesquisa foi realizada durante encontro que reuniu cerca de 70 especialistas para comemorar o 25º aniversário do grupo de estudo de em regulação, supervisão e questões legais. Entre os profissionais estiveram presentes Peter Braumüller, presidente da International Association of Insurance Supervisors (IAIS) e Roger Sivegny, presidente da National Association of Insurance Commissioners (NAIC), responsável pela fiscalização das seguradoras nos Estados Unidos.
Cerca de 80% dos profissionais acreditam que a crise vai elevar a carga regulatória no futuro; 71% apostam em um comportamento mais protecionista dos países, que afetará os negócios internacionais de seguros; e 57% consideram que as perspectivas de futuro para a venda de seguro por meio de agências bancárias – bancassurance – sejam afetadas pela crise financeira mundial, informa o comunicado da entidade, da qual Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica, e Osvaldo do Nascimento, da Itaú Unibanco, participam.
Segundo secretário geral e diretor da Geneva Association, Patrick Liedtke, o estudo revela que o excesso de regulação é uma ameaça real para a indústria de seguros. Segundo os entrevistados, o padrão contábil é o que mais necessita de revisão. Alguns argumentam que é preciso rever alguns padrões contábeis em razão da crise financeira e outros justificam que é necessária uma mudança para que a real situação da companhia seja mais fidedigna, tornando a leitura do balanço mais realista aos analistas.
Para José Rubens Alonso, da KPMG, o segmento de seguro foi o menos afetado pela crise entre as instituições financeiras. As companhias que sofreram foram as que tinham um perfil de investimento mais agressivo. No Brasil, a regulamentação mais severa, o conservadorismo e as atraentes taxas de juros de títulos de renda fixa blindaram as seguradoras nesta crise. “No Brasil, as seguradoras não aproveitam de todos os limites que têm para aplicar em ativos de maior risco. Por isso, a tendência de aumento de regulamentação é menor no Brasil comparada a expectativa demonstrada na pesquisa da Geneva Association”, diz Alonso.
Outro ponto levantado na pequisa da Geneva Association é se o seguro perderá competitividade para outros tipos de produtos financeiros. Para Alonso não. Pelo contrário. “A transferência de risco por meio de produtos financeiros sofisticados mostrou-se ineficiente e arriscada. Acredito que o seguro ganhe mais espaço como um instrumento de transferência de risco.”
Para o sócio da KPMG, o grande desafio contábil é fazer com que a regra contábil não seja um alimentador de crises em períodos de turbulências. Isso porque as normas determinam que os ativos sejam contabilizados pelo valor justo, que tem como parâmetro o valor de mercado. “No entanto, o valor justo não foi concebido para período de alta volatilidade como o verificado nesta crise”, diz. O mundo ideal é que a regra contábil seja neutra e não alimente a deteriozação dos ativos num ciclo vicioso como o que tem sido observado nesta crise. Um desafio e tanto.
Mais detalhes da pesquisa podem ser consultados no link http://www.genevaassociation.org/PDF/Progres/Questionnaire.pdf
*Matéria produzida com exclusividade para o site www.fenaseg.org.br
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