Marcos Couto, CEO da Alper, é tido como um executivo que sabe agir entre razão e intuição na hora certa

Uma das suas características é ter a estratégia de apoiar uma decisão com o maior número possível de informações, sem perder o timing

Não foram poucos os desafios enfrentados por Marcos Couto, atual CEO da Alper, desde que assumiu o comando em dezembro de 2017, depois de 12 anos na Tempo. Em ambas as companhias, o que mais instigou o executivo foi o desafio de trabalhar num projeto de reestruturação. Ano a ano, a corretora, que tem ações em bolsa, vem resolvendo problemas de uma ideia inovadora implementada num momento ainda imaturo do mercado de seguros. 

Criada em 2010 como BR Insurance, a empresa cresceu baseada em aquisições de corretores pelo país. Cerca de 50. No entanto, o modelo adotado criou problemas, uma vez que cada corretora era mantida como uma empresa independente e os donos continuavam sócios de suas corretoras, além de acionistas da BR Insurance. A companhia tinha múltiplas marcas e modelos de aquisição, gerando grande desconforto entre todos os sócios. 

Negociar com cada um deles exigiu um espírito empreendedor e os acionistas chamaram Couto no ápice da crise. O executivo transformou a BR Insurance em Alper, num novo modelo de negócios. A Alper comprou todas as corretoras com foco em donos de perfil executivo que estavam dispostos a acelerar o negócio nos próximos cinco a dez anos. E conseguiu, numa batalha diária, provar que este modelo de negócio adotado há anos já era uma tendência do mercado de corretores de seguros, extremamente fragmentado, diante da transformação digital trazida pela tecnologia. 

Em 2018, um ano após assumir o comando, a Alper voltou a ser compradora no mercado. Entre os requisitos para a aquisição, corretoras bem-posicionadas, rentáveis e que agreguem uma nova linha de negócio ou nova “praça”, como áreas em que pouco atuava, como agronegócio, transporte e crédito interno e à exportação. Em novembro deste ano, as aquisições chegam a 60, reunindo os principais executivos do setor nas áreas de atuação. 

A consequência da dedicação e networking que Couto veio à tona na semana passada, quando o fundo de private equity Warburg Pincus, assessorado por BTG Pactual e Trindade Advogados, enviou uma carta com a oferta de uma OPA pelo controle da Alper. A tese da Warburg, que já era próxima de Couto no passado, é que ainda há muito espaço para a consolidação do setor, que ainda é extremamente fragmentado. Segundo a Susep, são mais de 120 corretores de seguros no Brasil. 

A gestora de private equity ofereceu R$ 43,50 por ação para ficar com 50% mais uma ação do capital da corretora. O preço embute um prêmio de 19,18% em relação ao fechamento de ontem, de R$ 36,50; e de 32,19% em relação à média dos últimos 30 pregões e 39% em relação à média dos últimos 90 pregões. A oferta avalia a Alper em R$ 850 milhões e já sai com a aprovação de 37% dos acionistas da base, entre eles a FIT Partners, o family office dos ex-banqueiros Tom Freitas Valle e Fernando Prado, que tem 13% do capital; fundos geridos pelo Pátria Investimentos, com 9%; e Cesár Augusto Antunes, o empreendedor que vendeu a Admix para a Aon em 2017, com 15,4%. Todos já assinaram cartas de manifestação de venda.  

A expectativa é de que a negociação com a Warburg será concluída com sucesso para a Alper seguir avançando num mercado de seguros que passa por uma revolução iniciada há uns cinco anos e que vive seu ápice neste momento com mudanças significativas na regulamentação do setor, que vai desde a mudança da lei dos contratos de seguros, em tramite no Senado, até mesmo o Open Finance, que traz mais competição aos seguros massificados. 

Num momento tão relevante de transformação, o feito de Couto tem sido destaque nas conversas entre executivos, que não economizam elogios. “Couto é o cara mais dedicado e mais diligente com quem já trabalhei. Não deixa nada, absolutamente nada, para depois. Além disso tem uma capacidade incrível de contagiar positivamente todos que o rodeiam. Acho que essas características fazem dele um executivo realmente muito diferenciado. As entregas que ele fez por onde passou dizem muito sobre ele. Para mim é um exemplo a ser seguido”, Gibran Marona, CEO da Tempo

Murilo Setti Riedel, sócio da Santander Seguros, afirma que Couto tem uma carreira impecável como segurador. “Técnica e inquieto, é um dos grandes empreendedores do nosso mercado. Ajudou a transformar a Tempo como a maior empresa Assistência do país e, agora, frente a Alper, tem o desafio de transformar o grupo em dos grandes consolidadores de corretoras do país”. 

Desenvolver líderes também é algo que Couto gosta de fazer. O CEO da Swiss Re, Frederico Knapp, trabalhou com o CEO da Alper na ACE. “Marcos Couto é dos profissionais mais completos do mercado securitário brasileiro. Sua visão empreendedora, aliada com a execução impar o diferenciam. Extremamente acolhedor, sabe fazer gestão de pessoas e tem um estilo pragmático focado no desenvolvimento humano e na entrega de resultados. Foi um dos melhores gestores que tive na carreira”, afirma Knapp.

Thomas Batt, presidente AIG, segue o mesmo tom. “O Marcos Couto é um executivo e empreendedor com visão estratégica, focado em uma execução disciplinada e com forte ritmo de transformação. Com vasta experiência no mundo corporativo entende as diferentes dinâmicas e coloca em prática. Tem um veio de inovação pragmática”. 

Claudia Papa Scarpa, vice-presidente para a América Latina da Starr, conta que conheceu Couto há muitos anos. “Tenho grande admiração por ele. O Marcos é um dos gênios do mercado de seguros! É um grande estrategista, extremamente rápido e inteligente. Uma das grandes referencias de um profissional completo, que atuou nas mais diversas áreas e segmentos do setor.”

Paulo Alves, diretor de seguros transportes da EZZE Seguros, afirma que Couto é super carismático, empreendedor, super respeitado e durante muitos anos foi referência no seguro de transportes quando estava à frente da carteira do lado do segurador. Agora como corretor, continua a gerar talentos acreditando o quanto a indústria de seguros entrega benefícios a sociedade através das indenizações, formando talentos. Um líder nato!”, resume. 

Vamos aguardar os próximos capítulos desta negociação liderada por Couto, que até hoje tem uma máquina de somar mecânica, na qual tecla os números sem olhar, num ritmo que lembra o processamento de dados por robôs. Concluída ou não oferta pela compra do controle da Alper, certamente a operação já se provou ser um caminho para mais consolidações no mercado de corretores de seguros, uma realidade que já vem unindo forças em todo o mundo nos últimos quatro anos. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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