Seguradoras fecham 2022 com alta no faturamento e queda de sinistralidade

seguros

Fonte: IRB com dados da Susep

O setor de seguros fechou 2022 com variação positiva no faturamento de 21,2% em relação a 2021, o que representa R$ 30,2 bilhões a mais em prêmios emitidos, totalizando R$ 172,1 bilhões. É o que mostra a 28ª edição do Boletim IRB+Mercado, relatório mensal da plataforma IRB+Inteligência divulgado hoje (28/02). Os segmentos que mais se destacaram foram Rural e Automóvel, ambos com variações positivas de 39,9% e 33,3%, respectivamente, na comparação com 2021. Em dezembro, a alta do faturamento chegou a 15,7% ante o mesmo mês no ano anterior.

A sinistralidade geral do setor fechou o ano em queda. O índice de 49,3% é 1,8 ponto percentual (p.p.) menor que o registrado no mesmo período de 2021. A recuperação foi impulsionada, principalmente, pelos segmentos Vida (-13,7 p.p.) e Corporativo de Danos e Responsabilidades (-7,4 p.p.). Entre os dez primeiros grupos seguradores por faturamento, as maiores sinistralidades em 2022 foram da Allianz (79,3%), Liberty (60,2%) e Porto Seguro (58,3%). Já as menores, Zurich Santander (18,5%), Itaú-Unibanco (22,4%) e Caixa (27,5%).

Apesar do lucro líquido do setor de seguros ter caído 7,9% em dezembro do ano passado, o Boletim IRB+Mercado, que considera os dados públicos divulgados pela Susep em 20/02, indica que o lucro líquido das seguradoras é 88,1% maior no acumulado de 2022 que em 2021: R$ 22,3 bilhões.

Por segmento, Vida representou 33,7% (R$ 58,1 bilhões) dos prêmios emitidos no ano passado, alta de 13,2%, devido, principalmente, aos produtos Vida, Prestamista e Viagem, que representam 77% da carteira. A alta no seguro Viagem chegou, em 2022, a 157,4% ante 2021. Impactada pela covid-19 nos últimos anos, a sinistralidade do segmento registrou queda de 13,7 p.p., atingindo 31,1% em 2022.

Já Automóvel, que responde por 29,8% do faturamento do setor (R$ 51,2 bilhões), encerrou o ano com avanço de 33,3% ante 2021, sob influência do aumento do preço dos veículos. O mesmo fator impactou a sinistralidade que, no acumulado do ano, ficou em 69,5%, a maior já registrada desde 2014, início da série histórica.

Ainda em 2022, o segmento Corporativo de Danos e Responsabilidades representou 17,9% (R$ 30,7 bilhões), seguido por Rural, 7,8% (R$ 13,5 bilhões); Individual Contra Danos, 7,6% (R$ 13,1 bilhões); e Crédito e Garantia, 3,2% (R$ 5,5 bilhões). A sinistralidade da linha Rural, que segue em evidência devido ao impacto de eventos climáticos atípicos, fechou em alta apesar da retração observada desde maio do ano passado: taxa de 92,2% em 2022, 6,1 p.p. acima da registrada em 2021.

O Boletim IRB+Mercado resume as operações de seguros a partir dos dados públicos disponibilizados pela Susep, considerando os seguros de danos, responsabilidades e pessoas. A edição também lista os cinco maiores grupos seguradores por linha de negócios. A análise está disponível, na íntegra, no site do IRB Brasil RE. No mesmo endereço, o Dashboard IRB+Mercado Segurador permite consulta dinâmica e gratuita às informações de todo o setor.

Munich Re faz aporte de R$ 742 milhões por perdas em seguro rural e segue apostando no segmento

Karsten Steinmetz Munich Re Brasil

Severamente afetada pelas perdas catastróficas no seguro rural nos dois últimos anos, a Munich Re do Brasil apresentou um prejuízo de R$ 360,6 milhões em 2022 (R$ 39,5 mil em 2021). Já as vendas avançaram para R$ 2,1 bilhões (R$ 1,76 bilhão em 2021). O grupo alemão, maior ressegurador do mundo, mostra o seu interesse no Brasil ao fazer um aumento de capital de R$ 742 milhões. O volume de vendas quase chegou a R$ 2 bilhões (R$ 1,5 bilhão em 2021), com destaque para os seguros financeiros e rural, que cresceram 33% e 58%, respectivamente.

A Munich Re do Brasil tem foco em criar parcerias e desenvolver linhas de negócio que tenham impacto na sociedade. Com isso, o ramo de seguro rural permanece como um dos focos estratégicos da Munich Re do Brasil, fato esse que pode ser observado no crescimento de atuação da companhia ao longo dos últimos anos em prêmios subscritos neste ramo, de R$ 492 milhões em 2021 a R$ 1,05 bilhão em 2022.

“Embora extremamente relevante para a sociedade e a economia do país, o setor de seguro agrícola ainda se encontra em processo de amadurecimento. A volatilidade é intrínseca ao negócio, mas a mudança climática representa um desafio adicional, o que foi verificado no recente pico de sinistralidade do seguro rural no mercado brasileiro, severamente afetado por secas e geadas nas safras de verão e inverno de 2021 e 2022, e que tem seus impactos refletidos em nossos resultados”, informa Karsten Steinmetz, CEO da subsidiária brasileira da Munich Re, que assumiu o cargo em novembro de 2022.

O índice de sinistralidade foi de 127% (82% em 2021), sendo que a sinistralidade específica da linha de seguro rural foi de 225% em decorrência da alta sinistralidade das culturas de milho e soja afetadas por uma seca duradoura nas regiões sul e sudeste do país (a sinistralidade acumula as perdas derivadas dos anos de subscrição 2020 e 2021 em relação ao prêmio ganho no exercício de 2022). “Vamos manter a mesma capacidade de capital ao mercado local para o seguro rural, com mudanças na subscrição e qualificação das pessoas envolvidas, bem como usar ainda mais tecnologia para beneficiar o processo de aceitação de risco, de gestão e de regulação dos pagamentos de indenização”, acrescenta.

Segundo o executivo, para as demais linhas, o desenvolvimento segue alinhado com as expectativas da companhia, em que estão sendo aplicados os mesmos critérios prudentes adotados pelo Grupo Munich Re na constituição das provisões técnicas, revisadas anualmente. “A sinistralidade observada nos contratos aceitos é refletida no resultado de retrocessão cedida, com a qual nos protegemos de grandes perdas individuais”, acrescenta.

No ano passado, o grupo completou 25 anos no Brasil. Mesmo antes da abertura, a Munich Re atuava dentro do IRB Brasil Re, quando o mercado de resseguros ainda era fechado, para apoiar o desenvolvimento do resseguro no Brasil. Steinmetz, de 53 anos, é o funcionário mais “velho” na equipe de 67 funcionários.

“Os desafios são uma constante em nosso mercado. O atual momento, com poucas oportunidades, desde 2014, em grandes riscos, segmento tradicional para a Munich Re, não assusta, pois o Brasil tem muitas chances para balancear riscos e possibilidades. Nosso trabalho é ofertar às seguradoras produtos que permitam que o seguro tenha um papel mais relevante na sociedade, com a criação de novos produtos, liberação de capital no balanço patrimonial por meio do resseguro e uso de tecnologia embarcada nos nossos produtos para redução custos”, conta.

No ano passado, por exemplo, a Munich Re investiu US$ 6 milhões na Azos, insurtech brasileira de seguros de vida. Steinmetz está otimista com o seguro de vida, segmento onde iniciou sua carreira na Munich Re, passando por diversas funções na matriz, em Munich, Alemanha, até assumir como CFO na subsidiária da África do Sul, de onde saiu para comandar o Brasil. “O seguro de vida tem muito potencial no Brasil. Com a pandemia o produto se tornou ainda mais relevante, porém este tipo de seguro depende muito do bom desempenho da economia. Tem apresentado um bom crescimento e estamos investindo para que as seguradoras possam ofertar novos produtos com uso de tecnologia para subscrição com custos reduzidos”.

Seguradora italiana Generali vende fatia no Bmg

fusões aquisicoes

O Banco Bmg informou nesta segunda-feira (27) que foi celebrado contrato para aquisição, pela subsidiária Bmg Participações em Negócios Ltda, de 30% do capital social total da Bmg Seguros de titularidade da Assicurazioni Generali S.P.A., por um valor de 9 milhões de euros, informa o Valor. Esse montante se soma “à compensação de R$ 20 milhões, devidos pelo grupo italiano à Bmg Participações em Negócios, em decorrência de obrigações assumidas entre tais partes em 29 de novembro de 2019”, diz o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Iniciada a implementação da Fase II do Open Insurance

Fonte: Susep

Começa, nesta quarta-feira, 1º de março de 2023, a implementação da segunda fase do Open Insurance, que vai até julho de 2023 e prevê o compartilhamento de dados pessoais, tais como cadastro de clientes e seus representantes e movimentações dos clientes relacionadas a produtos.

“Com a fase II, inicia-se a possibilidade do compartilhamento, com o devido consentimento, de dados pessoais de clientes. Inicialmente, serão compartilhados dados cadastrais e dados de seguro residencial”, explica Thiago Barata, Coordenador-Geral de Projetos da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Através da abertura de dados do cliente – desde que consentida – poderão ser desenvolvidos produtos cada vez mais assertivos às necessidades e riscos das pessoas. “A partir de agora, com estes dados, as companhias terão condição de desenvolver novas ferramentas e oferecer mais soluções aos clientes”, esclarece Barata.

São três grandes fases na implantação do Open Insurance. A Fase I, de compartilhamento de dados públicos sobre canais de atendimento e produtos de seguro, previdência complementar aberta e capitalização disponíveis para comercialização, está finalizada, com as informações já disponíveis. A Fase II, de compartilhamento de dados pessoais inicia-se agora e vai até julho de 2023, quando os dados relativos aos últimos produtos poderão ser compartilhados. Por fim, a Fase III vai se iniciar nos próximos meses e prevê a iniciação de serviços por meio do ecossistema.

Open Finance

A integração do Open Insurance com o Open Banking resulta no Open Finance, ecossistema no qual se unem as informações de seguros e bancárias do indivíduo, possibilitando a criação de produtos mais adequados e um transacional muito mais assertivo e facilitado ao usuário final.

A Resolução Conjunta nº 5/2022, que dispõe sobre a interoperabilidade no Open Finance, foi definida em trabalho conjunto pela Susep e pelo Banco Central do Brasil e aprovada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Monetário Nacional (CMN).

Essa interoperabilidade permitirá o compartilhamento padronizado de dados, mediante consentimento do cliente, de forma segura, ágil e precisa, entre bancos, instituições de pagamento, cooperativas de crédito, sociedades seguradoras, entidades abertas de previdência complementar, sociedades de capitalizações e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BC e pela Susep.

A possibilidade de o consumidor compartilhar seus dados de forma mais ampla no sistema financeiro nacional, com segurança, agilidade e precisão, além de reforçar o controle do consumidor sobre os seus dados financeiros, deve fomentar novos modelos de negócios que auxiliem o planejamento familiar e das empresas, bem como as tomadas de decisões financeiras.

JDT Seguros avista expansão na proteção ao agronegócio brasileiro

FonteL JDT

A JDT Seguros, corretora especializada em proteção de riscos para o agronegócio, está completando 15 anos este mês com metas ambiciosas de crescimento. A empresa se consolidou no segmento de seguros de equipamentos agrícolas junto às redes de concessionários da John Deere e Stara, e tem investido na ampliação da operação de equipamentos e diversificação de negócios.

De acordo com Juliana Tiede, CEO da JDT, “estamos iniciando um novo ciclo de crescimento. Nosso objetivo é expandir em território nacional”. Ela conta que esse movimento iniciou no ano passado, com o início da comercialização do Seguro Agrícola, em uma operação liderada por Luiz Carlos Meleiro, executivo com mais de 40 anos no mercado. Este ano, um dos focos é desenvolver-se no mercado de Vida e Benefícios, buscando oferecer às empresas clientes uma solução completa em seguros.

Os investimentos em hardware e software têm sido altos na corretora, o que inclui a automação de processos, construção de um sistema de análise de dados, além de dashboards de acompanhamento. “Para chegarmos na frente precisamos conhecer bem o nosso cliente e efetivar uma gestão baseada em dados, esse é um desafio para todo o mercado segurador”, afirma a CEO.

Em busca do topo, a JDT conta com parcerias fortes construídas junto às principais seguradoras do mercado: AXA no Brasil, Allianz, Liberty e HDI Seguros. São relações que têm um papel estratégico para alcançar a expansão dentro do ecossistema do agro e atender às necessidades do setor que objetiva a corretora.

Juliana fundou a empresa em 2008 na cidade de Porto Alegre/RS, fruto do seu desejo de empreender e do sonho de criança de ser empresária. “Comemorar os 15 anos da JDT revisitando a nossa trajetória e traçando novas rotas para o futuro me deixa muito confiante com o que está por vir. Nós atuamos em um universo altamente disputado, mas a força do agro brasileiro nos encoraja a buscar a superação diariamente, e assim nos transformamos, crescemos e, agora, brindamos às nossas 15 safras”, finaliza. 

Sombrero Seguros registra lucro em primeiro ano de atuação

Leonardo paixao Sombrero

A Sombrero Seguros apresentou um crescimento do patrimônio líquido, para R$ 29,5 milhões em 2022 (R$ 13,8 milhões em 2021), fruto de uma capitalização ocorrida ao longo de 2022 e do lucro líquido apurado no exercício, de R$ 11 milhões. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RoE, na sigla em inglês) foi de 50,9%. Em seu primeiro ano de atividades, a Sombrero conquistou a quinta posição em vendas entre as seguradoras que operam o seguro agrícola, primeira linha de negócios trabalhada pela companhia, com R$ 186,6 milhões.

“Foram milhares de apólices emitidas ao longo de 2022, cobrindo riscos em dez estados brasileiros, com mais de R$ 35 milhões em indenizações pagas aos clientes e beneficiários”, avalia Leonardo Paixão, CEO da companhia. O índice de sinistralidade de 38%, alcançado em 2022, coloca a Sombrero não só como uma das maiores, mas também como a companhia que detém a melhor sinistralidade do segmento.

Segundo o executivo, a Sombrero chegou em um momento desafiador para o seguro agrícola no Brasil, pela combinação de perdas ocorridas em anos anteriores com escassez de capacidade de resseguro. “Porém, a confiança que temos na capacidade técnica do produtor rural brasileiro e o nosso conhecimento diferenciado desse ramo foram determinantes para começarmos a atuação da Sombrero justamente pelo seguro agrícola”, completa.

Além da consolidação de sua posição no seguro agrícola, na segunda metade do exercício, a Sombrero iniciou a expansão para outros ramos, como seguro garantia, seguros patrimoniais e de responsabilidade civil. Esses ramos, somados, responderam por 11,2% do prêmio emitido em 2022.

O desempenho na parte do negócio foi complementado pela qualidade da gestão de custos da companhia e pelo bom desempenho das aplicações financeiras. As despesas administrativas ficaram em R$ 11,8 milhões e o resultado financeiro foi de R$ 8,7 milhões. “Em 2022, a Sombrero alcançou um patamar de eficiência operacional, com despesas administrativas que correspondem a 5,6% do prêmio emitido total, além de um desempenho dos investimentos que superou a nossa meta de rentabilidade”, comemora a diretora financeira da companhia, Raquel Tedesco. “Tudo isso contribui para que a Sombrero possa continuar oferecendo a seus clientes produtos, a um preço justo”, completa.

D’Or Consultoria unifica operação dos benefícios vida e previdência

Pedro Monteiro e Renata Oliva Rede D'Or

Fonte: D’Or

A D’Or Consultoria, empresa do Grupo Rede D’Or especializada em seguros e benefícios, reforça novamente seu posicionamento de mercado em aprimorar as soluções de acordo com as características dos clientes, anunciando a unificação da operação dos benefícios de Vida e Previdência, até então independentes dentro da estrutura da corretora.

Pedro Monteiro continua à frente da operação, agora como diretor nacional de Vida e Previdência. O executivo passou por grandes empresas do mercado até desembarcar na D’Or Consultoria em 2019, com uma bagagem expressiva de conhecimento. São mais de 40 anos de mercado.

“Os segmentos Vida e Previdência seguem o movimento de mercado, como soluções complementares. Fazemos um trabalho consultivo, personalizado, com qualidade técnica, mais poder de negociação e de visibilidade, o que reflete em ganhos aos clientes, independente da atividade, porte e perfil”, explica Monteiro. 

Ele explica que essa atuação conjunta, vai permitir agregar valor, não apenas no âmbito corporativo, mas também de acordo com as características dos colaboradores e suas respectivas necessidades. “Acredito muito na personalização e estudos conta a conta.   O seguro de vida é uma forma de investimento que, atrelado à Previdência, pode fazer uma ótima composição, seja com produtos mais tradicionais ou de formação de reserva financeira a longo prazo.”, afirma Pedro.

A Previdência conta com a expertise da Renata Oliva, profissional, com mais de 25 anos de atuação em administração, consultoria e implantação de planos corporativos em médias e grandes empresas. 

Chubb Brasil vê cenário desafiador para 2023, mas com muitas oportunidades em seguros

Leandro Martinez CEO da Chubb Seguros

A Chubb Brasil comemora um resultado recorde, mesmo em um cenário desafiador como tem sido os últimos anos. O lucro líquido ultrapassou R$ 320 milhões, graças a uma disciplina de subscrição de riscos. “Temos uma equipe de técnicos, em diversas áreas, que atua com clareza na previsibilidade de riscos e provisões necessárias para que as carteiras sejam rentáveis e criem uma relação longeva com nossos parceiros comerciais e clientes finais”, afirma Leandro Martinez, presidente da Chubb Brasil. No mundo, o lucro foi de US$ 5,3 bilhões em 2022.

2022 foi marcado pela guerra na Ucrânia, aumento da inflação, o fim da pandemia de COVID-19 e perdas elevadas por catástrofes naturais. Em seguros, um dos problemas veio do forte reajuste dos preços do resseguro, o seguro das seguradoras. Desde então, as companhias de seguros em parceria com seus corretores se desdobram para conseguir manter os preços e as condições dos programas de seguros corporativos. Porém, apesar da concorrência, a Chubb mantém a disciplina. “Nada resiste a um índice combinado, que mede a eficiência da operação (quanto menor, melhor), de 100% por muito tempo, mesmo tentando compensar a perda operacional com o ganho financeiro.

Em 2023, o mercado continua desafiador porque a conjuntura mundial ainda é complexa. Temos inflação alta no mundo inteiro. As catástrofes seguem castigando diversas partes do mundo. As taxas de juros elevadas atraem o capital dos resseguradores para operações menos arriscadas e isso se reflete no preços de seguros e de resseguros. Por isso, acredito que vamos observar os preços ainda em alta em 2023″, avalia Martinez.

Para o Brasil há uma pitada de otimismo, mesmo com a preocupação em torno dos juros elevados, mantido pelo Banco Central como forma de controlar a inflação. As vendas em 2022 superaram R$ 3 bilhões, sendo 60% disto no segmento de seguros gerais e responsabilidades (ou Property & Casualty, no termo em inglês) e 40% da venda no varejo, através de parceiros corporativos, segmento conhecido como afinidades. Um exemplo é o Nubank, que vende seguros de vida e de celular da Chubb.

“Temos um potencial grande para infraestrutura, que gera oportunidades para vários segmentos da economia, inclusive para seguros. Se o governo conseguir acelerar os projetos que estão na pauta, nichos como seguro garantia, riscos operacionais, de engenharia entre outros terão forte demanda. Além dos seguros corporativos, vejo também infinitas oportunidades no segmento de pessoas físicas diante do baixo consumo de seguros em diversos segmentos”, disse.

Dados da CNseg, a confederação nacional das seguradoras, revela que no Brasil, apenas automóvel e saúde exibem uma penetração acima de 30%. Outros ramos, como residencial, vida, celular, responsabilidade civil, rural e pequenas e médias empresas são inferiores a 15%. “Em que pese o aumento do volume de prêmios cobrados e de indenizações pagas, quando colocamos o mercado local em perspectiva com outros já desenvolvidos, averiguamos que nossos avanços se limitam, em certa medida, apenas aos aspectos quantitativos, e que, ainda, falta-nos um caminho importante a percorrer em direção à qualidade e amplitude de coberturas”, diz.

Para o CEO da Chubb, a falta de um conhecimento mais profundo de aspectos técnicos, jurídicos e regulatórios, em particular dos que recaem sobre as seguradoras, por parte da sociedade como um todo, precisa ser melhor trabalhada por todos no setor. Ele reconhece que muito tem sido feito, como a criação de um ambiente regulatório menos gravoso para projetos inovadores, até a garantia de mais liberdade na redação dos contratos com a diminuição do dirigismo contratual.

Martinez vê na inovação uma ponte para o crescimento do setor. Via de regra, quanto maior o desconhecimento do subscritor sobre determinado item a ser segurado — incluído em um portfólio — maior tende a ser o valor do seguro para este item. É através do processo de subscrição que a seguradora define sobre aceitação de um risco — ou não, explica. “A análise de risco no processo de subscrição pode se beneficiar muito das novas tecnologias existentes, especialmente àquelas relacionadas à ciência de dados”, afirma ele, citando um recente artigo escrito para o portal Conjur.

Martinez vê como positiva as iniciativas do setor e do governo, como os modelos de sandbox regulatório, onde insurtechs podem atuar por até 36 meses com regras mais flexíveis. “São relevantes experiências para o desenvolvimento do setor. No entanto, ignorar os elementos “garantia” e “risco” em qualquer inovação no mercado de seguros, em que pesem as facilidades criadas, pode sacrificar qualquer modelo de negócio que esteja tão somente pautado na distribuição pelo segurador. Aventurar-se nos mares no mercado segurador ignorando elementos centenários na atividade, ainda que num contexto de elevada tecnologia, pode não resultar em sucesso. Como disse, nada resiste a um índice combinado de 100% por muito tempo”, finaliza o CEO da Chubb.

AXA lucra € 6,68 bilhões em 2022 e receita ultrapassa € 100 bilhões

A AXA registrou lucro líquido de € 6,68 bilhões em 2022, 8% menor do que o registrado no ano anterior, principalmente devido a uma queda no valor dos ativos investidos e derivativos de impactos de mercado desfavoráveis. A receita aumentou 2%, para € 102,3 bilhões.

A unidade de seguros gerais e responsabilidade (ou Property & Casualty, na sigla em inglês), a maior contribuinte para a receita, teve um aumento de 2% nas vendas, para € 51,6 bilhões. A unidade de saúde, para a qual a empresa almeja uma taxa de crescimento anual de 5%, registrou aumento de 16% nas vendas, para € 17,4 bilhões. A receita de gestão de ativos caiu 3% para € 1,6 bilhão, impulsionada por menores taxas de administração e performance. A unidade registrou entradas de € 18 bilhões.

“A AXA apresentou um forte desempenho em 2022, apesar de um ambiente desafiador, uma confirmação da resiliência do nosso modelo de negócios”, disse o CEO da AXA, Thomas Buberl. “Continuamos focados na execução da nossa estratégia. Registramos um bom crescimento em nossos negócios, particularmente em seguros P&C, saúde e proteção”, continuou ele. “Nossos fundamentos são fortes e podemos oferecer crescimento sustentável no futuro, em particular abordando novas áreas de cobertura, inclusive da transição energética”.

A seguradora pretende anunciar um novo plano estratégico junto com seus ganhos de 2023 no final de fevereiro de 2024. O grupo também divulgou planos para recomprar até € 1,1 bilhão (US$ 1,2 bilhão) de suas ações, já que a seguradora anunciou ganhos subjacentes para 2022 que aumentaram e disse que espera superar uma de suas principais metas financeiras até o final do ano.

A empresa com sede em Paris pretende realizar este novo programa de recompra “assim que razoavelmente possível”, com planos de concluir as compras até o final do ano, segundo comunicado divulgado na quinta-feira. A AXA também pagará um dividendo de € 1,70 por ação, 10% a mais que no ano anterior.

Desde que assumiu o cargo de CEO da AXA em 2016, Thomas Buberl mudou o foco da seguradora para seu negócio de subscrição, reduzindo a exposição de sua unidade de resseguro a desastres naturais. Isso permitiu à empresa realizar vários programas de recompra totalizando cerca de € 3,2 bilhões nos últimos dois anos e atualizar sua perspectiva de lucratividade.

Charles Graham, analista de seguros da Bloomberg Intelligence, disse: “O lançamento de um novo programa de recompra de ações de até € 1,1 bilhão sustenta a capacidade da AXA de exceder seu crescimento de lucro subjacente de 3 a 7% por faixa-alvo de ação em 2020-23. Isso se soma à recompra de ações anunciada anteriormente a ser realizada após o fechamento da venda do portfólio fechado de vida e pensões pela AXA Alemanha. O lucro subjacente por ação aumentou 12% em 2022, refletindo um aumento de 4% no lucro subjacente, os efeitos da recompra de ações (um aumento de 4%) e câmbio (também 4%).”

É preciso falar sobre previdência, mesmo sem uma nova reforma

A reforma da previdência é sempre algo urgente em qualquer país do mundo, mas tocar neste assunto é algo difícil em qualquer governo. Luiz Inácio Lula da Silva fez a primeira importante reforma em seu primeiro mandato como presidente do Brasil. No entanto, é “quase improvável que neste terceiro mandato, Lula avance em uma nova reforma. Mas uma hora ela será necessária e é preciso pensar neste assunto deste já”, afirma Nilton Molina, presidente do Conselho da MAG Seguros, especialista no tema previdência.

“Quando nasci, a expectativa de vida era de 42 anos. E eu estou com mais de 80”, brincou, trazendo à tona um tema extremamente relevante para o setor de vida e previdência: o pacto intergeracional foi quebrado. “Ou seja, nasce menos gente e os velhos não querem morrer. Isso causa um grande problema. O Brasil tem 16 milhões de pessoas com mais de 65 anos. Daqui a 30 anos, serão 60 milhões. O seguro social vai remunerar com uma renda mínima universal. Sendo assim, o setor de seguros é quem vai prover a sociedade com produtos de proteção financeira, como vida e previdência. E este é um grande desafio que depende de todos nós em criamos condições econômicas e atuariais sustentáveis”, disse. 

Veja/ouça o vídeo e entenda mais sobre os desafios a serem tratados para que a aposentadoria, com qualidade, seja uma realidade num futuro próximo. “A mensagem de longevidade tem de ser para o jovem e não para os velhos”, afirma.