Munich Re faz aporte de R$ 742 milhões por perdas em seguro rural e segue apostando no segmento

Prejuízo foi de R$ 360,6 milhões em 2022 (R$ 39,5 mil) e vendas avançaram para R$ 2,1 bilhões (R$ 1,76 bilhão em 2021)

Severamente afetada pelas perdas catastróficas no seguro rural nos dois últimos anos, a Munich Re do Brasil apresentou um prejuízo de R$ 360,6 milhões em 2022 (R$ 39,5 mil em 2021). Já as vendas avançaram para R$ 2,1 bilhões (R$ 1,76 bilhão em 2021). O grupo alemão, maior ressegurador do mundo, mostra o seu interesse no Brasil ao fazer um aumento de capital de R$ 742 milhões. O volume de vendas quase chegou a R$ 2 bilhões (R$ 1,5 bilhão em 2021), com destaque para os seguros financeiros e rural, que cresceram 33% e 58%, respectivamente.

A Munich Re do Brasil tem foco em criar parcerias e desenvolver linhas de negócio que tenham impacto na sociedade. Com isso, o ramo de seguro rural permanece como um dos focos estratégicos da Munich Re do Brasil, fato esse que pode ser observado no crescimento de atuação da companhia ao longo dos últimos anos em prêmios subscritos neste ramo, de R$ 492 milhões em 2021 a R$ 1,05 bilhão em 2022.

“Embora extremamente relevante para a sociedade e a economia do país, o setor de seguro agrícola ainda se encontra em processo de amadurecimento. A volatilidade é intrínseca ao negócio, mas a mudança climática representa um desafio adicional, o que foi verificado no recente pico de sinistralidade do seguro rural no mercado brasileiro, severamente afetado por secas e geadas nas safras de verão e inverno de 2021 e 2022, e que tem seus impactos refletidos em nossos resultados”, informa Karsten Steinmetz, CEO da subsidiária brasileira da Munich Re, que assumiu o cargo em novembro de 2022.

O índice de sinistralidade foi de 127% (82% em 2021), sendo que a sinistralidade específica da linha de seguro rural foi de 225% em decorrência da alta sinistralidade das culturas de milho e soja afetadas por uma seca duradoura nas regiões sul e sudeste do país (a sinistralidade acumula as perdas derivadas dos anos de subscrição 2020 e 2021 em relação ao prêmio ganho no exercício de 2022). “Vamos manter a mesma capacidade de capital ao mercado local para o seguro rural, com mudanças na subscrição e qualificação das pessoas envolvidas, bem como usar ainda mais tecnologia para beneficiar o processo de aceitação de risco, de gestão e de regulação dos pagamentos de indenização”, acrescenta.

Segundo o executivo, para as demais linhas, o desenvolvimento segue alinhado com as expectativas da companhia, em que estão sendo aplicados os mesmos critérios prudentes adotados pelo Grupo Munich Re na constituição das provisões técnicas, revisadas anualmente. “A sinistralidade observada nos contratos aceitos é refletida no resultado de retrocessão cedida, com a qual nos protegemos de grandes perdas individuais”, acrescenta.

No ano passado, o grupo completou 25 anos no Brasil. Mesmo antes da abertura, a Munich Re atuava dentro do IRB Brasil Re, quando o mercado de resseguros ainda era fechado, para apoiar o desenvolvimento do resseguro no Brasil. Steinmetz, de 53 anos, é o funcionário mais “velho” na equipe de 67 funcionários.

“Os desafios são uma constante em nosso mercado. O atual momento, com poucas oportunidades, desde 2014, em grandes riscos, segmento tradicional para a Munich Re, não assusta, pois o Brasil tem muitas chances para balancear riscos e possibilidades. Nosso trabalho é ofertar às seguradoras produtos que permitam que o seguro tenha um papel mais relevante na sociedade, com a criação de novos produtos, liberação de capital no balanço patrimonial por meio do resseguro e uso de tecnologia embarcada nos nossos produtos para redução custos”, conta.

No ano passado, por exemplo, a Munich Re investiu US$ 6 milhões na Azos, insurtech brasileira de seguros de vida. Steinmetz está otimista com o seguro de vida, segmento onde iniciou sua carreira na Munich Re, passando por diversas funções na matriz, em Munich, Alemanha, até assumir como CFO na subsidiária da África do Sul, de onde saiu para comandar o Brasil. “O seguro de vida tem muito potencial no Brasil. Com a pandemia o produto se tornou ainda mais relevante, porém este tipo de seguro depende muito do bom desempenho da economia. Tem apresentado um bom crescimento e estamos investindo para que as seguradoras possam ofertar novos produtos com uso de tecnologia para subscrição com custos reduzidos”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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