Usina do Madeira gerará R$ 350 milhões em apólices*

O consórcio Madeira Energia – através de um pool do qual a OCS Corretora de Seguros, do grupo Odebrecht – começa a dar prosseguimento ao pacote de seguros para respaldar o “projetc finance” desenvolvido para o financiamento da construção da hidrelétrica Santo Antonio, no Rio Madeira. Os gastos com seguros deverão representar algo próximo a 3,5% do valor de construção do empreendimento, estimado em R$ 10 bilhões.

Ou seja, somente este projeto (ver mais detalhes na página C2) trará para o mercado de seguros algo próximo a R$ 350 milhões em 2008 com apólices diversas, que vão desde a garantia de contratos entre os integrantes do consórcio até o dano causado a um equipamento no percurso entre a fábrica e o complexo de obras. “Buscamos identificar, quantificar e mitigar os riscos de todas as etapas da operação. O objetivo é assegurar o início da operação e o repagamento da dívida contraída e assim estimular que outros projetos deste porte tenham investidores dispostos a apostar seus recursos com um custo de financiamento menor em razão do gerenciamento dos riscos”, informa Laudelino Soares, diretor OCS, trabalhou no programa de garantias.

Dois importantes agentes envolvidos no projeto, Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) determinaram a contratação de programas de seguros como uma forma de mitigar o risco e garantir a finalização do empreendimento.

Unibanco AIG lidera pool O BNDES publicou condições para financiamento do projeto, entre elas a apresentação de seguro garantia. As apólices serão compradas antes de começar a obra e visam assegurar o cumprimento dos contratos entre as diversas empresas envolvidas. A Unibanco AIG é a líder dos contratos de seguro garantia, juntamente com a J Malucelli e Áurea, que tem entre seus acionistas Bradesco e Munich Re.

Já os seguros que envolvem a construção foram exigidos no edital da Aneel. Para assinar o contrato de concessão, previsto para maio de 2008, segundo cronograma oficial, o Consórcio Madeira Energia terá de apresentar atestado de viabilidade do programa de seguros, emitido por uma seguradora de eficiência comprovada no segmento.

Nesta fase de construção da hidrelétrica, com capacidade prevista em 3,15 mil MW, estão previstos vários tipos de proteção e aqui a concorrência entre as seguradoras será muito acirrada. Isso porque muitas companhia estrangeiras e nacionais anunciaram investimentos na criação de uma diretoria focada em programas de seguros para o setor de energia.

Os seguros mais comuns para garantir eventuais prejuízos em um projeto deste porte são: risco de engenharia, danos materiais, erro de projeto, de fabricação de equipamentos, tumultos greves, transporte nacional e internacional dos equipamentos, responsabilidade civil para indenizar terceiros prejudicados com a construção, risco de contaminação ao meio ambiente, entre outros. “Se uma turbina for danificada durante o transporte e isso atrasar a entrega da obra, por exemplo, poderá haver cobertura para a perda de receita esperada em razão do acidente”, explica o executivo.

Por conta dos princípios de pulverização de riscos grande parte dos contratos, tanto de seguros dos riscos de construção como de seguro garantia, será repassado ao mercado internacional em forma de resseguro. Muitas resseguradoras estrangeiras se preparam para atuar no mercado brasileiro a partir de 2008, quando terá início a abertura do resseguro, há mais de 65 anos uma operação monopolizada pelo IRB Brasil Re. Segundo depoimento dos estrangeiros, o investimento em energia no Brasil era um dos fatores que tornava o País atrativo para este setor.

Será formada pelo consórcio uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). Assim que ela for criada, se prevê a compra do seguro Director & Officers (D&O), para garantir perdas que os administradores possam sofrer com ações judiciais de pessoas que se sintam prejudicadas com a gestão da SPE.

Segundo Soares, com um empreendimento desta natureza o mercado de seguros começa a se adequar às práticas internacionais. Um exemplo disso foi a criação do sistema de peritos independentes, que vão acompanhar o andamento das obras, para evitar dúvidas e discussões em casos de sinistros. “É um mecanismo mas ágil e menos burocrático, vital para se mostrar que o seguro garantia é um instrumento eficiente para garantir as obrigações contratuais.”

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em 12/12/2007, Finanças, B-2

Os cuidados antes de viajar

Há seguros que cobrem acidentes ou extravio da bagagem em viagens ao exterior. Antes de viajar ao exterior, lembre-se do seguro viagem. Com ele, você poder ter a ajuda da empresa de assistência ou seguradora para resolver vários imprevistos, como um mal-estar, uma dor de dente, um acidente ou o extravio da bagagem durante a viagem. Além disso, o seguro é obrigatório em 15 países da União Européia, que exigem € 30 mil de importância segurada.

Os Estados Unidos não exigem o seguro. “Mas é melhor contar com o apoio de uma central de atendimento que fale o seu idioma do que tentar explicar, em outra língua, o seu problema a um interlocutor ocupado com outras prioridades”, ressalta Aline Coropos, superintendente de produtos de acidentes pessoais da Unibanco AIG.

Há no mercado uma grande variedade de produtos e de empresas que oferecem o seguro viagem. É possível comprar a apólice individualmente, por meio da agência de viagem ou através de corretores de seguros especializados. Mas antes de comprar, dê uma olhada na fatura do cartão de crédito ou no contrato de seguro de vida ou de saúde para checar quais os serviços acoplados dentro do pacote de benefícios do cartão ou da apólice.

Geralmente o serviço de assistência 24 horas de cartões e seguros cobre gastos médico-hospitalares em caso de doença ou acidente, assistência em caso de perda ou roubo de bagagem e assistência jurídica em um caso extremo. Mas é preciso ficar atento, comenta Aline. “É preciso verificar o que é efetivamente um seguro com garantia de risco, que não tem de fazer desembolso durante a viagem ou posteriormente. Há produtos que apenas fazem a indicação de prestadores de serviços, sem se responsabilizarem pelo pagamento”, afirma. Outra dica de Aline é em relação ao cartão de crédito. “Algumas coberturas oferecidas no cartão só são acionadas se a pessoa comprar o bilhete aéreo com o plástico.”

A Pro Teste, uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo a defesa do consumidor, fez uma pesquisa na qual avaliou 27 produtos de 12 seguradoras e empresas de assistência. Segundo nota da Pro Teste, foram avaliadas cobertura de assistência médica internacional de US$ 50 mil e US$ 100 mil e €30 mil, com ênfase em assistências para acidentes e doenças e indenização por morte acidental.

Foram focados planos mais baratos com boas coberturas básicas. A entidade simulou dois cenários para comparar os preços de contratação do seguro de viagem para dois destinos internacionais: Paris e Miami, ambos para um homem sozinho de 41 anos, viajando a trabalho por oito dias (cenário 1), e para um casal de 32 anos, viajando a lazer por 15 dias (cenário 2).

Para a Europa, o capital segurado de referência foi €30 mil. O plano Europe da empresa Travel Ace apresentou o melhor custo-benefício. Custa R$ 47 para o cenário 1 e R$ 172 para cenário 2.

Para os Estados Unidos, a Pro Teste estipulou US$ 50 mil e US$ 100 mil e dois planos da Isis – Assistência Médica Internacional tiveram a melhor relação custo-benefício para ambos os perfis: o Youth, com custo de R$ 45 para o cenário 1 e R$ 61 para o cenário 2, e o Super, com custos entre R$ 72 e R$ 88 para os dois casos.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Seguro de entretenimento ganha espaço no Brasil

O cenário para o seguro de entretenimento não poderia ser melhor: o Brasil está na rota de vários astros internacionais, produtores passaram a priorizar o seguro após grandes perdas no ano passado e o aumento do número de processos judiciais envolvendo danos causados a terceiros.

“Os advogados estão espertíssimos com esse assunto, o que preocupa os organizadores de eventos. Apesar de o Brasil ter um índice pequeno de pedidos de indenizações de acidentes sofridos em eventos, esse número tem crescido”, diz Dulce Thompson, especialista em seguro de entretenimento da corretora Aon.

O seguro da oitava edição do Skol Beats, o maior evento de música eletrônica da América Latina, acaba de ser fechado pela ACE. Só neste ano, foram segurados os shows de Roger Waters, Keane, Aerosmith, Cold Play e Simple Plan. Se a Madona não tivesse cancelado o Brasil de sua turnê, seria mais um para a lista, além dos longas-metragens “Meu tio matou um cara”, “Lisbela e o Prisioneiro” e “Cidade Baixa”. Mais de 50 feiras realizadas neste ano também contaram com cobertura de seguro garantida pela Chubb.

O seguro da ACE no Skol Beats visa ressarcir qualquer tipo de incidente provocado por tumultos relacionados à organização do evento. Também cobre possíveis danos corporais sofridos pelos profissionais de 10 empresas envolvidas com os serviços de instalação e desmontagem, além do percurso de ida e volta do trabalho em veículos contratados pela organização.

“O produto da ACE ainda fornece proteção para o uso de cerca de 1,3 mil vagas do estacionamento VIP”, acrescentou Robert Hufnagel, executivo de responsabilidade civil da ACE, a seguradora mais presente nas apólices de responsabilidade civil de eventos. Hufnagel estima que a área de eventos deverá prosseguir neste ano com a mesma performance de crescimento de 2006, quando fechou o ano com 540 eventos cobertos.

Nada melhor do que uma perda para fazer a demanda pelo seguro aumentar. O cancelamento do show de Luciano Pavarotti em Belo Horizonte, em março do ano passado, custou US$ 1,5 milhão ao mercado de seguros, livrando a produtora do show das despesas causadas pela não realização do show, é uma boa propaganda do produto.

“A demanda está muito aquecida tanto para coberturas tradicionais como também por novidades, como o seguro de erros e omissões, uma demanda das produtoras de longrametragem”, disse Dulce Thompson, especialista em seguro de entretenimento da corretora Aon. Um filme contando a história da vida de alguém e essa pessoa ou a família processa a produtora porque a história foi contada de forma errada. Esse tipo de prejuízo estaria coberto na apólice.

Segundo Juliana Santos, executiva da carteira de entretenimento da Chubb, que atua nesse nicho desde 2001, com todas as coberturas que um promotor de evento ou de filmes necessita, poucas produtoras de longas conhecem o seguro, mas as que já compraram, não iniciam uma filma-gem sem comprar a apólice. “A nossa carteira ainda é pequena, porém vem apresentando um crescimento superior a 50% no último ano”, disse Juliana.

Outra novidade é o seguro de insucesso de bilheteria, mais voltado para shows. “Mas esse ainda é muito caro. Estamos desenvolvendo essa cobertura no Brasil, mas ele chega a custar cerca de 10% do valor do orçamento da produtora”, disse Dulce.

O custo se justifica pela especialização e complexidade para mapear o risco do motivo da fraca bilheteria. “Se o evento foi realizado no mesmo dia de um outro megashow, se foi divulgado corretamente para o público alvo. São muitas nuances”, acrescentou. Aqui não se encaixaria uma bilheteria menor do que a prevista em razão dos espectadores que pagam meia, como os estudantes e os idosos.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Perfil do segurado define valor da apólice

A composição do valor de uma apólice é bem mais complexa e envolve índices de roubos, colisões e perfil do condutor, entre outros. Em uma cidade como São Paulo, cuja frota circulante é superior a 5,5 milhões de automóveis, roubo e furto representam 60% do total do custo. Os 40% restantes correspondem a colisões, enchentes e danos por incêndio. Já em cidades afastadas dos grandes centros urbanos, furtos e roubos equivalem a apenas 20% do total da apólice.

Em uma análise mais simples, pode-se considerar que, se um carro se desvaloriza anualmente e sofre perda total por qualquer um dos eventos acima citados, não haveria por que subir o preço do seguro, e sim cair. “Esse é o comentário que mais escuto desde que entrei neste ramo, mas a realidade não é bem essa”, garante Claudio Afif Domingos, diretor vice-presidente da Indiana Seguros.

O executivo explica que, para os casos de sinistro em que não há danos totais, apenas parciais, o veículo necessita ser reparado com peças novas, as quais obedecem ao valor do veículo zero-quilômetro. “É esse o custo considerado na composição do seguro, e não o ano de fabricação do mesmo”, afirma.

O executivo exemplifica: um Corsa Sedan, modelo 2001, que, segundo a Tabela Fipe, tem preço de mercado estimado em R$ 18.278,00, e que tenha sido parcialmente destruído e precise trocar o capô e a longarina esquerda. Essas peças custam, respectivamente, R$ 532,25 e R$ 1.098,73. Para o modelo 2006, do mesmo Corsa Sedan, cujo valor de mercado é R$ 23.553,00 (29% mais caro), o valor das peças são os exatos R$ 532,25 e R$ 1.098,73, da mesma forma que o modelo 2001.

Assim, mesmo em uma economia com baixa inflação, esse efeito de custo é repassado ao valor final dos carros novos, e também às peças que os compõem, o que explica como o valor do seguro não se deprecia de acordo com o valor do carro. “Há também ajustes para cima ou para baixo, quando determinado modelo é mais ou menos roubado em período imediatamente anterior”, reforça Afif Domingos.

Além dos índices de roubo e colisão, o perfil do condutor também é fundamental na composição do valor do seguro. Segundo o executivo da Indiana, até oito anos atrás, as seguradoras calculavam o preço do seguro de autos apenas por modelo e macrorregião de uso. “Hoje, consideram também o endereço (CEP) de pernoite e o perfil do condutor, que contempla idade, estado civil e hábitos de uso, entre outros”, explica.

Setor triplica número de ouvidorias de 2005 para 2006*

As seguradoras conseguiram fazer da ouvidoria um canal de comunicação com o consumidor, enquanto os bancos começam a se organizar neste quesito. Em pouco mais de dois anos, o setor conta com quase 60 ouvidorias, que representam praticamente 95% do faturamento de R$ 78 bilhões em 2006. Em 2005, eram apenas 20. Os números finais serão divulgados pela Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) no próximo mês.

Números preliminares mostram que em 2006 os ouvidores das companhias atenderam cerca de 18 mil queixas de segurados, pouco acima do ano anterior. “Tal aumento se justifica pelo número maior de ouvidorias e da divulgação do serviço, uma vez que as queixas nos Procons e na Superintendência de Seguros Privados (Susep) estão num patamar abaixo do registrado em anos anteriores, comentou Mário Rossi, ouvidor das empresas do grupo espanhol Mapfre, que realizou 800 atendimentos em 2006, sendo 40% dos casos revertidos a favor do segurado.

A ouvidoria do grupo Bradesco de Seguros e Previdência, criada em setembro de 2003, realizou mais de 50 mil atendimentos. Segundo o ouvidor Luiz Tavares, as decisões de improcedência caíram de 26 casos por dia em 2005 para 9 casos por dia em 2006, o que mostra a melhora nos processos internos.

O ouvidor da Bradesco lembrou duas mudanças implementadas pela ouvidoria. “A exigência de comprovante de endereço para liberar o reembolso de saúde era um dos fatores que gerava atraso nas indenizações. Quando um cliente mandou o envelope do boleto para pagamento do seguro para comprovar onde morava, decidimos mudar e facilitar o processo”, disse. Outra mudança gerada pelos clientes foi a melhora na portabilidade dos recursos dos participantes de previdência privada. “O processo foi alterado e de uma média de 15 dias estamos conseguindo fazer a transferência em quatro dias úteis”, afirma.

A Porto Seguro atendeu 216 segurados. Desses, 48 segurados tinham razão na reclamação e o ouvidor solicitou à empresa atender o pedido do cliente; 114 não tinham razão; e 54 solicitações se referiam a informações sobre condições gerais e produtos da empresa.

A SulAmérica resolveu mais de 400 casos em 2006, sendo 32% revertidos em favor do cliente. “Para 2007, a ouvidoria aprimorará o processo de análise com foco na melhoria de processos, investindo na divulgação deste canal aos consumidores”, disse o ouvidor Oswaldo Mario de Azevedo.

*matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em 16/03/2007

Na área de corretagem, nova onda de fusões

O crescimento da competição no setor de seguros, a padronização de produtos e a redução de custos por parte das seguradoras, aliados a abertura do mercado de resseguros, têm mudado o dia a dia dos corretores de seguros, que apenas começam uma fase de consolidação, prevê o consultor Dario Guarita, sócio da Guarita e Associados. Com uma extensa lista de aquisições e fusões da qual participou como sua experiência, o consultor acredita que terá muito trabalho daqui para frente.

“As maiores corretoras do mundo, como Marsh, Aon e Willis, tiveram sua história de crescimento marcada pelas fusões com corretores pequenos e médios, regionias e especializados. E é verdade. Aqui no Brasil a Aon já comprou pelo menos uma dezena de corretores especializadas em nicho ou regionais, bem como a Willis que comprou a Athos. A última negociação anunciada no final de 2006 foi a compra pela Lazam MDS da Providence. Temos também a ADD Markler e a Harmonia que se associaram, bem como a Reali Vidanova e a Euroamerica.

Os corretores médios precisam fazer frente a concorrência dos grandes, principalmente agora que necessitam negociar o resseguro de seus clientes. E para isso é preciso reduzir custos, num momento em que a comissão já foi achatada pelas seguradoras em razão do aperto no bolso do consumidor. “O que não é diferente da realidade dos bancos, com inúmeras negociações na busca pelo ganho de escala. Os grandes precisam aumentar o faturamento e diluir os custos para potencializar os resultados”, disse.

Em 2006, o faturamento com seguros, previdência e capitalização foi de R$ 73 bilhões. O Brasil conta com 62 mil corretores de seguros, sendo 40 mil individuais e 22 mil com empresas abertas. O corretor participa ativamente apenas das vendas de seguros, ficando previdência e capitalização com a comercialização focada nas agências bancárias. Considerando-se as vendas de seguros de R$ 56 bilhões e um índice de comissionamento de 12%, as corretoras obtiveram faturamento de R$ 6,5 bilhões. Na década de 90 a comissão chegava a 35% “Hoje é preciso agregar muito serviço para justificar ao consumidor o carregamento no valor do produto”, considera o consultor.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Catástrofes causam perdas de US$ 15,9 bi em 2006

As perdas com catástrofes totalizaram US$ 15,9 bilhões em 2006, uma das menores cifras registradas nos últimos 20 anos, de acordo com o estudo “Natural catastrophes and man-made disasters in 2006” divulgado pela Sigma, divisão de estudos da Swiss Re, maior resseguradora do mundo. O custo das catástrofes naturais no ano passado somou US$ 11,8 bilhões e as catástrofes causadas pelo homem custaram US$ 4 bilhões. O recorde de perdas foi 2005, com os furacões nos Estados Unidos. O Katrina gerou perdas seguradas de US$ 66 bilhões; o Ivan de US$ 13,7 bilhões; o Frances, de US$ 5,5 bilhões; e o Charley, de US$ 8,6 bilhões.

A baixa penetração de seguros nos países em desenvolvimento foi a razão da menor participação das seguradoras nos prejuízos econômicos de US$ 48 bilhões causados por catástrofes em 2006, sendo a pior perda o tufão que varreu China, Filipinas e outras cidades, com perdas de US$ 4,5 bilhões. No total, foram 349 eventos, sendo 136 causados pela natureza e 213 pelo homem. Cerca de 22 mil pessoas morreram por tsunami, terremotos, tufões e enchentes; 8 mil com explosões; 946 nos desastres aéreos entre outros.

Indonésia e Filipinas registraram as piores perdas econômicas, mas foram os Estados Unidos que ficaram com 60,8% do volume de indenizações. A Europa ficou com 16,2% e a Ásia com 11,4%. A América do Sul foi responsável por 3,7% das indenizações. Acidentes no mar e no céu absorveram 5,3% dos recursos desembolsados pelas seguradoras com catástrofes.

Apesar do índice menor de perdas, não deverá haver impactos no preço do seguro. Isso porque o mercado de seguros e resseguros está muito preocupado com o aumento dos valores das propriedades e com as perdas que o aquecimento global pode causar.

Swiss Re incentiva redução de CO2

A Swiss Re, maior resseguradora do mundo, anunciou que está oferecendo um reembolso de até 5 mil francos suíços (US$ 4,058 mil) a cada um dos seus empregados que se comprometer a reduzir “a sua marca de carbono individual”, segundo comunicado divulgado.

A Swiss Re informou que o programa “reduza você também (COyou2) o CO2 e ganhe” apoia os investimentos dos empregados em medidas que contribuem para reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa, especialmente em relação à mobilidade, ao aquecimento e à energia elétrica. Essas medidas, que variam de acordo com circunstâncias e preferências regionais, incluem carros híbridos com baixo nível de emissões, o uso do transporte público e a instalação de painéis solares, ou de bombas de aquecimento. De agora até o fim de 2011, a Swiss Re vai reembolsar a cada um dos empregados a metade do valor investido nessas medidas, até o máximo de 5 mil francos suíços ou o equivalente em moeda local.

Várias empresas do setor de seguros e de resseguros vêm colocando seu prestígio, conhecimento e recursos financeiros para promover pesquisas e a compreensão das mudanças climáticas e do aquecimento global e os seus efeitos globais potencialmente catastróficos. Como parte da Clinton Global Iniciative, a Swiss Re decidiu apoiar as medidas adotadas por seus empregados.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Renner, a última noiva do setor

ACE, Assurant, Cardif, Chubb, Porto e Mapfre, diputam o direito de vender apólices nas lojas. A quase centenária Lojas Renner era praticamente a última grande noiva do varejo assediada pelo mercado de seguros. Em dois meses de negociações, iniciadas com 35 segu-radoras, restaram cinco pretendentes: ACE, Assurant, Cardif, Chubb e Mapfre.

O casamento será, segundo a aposta de vários executivos entrevistados por este jornal, com a ACE, uma das mais antigas nesse segmento no Brasil e que tem clientes de peso na área de energia, como a CPFL. No entanto, como havia um peso menor para as seguradoras com negócios com C&A, até agora o “case” de maior sucesso do setor, onde a ACE atua com proteção financeira, e com a Riachuelo, atendida pela Zurich, alguns apostaram suas fichas na Mapfre, que tem investido muito no Brasil para acelerar seu crescimento, e na Chubb.

O anúncio oficial está previsto para ser feito a qualquer momento pela Renner, uma das poucas varejistas listadas no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), para que a vencedora tenha tempo de começar 2007 com os produtos nas 75 lojas do grupo gaúcho. Só em São Paulo são 27 pontos de vendas, 13 no Rio Grande do Sul, 8 no Rio de Janeiro, entre outros.

Foi uma disputa tensa, pois havia apetite dos dois lados. As seguradoras precisam aumentar a base de clientes para diluir custos e enfrentar a queda nas taxas de juros, de onde tiram a maior parcela do resultado da companhia. No caso das finalistas, a parceria é fundamental para enfrentar a concorrência das seguradoras ligadas a bancos, onde dispõem da rede de agências para vender. De outro o setor de varejo, que vem operando com margens apertadas, e tem tido na venda de seguros um bom lucro, segundo demostram os balanços de algumas redes na linha de equivalência patrimonial ou receita de serviços financeiros.

O dote, ou seja, o bônus, valor que a seguradora deve pagar antecipadamente à Renner para ter acesso ao balcão de vendas por cinco anos, chegou a variar entre R$ 15 milhões e R$ 6 milhões, e mesmo assim, segundo executivos, estava abaixo da expectativa da Renner. Os produtos a serem ofertados são: residencial, perda e roubo de cartão, prestamista, desemprego, vida e acidente pessoal, além do educacional.

O que desvalorizou um pouco esse bônus foi a Renner ainda não ter um cartão de crédito. Tem apenas um cartão de afinidades, com uma base ativa de 3,2 milhões. Como os contratos de seguros geralmente são anuais, esse fato pesou. “O risco do cliente parar de pagar o seguro quando quitar o saldo devedor é muito grande”, disse uma das fontes.

Outro custo que teve uma grande variação, informaram, foi o investimento em marketing, treinamento e call center, que fica a cargo da seguradora. Essa é uma grande preocupação das lojas de varejo, para que o cliente não tenha problemas com o seguro e o associe com a marca da loja.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Lojas Renner não confirma as informações e informa que o processo de escolha da empresa parceira está sendo finalizado e, em virtude de o contrato não ter sido assinado, quaisquer informações neste momento não passam de especulação. A empresa não se manifestará até a assinatura do respectivo contrato.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Subsídio deve triplicar seguro rural

“Ou vai ou racha”. Esse é a frase dos principais executivos que atuam com seguro rural para definir o que acontecerá com esse segmento, que há anos busca formas de se desenvolver. Apesar de todo o esforço para elevar as vendas, o resultado foi catastrófico. Entre 2000 e 2005, o volume de prêmios (valor pago à seguradora pelo agricultor) totalizou R$ 225 milhões e as indenizações pagas R$ 462 milhões. Um prejuízo e tanto. Nos Estados Unidos, o seguro rural movimenta US$ 4,5 bilhões em prêmios e as indenizações representam cerca de 70% desse valor.

A principal justificativa para o fracasso do setor do Brasil era a falta de um subsídio do governo para auxiliar no pagamento do prêmio. No ano passado, o governo federal prometeu R$ 20 milhões mas só R$ 2 milhões foram usados. Nesta safra, o governo disponibilizará subsídios de R$ 61 milhões para produtores do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Considerando-se uma média de subsídio de 50% do prêmio do seguro, isso significa que esse nicho poderá sair de prêmios de R$ 38 milhões em 2005 para R$ 120 milhões em 2006. Em número de contratos, o salto também será expressivo: de 25 mil para 80 mil. Além do subsídio do governo federal, os agricultores paulistas contam com subvenção de 50% dos prêmios em 25 culturas, que podem chegar a R$ 40 milhões.

“Estou muito otimista. No ano que vem o governo federal estima colocar no orçamento R$ 120 milhões em subvenção. Se isso acontecer, são R$ 240 milhões em prêmios de seguros para 2007”, disse Wady José Mourão Cury, diretor técnico da Aliança do Brasil, seguradora do Banco do Brasil em parceria com a Aliança da Bahia.

Segundo Roberto Foz, presidente da Seguradora Brasileira Rural (SBR), o ano é decisivo para as seguradoras, pois se os agricultores não usarem os R$ 61 milhões, dificilmente haverá um mercado de seguro agrícola no Brasil no futuro.

Com isso, o setor rural que era o patinho feio agora é encarado como um promissor cisne pelos acionistas. “A seguradora é indutora de tecnologia para o agricultor e ajuda o governo a fiscalizar o setor. O seguro só é vendido para quem está plantando de acordo com as técnicas corretas, dentro do zoneamento agrícola do governo, a seguradora fiscaliza o cliente”, disse Foz.

Segundo o executivo da Aliança do Brasil, a Fenaseg está trazendo técnicos do México para treinar profissionais no Brasil “Eles vão ministrar cursos nas principais escolas de agricultura do País para termos mais profissionais qualificados para regular o sinistro”.

Todo esse cenário trouxe uma revolução interna nas seguradoras, que operavam com pouca variedade de culturas e em regiões específicas, o que acabava por potencializar o risco de perdas em caso de catástrofes regionais.

A estratégia da Mapfre foi se posicionar não só em agricultura, como também em florestal e futuramente na área animal. “Isso nos ajudou a reverter o resultado negativo nesses cinco anos de atuação e a aumentarmos a capacidade de resseguro para poder atuar em outras culturas e não em só grãos e cana de açúcar”, disse Glaucio Toyama, superintendente da área rural da Mapfre.

A partir de agosto deste ano, a Mapfre, que tinha a soja como carro-chefe, fortaleceu sua operação em café, florestas e hortifrutis com a ampliação da capacidade de resseguro negociado com o IRB Brasil Re, Swiss Re e o braço ressegurador do grupo, a Mafpre Re. A expectativa inicial da Mapfre para 2006 era de crescimento de 50% sobre 2005, quando movimentou prêmios de R$ 8 milhões nas culturas subsidiadas. Com a aprovação dos subsídios, a projeção supera 100%, sem considerar os novos nichos, como florestas, café e hortifrutis.

A SBR, que tem a resseguradora Swiss Re como uma de suas acionistas, tinha previsão de faturar R$ 5 milhões no segundo semestre e agora o objetivo é de R$ 10 milhões pela demanda que a seguradora recebeu nos últimos dias, quando o subsidio foi aprovado.

A Aliança, que só opera com soja e milho, negociou capacidade de resseguro de R$ 2,4 bilhões com a Converium Re. A expectativa é ter R$ 36 milhões do subsídio federal, o que gerará prêmios de R$ 70 milhões. No ano passado a Aliança ficou fora deste segmento para reestruturar a operação. AGF e Nobre também aguardam a aprovação do governo para venderem com subsídio.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil