Transição climática em debate na Mesa Redonda Regional da Unep Fi

Fonte: CNseg

A sustentabilidade foi o fio condutor do primeiro dia da Mesa Redonda Regional da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep Fi), realizada em São Paulo, entre 1º e 3 de abril. O evento, que reuniu no primeiro dia representantes do mercado segurador da América Latina e Caribe, com apoio da CNseg, trouxe à tona temas como mitigação e adaptação climática, regulação e políticas sustentáveis, seguros responsáveis, riscos à biodiversidade e impactos sociais.

Na abertura, Alexandre Leal, diretor técnico de Estudos e Relações Regulatórias da CNseg, destacou como a agenda da sustentabilidade tem ganhado protagonismo no setor de seguros brasileiro, impulsionada tanto por iniciativas voluntárias quanto pelas induzidas pela Susep. Ele lembrou que a CNseg aderiu em 2012 aos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, na sigla em inglês), mesmo ano em que criou sua Comissão de Sustentabilidade e Inovação, agora chamada de Comissão ASG. No campo regulatório, citou a Circular Susep 666/22, que fortalece a gestão de riscos climáticos, e, mais recentemente, a Resolução CNSP 473/24, que define regras de sustentabilidade para classificação de produtos de seguro.

Com os olhos no futuro, Leal revelou que a CNseg está investindo fortemente na capacitação dos profissionais do setor para garantir uma participação de peso na COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém. Para isso, está organizando a “Casa do Seguro”, um espaço de 1.600m² dedicado às discussões sobre transição climática e sustentabilidade.

Entre os desafios imediatos, o diretor da CNseg ressaltou a necessidade de criação de um seguro social contra catástrofes, especialmente para amparar vítimas de enchentes e deslizamentos. Ele lembrou que durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado, o setor segurador desembolsou cerca de R$ 7 bilhões em indenizações, mas as perdas superaram R$ 100 bilhões. “Temos debatido o tema com vários grupos de interesse sobre como podemos oferecer esse produto, com toda a sociedade colaborando para que seja acessível a todos “, afirmou.

Novas abordagens para enfrentar os desafios ambientais

Para avançar na compreensão dos impactos financeiros dos riscos climáticos no setor de seguros brasileiro, o gerente de Sustentabilidade da CNseg, Pedro Werneck, apresentou o projeto “Construindo Seguros para Transição Climática”, desenvolvido em parceria com a Unep Fi. A iniciativa envolveu seis workshops e resultou em duas ferramentas inovadoras: o Mapa de Calor, que permite uma avaliação qualitativa dos riscos climáticos físicos, e o NatCat Model, que realiza projeções quantitativas desses riscos. “Mesmo com limitações, como o foco exclusivo em inundações urbanas nos seguros residencial, condominial e empresarial, essas ferramentas trazem insights valiosos para a tomada de decisão das seguradoras”, destacou Werneck. Ele ainda pontuou uma descoberta curiosa: muitas seguradoras não diferenciavam, em seus registros, alagamentos causados por inundações dos provocados por canos rompidos, um detalhe crucial para a gestão de riscos.

Outro tema central no encontro foi a taxonomia sustentável brasileira e seu impacto no setor segurador. A iniciativa visa definir quais atividades econômicas são, de fato, sustentáveis, estimulando investimentos em projetos alinhados com a redução dos riscos ambientais. Werneck citou como exemplo as operações de restauração florestal. “Temos 12 milhões de hectares a serem reflorestados e um grande gap de seguro para essa atividade. A taxonomia ajuda a direcionar investimentos e evidenciar a importância do seguro como um instrumento financeiro capaz de impulsionar setores sustentáveis”, concluiu.

O primeiro dia da Mesa Redonda Regional reforçou o compromisso do setor de seguros com a sustentabilidade, evidenciando soluções inovadoras e estratégias para enfrentar os desafios climáticos. O caminho está traçado e o mercado segurador brasileiro segue determinado a ocupar um papel de destaque na construção de um futuro mais verde e resiliente.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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