Resseguradoras registram alta de 23% nas vendas em 2022

A linha de negócio que mais cresceu foi para apoiar as operações de seguro de vida: 48%, para R$ 2 bilhões, segundo o tradicional estudo publicado pela Austral Re

Em 2022, as vendas de resseguro atingiram R$ 29,9 bilhões, alta de 23% comparado ao ano anterior. A linha de negócio que mais cresceu foi para apoiar as operações de seguro de vida: 48%, para R$ 2 bilhões, segundo o tradicional estudo publicado pela Austral Re. É ainda apenas o quinto maior em demanda de resseguro, mas com grande potencial de crescimento nos próximos anos, dado o esforço das seguradoras em trazer novas coberturas para ampliar o mercado.

Assim como os consumidores, a seguradora compra resseguro de forma estratégica: para riscos potenciais e também quando querem ingressar em novos mercados com riscos ainda pouco mapeados. No Brasil, o nicho de riscos patrimoniais, tendo como risco primário incêndio, raio e explosão de grandes conglomerados, é a carteira que mais demanda resseguro, com R$ 8,4 bilhões, o que representa 28% do volume total registrado no ano passado.

As mudanças climáticas preocupam especialmente as seguradoras que atuam com rural e automóvel. Para se protegerem de perdas por excesso ou falta de chuvas, as companhias que operam com o seguro rural compraram R$ 6,6 bilhões em resseguros no ano passado, alta de 31%. O reajuste de preço teve um peso maior neste crescimento.

Com o elevado volume de perdas nas safras passadas, as resseguradoras pagaram um volume recorde de indenizações em 2021, de R$ 7,1 bilhões para uma arrecadação de prêmios de R$ 9,3 bilhões, e em 2022 pagaram R$ 10,5 bilhões e receberam dos clientes R$ 13,4 bilhões.

A carteira de automóvel, que movimentou vendas de seguros de R$ 50,9 bilhões em 2022, investiu R$ 3,4 bilhões, alta de 32% em relação a 2021, na compra de resseguro para garantir o pagamento de indenizações em caso de perdas catastróficas.

O seguro garantia tem uma cobertura grande de resseguro. Para vendas de seguro de 6,5 bilhões, as seguradoras compraram R$ 3,5 bilhões em resseguro.

A disputa pelo resseguro está acirrada no Brasil, levando o mercado para uma concentração menos acentuada, destaca o estudo. Apesar de o IRB Brasil Re ser o maior ressegurador, vem perdendo espaço para as resseguradoras que se estabeleceram como locais no Brasil nesses dois anos em que passa por uma reestruturação da companhia para voltar ao lucro. O market share do IRB recuou de 50% em 2021 para 43% em 2022. A Munich Re detém 13%, a Austral 10%, a Mapfre 7,1% e a Allianz, 7%.

Se considerarmos o resseguro cedido para grupo, locais e colocados no exterior, a participação do IRB recua para 20%, a Mapfre sobe para a segunda posição, com 13%, e a Munich Re fica na terceira colocação, com market share de 9,3%, empatada com a Allianz.

O mercado de resseguros brasileiro teve prejuízo operacional de R$ 1,37 bilhão em 2022, causado por sinistros em agro contabilizados, em sua maior parte, pelo IRB, Munich Re e Swiss Re. Austral Re, BTG e Mapfre mantiveram resultados operacionais positivos consecutivos, em contramão da tendência do mercado que também apresentou prejuízo operacional de R$ 1,32 bilhão em 2021.

Segundo a AMBest, o segmento de (res)seguros do país vem se beneficiando das taxas de juros mais altas, devido à capacidade das empresas em aumentar receita financeira-com juros altos, à medida que as reservas são investidas. A receita de investimentos contribuiu significativamente para a lucratividade do setor de resseguros do Brasil nos últimos anos. O estudo completo pode ser lido neste link.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS