Investimento em insurtechs desacelera, mas tem grande potencial para impulsionar seguradoras

Uma boa notícia para os corretores é que as avaliações das insurtech que acessam diretamente o consumidor caíram até 95%. A distribuição indireta está de volta com foco em agentes e seguros incorporados, conclui o estudo da Dealroom.co

O investimento global de capital de risco (VC) em startups InsurTech caiu para US$ 2,5 bilhões no primeiro trimestre, recuou de 50%, voltando aos níveis pré-pandemia, e deve cair novamente no segundo trimestre, à medida que o mercado volta aos níveis de financiamento pré-pandemia. Isso se deve ao novo ambiente de financiamento e ao mau desempenho das insurtechs nos mercados públicos e sinaliza que o mercado esfriou da euforia de 2021, mas o setor de seguros de US$ 6 trilhões ainda oferece grandes oportunidades e está esperando por muitas disrupções. As startups de insurtech são, na verdade, fortemente subinvestidas, em comparação com pares que visam indústrias de tamanho de mercado semelhante, como fintech, saúde e mobilidade.

É isso que revela estudo da Dealroom.co, Mundi Ventures, MAPFRE e NN Group, com base na experiência em inovação de seguros coletivos dos parceiros, para trazer insights sobre o estado atual e as tendências das insurtechs europeias e globais. O segundo trimestre está mostrando mais desaceleração até agora, de acordo com o relatório, alimentado pelo banco de dados Insurtech, uma plataforma de acesso aberto desenvolvida pela Dealroom.co, com suporte da Mundi Ventures, rastreando o ecossistema de inovação insurtech, catalogando mais de 3 mil startups, mais de 3,8 mi rodadas de financiamento e mais de 1.250 saídas de empresas inovadoras abordando todas as partes da cadeia de valor de seguros e segmentos de mercado.

“Ainda estamos entusiasmados com o impulso das insurtechs que facilitam, que ainda avança, em oposição aos disruptores listados, que não se saíram tão bem. Eles nos permitem enfrentar qualquer desafio estratégico que possamos ter, tornando-nos mais tangíveis por meio de serviços de alto valor ou nos ajudando a ‘desaparecer’ em outros produtos e serviços tornando-se transparentes ou ultra-incorporados para nossos clientes”, comentou Joan Cusco, diretor global de transformação da MAPFRE.

Segundo o estudo, a Europa registrou seu segundo melhor trimestre de todos os tempos no primeiro trimestre de 2022 e reduz a diferença com os EUA, que teve a retração mais forte. O crescimento da Ásia foi estável, enquanto a América Latina está começando a emergir.

A criação de unicórnios diminuiu significativamente. Existem agora 62 unicórnios em todo o mundo, apenas 5 foram criados até agora em 2022, em comparação com 26 em 2021.

As fusões e aquisições em insurtechs continua forte, atingindo níveis recordes no primeiro trimestre de 2022, enquanto as listagens públicas desaceleraram.

Uma boa notícia para os corretores é que as avaliações das insurtech que acessam diretamente o consumidor caíram até 95%. De acordo com o estudo, esses players enfrentaram desafios tanto na subscrição quanto na distribuição. Suas perdas ainda são superiores às médias da indústria e a distribuição direta se mostrou cara. A distribuição indireta está de volta com foco em agentes e seguros incorporados.

A parceria para mitigar riscos segue em alta. Seguradoras e insurtechs ampliam a transferência e mitigação de riscos para a prevenção. Isso acontece com o uso de IoT para monitoramento de ativos em P&C e com engajamento para comportamentos saudáveis ​​em L&H, destaca o estudo.

As mudanças climáticas lideram os riscos globais tanto no curto quanto no longo prazo. Com isso, seguradoras e insurtechs estão engajadas ativamente na transição climática, definindo metas net-zero e iniciativas em todo o setor, como a Net-Zero Insurance Alliance, ao mesmo tempo em que se concentram em software ESG, seguro paramétrico e análise geoespacial.

Estima-se que a Silver Economy, ou economia prateada, seja um mercado de US$ 15 trilhões e há muitas oportunidades para atender às diferentes necessidades das várias fases da vida adulta. Além disso, essa geração passou pela transição do analógico para o digital, de modo que o monitoramento remoto de pacientes, a telemedicina e os dispositivos vestíveis, como smartwatches, podem tornar a saúde virtual uma realidade para idosos em um futuro próximo.

Yoram Wijngaarde, CEO e fundador da Dealroom.co, afirma que relatos de ‘morte insurtech’ foram muito exagerados. “O ambiente de financiamento definitivamente mudou desde o ano passado, mas vemos isso como uma racionalização, não como um retrocesso. Há fortes sinais de que a insurtech está aqui para ficar e prosperar, especialmente na Europa.”

Javier Santiso, CEO e sócio geral da Mundi Ventures, concorda que o ambiente de financiamento esfriou da euforia de 2021, mas o setor ainda oferece grandes oportunidades e está esperando por muitas disrupções. “Vimos uma forte correção nas avaliações do mercado público e algum grau de retração também no mercado privado. Mas, no longo prazo, o seguro ainda é um mercado enorme com investimento muito baixo em comparação com fintech e saúde.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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