A série “O que esperar de 2021”, visa trazer um pouco de luz sobre as incertezas do próximo ano. Nesta edição, Newton Queiroz, CEO da Argo Seguros, fala um pouco sobre suas expectativas. Leia abaixo:
Quais as tendências da empresa e do setor para 2021?
Para 2021, a Argo Seguros seguirá com seus planos de crescimento sustentável, tendo como KPI principal o combinado operacional da empresa, o qual deve estar sempre abaixo de 100%, independentemente do mês. Essa vem sendo nossa meta desde o início deste ano e estamos conseguindo entregar.
Ao mesmo tempo, o pilar principal de nossa estratégia está voltado a nossa equipe e ambiente de trabalho, uma vez que sem pessoas não é impossível entregar metas ou planos. Assim, seguiremos desenvolvendo um ambiente de trabalho aberto, diversificado, inclusivo e horizontal, ou seja, onde a hierarquia funciona mais da porta para fora, do que para dentro. Essa medida visa permitir que o time esteja sempre no seu melhor para conseguir desbravar os desafios pela frente.
Um ponto importante deste quesito é o trabalho que estamos fazendo de aprimorar o sentimento do ‘orgulho de pertencer’. É fundamental que todos nós, enquanto colaboradores de uma empresa, tenhamos a visão de que o nosso trabalho vai além do lucro ao acionista. Para isso, focamos na parte social através de algumas ações que estamos desenvolvendo, além, é claro, de nossa própria indústria via o produto de seguros.
Portanto, a Argo Seguros de 2021 estará focada em manter a visão de empresa tecnológica, inovadora e que busca a inclusão social através do seguro. Nesse sentido, estamos em pleno desenvolvimento de uma série de iniciativas e produtos de seguros que possam atender a parcela da sociedade que hoje não compra seguro.
Já demos um exemplo este ano com o lançamento do Instant, o primeiro seguro 24h para automóveis do Brasil, cujo foco é atender a 70% da população que não compra seguro hoje, seja por conta do preço ou pela falta de um produto adequado as suas necessidades.
Desenvolvemos esse produto para que as pessoas com automóveis mais antigos que são usados, por exemplo, para ir à praia no final do ano, possam estar segurados e contarem com uma assistência em caso de problemas na estrada. Se este produto fosse vendido via assinatura + KM rodado, não seria viável para muitos, mas como é um produto de diária ao redor de R$ 27, se torna bastante acessível.
Além do ponto de inclusão e novos produtos, a Argo Seguros seguirá investindo forte em suas áreas de expertise como Transportes, onde somos top 10 de mercado; E&O (top 3); D&O (top 10); Bike (Top 3); mas reforçando foco em RCG, Garantia, Property SME e outras frentes. Isso visa dar o maior leque de opções aos nossos clientes em one stop shop, e, ao mesmo tempo, abrir um novo mercado, permitindo que novos consumidores de seguros sejam alcançados via canais de distribuição com nossos parceiros e corretores.
O que mudou na forma de se relacionar com o consumidor?
Para nosso setor diria que quase tudo, desde como nos comunicamos (muito menos cara a cara), até como fechamos negócios e avaliamos concorrências. Durante este período tivemos que nos adaptar totalmente para conseguir atender a nossos corretores/parceiros e não deixar o cliente final sem uma reposta ou cobertura. Para isso, os investimentos em digitalização foram enormes em nossa indústria, o que era preciso, sendo bem honesto.
No caso da Argo Seguros, nós já temos o viés digital há anos, então a mudança foi mais uma adaptação onde utilizamos a forma de trabalhar para linhas massificadas, mas agora com ajustes para atender os grandes riscos e corretores.
Já no sentido de demanda, o consumidor se tornou muito mais criterioso, buscando entender melhor o que compra e o valor do produto, além de querer se sentir mais valorizado. Para isso, nós trabalhamos forte na segmentação dos produtos, pois fazer algo sob medida para uma operação como a nossa é bastante difícil, salve os mega clientes que demandam isso há anos. Essa segmentação é algo que veio para ficar na Argo e pode ser visto no caso do seguro de bicicleta, onde lançamos o Bike Mulher e Bike Basic. Duas variações de um produto principal, justamente para focar em segmentos específicos através de um seguro único para aquele perfil de consumidor e isso está rendendo bons frutos. A ideia é continuar efetuando essa segmentação em todas as áreas da empresa para dar um melhor serviço e passar a valorização merecida do consumidor.
Quais as áreas, mais afetadas?
Em nossa indústria, todas as áreas foram afetadas durante os primeiros meses do ano, mas neste segundo semestre estamos vendo uma grande recuperação e acredito que atestar isso de forma definitiva ainda é cedo. Digo isso porque em automóvel a produção reduziu, assim como a sinistralidade, então a margem pode acabar por ter sido melhor para muitas empresas e isso acaba sendo muito mais importante em momentos como este.
Porém, de forma geral em GWP, vimos Auto e Saúde sendo afetados fortemente com consumidores deixando de renovar seguros por temas de finanças pessoais, e ao mesmo tempo empresas buscando reduzir benefícios e, com isso, planos de saúde a seus colaboradores.
Em Engenharia tivemos um total shut down de quase todas as grandes obras que eram esperadas este ano no pais, sendo que o que realmente movimentou o mercado foram as obras residenciais, que acabaram tendo um boom agora no segundo semestre com a procura por moradias mais confortáveis por parte da sociedade, devido ao tempo que temos de ficar em nossas casas.
No Transporte, E&O e D&O estamos tendo um ano similar ao passado em termos de prêmio, sendo que em D&O as apólices que não se renovaram acabaram sendo cobertas pelo aumento geral do mercado global nesta linha.
Do lado crescente, tivemos as Garantias Judiciais com várias empresas buscando liberar recursos vinculados a ações judiciais através de apólices de seguro, assim como o seguro de Vida e Residencial por consumidores mais preocupados em ter algum tipo de proteção para seus bens e família. Como disse, ainda é cedo para poder fazer um diagnóstico completo de quem foi mais afetado, seja em perda ou em ganho.
Qual o impacto da pandemia na empresa?
O impacto relacionado ao dia a dia e funcionalidade operacional da empresa foi basicamente zero, pois na Argo Seguros todos tem laptop e, a grande maioria, celulares. Além disto, sempre tivemos um BCP bem estabelecido e que se demonstrou muito eficiente neste momento atual. O que adicionamos a isto – devido ao tempo que estamos de home office – foram melhorias aos colaboradores como monitores, cadeiras e apoio com contas de internet e celular. Tudo isso sempre visando o bem-estar do colaborador, que resulta em uma operação estável e eficiente.
No lado ambiente de trabalho, temos focado muito em fazer reuniões mensais com todo o escritório, ter eventos descontraídos (como games, happy virtual, Dia das Crianças virtual e outros). Também estabelecemos uma linha de apoio com psicólogos e suporte em planejamento financeiro e outros pontos mais. Tudo isso para buscar dar o melhor ambiente possível a nossos colaboradores (e ferramentas), uma vez que este tempo todo em home office tem sim um efeito que, claro, é mais forte em alguns indivíduos, mas nosso foco é dar o melhor que podemos a todos e suas famílias, porque como mencionei, sem time não conseguimos entregar metas, nem chegar aos objetivos.
Até o momento o saldo está sendo positivo, mas pessoalmente me preocupo porque entendo que vários de nós não estávamos preparados para trabalhar 100% de casa por tanto tempo, e isso somado ao stress adicional do novo dia a dia, com certeza tem seu efeito.
Para nosso negócio, por termos decidido desde o dia 01 ‘pisar no acelerador’ e buscar o melhor resultado possível (mesmo sem saber qual seria o resultado), junto a nossas ferramentas digitais e um time focado, estamos tendo resultados bastante interessantes e seguimos em linha para entregar nossas metas do ano, estabelecidas ainda em 2019. Claro que esse resultado está sendo surpreendente para nós e aqui não posso deixar de reconhecer o time da Argo (e suas famílias), que a cada dia estão dando o melhor de si, e é um grande orgulho fazer parte de um time tão resiliente, humano e focado.
Como descreve o ano de 2020?
Descrevo como o ano da verdade e aprendizado, não vejo outra maneira de colocar o que vivenciamos. Um ano onde todos nós fomos tomados de surpresa por algo que não temos nenhum controle, que nos deixou por bons meses sem saber o que fazer e que nos ensinou (ou demonstrou) o real valor dos pontos importantes da vida pessoal e profissional.
Irei focar mais no profissional neste caso, em que aprendemos a valorizar muito mais os benefícios – que por vezes olhávamos como algo do dia a dia – mas no momento em que algumas empresas cortaram isso, a visão mudou e hoje, com certeza, damos muito mais valor a estes pontos.
O trabalho em equipe, o senso de time, do todo, ficou muito mais forte. O bem maior neste caso foi muito importante porque uniu equipes, profissionais e valorizou o entorno de todos (famílias, amigos, entre outros).
Os aprendizados estão sendo inúmeros devido à variedade de desafios que encontramos e ainda iremos encontrar, e como se reinventar a cada momento para poder manter a estabilidade do negócio e do mercado. Para isso, a questão de aprender, estudar e focar ficou nítida até mesmo no resultado de empresas e indústrias.
Por fim, e mais importante em minha opinião, é que ficou muito claro que a adaptabilidade é (e será) uma habilidade fundamental para o futuro. Antes falávamos que tínhamos que aprender a aceitar mudanças, mas agora não basta apenas aceitar, temos que nos adaptar e seguir em frente. Portanto, adaptabilidade é fundamental e todos nós temos que trabalhar muito para desenvolver e aprimorar este skill, uma vez que 2021 deverá ser um ano melhor, mas ainda com muitos desafios e mudanças pela frente.
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