Em meio as comemorações de 30 anos, a Brasilprev, empresa de previdência privada do Banco do Brasil em parceria com a americana Principal, divulgou nesta quinta-feira (17) o balanço financeiro do primeiro semestre de 2023 com lucro líquido ajustado no valor de R$ 876,7 milhões, crescimento de 39% em relação ao mesmo período de 2022 (R$ 632,3 milhões). O volume de ativos sob gestão atingiu R$ 371,8 bilhões, 12,6% superior ao apresentado em junho de 2022.
A arrecadação dos planos de previdência, por exemplo, atingiu no semestre a marca de R$ 27,1 bilhões, representando um crescimento de 9,4% frente ao mesmo período de 2022 com uma participação de mercado de 35%. Já o resultado antes de impostos e participações acumulado até junho, que foi de R$ 1,5 bilhão, e teve um crescimento de 38% em relação ao ano passado, refletiu a evolução da companhia tanto em receitas operacionais como em resultado financeiro.
“Comemoramos esta data empenhados em transformar o jeito que o brasileiro constrói seu futuro, promovendo o desenvolvimento sustentável”, afirmou a presidente Ângela Assis durante almoço com jornalistas. “Temos mais de 2,6 milhões de clientes. Entre eles, 805 acima de 100 anos. Desses, 71% são mulheres”, conta.
Angela ressalta números que revelam o potencial de crescimento do segmento de previdência privada e a urgência de uma campanha público- privada para a conscientização da população sobre a importância de se preparar para o futuro. Atualmente, menos de 11 milhões de pessoas tem um plano de previdência, menos de 10% da população brasileira. “É uma realidade que precisa mudar com muitos programas de educação financeira e a imprensa tem um papel relevante neste tema”, afirmou.
De acordo com dados da Brasilprev, a partir de 2023, a única faixa da população que vai crescer é a de pessoas acima de 50 anos. “Em 2050, o Brasil será o sexto país mais velho e estará na frente de todos os outros países em desenvolvimento. E, a cada ano, um recém-nascido vive aproximadamente 3 meses mais do que aqueles que nasceram no ano anterior. Esses dados mostram a urgência do amadurecimento da população em relação a se preparar financeiramente para o futuro”, ressaltou.
Diante de uma economia volátil, poupar é um assunto polêmico, principalmente com o expressivo número de pessoas inadimplentes. Segundo Angela, várias ações vêm sendo discutidas com o órgão regulador para que as empresas possam atuar com mais liberdade na criação de produtos diferenciados e flexíveis para atender os diferentes ciclos de vida do investidor. A ideia é que as pessoas possam ter acesso a fundos com depósitos mensais com valores inferiores a R$ 100.
Entre as mudanças esperadas estão estímulos para que pequenas e médias empresas contratem o plano de previdência para seus funcionários. “Hoje, apenas 3% das empresas no Brasil têm planos, uma vez que a vantagem fiscal é para empresas com regime tributário pelo lucro real. Nos EUA, 70% das empresas têm planos de previdência privada, pois o benefício fiscal é para todas”, cita.
Outra importante mudança na regulamentação é poder incluir todos os novos funcionários no plano de forma automática. Atualmente, as empresas ofertam o plano para o funcionário ao ser contratado, e a recusa é elevada. A ideia é que ele seja incluído automaticamente, e, caso não queira, pede para sair. As experiências em outros países mostram que este pequeno ajuste eleva de forma significativa o número de adesão aos planos de aposentadoria”, cita.
Também na pauta, o Universal Life e novos produtos com alternativas para usar o dinheiro acumulado, como renda vitalícia em diversas versões, é um tema importante nas discussões da Fenaprevi com o órgão regulador. “Acompanhamos muito o mercado americano, em razão da nossa acionista Principal, e há diversos produtos que podemos trazer para o Brasil, se a Susep mudar pontos da regulamentação”, comentou Sandro Costa, superintendente de produtos da BrasilPrev.
Um dos avanços foi conseguir que a reserva financeira de planos de previdência sejam garantidores de empréstimos, o que beneficia o tomador com taxas menores. A MP já está em fase final para seguir para a sanção do presidente Lula. Atualmente, as empresas de previdência aberta fazem a gestão de R$ 1,25 trilhão em ativos de seus clientes.
Em debate há muitos anos, Angela lembra que segue em pauta o modelo de previdência privada aberta atrelado a saúde, apelidado de PrevSaúde. A ideia defendida por operadoras de seguro é garantir um incentivo tributário, com possível isenção do Imposto de Renda (IR), a quem destinar os recursos acumulados exclusivamente para gastos com tratamento de saúde ou pagamento de faculdades, por exemplo.
Ter o corretor de seguros como um aliado na distribuição de planos de previdência ajudaria muito o desenvolvimento da consciência de poupança para o futuro. Angela cita que os corretores de seguros ainda são focados em automóvel e perdem a chance de criar eles mesmos uma reserva de longo prazo com o comissionamento da venda de planos de longa vigência. “Eles precisam pensar na recorrência mensal de receitas. Mas com a entrada dos assessores de investimentos (os antigos agentes autônomos), acredito que haverá maior interesse pelos produtos de previdência”, avalia.
Ao mesmo tempo que lida com longevos, a Brasilprev tem investido pesado em tecnologia. “Temos quase R$ 7 bilhões em captação a partir da aplicação de inteligência analítica, o que não é um resultado fácil de se obter. Isso mostra nosso empenho em tecnologia que agrega valor. Hoje conseguimos reduzir de 6 meses para 45 dias o lançamento de produtos com a ajuda de dados”, informou.
Em preparação para o inicio do Open Finance, onde clientes poderão receber ofertas de outros bancos, Angela diz que o grupo está atento e se preparando. “Como líderes, sabemos que nossos clientes serão assediados com o início do open insurance, que trará melhores formas de comparação das opções disponíveis para os investidores. Por isso temos investido muito em consultoria para ajudar os clientes a tomar melhores decisões e a entender seu perfil previdenciário”, cita.
Com isso, o atendimento ao cliente ganhou um importante canal. O WhatsApp como um canal de comunicação consolidado no atendimento ao cliente, com índices de satisfação superiores a 80%, por meio do qual o grupo oferece assessoria financeira em grande escala.
“O mercado de previdência privada cresceu, de acordo com dados da FenaPrevi, 14% em relação a junho de 2022, e segue em desenvolvimento no país. Neste aspecto, os resultados demonstram que continuamos muito bem-posicionados e contribuindo para a formação de reservas de longo prazo das pessoas”, revela o diretor de Planejamento e Controle da Brasilprev, Daniel Beneton.
“Hoje, a nossa gestão é completamente orientada por dados, e esta inteligência analítica aliada à capilaridade do Banco do Brasil nos permite oferecer carteiras de investimento adequadas aos diferentes perfis, o que suporta as nossas estratégias de atração e principalmente de retenção de clientes”.