http://www.segurado.com.br/pdf/artigos/Perspectivas%20Mercado%20Segurador%202009.pdf
Brasil fica estável no mapa de risco político da Aon
O Brasil manteve a avaliação de médio-baixo risco político na 16º edição do mapa mundial de risco político elaborado por especialistas da Aon Corporation e da Oxford Analytica, divulgado hoje no País. Mesmo com o agravamento da crise internacional, a percepção da consultora de riscos foi de manutenção (estabilidade), mas com perspectiva de melhora. Para os outros países da América Latina, que dependem excessivamente da exportação de commodities, como a Venezuela, as perspectivas não são muito positivas.
“Esses países vem sentindo muito a depreciação no preço das commodities, mas mesmo assim continuam com a tendência de nacionalização em cima de recursos naturais”, informa a Aon em comunicado. Em relação ao mercado de seguros, a região da AL, com exceção do Brasil e, de certa forma, da Argentina, é uma região sem grandes problemas.
A percepção de risco é melhor em comparação a outras regiões, mas a AL é propensa a sentir com mais gravidade a depreciação dos custos das commodities (commodity crunch). Na América do Sul, o destaque ficou para Colômbia, que passou do risco médio-alto para média. A percepção de risco político melhorou em geral nos países com risco médio-baixo.
O contrário ocorreu com países do Leste Europeu, em razão do risco de crédito. Países que estavam com uma situação muito ruim estão se deteriorando ainda mais, como Afeganistão, Irã, Iraque, Zimbábue, que passaram do risco alto para o muito alto.
O mapa é uma ferramenta que auxilia as empresas a identificar e conhecer com mais profundidade os riscos políticos que impactam diretamente nas atividades comerciais em cada país. O mapa quantifica e qualifica os riscos políticos e econômicos de 209 países. O objetivo é qualificar os riscos de transferências e não convertibilidade de moedas, greves, desordem e comoção civil, guerra, terrorismo, dívida soberana, interferência política, interrupção da cadeia de suprimentos, riscos legais e regulatórios.
Por meio do cruzamento das informações econômicas e políticas reunidas pelos acadêmicos da Oxford com o conteúdo do banco de dados mundial da Aon sobre o mercado de seguro político mundial é possível traçar um cenário tanto para os clientes como para a própria corretora na formatação de programas mundiais de seguros.
Ao identificar riscos políticos, além de poder assessorar clientes em formas de mitigá-los, a corretora faz uma sintonia fina na apresentação de coberturas e preços. Dessa forma, torna o trabalho de colocação do programa de seguros no mercado mundial uma tarefa mais fácil nestes tempos de falta de liquidez e insegurança sobre se o pior da crise realmente já passou.
Os três principais riscos políticos desta edição envolvem inconvertibilidade de moeda (inabilidade de converter a moeda local em moeda forte para fazer pagamento abroad, não apenas de compras, mas dividendos, repagamento de dívidas, etc); violência política (danos físicos à ativos de empresas causados por guerra, revolução, sabotagem, terrorismo, etc) ; expropriação (ações ilegais, arbitrárias e discriminatórias por parte do governo local, que venham impedem as empresas de terem acesso aos investimentos, ativos que o país tenha, etc).
*matéria veiculada no site www.fenaseg.org.br
Brasil é tido como exemplo no G-20
Qualquer mudança na regulamentação de instituições financeiras tem de levar em conta que as atividades de seguro e de resseguro tem aspectos peculiares. “Não adianta ter regulamentações que tentam equiparar atividade de seguro com bancos e fundos de pensão”, diz Patrick Larragoiti, CEO e presidente da SulAmérica e também membro do corpo executivo da Geneva Association, entidade que reúne 80 CEOs das maiores companhias de seguros do mundo. “O mercado de seguros brasileiro e os órgãos reguladores de instituições financeiras do País têm grandes lições para dar ao mercado internacional”, comenta.
Nesta semana, a Geneva Association entregou ao ministro das finanças responsável pelas maiores economias do mundo, grupo conhecido como G-20, reunidos entre 1º e 2 de abril em Londres, uma carta assinada por 49 CEOs das maiores seguradoras do mundo, entre elas Allianz, AXA, Munich Re, Prudential, Swiss Re e Tokio Marine.
Eles pedem uma supervisão e regulação da indústria de seguros mais eficiente e transparente. Mark Turner, presidente da Prudential e também da associação, ressaltou a importância do encontro em um momento tão crucial da economia global. “É preciso ter ações coordenadas para restabelecer a confiança do consumidor e assim retomar o ritmo de crescimento”.
Na carta, os executivos ressaltam a importância da indústria de seguros, afirmando que ela traz a sustentabilidade necessária para promover a confiança, uma vez que vende proteção e garantias. “O setor de seguros e resseguros é vital para o funcionamento das economias modernas, respondendo por 9% do PIB mundial e 11% da administração de ativos”, informa a carta.
Os executivos também mostram preocupação com a regulamentação. Trata-se de um setor com uma forma diferenciada de outras empresas para contabilizar seus dados financeiros pela peculiaridade e características dos produtos que vende: proteção contra imprevistos. As companhias de seguros e de resseguros arrecadam prêmios, ou seja, valores pagos pelos segurados em troca de proteção de riscos. Elas ficam com um percentual do risco e repassam parte às resseguradoras.
Os recursos administrados serão devolvidos aos segurados em forma de indenização na ocorrência de um acidente. Parte da indenização pode voltar à seguradora em forma de recuperação de bens ou por processos judiciais, como encontrar um carro roubado ou obter reembolso do causador de um acidente ou incêndio, por exemplo. Caso o risco não se concretize (o segurado não ter o carro roubado ou batido, por exemplo), o prêmio pode virar lucro da companhia.
Para garantir que terão reservas para pagar o segurado no futuro, elas são obrigadas a fazer provisões técnicas e aplicar os recursos conforme determinações dos órgãos reguladores. Dessa aplicação virá outra parte do ganho das companhias. Ou perdas, como tem acontecido mundialmente em razão das catástrofes naturais e prejuízos com ativos financeiros. Em razão desta engenharia financeira, a regulamentação tem de separar o setor de seguros das normas de bancos e de outros serviços financeiros.
Apesar da severidade da crise financeira mundial, o mercado de seguros continua operando normalmente. Com perdas em ativos e mais indenizações para pagar, porém sem a necessidade do socorro dos governos ao setor como tem acontecido com instituições bancárias. “A reforma na regulamentação tem de estar focada em ações pró-cíclicas. O excesso de normas poder ser perigosa ao setor, principalmente gerando insuficiência no requerimento de capital”, informa a carta.
Para Patrick Larragoiti, o mercado internacional está solvente, com exceção de algumas companhias do Hemisfério Norte. A AIG, na qual o governo dos EUA teve de injetar até agora US$ 180 bilhões e mesmo assim sem ter a certeza de que livrou a empresa do risco de falência, é o mais emblemático exemplo. “Todo mundo sabe que a situação da AIG é um caso isolado. A empresa estava operando no mercado não tradicional de garanta financeira. Não se tem notícia de seguradoras tradicionais que tiveram problemas de insolvência”, diz.
Na área de seguros de vida, onde algumas companhias americanas enfrentam problemas, principalmente aquelas focadas em produtos de renda variável, Larragoiti vislumbra um período de consolidação. “Na área de seguros de vida fusões e aquisições vão acontecer naturalmente, mas não vejo razão para governos participarem, dando apoio às seguradoras”, diz.
Larragoiti lembra que nada disso está acontecendo no Brasil. “Temos aqui companhias saudáveis, fortalecidas, reservas bem constituídas e diariamente acompanhas pelos órgãos reguladores”, diz. A Geneva Association realiza duas reuniões anuais das quais participam os CEOs de seguradoras de todo o mundo. Nestes encontros são debatidos temas de relevância do setor numa busca de soluções para os desafios de um setor responsável por um faturamento de US$ 4 bilhões anuais. Em 2011, o Brasil, mais precisamente o Rio de Janeiro, será sede da reunião da Geneva Association.
*matéria veiculada no site www.fenaseg.org.br
Fenaprevi quer clientes da caderneta
A Federação das Empresas de Previdência e Vida (FenaPrevi) já começou a discutir as estratégias que poderão ajudar as seguradoras a conquistar os investidores que possivelmente irão reavaliar seu portfolio de investimentos caso o governo realmente altere o rendimento da caderneta de poupança, que acumula recursos superiores a R$ 280 bilhões. O tema foi colocado em pauta na última reunião dos executivos, realizada na semana passada.
O assunto, que teve início em 2007, era empurrado com a barriga pelo governo há um ano, em razão de o corte na taxa básica de juros da economia, a Selic, ter estacionado nos últimos meses. No entanto, com a queda de um ponto percentual e meio na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o assunto ganhou caráter de urgência.
Acredita-se que mesmo antes da mudança oficial no rendimento da caderneta de poupança os investidores já começarão a repensar como aplicam suas reservas. E este é o melhor momento para atrair novos clientes para a previdência aberta, com captação total de R$ 31,8 bilhões em 2008 e reservas de R$ 142 bilhões. No entanto, as empresas querem fazer uma campanha onde fique claro que é preciso ter uma poupança para emergências e outra para a previdência ou realização de desejos no longo prazo, como a entrada da casa própria, estudo dos filhos ou mesmo abrir um negócio.
A separação das reservas de curto, médio e longo prazos se faz necessária para aproveitar os benefícios fiscais dos planos de previdência. O principal benefício dos fundos de previdência aberta, conhecidos como PGBL e VGBL, é ter alíquota de Imposto de Renda de 10% a partir do décimo ano de aplicação. Quem sacar no primeiro ano, pagará 35% de IR, percentual bem acima do cobrado pelos fundos de investimentos, que geralmente cobram taxas de administração menores.
IRB, preferência nacional*
Há uma frustração geral dos executivos de seguros com a abertura do mercado de resseguros no Brasil. Não com a regulamentação preparada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Pelo contrário. Neste quesito há unanimidade de que foi feito o possível por ser o primeiro passo. A melhor demonstração é o interesse de quase 60 empresas estrangeiras já autorizadas a operar pela Susep.
“O Brasil é um país prioritário para nós e estamos satisfeitos com o processo de abertura”, diz Benjamin Gentscht, executivo responsável pela área internacional de property & casuality da Scor Re, quinta maior resseguradora do mundo e principal patrocinadora da Conferência Brasileira de Resseguros, realizada no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de março, que teve o objetivo de traçar um cenário do mercado de resseguros do Brasil nestes primeiros dez meses de abertura.
“Estou aqui há seis anos, mas acompanho o processo de abertura há dez anos. E acho que o mercado aproveitou para se preparar. Acho que a maior parte dos atores tem tornado este desafio um compromisso importante”, comentou Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, em sua palestra no evento.
A grande expectativa era de redução de preços, concorrência, produtos e serviços inovadores. O que ninguém esperava era uma crise financeira de proporções globais, com conseqüências parecidas com as que fizeram o governo brasileiro criar o IRB em 1939, dez anos após a pior crise mundial, gerada pelo crash da bolsa de Nova York e que se estendeu por vários anos em razão da grande recessão e período de guerras.
“Naquela época as seguradoras não encontravam coberturas adequadas a preços acessíveis com as companhias locais. Como não havia nada que as impedisse de acessar o mercado internacional, as estrangeiras passaram a buscar o mercado internacional, gerando evasão de divisas e incerteza em relação ao pagamento no caso de ocorrência de acidentes”, conta Sebastião Pena, executivo do IRB Brasil Re, principal player do mercado local mesmo com tantos concorrentes cadastrados.
E depois de quase 70 anos de monopólio, sendo 12 deles marcados pela luta da maioria de executivos pela abertura, ocorre uma crise financeira internacional que mergulha as maiores economias do mundo em recessão. “Bons tempos os primeiros meses de 2008, quando a grande preocupação de todos era preparar a documentação exigida pela Susep. Agora as preocupações são outras e bem mais complexas”, diz Paulo Pereira, da Transatlantic Re.
A crise afetou os ganhos das seguradoras em todo o mundo em vários pontos: reduziu o patrimônio daquelas com ações em bolsas; a volatilidade dos mercados corroeu a rentabilidade da carteira de investimentos; aumentou o volume de pedidos de indenizações, principalmente nos seguros financeiros e de responsabilidade civil; além da forte safra de eventos naturais, o terceiro maior ano em perdas dos últimos tempos, com cerca de US$ 80 bilhões em indenizações.
“Capital escasso, perdas e recessão, que deverá reduzir o volume de seguros contratos. Um cenário propício para a alta de preços e severidade na negociação de coberturas”, explica Pereira. No entanto, esta realidade não chegou ao Brasil, onde as seguradoras ainda obtêm redução de taxas para seus clientes e são surpreendidas com produtos e serviços que chegam aos poucos para aquelas que já se prepararam para operar dentro das normas internacionais dos resseguradores estrangeiros.
Porém a crise tem gerado estresse nos grandes segurados, antes assediados por todos e que conseguiam as melhores reduções de preço e abrangência de cobertura nos últimos anos. A Petrobras, maior compradora de seguro do país, está preocupada se encontrará capacidade para colocar o seu programa de seguro com valores em riscos acima de R$ 40 bilhões neste ano em razão da crise.
A abertura do mercado de resseguros no Brasil também pode atrapalhar a negociação. Isso porque a legislação local só permite a compra de resseguro de empresas instaladas no Brasil. Apesar de o País já contar com tantos resseguradores, ainda não é o suficiente para comportar a necessidade de capital da Petrobras.
Segundo o advogado Luiz Felipe Pellon, a legislação poderá ser contornada com uma autorização da Susep caso a capacidade das empresas instaladas no País não seja realmente suficiente. “O mais interessante seria flexibilizar as exigências dos resseguradores eventuais como forma de aguçar mais o apetite daqueles que frearam seus planos de vir ao Brasil em razão da crise”, diz o advogado.
A grande dúvida é o preço, abrangência de coberturas e franquias que serão oferecidas pelos resseguradores, uma vez que precisam recuperar capital e conseqüentemente seus ratings. Segundo Luiz Otavio Mello, gerente de risco da petrolífera, apesar de já atuar junto ao mercado internacional há vários anos para a colocação dos riscos, havia sempre a contrapartida do IRB Brasil Re.
“Temos um programa de seguro volumoso e as perdas registradas pelas seguradoras e resseguradoras em razão da crise reduziu a capacidade do mercado”, disse durante o evento. “Só vamos saber na prática como ficará assim que começarmos a renegociar o contrato”, disse ele.
Para Alexis Bergun, responsável por gerenciamento de risco da Arcelor Mittal, o segredo para conseguir bons preços e coberturas abrangentes em tempos de crise é “fazer a lição de casa”. “Conseguimos multiplicar nossa capacidade por seis e reduzir o custo em 70% tendo boas informações e parceiros globais”. Já empresas que não tem um bom histórico de relacionamento com o setor, como a CSN, a situação ficou ainda pior. Nem com preços altos e coberturas restritas a siderúrgica tem encontrado cobertura.
Este cenário faz com que, apesar do enorme esforço de todos, a preferência nacional continue sendo o IRB, que tem aproveitado o momento para estreitar seu relacionamento com todo o mercado. Apesar de toda a concorrência, o balanço de 2008, que será divulgado até abril, mês de aniversário de 70 anos, será invejável, com lucro e faturamento em alta, adianta Eduardo Nakao, presidente do IRB.
“O principal desafio das seguradoras com o mercado aberto é saber avaliar bem o risco de crédito”, ressalta Angelo Colombo, diretor da Allianz. Missão que nem mesmo as maiores agências de rating do mundo foram capazes de obter sucesso diante da crise.
As seguradoras estavam acostumadas a operar com o IRB, considerado um risco praticamente zero por ser controlado pelo Tesouro Nacional. “Agora elas terão de avaliar bem os seus parceiros”, reforça Jacques Bergman, da Itaú XL Seguros. Quem poderia imaginar que uma gigante como a AIG, dona do rating mais alto entre as seguradoras, poderia falir se não fosse socorrida com US$ 150 bilhões pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
Algumas resseguradoras, como Swiss Re, XL entre outras tiveram suas notas rebaixadas. Uma situação complicada, principalmente porque as empresas de primeira linha exigem um rating mínimo para poder negociar contratos. Tem seguradora, como a Allianz, por exemplo, que exige uma classificação tão elevada que em certa época a própria resseguradora do grupo não tinha a classificação exigida pela controladora.
“Nós estamos cada vez mais criteriosos na escolha de nossos parceiros”, informa o presidente do IRB. Segundo Nakao, os contratos mantidos com a AIG, que teve seu rating rebaixado, estão sendo renegociados na data do vencimento em razão da necessidade de uma classificação mínima exigida pelas normas do ressegurador local. “Só podemos trabalhar dentro das regras de governança explícitas em nosso site, onde o nível de rating exigido é detalhado”.
Tirando a crise e as adaptações necessárias na regulamentação, principalmente em relação a tributos, Maria Larrea, executiva da Allianz, ressaltou os esforços das companhias de seguros para ofertar melhores produtos e serviços. “O mercado tem de ser capaz de se adequar às necessidades dos segurados e não mais fazer com que eles se adaptem ao que as seguradoras têm a oferecer”, diz. Marco Antonio Castro, representante do Lloyd’s, afirma que os sindicatos representados pelo mercado londrino têm produtos e serviços para trazer inovação ao programa de seguro de qualquer segmento da economia brasileira.
O controle interno das companhias e a qualidade das informações prestadas sobre os riscos a serem segurados são outros pontos que precisam de reparos. “Pedimos a paciência e o entendimento dos resseguradores, pois o mercado agiu por muitos anos de uma forma e agora se esforça bastante para chegar aos padrões internacionais”, diz Maria.
*matéria escrita para a Revista Apólice*
Allianz divulga perda de US$ 3,2 bi
As perdas causadas com a crise financeira trouxeram um tom vermelho para o balanço mundial da seguradora alemã Allianz. O grupo divulgou hoje em seu site dados consolidados de 2008, onde exibe perdas de US$ 3,2 bilhões. Em 2007, havia apresentado lucro líquido recorde de US$ 10,4 bilhões. O faturamento total declinou 5,3%, para US$ 121,5 bilhões. Segundo dados da empresa, boa parte da perda veio das operações descontinuadas, como o Dresdner Bank. As operações de seguros patrimoniais e de responsabilidade civil não sofreram fortes impactos, mas as operações de vida e asset management amargaram perdas com a volatilidade dos mercados financeiros. O balanço completo pode ser consultado no site www.allianz.com
Olho vivo na previdência
As pessoas precisam ficar mais atentas às reservas para a aposentadoria. É bom acompanhar se a crise financeira alterou o valor planejado no momento da adesão ao fundo de previdência, seja ela um fundo fechado empresarial ou um fundo aberto individual. Se a crise reduziu o patrimônio, é preciso refazer as contas para saber quanto precisará aportar para ter a renda desejada na melhor idade. Se não puder aumentar a contribuição neste momento, saberá que terá de trabalhar alguns anos a mais para ter a renda desejada ou se conformar em viver com um valor menor.
Vários fundos fechados têm divulgado perdas com ativos em 2008. Hoje foi a vez da Shell. Segundo agências internacionais, a petrolífera divulgou comunicado ao órgão regulador holandês, informando déficit de US$ 8,3 bilhões nas contas do fundo de pensão no final de 2008 em razão das perdas de 40% em valor de ativos causados pela crise financeira.
Miller disputa contratos no Brasil
A crise mundial intensificou o fluxo de estrangeiros interessados no mercado de seguro e resseguro no Brasil. Desde o início do ano passado, o vai e vem de estrangeiros no eixo Rio-São Paulo tem sido intenso. Nesta semana, quem visita o País é Graham Clarke, presidente e CEO da Miller Insurance Services Limited, sócia da Miller do Brasil Corretora de Resseguros.
Segundo Clarke, a tendência de preços de resseguro é de alta no mercado internacional, uma vez que as seguradoras e resseguradoras precisam recuperar perdas em ativos e investimentos causadas pela crise financeira. Além disso, diante da crise financeira internacional, haverá menos oferta de capacidade por parte dos resseguradores. No Brasil, o comportamento do preço do resseguro dependerá também da qualidade das informações sobre o risco para que este possa ser vendido no mercado internacional.
O mercado internacional sofreu perdas significativas em 2008 com a volatilidade dos mercados acionários. “Agora precisa recuperar capital. Isso quer dizer que temos menos capital disponível e uma seleção mais rigorosa nos riscos”, diz Marcio Correa, CEO da Miller Brasil. O setor de seguros já acumula perdas superiores a US$ 80 bilhões com as catástrofes naturais ocorridas em 2008. “Já o Brasil tem o privilégio de estar fora do circuito das grandes catástrofes naturais. Tem também os maiores valores segurados do mundo em alguns contratos pelos investimentos que estão sendo requeridos pelo dinamismo de sua economia”, acrescenta.
A Miller tem escritórios em 8 países e também é uma das mais importantes corretoras de resseguros dentro do Lloyd’s of London, desde 1902, conhecido como o principal mercado mundial de seguros há mais de três séculos, por agrupar em um moderno prédio na City de Londres as principais empresas da indústria.
No Brasil, a Miller Insurance está presente desde 1999, quando tinha apenas um escritório de representação. Três anos depois, com a entrada do executivo Dario Guarita, a parceria foi concretizada em sociedade. “Nosso grande diferencial está no desenvolvimento de coberturas de resseguros adequadas e diferenciadas, o que nos faz sermos reconhecidos pela constante inovação”, diz o CEO da Miller do Brasil, uma das 25 corretoras de resseguros já autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
No Brasil, o grupo atua no desenvolvimento de resseguros para contratos de energia, petróleo e gás, marítimo, construções, riscos patrimoniais, transporte de valores e acidentes pessoais. Há muitos projetos em andamento no Brasil. Apenas o governo brasileiro tem no orçamento de 2009 cerca de R$ 21 bilhões para obras e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Para garantir a sustentabilidade desses projetos é vital ter um contrato de resseguro bem desenhado e distribuído em resseguradores sólidos. E é isto que sabemos fazer”, diz Dario Guarita, sócio da Miller do Brasil.
Entre os negócios de maior relevância negociados pela Miller destacam-se as seguintes apólices: trechos do Metrô de São Paulo, obra da Calha do Tietê, aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, várias hidrelétricas de grande porte, rodoanel de São Paulo, grandes riscos industriais no segmento de Energia e Petroquímica, Jogos Panamericanos do Rio em 2007. Outras áreas onde a corretora atua estão relacionadas às operações de Vida e Saúde, Transporte de Valores e Obras de Arte. Foi a Miller quem colocou os riscos referentes às relíquias da Exposição 5 Mil Anos de Civilização Chinesa, realizada na Oca, em São Paulo.
A Miller Insurance foi fundada em 1902, tendo sua origem nas operações de seguros marítimos. Hoje é uma das maiores corretoras de P&I (Protection and Indemnity) do mundo e a número um do ranking entre as corretoras de capital fechado do Reino Unido. No ano passado, obteve prêmios de US$ 2 bilhões. Seu patrimônio líquido totalizava US$ 47 milhões em dezembro de 2008 e suas receitas somaram US$ 124 milhões.
Além do Reino Unido, opera nos Estados Unidos, Austrália, Espanha, Japão, Malásia, China, Tailândia, Bermudas e no próprio Brasil. Adicionalmente tem escritórios de representação em vários outros países. Tendo como holding a Miller Insurance Investments Limited, emprega 450 empregados no Reino Unido onde adota um modelo único de relação empregatícia que foi iniciado em 1983 e denominado Employee Trust. Esse modelo protege a empresa contra qualquer alternativa de venda indesejável e garante que boa parte dos lucros seja destinada para o desenvolvimento do próprio negócio, sendo o excedente distribuído a todos os funcionários.
Petrobras investe em gerenciar riscos
A quarta maior petrolífera em valor de mercado do mundo tem clara noção da importância do gerenciamento de risco em sua atividade. Com investimentos superiores a US$ 30 milhões por ano em um programa de seguro para os bens patrimoniais e outros milhões para garantir mais de US$ 120 bilhões em investimentos previstos para os próximos anos, a Petrobras tem uma equipe de 70 funcionários para mitigar riscos e preservar o patrimônio de seus acionistas. Acompanhe os principais trechos da entrevista concedida por Jorge José Nahas Neto, Gerente Executivo de Planejamento Financeiro e Gestão de Riscos à jornalista Denise Bueno para a revista Gerencia de Riscos e Seguros, do grupo Mapfre.
Desde quando existe a unidade de gerenciamento de risco da Petrobras?
A unidade corporativa, responsável pela administração dos riscos da companhia, foi criada em 1999. Na época, a diretoria executiva já tinha consciência do aumento da exposição aos fatores de risco que a abertura do mercado doméstico do setor iria promover. Mas, mesmo antes da criação da unidade corporativa, já existia uma unidade de gestão de riscos na área comercial, para tratar riscos de preços de petróleo e derivados nas transações comerciais no exterior e uma unidade específica de seguros dentro da área financeira.
A quem se reporta a gerência de riscos?
Ao Diretor Financeiro.
Quantos empregados fazem parte da sua equipe?
Aproximadamente 70. A unidade tem como principais responsabilidades realizar o planejamento financeiro, a gestão do portfólio, avaliar os riscos em diversos aspectos dos negócios em que a Companhia está envolvida, avaliar crédito dos clientes e executar a administração de seguros no Sistema Petrobras.
Terceiriza funções do departamento?
Não.
Quais são os principais desafios do gerente de risco com a volatilidade mundial causada com as incertezas sobre o crédito, o clima e o abastecimento de alimentos?
No caso de uma companhia do tamanho da Petrobras, acho que o maior desafio é estabelecer um fluxo de informações eficiente entre as áreas de negócio, que são efetivamente os gestores dos negócios e dos riscos associados, e a unidade corporativa de gestão de riscos. A atualização e precisão das informações são indispensáveis para que nossas ações produzam os resultados esperados. Também é crítico montar uma equipe bem capacitada e saber comunicar os resultados de análises tecnicamente complexas de forma simples e prática.
A alta administração sempre valorizou a unidade de riscos?
Sempre tivemos grande apoio da diretoria. A unidade foi criada por iniciativa do diretor financeiro da época. A alta administração já era sensível ao gerenciamento de riscos mesmo antes de obrigações legais (SEC e SOX) colocarem o tema em destaque.
Quando a área ganhou maior destaque dentro da petrolífera?
O assunto adquiriu maior relevância com o início do processo de desregulamentação dos preços domésticos, em 1996, e vem crescendo de importância por conta de obrigações legais e conscientização de que tende a ser um diferencial competitivo em empresas de grande porte.
Quais são os riscos mais temidos pelos acionistas?
Considerando os questionamentos que recebemos dos acionistas, os riscos mais temidos são os relacionados aos preços de petróleo e derivados, os que impactam a implementação de grandes projetos (atraso no início de operação de grandes plataformas de produção, por exemplo), e os riscos “regulatórios”, principalmente a preocupação de alterações nas regras de concessão pelos governos para se apropriar de parcela maior dos lucros dos empreendimentos em razão de preços de petróleo elevados ou descoberta de reservas gigantes.
Como avalia que tipo de proteção cada risco necessita?
O tratamento a ser utilizado a cada risco é conseqüência direta da aplicação das orientações da diretoria executiva quanto aos limites de exposição (tolerância ao risco) e os instrumentos admitidos. Essa estrutura de gestão de riscos deve permitir uma decisão imediata de resposta ao risco o mais próximo possível do próprio gestor do negócio que produz o risco. Caso ainda não existam regras formais aprovadas para um risco específico, o risco é discutido na unidade corporativa de riscos para uma análise da resposta mais adequada de maneira integrada com as demais exposições de risco da companhia.
Que tipo de proteções costuma usar para minimizar riscos patrimoniais e financeiros?
Basicamente, os riscos patrimoniais são tratados com seguros e para os riscos financeiros são priorizadas ações estruturais, aproveitando ao máximo o alinhamento de ativos e passivos para que se compensem e minimizem a exposição. Eventualmente, utilizamos derivativos para proteger certas exposições financeiras.
Em que situações o seguro é recomendado como mitigador de risco?
O sistema Petrobras tem por filosofia básica reter riscos em níveis prudentes e compatíveis com sua robustez financeira. O nível de retenção de riscos aceitável, a partir do qual o risco deve ser transferido ao mercado, através da compra de uma cobertura securitária, é determinado por sua diretoria executiva, anualmente, quando da apreciação do Plano Anual de Seguros (PAS).
O que vem a ser o PAS?
O PAS identifica as linhas mestras da política de gerenciamento de risco adotada para garantir e proteger os bens e direitos da Companhia, através de seguros, nele estão especificados os seguros a serem contratados, os limites e franquias.
Quais riscos a Petrobras transfere para seguro?
Os riscos que na eventualidade de sua ocorrência provoquem um impacto financeiro significativo nas suas atividades; que são uma obrigação legal ou uma exigência contratual; ou tem um custo de transferência para seguro inferior à perda esperada. Nos demais casos, a diretoria opta por praticar o auto-seguro. Ainda que a ocorrência de algum evento possa vir a provocar um impacto financeiro, significativo, a prática de auto-seguro poderá ser considerada, também, nos casos em que o seguro tenha uma elevada relação custo / benefício, isto é, quando o custo do seguro for considerado como elevado em relação à proteção proporcionada, dada a probabilidade de ocorrência de sinistro.
Quais as análises de risco que mais demandam a atenção do departamento?
A análise de risco de mercado (commodities e câmbio, principalmente) e seus efeitos no fluxo de caixa da companhia, assim como a análise dos grandes projetos de investimento porque eles requerem conhecimento detalhado das características dos empreendimentos para a modelagem adequada das variáveis que influenciam o retorno em cada caso.
A empresa tem o hábito de consultar o departamento de risco antes de decidir por um novo investimento?
Sim. Na realidade, é procedimento regular submeter para análise de riscos todo investimento que vai ser decidido na Diretoria Executiva, ou seja, qualquer projeto com investimento acima de US$ 25 milhões. Entretanto, é cada vez mais comum os gestores dos projetos nos procurarem para avaliar também os projetos de investimento abaixo deste valor, que são aprovados na própria área de negócio executora.
Que tipo de levantamento é feito?
Em geral, os fatores considerados na análise dos projetos de investimento são as incertezas do valor do investimento, custos operacionais, cronograma de entrada em operação, produção/demanda e preços de insumos e produtos. Eventualmente, outros fatores podem ser considerados, se forem relevantes em projetos específicos, tais como taxa de câmbio, risco de crédito, risco regulatório, etc.
O que mudou no gerenciamento de risco após o acidente com o afundamento da plataforma em 2001?
Imediatamente após o acidente a Petrobras iniciou um conjunto de ações que vieram a constituir o programa denominado PEO – Programa de Excelência Operacional das Unidades Marítimas, cujo objetivo é, além de atuar nas causas prováveis do acidente, permitir que a Petrobras alcance a excelência nas operações marítimas de Exploração & Produção. O PEO possui requisitos que vão além da legislação e das normas ora vigentes, abrangendo as áreas de engenharia de projetos, segurança, estabilidade e lastro, manutenção, operação e recursos humanos.
Quais foram as principais ações tomadas?
Se destacam a revisão das Diretrizes de Projeto de Unidades; revisão da organização do trabalho das Unidades Marítimas de Produção; divulgação interna e externa de todas as causas e ações subseqüentes ao acidente da P-36, tendo como objetivo contribuir para o aprimoramento das práticas internacionais da Indústria de Petróleo; e o aperfeiçoamento dos profissionais de controle de estabilidade e lastro.
Foi difícil receber a indenização?
O dano material foi prontamente indenizado, pela apólice de riscos de petróleo, menos de quatro meses depois do acidente e a responsabilidade civil do Sistema foi coberto, neste caso, pela proteção de P&I que a plataforma tinha e pagou as indenizações. O acidente ressaltou a importância de se ter seguradores e resseguradores sólidos e um broker preparado para oferecer todo o suporte necessário no momento do sinistro.
A Petrobras tem muitas operações internacionais. Como avalia e controla o risco das operações fora do Brasil?
Basicamente, através do custo de capital aplicado para a avaliação dos investimentos. A Petrobras define um custo de capital específico para cada segmento de negócio e para cada país de atuação, levando em conta os riscos do negócio. Esses valores são reavaliados periodicamente pela Diretoria Executiva.
Como tem lidado com os riscos ambientais?
Dentro das práticas industriais mais modernas, a Petrobras criou, em 2000, uma área corporativa de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) com a missão de integrar a saúde ocupacional à segurança e ao meio ambiente, implementar o programa Pégaso, um dos maiores do gênero da indústria mundial de petróleo, e preparar a empresa para os desafios do crescimento.
Qual o objetivo do Pegaso?
Com os investimentos do Pégaso – que, por extenso, significa Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Ocupacional –, a Petrobras deu um salto rumo à excelência nas questões de segurança operacional, meio ambiente e saúde. Foram revisados e modernizados os equipamentos, processos e instalações da companhia, reforçados os planos de contingência e aprimorados os sistemas de gestão de acordo com os mais modernos padrões internacionais.
Essa filosofia abrange todas as operações?
Todas as unidades da Petrobras, no Brasil e no exterior, têm sua estrutura própria de SMS, e a integração de toda essa rede é assegurada por um sistema de governança composto de comitê e subcomitês, com representantes de todas as áreas de negócio, serviços e subsidiárias da companhia. A aplicação desse modelo de gestão tem garantido à Petrobras melhora constante em todos os seus indicadores de SMS.
A mudança climática preocupa o grupo?
Sim, consciente da importância de seu papel com relação à questão da mudança climática, a Petrobras resolveu incluí-la em seu Plano Estratégico 2020 criando um projeto estratégico específico para a área e estabelecendo metas. Em seu Plano Estratégico 2020, a Petrobras expressa claramente sua determinação de minimizar a exposição da companhia aos riscos associados à mudança climática; a reduzir a intensidade de emissão de gases de efeito estufa, tanto nos seus processos quanto na oferta de produtos, e a tornar mais visíveis para a sociedade as ações e resultados obtidos nesta área.
Quais os investimentos feitos nos últimos anos para melhorar a segurança da Petrobras?
A Petrobras está empenhada em atingir padrões de segurança que a coloquem no mesmo patamar das melhores empresas do mundo do setor de óleo e gás. Para isso estabeleceu em seu Plano Estratégico uma meta de Taxa de Freqüência de Acidentados com Afastamento (TFCA) de 0,5 para 2010, incluindo empregados próprios e contratados, o que representa um nível de excelência internacional.
O plano tem atingido os objetivos traçados?
A meta ambiciosa do Plano Estratégico levou a empresa a adotar normas de segurança que ultrapassam as exigências da legislação. Para garantir o alcance desses padrões está em curso o Programa de Segurança do Processo (PSP), que visa implementar, em todas as unidades da companhia, a Política e as Diretrizes Corporativas de segurança, meio ambiente e saúde (SMS). Para conseguir esses objetivos, a Petrobras investe maciçamente em treinamento e equipamentos para reduzir acidentes e melhorar a eficiência de reparação das conseqüências.
O que a Petrobras faz para reduzir a emissão CO2?
A Petrobras investe no aumento da eficiência energética, em redução do gás flaring, em biocombustíveis, em energias alternativas (solar, eólica, térmica, etc.) no desenvolvimento tecnológico de processos e produtos que contribuam para a redução de emissão de gases do efeito estufa e estimula o uso eficiente de combustíveis. Em 2001, por exemplo, a Petrobras lançou o Plano de Otimização do Aproveitamento de Gás (POAG) em 24 plataformas da Bacia de Campos. E graças, entre outras medidas, à instalação e o redimensionamento de compressores e à construção de novos gasodutos marítimos, a companhia conseguiu uma redução significativa na queima de gás natural e, conseqüentemente, nas emissões de CO2 na atmosfera. Outro exemplo é o Programa Interno de Conservação de Energia contribuiu para que a companhia atingisse, em 2006, uma redução de 180 mil toneladas na emissão de gás carbônico equivalente.
Acredita que a abertura do resseguro no Brasil vai exigir mais do gerente de risco? Por quê?
A abertura do mercado de resseguro certamente irá trazer novos desafios ao gerente de riscos. Até o advento da lei, com exceção de preocupação quanto à solvência da seguradora, o risco relativo ao resseguro era virtualmente inexistente, pois o IRB garantia o pagamento do resseguro, ainda que eventuais retrocessionários não viessem a honrar o pagamento. No caso de empresas grandes, como a Petrobras, como o resseguro respondia, por vezes, por mais de 90% do prêmio final, pois a capacidade de retenção das seguradoras era mínima, face ao tamanho do risco, o risco associado com a seguradora era pequeno. A partir de agora, inexiste esta obrigação, e assim, além da preocupação com a solvência da seguradora, que passa a responder pelo pagamento caso não obtenha o pagamento do resseguro, passa a ter de se preocupar, também, com a qualidade do resseguro.
E terão de ter mais informações, não?
O trabalho de levantamento de informações para efeito de seguro aumenta. O nível de exigência de informações dos resseguradores deverá ser maior e demandará maior detalhes. As regulações de sinistros devem ser mais rigorosas e demorar mais, pois os resseguradores internacionais serão, por certo, muito mais rigorosos e exigentes com relação à qualidade das informações que terão de ser fornecidas na regulação.
Acha importante o profissional estar em sincronia com o que acontece no mundo?
Como as inovações do mercado internacional devem começar a serem rapidamente repassadas para o mercado nacional, o gerente de risco terá de se manter, permanentemente, informado dessas inovações para adotá-las no seu plano de gerenciamento de riscos.
As ações da Petrobras estão entre as mais negociadas da Bovespa. Isso aumenta o trabalho do gerente de risco?
O trabalho seria o mesmo se a Petrobras fosse uma companhia de capital fechado. O que aumenta é a responsabilidade de comunicar com clareza e precisão as exposições da companhia por causa do impacto que as informações têm nas decisões dos investidores.
Que conselho daria aos gerentes de risco que, com a abertura do resseguro, terão mais responsabilidades e opções?
Que passem a atuar com maior antecedência no caso das contratações e renovações de seguro e que se preocupem mais com o volume e a qualidade das informações a serem prestadas para as contratações. Além disso, monitorar, permanentemente, a evolução dos níveis de solvência das seguradoras e a qualidade dos resseguradores. Finalmente, acompanhar a evolução do mercado internacional para antecipar os ciclos de mercado e adotar, com maior rapidez, as inovações que possam se traduzir em eficiência na cobertura dos riscos que se deseja mitigar.
Como lida com riscos difíceis de serem segurados, como de reputação, por exemplo?
Administramos esse tipo de risco atuando eficientemente sobre os riscos precursores e nos mantendo preparados para responder com rapidez às conseqüências de eventos nocivos. Dano na reputação é resultado da perda de confiança dos públicos de interesse em reação a eventos que devem ser gerenciados diretamente, tais como qualidade de produtos e serviços, prevenção de acidentes, danos ambientais e fraudes, preocupação com as comunidades afetadas, etc., ou enfrentados prontamente para limitar suas conseqüências.
Que tipo de política tem para dar um conforto maior ao acionista?
A comunicação franca de nossas práticas de gestão.
Acredita que uma boa política de gestão de risco influencia na avaliação dos acionistas?
Certamente. Acredito que a gestão de risco é um componente da gestão dos negócios que tende a se tornar cada vez mais importante como diferencial competitivo entre grandes companhias.
Matéria veiculada na revista Gerencia de Riscos e Seguros, do grupo Mapfre