Lucro da Mapfre cresce 33%

A Mapfre Brasil obteve lucro, antes dos impostos e participações, de R$ 280,3 milhões em 2008, 33,2% superior ao de 2007. O lucro líquido da seguradora alcançou R$ 218,6 milhões de janeiro a dezembro do ano passado, incremento de 41,4% sobre o ano anterior. O faturamento em prêmios e contribuições totalizaram R$ 3,6 bilhões, aumento de 20,7%  em relação a 2007.

 

Segundo nota divulgada pelo grupo, os números de 2008 são resultado de uma série de ações e medidas construídas ao longo dos últimos cinco anos, decorrentes de investimentos em tecnologia e capacitação dos colaboradores. “Os investimentos continuarão em 2009 por meio da construção de centros de atendimento para os nossos clientes, além de oferecer novas modalidades de seguros”, afirma o presidente das empresas do grupo Mapfre no Brasil, Antonio Cássio dos Santos.


Os ativos totais consolidados atingiram a cifra de R$ 5,5 bilhões, volume 21,3% superior ao ano anterior. As provisões técnicas cresceram 33% encerrando o ano passado com R$ 3,1 bilhões, e o patrimônio líquido foi incrementado em 8,5%, saindo de R$ 1,305 bilhão para R$ 1,416 bilhão. Já as reservas de previdência alcançaram R$ 1,1 bilhão contra R$ 873 milhões em 2007, um crescimento de 28,2%.

 

As despesas administrativas da companhia mantiveram-se no mesmo patamar de 2007, representando 11% dos prêmios retidos, e o índice de sinistros sobre prêmios ganhos teve uma leve alta de 0,4%, atingindo 52,3% em 2008. A Mapfre ainda atingiu a marca de 97,4% de índice combinado no ano passado, o que representou uma significativa melhora de 1,7% em relação a 2007.

 

Em vida, a seguradora ocupou a terceira posição, com participação de mercado de 11,1%.  No segmento de automóveis, passou a ser a quinta maior colocada, com 6,94% de market share.


Os resultados obtidos pela Mapfre Seguros também apontam crescimento na área de seguros gerais. A companhia encerrou o exercício com aumento significativo, consolidando-se na quarta posição no ranking deste segmento, com 6,57% de participação de mercado. Em garantias e crédito, a Mapfre ocupa a terceira posição, com market share de 8,76%.

 

 

 

 

Perdas de US$ 200 bilhões

As catástrofes naturais geraram perdas econômicas de US$ 200 bilhões em 2008, segundo o estudo “Topics Geo —Natural catastrophes 2008”, divulgado nesta sexta-feira pela resseguradora alemã Munich Re. Deste valor, as seguradoras arcaram com US$ 45 bilhões, pagando pessoas e empresas que compraram proteção para seus patrimônios.

Este foi o terceiro ano mais caro em termos de catástrofes, superado apenas em 2005, quando furacões como Katrina, Rita e Wilma causaram estragos volumosos, assim como o terromoto Kobe no Japão. O evento que causou maior perda econômica em 2008 foi o terremoto em Sichuan, China, com perdas superiors a US$ 85 bilhões. Entre os 16 eventos naturais ocorridos no ano passado, o mais caro foi o furacão Ike, com perdas de US$ 15 bilhões.

O estudo completo pode ser consultado no site www.munichre.com.

JMalucelli e Hannover: parceria

malucellihannoverO grupo Hannover Re, quinto maior ressegurador do mundo, e a JMalucelli Re, resseguradora local, assinaram uma parceria que visa impulsionar a venda de seguros de vida no Brasil, um segmento que representa menos de 10% das vendas totais das seguradoras brasileiras, excluído o VGBL, um produto de acumulação de renda. Menos de 3% do total dos prêmios de vida e acidentes pessoais, cerca de R$ 7 bilhões em 2008, conta com um programa de resseguro. Em países desenvolvidos, o ramo vida representa praticamente a metade das vendas totais de seguro, deixando claro o potencial do Brasil.

O acordo, válido pelo prazo de três anos e que prevê exclusividade, visa à construção de um relacionamento entre os dois grupos em prol da indústria de seguros brasileira. “A Hannover treinará a nossa equipe com seu know how e nós desenvolveremos negócios locais para ela com o relacionamento que temos com todo o mercado”, diz Alexandre Malucelli, presidente da JMalucelli Re.

Rudiger Mehl, membro do conselho executivo e responsável pelas operações internacionais da Hannover Life Re, está entusiasmado com o acordo. “O Brasil tem muito potencial na área de vida e saúde. E nos temos muitos produtos e capacidade de resseguro para ajudar as seguradoras brasileiras a aumentar as vendas neste segmento”, comentou durante almoço com jornalistas realizado em São Paulo.

O grupo Hannover tem como meta aumentar a fatia do ramo vida, mais rentável e menos sujeito a oscilações bruscas comparado ao ramo de bens, duramente afetado por catástrofes naturais nos últimos anos. “Nosso objetivo é elevar de 35% para 45% a participação do ramo vida no faturamento total do grupo”, informa Mehl.

Em 2008, o grupo Hannover Re faturou 3 bilhões de euros em prêmios de vida. Em janeiro deste ano anunciou a compra da carteira de vida da americana Scottish Re, adquirida pelo grupo ING em 2004, com prêmios anuais próximos a US$ 1,2 bilhão. A compra fará da Hannover Re a quinta maior resseguradora individual de vida. Na América Latina sua participação é de apenas 100 milhões em prêmios de vida.

A JMalucelli Re, por sua vez, focada em apólices de garantia, atingiu em menos de sete meses os planos traçados para os três próximos anos. “Isso nos permitiu iniciar já o desenvolvimento de negócios em outros segmentos”, conta Malucelli. Com operações iniciadas em junho, a JMalucelli Re encerrou 2008 com prêmios de R$ 130 milhões, atuando junto a seis seguradoras. Também almeja atender as necessidades de resseguro de países da América Latina, onde já entrou com pedido de autorização junto aos órgãos reguladores. A participação de resseguros e seguros, nicho em que é líder absoluto no ramo garantia, no resultado do Banco Paraná, controlador das empresas, foi expressivo: 31% em 2008.

Além da sinergia na área de vida, a parceria entre Malucelli e Hannover aumenta as chances de negócios em resseguro, uma vez que ambas poderão deter 100% dos contratos. Segundo a regulamentação do setor, resseguradoras locais têm a preferência de 60% dos negócios até o final deste ano e de 40% a partir de 2010. Assim, a alemã Hannover, autorizada como resseguradora admitida, passa a contar com o benefício da preferência da paranaense Malucelli, registrada como local.

Taxas de seguros caíram em 2008*

As taxas dos seguros empresariais continuaram registrando queda no quarto trimestre de 2008, segundo pesquisa realizada pelo Risk and Insurance Management Society Inc (Rims), entidade americana semelhante à Associação Brasileira de Gerenciamento de Risco (ABGR) no Brasil.

De acordo com o levantamento, as taxas dos seguros patrimoniais, responsabilidade civil geral e directors & officers (D&O) foram as que mais apresentaram redução, informaram os gerentes de riscos das corporações norte americanas. A média de prêmios no seguro de responsabilidade civil geral caiu 5,9% no quarto trimestre de 2009. No trimestre anterior, o recuo verificado nas taxas foi de 9,6%. Em seguros patrimoniais, o recuo foi de 3,8%, taxa modesta perante os 8,5% verificados no terceiro trimestre.

O seguro de D&O continuou com a tendência dos trimestres anteriores: alta dos prêmios em razão da elevação das taxas e de um número maior de contratos por parte das instituições financeiras, as mais afetadas pela crise do subprime, e redução dos prêmios para os demais segmentos. As taxas recuaram 1,2% abaixo dos 2,1% do terceiro trimestre de 2008.

Excluindo as instituições financeiras, os prêmios recuaram 4,5%, comparado com 7,5% do terceiro trimestre. No entanto, a tendência é de que o ciclo de queda das taxas esteja perto do fim, após um período de quase cinco anos de baixa.

De acordo com os autores do estudo, as perdas financeiras com a crise internacional, elevado índice de indenizações com as catástrofes naturais e práticas contábeis inadequadas, incluindo o escândalo Madoff, farão com que as seguradoras tenham de recuperar capital para continuar dentro das margens de rentabilidade exigidas pelos acionistas. Eles acreditam na estabilidade das taxas até o terceiro trimestre de 2009, quando começam a entrar num ciclo de alta até o início de 2010.

*matéria escrita com exclusividade para o site www.fenaseg.org.br

Crescimento menor, mas sem recessão

A grande maioria das seguradoras passou o mês de outubro refazendo orçamentos de 2009. Uma pena ter de revisar para baixo as projeções de crescimento de vendas, de lucratividade, de contratação de funcionários e de investimentos. Porém, é uma situação melhor do que países da Europa e dos Estados Unidos têm enfrentado. Enquanto lá eles vislumbram recessão, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá sair dos 5% previstos para 2008 para 3,5% no próximo. O governo fala em 4%, mas analistas projetam algo entre 2,6% e 3,5%.

“É uma situação privilegiada. O País cresceu 3,5% em 2006, melhor ano da indústria de seguros”, defendeu Antonio Cássio dos Santos, presidente da Mapfre. Santos ilustrou a diferença entre o Brasil e os países do hemisfério norte. “Nós vivemos a falta de liquidez do Plano Collor. Soubemos nos virar nas mais de treze crises que tenho lembrança. Eles não. A última crise que esses países viveram foi a Segunda Guerra Mundial”, acrescentou. Além disso, o Brasil tem hoje uma economia mais forte do que quando estouraram as outras crises.

Faz sentido. O governo dos Estados Unidos gastou US$ 4 trilhões até meados de outubro deste ano com medidas para mitigar os efeitos da crise financeira iniciada com as hipotecas de alto risco (subprime) em junho de 2007. Apesar da ajuda, várias instituições faliram. Se não fosse uma injeção de US$ 85 bilhões do Federal Reserve (FED), o banco central dos EUA, a maior seguradora do mundo, a AIG, teria ido a bancarrota. E mesmo assim os mais otimistas prevêem recessão para o país no próximo ano. E a gigante, com US$ 1 trilhão de ativos, sucumbiu por uma divisão de crédito hipotecário que movimentava prêmios próximos a US$ 2 bilhões. Nada comparado ao faturamento de US$ 110 bilhões em 2007.

No Brasil, as medidas são pontuais e ainda não se tem notícia de qualquer falência de instituições financeiras. O Banco Central do Brasil (BC) tomou medidas pontuais para mitigar o risco de contágio de crise internacional. Boa parte das medidas visou trazer liquidez. Entre elas o afrouxamento das exigências de depósitos compulsórios a partir de 24 de setembro. Além da liquidez, o BC permitiu que bancos pudessem adquirir carteiras de crédito de bancos de pequeno e médio portes que se viram em dificuldades com a escassez de recursos no mercado internacional. E depois autorizou bancos oficiais, como Caixa e Banco do Brasil a comprar bancos. Também gastou US$ 23 bilhões em leílões cambiais para segurar a valorização do dólar frente ao real até o dia 20 de outubro.

Uma situação interessante no Brasil é a postura das empresas que amargaram perdas. Algumas já mostram interesse em processar bancos por entender que foram mal assessoradas pelos executivos financeiros, como a Sadia, por exemplo, que registrou perdas superiores a R$ 760 milhões com operações financeiras com câmbio. Temos também investidores mais pobres com a queda das bolsas. E por enquanto só. O nível de desemprego se mantém, o presidente Lula garante que os investimentos, principalmente do Programa de Aceleração dos Investimentos (PAC) vão continuar e o crédito logo deverá se estabilizar com as medidas adotadas pelo BC.

Nada perto do que passa os EUA. O preço dos imóveis não pára de cair. A insegurança faz com que consumidores, empresas e bancos sejam extremamente cautelosos, o que tira a liquidez do mercado e ajuda a afundar a economia. Todos aguardam para comprar um carro novo, para planejar uma viagem de férias, para pedir um empréstimo, ou para aprovar uma nova contratação. O índice de confiança do consumidor americano caiu para 57,5 pontos em setembro. Trata-se da maior queda de confiança já vista desde que o índice começou a ser apurado, em 1978.

Imagina quem irá pensar em comprar seguro. Com certeza aqueles mais propensos a receber uma indenização. E qual será a estratégia adotada para vender seguro nesta realidade? A redução das vendas da indústria de seguros será inevitável. Junto com a queda do faturamento, as companhias registram perdas com os ativos financeiros e o índice de sinistralidade começa a se elevar com os pedidos de indenizações das catástrofes naturais e também da crise, principalmente as carteiras de crédito, de responsabilidade civil de executivos e de erros e omissões de executivos. Um cenário propício para aumento de preço de resseguro.

Sem contar na preocupação com os planos de aposentadoria. Uma pesquisa da AARP, uma organização que defende os interesses de pessoas com mais de 50 anos nos EUA, informou que um em cada cinco trabalhadores nesse faixa já deixou de contribuir com seu plano de aposentadoria privada, devido à dificuldade de pagar gastos básicos, como alimentação e moradia. A perda financeira trazida com a crise poderá reduzir a expectativa do patrimônio estimado e com isso os trabalhadores poderão ser forçados a se aposentar mais tarde ou receber benefício menor do que o esperado. Além disso, com a insegurança generalizada de quebras de empresas ou de perdas ainda maiores, muitos investidores estão sacando de suas contas antecipadamente.

Por acreditarem que este cenário internacional trará reflexos no Brasil pela redução do consumo e do crédito, executivos estão revendo o orçamento de 2009. Eles não esperam nada de tão grave, desde que o noticiário internacional sobre falências continue sem trazer resseguradoras ou seguradoras de porte em suas manchetes. E ninguém está imune. Segundo avaliou o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, a atual crise financeira global demonstra a falência dos sistemas regulatórios das economias avançadas, incapazes de fixar regras para o gerenciamento de risco das maiores instituições financeiras privadas e de estabelecer mecanismos para disciplinar o mercado. Diante disto, é importante redobrar a atenção na escolha dos parceiros e usar o primeiro semestre do ano para adequar estruturas e deixar a empresa pronta para a retomada do crescimento da economia a partir do segundo semestre.

Artigo publicado na Revista Apólice – dezembro/2008

A eficiência dos corretores

Fiquei imaginando o trabalho dos corretores de seguros com os problemas enfrentados pelo American International Group (AIG) nos últimos meses. São milhões de clientes inseguros espalhados por 130 países, desde aqueles que depositaram suas economias para resgatá-las na aposentadoria até mesmo mega-projetos, como a hidrelétrica do Rio Madeira, apólice que conta com uma das maiores garantias do mundo.

Imagina explicar para segurados que a maior seguradora do mundo em valor de mercado, com ativos superiores a US$ 1 trilhão, com rating máxima “AAA” das agências de classificação esteve a beira de quebrar. Não foi à falência porque recebeu US$ 85 bilhões no dia 16 de setembro do banco central dos Estados Unidos, o Fed. Já o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos EUA, não teve a mesma sorte. Pediu concordata dois dias antes.

Se ela, cheia de status financeiro, esteve à beira de um colapso, imagine as outras, pensaria qualquer pessoa com o mínimo de bom senso. E o que dizer aos segurados em geral se nem mesmo os mais renomados economistas conseguem prever quem estaria a salvo? Pior, todos os analistas são unânimes em afirmar que mais notícias de falência de grandes instituições estão por vir.

Alguns clientes da Unibanco AIG me procuraram para saber o que eu achava da situação. A primeira pergunta a eles foi: e o seu corretor? Não tinham. Eles haviam recebido um email da seguradora, assegurando que os problemas enfrentados pela AIG não afetariam a operação local. Mas isso não os tranqüilizou. “Preciso ter certeza. De alguém que me diga se devo mudar ou não de seguradora. Quem enviou o email certamente tem interesse em segurar os clientes para minimizar a crise”.

Eis a mostra da importância do corretor. O consumidor quer alguém que o tranqüilize. Alguém sem vínculos com a instituição. A crise financeira que assola o mundo todo terá poucos reflexos aqui no Brasil. O corretor brasileiro talvez seja poupado deste problema de insolvência das companhias. Até mesmo porque o prazo para elas se adaptarem às regras de solvência foi flexibilizado, dando tempo dos controladores buscarem capital ou um sócio.

Mas os corretores brasileiros têm outros desafios: tornar o seguro um investimento para o segurado. Até mesmo o seguro de automóvel, que aparentemente parece ter serviços iguais e preços diferentes, precisa ser explicado. Os consumidores têm adorado poder chamar um profissional para socorrê-los com uma invasão de vírus ou uma pane no computador.

Porém, quantas vezes eles podem acionar este profissional durante a vigência da apólice? E o motorista amigo para levá-los para casa em caso de mal estar pode ser solicitado sempre que necessário? Imagine o que o segurado irá pensar do seguro na quarta vez que ligar para solicitar o serviço e ouvir da atendente “o senhor já usou o seu limite neste serviço”. Com certeza o arquivo do cérebro do consumidor desavisado não acessará palavras como ética, transparência e bom investimento.

Quando o assunto passa a ser o seguro de vida, a ajuda do corretor é ainda mais prioritária. O consumidor tem sido abordado pelo cartão de crédito, pelo gerente do banco, pelo vendedor de financiamento, pelo call center da seguradora, no caixa das lojas de varejo e por muitos outros profissionais ávidos por ofertar proteção em caso de morte. A grande maioria dos consumidores hoje tem várias apólices. Juntas custam uma fortuna e oferecem uma proteção abaixo das expectativas do cliente.

Ninguém melhor que o corretor para assessorar o cliente sobre as coberturas necessárias para deixar os beneficiários em segurança caso ele venha a falecer antes de seus filhos terem condições de se sustentarem. Quem tem dívidas, pode livrar a família do ônus e proteger o patrimônio da família com o seguro de vida. E mesmo aqueles que tem patrimônio podem ter um seguro para arcar com custos durante o período de levantamento e divisão de heranças.

Os corretores podem mostrar aos clientes que as apólices de seguro são um investimento interessante, sobretudo quando o pior acontece. Ao contrário de muitos funcionários sem especialização, que ofertam o produto de forma comercial, ficando a impressão de ser algo desinteressante e utilizado como troca de favores.

A eficiência dos corretores no mercado de seguros fica evidente quando se levanta o número de queixas do setor na Superintendência de Seguros Privados (Susep) e nos órgãos de consumidores. Em ambos, as reclamações são inferiores a 1% do total das indenizações pagas, que superam 8,5 milhões anualmente. Com certeza isso conta muitos pontos a favor do corretor, que vende um produto complexo para a grande parte da população.

Por isso, só posso finalizar este artigo no mês que se comemora o Dia dos Corretores, com um enorme P A R A B É N S a todos aqueles profissionais dedicados, que priorizam e se dedicam aos seus clientes, tornando o seguro um bem necessário para tornar famílias e empresas sustentáveis. E não se esqueçam de aderir ao Código de Ética lançado pela Fenacor, um selo de qualidade que ficará cada vez mais em evidência depois deste “tisunami” financeiro mundial.

Artigo publicado na Revista Apólice – novembro/2008

Rumo à nova indústria de seguro*

42-21522202As mudanças demoraram a acontecer na indústria de seguros brasileira. Mas agora parecem não ter fim. Todo dia tem novidade. Seguradora ampliando atuação para um nicho ou região. Executivos trocando de desafios, como Sérgio Santiago deixando o IRB Brasil Re para fazer parte da equipe da J.Malucelli Re. Uma seguradora transformando prejuízo em lucro, como a MetLife, com ganhos de R$ 21,7 milhões neste primeiro semestre do ano. Na outra ponta, a Porto Seguro registrando queda de quase 36% no lucro líquido acumulado do ano até julho, com R$ 160 milhões. Até eu, que escrevo desde 1992 (com algumas saídas) sobre o setor para a Gazeta Mercantil, deixei o jornal no final de agosto.

Tudo isso mostra que a indústria de seguros traz grandes desafios e oportunidades para todos. Para os estrangeiros, as notícias sobre o Brasil os motivam a mudar estratégia e rever o peso do País na obtenção de metas traçadas pelos acionistas. A grande maioria dos CEO de seguradoras estrangeiras que entrevistei neste ano foi unânime em afirmar que o Brasil é prioritário para que os grupos atingirem as metas de crescimento, uma vez que em seus países de origem enfrentam crise financeira, perdas com catástrofes e acirrada concorrência, típica de mercados maduros.

A estratégia para convencer os analistas de mercado responsáveis por recomendar a venda ou a compra de ações é de que o futuro é brilhante em razão do desenvolvimento das operações internacionais, em países emergentes, principalmente aqueles que compõem o bloco conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Além do positivo discurso em entrevistas, o Brasil foi destacado no balanço semestral de grande parte delas. AIG, Mapfre, Allianz, ACE, Chubb. Liberty entre tantas outras destacaram a operação local pelo crescimento das vendas e da rentabilidade.

Ou seja, o Brasil está no topo da lista entre os países para receber investimentos de resseguradores. Patrick Thiele, presidente e CEO da PartnerRe, disse que o Brasil lidera entre os Brics. “O Brasil é o que tem o maior potencial no prazo de cinco anos. A Rússia e a Índia ainda apresentam regulamentações restritivas, que inibem investimentos estrangeiros. A China será um grande mercado nos próximos dez ou 15 anos”, disse.

Fora todos esses elogios dos principais CEOs de seguradoras e resseguradoras, um dos mais respeitados estudos da indústria de seguros mundial destacou o Brasil. Segundo análise da Swiss Re, o mercado brasileiro de seguros cresceu 10,3% em termos reais, três vezes mais que a média global de 3,3% em 2007, passando a ser o 19º no mundo em volume de prêmios, com R$ 75,5 bilhões. O seguro de vida foi responsável por R$ 35,6 bilhões, alta de 15,5%, ocupando a 22º colocação. O segmento não-vida, ou ramos elementares, ficou com R$ 39,9 bilhões, evolução de 6,1%, o que dá ao Brasil a 14ª posição do ranking global.

E o céu é de brigadeiro. A Swiss Re prevê que em 2008 os prêmios de ramos elementares continuarão a aumentar com os investimentos em infra-estrutura previstos e também pelo próprio crescimento do País, do aumento da renda da população e acesso das classes de menor renda ao crédito. Tudo isso se o Brasil continuar imune à desaceleração econômica global.

Aproveitando tal cenário, a Confederação de Seguros, Previdência e Capitalização (CNSeg) tem divulgado o Brasil no exterior. Em agosto um grupo foi para Japão, Coréia do Sul e Taiwan. Em setembro, Londres. Lá eles mostram tudo aquilo que sabemos aqui. O potencial do mercado em todos os nichos, de automóvel a usina nuclear; a necessidade de novos produtos para atingir as classes de menor renda e o grande desafio da distribuição.

Tendo por base o balanço do primeiro semestre, onde boa parte registrou lucro menor do que no mesmo período do ano passado, a competição ficará ainda maior a partir de agora, com produtos, serviços e preço. Segundo Bill Yates, presidente da Prudential, o crescimento da empresa no primeiro semestre veio do maior interesse dos consultores financeiros em vender o produto. “Os clientes têm interesse. Crescemos porque aumentou a produtividade de nossos vendedores”, informou.

Bem, vamos lá então. Vamos aproveitar esta onda do setor e abraçar desafios para crescermos junto com o Brasil e conseqüentemente com a indústria de seguros.

ABGR discute perfil do gerente de risco*

images6A Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR) comemora hoje 25 anos. Neste ano, a festa tem um sabor especial. O gerente de risco, na maioria das vezes um profissional sem muito destaque dentro das corporações, passou a ser valorizado diante da necessidade de uma maior regulação por parte de órgãos reguladores, que buscam informações para efetuarem uma fiscalização mais eficiente da solvência das companhias. “A tendência é profissionalizar a função de gerente de risco, um profissional que agrega valor ao acionista ao mensurar riscos e formas de mitigá-los”, diz Andres Holownia, presidente da ABGR e gerente de riscos da Scania.

*matéria da autora publicada no jornal Gazeta Mercantil, em 22/08/2008
O gerenciamento de risco ganhou tanta importância que até mesmo para a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s informou que este será um item analisado e que contará pontos na emissão de ratings das empresas a partir do terceiro trimestre deste ano. “O gerente de risco não é um comprador de seguro e sim quem planeja o progresso da empresa”, diz o executivo que assumiu a associação em janeiro deste ano.

A abertura do mercado de resseguros no Brasil é um dos eventos que obrigou as empresas a repensar suas estruturas, processos, relatórios e controles. Isso porque quem não conhecer bem seus riscos, terá dificuldade de contratar seguro e resseguro. Com o monopólio, o IRB Brasil Re aceitava todos os riscos e a garantia de honrar o contratado era de 100%, uma vez que o órgão é controlado pelo Tesouro Nacional.

Num mercado aberto, a realidade é bem diferente daquele que os brasileiros estavam acostumados. “É preciso saber vender bem o seu peixe e para quem, pois de nada adianta obter o melhor preço e depois ficar sem cobertura”, diz o presidente da ABGR, uma entidade sem fins lucrativos e que conta hoje com 100 associadas.

Holownia ressalta a importância da abertura para as empresas que compram seguro. “Acredito que teremos grandes benefícios como compradores, tanto em novos players, preço, qualidade de serviços, agilidade, contratos modernos e novos produtos quando o setor estiver organizado.” Segundo ele, apesar da abertura ter sido discutida por tanto tempo, apenas a partir de abril é que todos começaram a se preparar para este novo cenário. “Faltam profissionais que entendam do assunto e será preciso muito investimento em treinamento. É um grande desafio”, diz.

Mundialmente, o gerente de risco ganhou mais destaque após as regulamentações criadas para melhorar a qualidade e transparências das informações financeiras das empresas após as grandes fraudes nos Estados Unidos. Entre elas Sarbanes&Oxley e o Committe of Sponsoring Organization of the Tradeway Commission (COSO), criado em 1992, normatizando padrões de controle baseado em riscos. Depois vieram novas edições, como COSO 1, COSO – Enterprise Risk Management (ERM) ou COSO II entre outros. “Há oportunistas dizendo que o ERM vai gerar uma maior necessidade de seguro quando muito provavelmente seja o contrário. O importante é detectar o risco e buscar a melhor forma de mitigá-lo para proteger o patrimônio do acionista”, diz.

Segundo ele, o objetivo é o de promover a gerência de riscos nas empresas, em linha com as mais modernas tendências e técnicas do mercado, permitindo um controle efetivo de seus riscos, dentro das especificações definidas pela sua direção. “Riscos podem ser tanto ameaças como oportunidades. É preciso analisá-los para garantir o crescimento sustentável”, diz.

Cultura Artística tem apólice da BB Seguros*

O seguro vai ajudar a recompor perdas materiais do Teatro Cultura Artística, com parte de sua estrutura destruída por um incêndio na madrugada de domingo passado. Segundo executivos do mercado de seguros, a apólice de danos causados por incêndio foi contratada na BB seguros Aliança do Brasil, com cobertura de até R$ 5 milhões. A seguradora não quis se pronunciar.

A direção do teatro ainda não sabe ao certo qual será o futuro da casa de espetáculos. Poderá ser reconstruída no mesmo local, na região central da cidade ou mesmo ter o terreno arrendado para que o teatro seja aberto em outra parte da cidade. “O valor é suficiente para a reconstrução do teatro, considerando-se o prédio e o conteúdo”, afirma o gerente de riscos Gustavo Mello, professor da Escola Nacional de Seguros (Funenseg).

Segundo cálculos de Mello, para construir 2 mil metros quadrados – metragem para dois andares do teatro – em São Paulo, o custo chega próximo de R$ 2 milhões, tendo como base dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para construção fina. “Acrescentando tapetes, 1,4 mil poltronas, ar-condicionado entre outros detalhes, o custo chegaria a R$ 4 milhões.”

Já o prejuízo do promotor da peça “O Bem Amado”, cujo figurino foi todo perdido, não está na apólice de incêndio. “A cobertura de bens de terceiros geralmente tem um contrato à parte, que pode ser feito pelo proprietário da casa de show ou pelo organizador do espetáculo, explica Juliana Santos, gerente da área de entretenimento da Chubb Seguros, uma das principais seguradoras deste nicho, com venda de cinco apólices por dia, em média.

Segundo ela, a cobertura de responsabilidade civil muitas vezes comprada junto com o seguro de incêndio visa indenizar danos materiais e corporais causados a terceiros. “Um prédio vizinho atingido pelas chamas ou pessoas feridas estariam cobertos. Mas bens de terceiros devem ser garantidos por uma apólice separada”, explica.

Caso a produtora da peça de Marcos Nanini não tenha seguro, pode haver uma boa briga jurídica, uma vez que os bens estavam armazenados no local alugado para a realização da peça. “Este tipo de responsabilidade deve ficar muito clara nos contratos entre os produtores e casas de espetáculos com o objetivo de agilizar o pagamento e dar prosseguimento ao negócio”, frisa Dulce Thompson, especialistas em seguro de entretenimento da corretora Aon Risk Service.

Especulações à parte, independentemente do desfecho deste acidente, uma vez que a investigação está apenas começando, o assunto deverá mudar contratos de seguros. “É um bom momento para todos os envolvidos pararem para analisar os riscos a que estão expostos”, diz Dulce. Poucas seguradoras operam com seguro de entretenimento em razão da falta de demanda. Mas com a quebra do monopólio em resseguro (o seguro das seguradoras) em abril deste ano, vários produtos estão disponíveis no mercado brasileiro. Há apólices para cobrir todos os tipos de perdas ocorridas nesta acidente do teatro. Há seguro para perdas com cancelamento e adiamento de shows. Neste caso, o seguro cobre custos com devolução de ingresso e despesas com divulgação do reagendamento ou locação de um novo local.

Tem também uma apólice de lucro cessante que a casa de espetáculo pode contratar para recompor o lucro que deixará de ter com a cobrança da locação do local para a realização de eventos até que o novo prédio fique pronto para operar. Geralmente o teatro faz o seguro do equipamento de som e luz próprio. Mas tem espetáculos que exigem apetrechos mais sofisticados. Neste caso, tem de ficar claro de quem será a responsabilidade em caso de acidentes, frisa a especialista da Aon.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em agosto de 2008

Sucesso com bons produtos, preço acessível, marca e corretores

images13A MetLife, maior seguradora de vida dos Estados Unidos, foi a seguradora de vida que registrou a menor variação na bolsa de valores de Nova York (NYSE) neste ano, mesmo com a forte volatilidade do mercado acionário internacional. Segundo estudo feito pela Economatica, entre as 74 empresas de seguros que operam na Bolsa de Nova York, apenas 17 registraram alta e 57 tiveram queda de até 84% do início deste ano até 13 de maio. A MetLife ficou estável, com desvalorização de apenas 0,5%.

Desde 2000, quando a MetLife deixou de ser mútua para ser negociada em bolsa, o ganho operacional por ação saiu de US$ 2 para fechar 2007 acima de US$ 6. O retorno total da ação de 5 de abril de 2000, quando fez o IPO, até 6 de maio deste ano, os papéis da MetLife acumularam valorização de 323%. O resultado é muito acima do índice Standard & Poor’s 500, com rentabilidade de 6% no mesmo período, e do S&P Insurance, com valorização de 36%.

E sabem o que sustenta este resultado? A seguradora tem uma força de venda extraordinária para vender os seus produtos: 160 mil profissionais, sendo a maior parte agentes. Também utiliza canais alternativos, pois ofertar o produto em todos os lugares onde o cliente esta é uma realidade que não tem mais volta para o mercado de seguros mundial.

No entanto, os corretores conseguem vender porque há bons produtos, preço acessível e uma marca que significa confiança e solidez. A MetLife, com vendas superiores a US$ 53 bilhões por ano, ajuda seus corretores na venda do seguro de diversas formas. Fazer um bom produto, com cláusulas que não deixem dúvidas em relação à cobertura do produto, é uma das prioridades do grupo. “Se o produto não for bom para o cliente, não é bom para o negócio”, diz Willian Topetta, presidente da área internacional da MetLife, que já representa 10% do lucro do grupo mundialmente.

Realmente, um produto ruim feito traz perdas para todo o mercado. Já um cliente satisfeito conta sua história para pelo menos dez pessoas, alegam as pesquisas. Outro esforço da MetLife é em serviços. Ela faz pesquisas constantes para saber o que o cliente quer, o que o corretor precisa e o que pode agregar para renovar o seu negócio. “Quando se faz um bom produto todos copiam. Por isso é preciso estar sempre se atualizando para manter o cliente satisfeito”, diz Topetta.

A constância nos preços e no método de subscrição é outro aliado do grupo para agradar clientes e corretores. Jorge Ramirez, assistente da vice-presidência da MetLife, credita o bom desempenho das ações ao investimento diário do grupo em buscar um crescimento sólido em ambientes em plena transformação.

Um exemplo é o aporte de recursos em vendas dirigidas para um público preocupado com maior qualidade de vida, como não fumantes e atletas, bem como apostar em serviços voltados à qualidade de vida. Para manter a imagem da marca, o grupo investe mais de US$ 60 milhões por ano e tem 450 colaboradores em todo o mundo envolvidos em treinamento e desenvolvimento dos funcionários.

Tais atitudes ajudam a manter a rentabilidade sobre o patrimônio, que saiu de 10,3% em 2000 para 15,2% em 2007. “Nossa meta para 2010 é de 15%”, diz Ramirez. Segundo ele, a MetLife está bem posicionada para enfrentar a atual
turbulência financeira. “A crise do subprime foi identificada antecipadamente e tínhamos uma posição limitada”, informa.

A solidez ajuda a vender, principalmente em um mercado onde não se entrega um produto e sim uma promessa futura de pagamento. E os números mostram que a estratégia é eficiente. Em 2000, o número médio de produtos por cliente era de 2,1. “Em 2007 passou para 5,5, o que mostra que a empresa está diversificando seus produtos e os clientes estão satisfeitos com a empresa”, argumenta. O tempo de relacionamento médio dos clientes com a seguradora é de 27 anos. “Nossas estratégias estão sempre voltadas ao longo prazo.” São 70 milhões de clientes em todo o mundo.

No Brasil, por questões culturais e regulatórias, a MetLife ainda engatinha perto do que tem realizado em outros países como México, onde é a maior do país, ou no Japão e Chile, onde está entre as maiores em venda de seguro de vida e de renda vitalícia. Mas é um exemplo de sucesso mundial que pode ser copiado. Não só pelos concorrentes como também pelos corretores. Os clientes com certeza se sentirão mais seguros se perceberam que há solidez e estabilidade naqueles com quem negociam.

*Articulista da Revista Apólice