Qualquer mudança na regulamentação de instituições financeiras tem de levar em conta que as atividades de seguro e de resseguro tem aspectos peculiares. “Não adianta ter regulamentações que tentam equiparar atividade de seguro com bancos e fundos de pensão”, diz Patrick Larragoiti, CEO e presidente da SulAmérica e também membro do corpo executivo da Geneva Association, entidade que reúne 80 CEOs das maiores companhias de seguros do mundo. “O mercado de seguros brasileiro e os órgãos reguladores de instituições financeiras do País têm grandes lições para dar ao mercado internacional”, comenta.
Nesta semana, a Geneva Association entregou ao ministro das finanças responsável pelas maiores economias do mundo, grupo conhecido como G-20, reunidos entre 1º e 2 de abril em Londres, uma carta assinada por 49 CEOs das maiores seguradoras do mundo, entre elas Allianz, AXA, Munich Re, Prudential, Swiss Re e Tokio Marine.
Eles pedem uma supervisão e regulação da indústria de seguros mais eficiente e transparente. Mark Turner, presidente da Prudential e também da associação, ressaltou a importância do encontro em um momento tão crucial da economia global. “É preciso ter ações coordenadas para restabelecer a confiança do consumidor e assim retomar o ritmo de crescimento”.
Na carta, os executivos ressaltam a importância da indústria de seguros, afirmando que ela traz a sustentabilidade necessária para promover a confiança, uma vez que vende proteção e garantias. “O setor de seguros e resseguros é vital para o funcionamento das economias modernas, respondendo por 9% do PIB mundial e 11% da administração de ativos”, informa a carta.
Os executivos também mostram preocupação com a regulamentação. Trata-se de um setor com uma forma diferenciada de outras empresas para contabilizar seus dados financeiros pela peculiaridade e características dos produtos que vende: proteção contra imprevistos. As companhias de seguros e de resseguros arrecadam prêmios, ou seja, valores pagos pelos segurados em troca de proteção de riscos. Elas ficam com um percentual do risco e repassam parte às resseguradoras.
Os recursos administrados serão devolvidos aos segurados em forma de indenização na ocorrência de um acidente. Parte da indenização pode voltar à seguradora em forma de recuperação de bens ou por processos judiciais, como encontrar um carro roubado ou obter reembolso do causador de um acidente ou incêndio, por exemplo. Caso o risco não se concretize (o segurado não ter o carro roubado ou batido, por exemplo), o prêmio pode virar lucro da companhia.
Para garantir que terão reservas para pagar o segurado no futuro, elas são obrigadas a fazer provisões técnicas e aplicar os recursos conforme determinações dos órgãos reguladores. Dessa aplicação virá outra parte do ganho das companhias. Ou perdas, como tem acontecido mundialmente em razão das catástrofes naturais e prejuízos com ativos financeiros. Em razão desta engenharia financeira, a regulamentação tem de separar o setor de seguros das normas de bancos e de outros serviços financeiros.
Apesar da severidade da crise financeira mundial, o mercado de seguros continua operando normalmente. Com perdas em ativos e mais indenizações para pagar, porém sem a necessidade do socorro dos governos ao setor como tem acontecido com instituições bancárias. “A reforma na regulamentação tem de estar focada em ações pró-cíclicas. O excesso de normas poder ser perigosa ao setor, principalmente gerando insuficiência no requerimento de capital”, informa a carta.
Para Patrick Larragoiti, o mercado internacional está solvente, com exceção de algumas companhias do Hemisfério Norte. A AIG, na qual o governo dos EUA teve de injetar até agora US$ 180 bilhões e mesmo assim sem ter a certeza de que livrou a empresa do risco de falência, é o mais emblemático exemplo. “Todo mundo sabe que a situação da AIG é um caso isolado. A empresa estava operando no mercado não tradicional de garanta financeira. Não se tem notícia de seguradoras tradicionais que tiveram problemas de insolvência”, diz.
Na área de seguros de vida, onde algumas companhias americanas enfrentam problemas, principalmente aquelas focadas em produtos de renda variável, Larragoiti vislumbra um período de consolidação. “Na área de seguros de vida fusões e aquisições vão acontecer naturalmente, mas não vejo razão para governos participarem, dando apoio às seguradoras”, diz.
Larragoiti lembra que nada disso está acontecendo no Brasil. “Temos aqui companhias saudáveis, fortalecidas, reservas bem constituídas e diariamente acompanhas pelos órgãos reguladores”, diz. A Geneva Association realiza duas reuniões anuais das quais participam os CEOs de seguradoras de todo o mundo. Nestes encontros são debatidos temas de relevância do setor numa busca de soluções para os desafios de um setor responsável por um faturamento de US$ 4 bilhões anuais. Em 2011, o Brasil, mais precisamente o Rio de Janeiro, será sede da reunião da Geneva Association.
A Federação das Empresas de Previdência e Vida (FenaPrevi) já começou a discutir as estratégias que poderão ajudar as seguradoras a conquistar os investidores que possivelmente irão reavaliar seu portfolio de investimentos caso o governo realmente altere o rendimento da caderneta de poupança, que acumula recursos superiores a R$ 280 bilhões. O tema foi colocado em pauta na última reunião dos executivos, realizada na semana passada.
O assunto, que teve início em 2007, era empurrado com a barriga pelo governo há um ano, em razão de o corte na taxa básica de juros da economia, a Selic, ter estacionado nos últimos meses. No entanto, com a queda de um ponto percentual e meio na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o assunto ganhou caráter de urgência.
Acredita-se que mesmo antes da mudança oficial no rendimento da caderneta de poupança os investidores já começarão a repensar como aplicam suas reservas. E este é o melhor momento para atrair novos clientes para a previdência aberta, com captação total de R$ 31,8 bilhões em 2008 e reservas de R$ 142 bilhões. No entanto, as empresas querem fazer uma campanha onde fique claro que é preciso ter uma poupança para emergências e outra para a previdência ou realização de desejos no longo prazo, como a entrada da casa própria, estudo dos filhos ou mesmo abrir um negócio.
A separação das reservas de curto, médio e longo prazos se faz necessária para aproveitar os benefícios fiscais dos planos de previdência. O principal benefício dos fundos de previdência aberta, conhecidos como PGBL e VGBL, é ter alíquota de Imposto de Renda de 10% a partir do décimo ano de aplicação. Quem sacar no primeiro ano, pagará 35% de IR, percentual bem acima do cobrado pelos fundos de investimentos, que geralmente cobram taxas de administração menores.
Há uma frustração geral dos executivos de seguros com a abertura do mercado de resseguros no Brasil. Não com a regulamentação preparada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Pelo contrário. Neste quesito há unanimidade de que foi feito o possível por ser o primeiro passo. A melhor demonstração é o interesse de quase 60 empresas estrangeiras já autorizadas a operar pela Susep.
“O Brasil é um país prioritário para nós e estamos satisfeitos com o processo de abertura”, diz Benjamin Gentscht, executivo responsável pela área internacional de property & casuality da Scor Re, quinta maior resseguradora do mundo e principal patrocinadora da Conferência Brasileira de Resseguros, realizada no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de março, que teve o objetivo de traçar um cenário do mercado de resseguros do Brasil nestes primeiros dez meses de abertura.
“Estou aqui há seis anos, mas acompanho o processo de abertura há dez anos. E acho que o mercado aproveitou para se preparar. Acho que a maior parte dos atores tem tornado este desafio um compromisso importante”, comentou Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, em sua palestra no evento.
A grande expectativa era de redução de preços, concorrência, produtos e serviços inovadores. O que ninguém esperava era uma crise financeira de proporções globais, com conseqüências parecidas com as que fizeram o governo brasileiro criar o IRB em 1939, dez anos após a pior crise mundial, gerada pelo crash da bolsa de Nova York e que se estendeu por vários anos em razão da grande recessão e período de guerras.
“Naquela época as seguradoras não encontravam coberturas adequadas a preços acessíveis com as companhias locais. Como não havia nada que as impedisse de acessar o mercado internacional, as estrangeiras passaram a buscar o mercado internacional, gerando evasão de divisas e incerteza em relação ao pagamento no caso de ocorrência de acidentes”, conta Sebastião Pena, executivo do IRB Brasil Re, principal player do mercado local mesmo com tantos concorrentes cadastrados.
E depois de quase 70 anos de monopólio, sendo 12 deles marcados pela luta da maioria de executivos pela abertura, ocorre uma crise financeira internacional que mergulha as maiores economias do mundo em recessão. “Bons tempos os primeiros meses de 2008, quando a grande preocupação de todos era preparar a documentação exigida pela Susep. Agora as preocupações são outras e bem mais complexas”, diz Paulo Pereira, da Transatlantic Re.
A crise afetou os ganhos das seguradoras em todo o mundo em vários pontos: reduziu o patrimônio daquelas com ações em bolsas; a volatilidade dos mercados corroeu a rentabilidade da carteira de investimentos; aumentou o volume de pedidos de indenizações, principalmente nos seguros financeiros e de responsabilidade civil; além da forte safra de eventos naturais, o terceiro maior ano em perdas dos últimos tempos, com cerca de US$ 80 bilhões em indenizações.
“Capital escasso, perdas e recessão, que deverá reduzir o volume de seguros contratos. Um cenário propício para a alta de preços e severidade na negociação de coberturas”, explica Pereira. No entanto, esta realidade não chegou ao Brasil, onde as seguradoras ainda obtêm redução de taxas para seus clientes e são surpreendidas com produtos e serviços que chegam aos poucos para aquelas que já se prepararam para operar dentro das normas internacionais dos resseguradores estrangeiros.
Porém a crise tem gerado estresse nos grandes segurados, antes assediados por todos e que conseguiam as melhores reduções de preço e abrangência de cobertura nos últimos anos. A Petrobras, maior compradora de seguro do país, está preocupada se encontrará capacidade para colocar o seu programa de seguro com valores em riscos acima de R$ 40 bilhões neste ano em razão da crise.
A abertura do mercado de resseguros no Brasil também pode atrapalhar a negociação. Isso porque a legislação local só permite a compra de resseguro de empresas instaladas no Brasil. Apesar de o País já contar com tantos resseguradores, ainda não é o suficiente para comportar a necessidade de capital da Petrobras.
Segundo o advogado Luiz Felipe Pellon, a legislação poderá ser contornada com uma autorização da Susep caso a capacidade das empresas instaladas no País não seja realmente suficiente. “O mais interessante seria flexibilizar as exigências dos resseguradores eventuais como forma de aguçar mais o apetite daqueles que frearam seus planos de vir ao Brasil em razão da crise”, diz o advogado.
A grande dúvida é o preço, abrangência de coberturas e franquias que serão oferecidas pelos resseguradores, uma vez que precisam recuperar capital e conseqüentemente seus ratings. Segundo Luiz Otavio Mello, gerente de risco da petrolífera, apesar de já atuar junto ao mercado internacional há vários anos para a colocação dos riscos, havia sempre a contrapartida do IRB Brasil Re.
“Temos um programa de seguro volumoso e as perdas registradas pelas seguradoras e resseguradoras em razão da crise reduziu a capacidade do mercado”, disse durante o evento. “Só vamos saber na prática como ficará assim que começarmos a renegociar o contrato”, disse ele.
Para Alexis Bergun, responsável por gerenciamento de risco da Arcelor Mittal, o segredo para conseguir bons preços e coberturas abrangentes em tempos de crise é “fazer a lição de casa”. “Conseguimos multiplicar nossa capacidade por seis e reduzir o custo em 70% tendo boas informações e parceiros globais”. Já empresas que não tem um bom histórico de relacionamento com o setor, como a CSN, a situação ficou ainda pior. Nem com preços altos e coberturas restritas a siderúrgica tem encontrado cobertura.
Este cenário faz com que, apesar do enorme esforço de todos, a preferência nacional continue sendo o IRB, que tem aproveitado o momento para estreitar seu relacionamento com todo o mercado. Apesar de toda a concorrência, o balanço de 2008, que será divulgado até abril, mês de aniversário de 70 anos, será invejável, com lucro e faturamento em alta, adianta Eduardo Nakao, presidente do IRB.
“O principal desafio das seguradoras com o mercado aberto é saber avaliar bem o risco de crédito”, ressalta Angelo Colombo, diretor da Allianz. Missão que nem mesmo as maiores agências de rating do mundo foram capazes de obter sucesso diante da crise.
As seguradoras estavam acostumadas a operar com o IRB, considerado um risco praticamente zero por ser controlado pelo Tesouro Nacional. “Agora elas terão de avaliar bem os seus parceiros”, reforça Jacques Bergman, da Itaú XL Seguros. Quem poderia imaginar que uma gigante como a AIG, dona do rating mais alto entre as seguradoras, poderia falir se não fosse socorrida com US$ 150 bilhões pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
Algumas resseguradoras, como Swiss Re, XL entre outras tiveram suas notas rebaixadas. Uma situação complicada, principalmente porque as empresas de primeira linha exigem um rating mínimo para poder negociar contratos. Tem seguradora, como a Allianz, por exemplo, que exige uma classificação tão elevada que em certa época a própria resseguradora do grupo não tinha a classificação exigida pela controladora.
“Nós estamos cada vez mais criteriosos na escolha de nossos parceiros”, informa o presidente do IRB. Segundo Nakao, os contratos mantidos com a AIG, que teve seu rating rebaixado, estão sendo renegociados na data do vencimento em razão da necessidade de uma classificação mínima exigida pelas normas do ressegurador local. “Só podemos trabalhar dentro das regras de governança explícitas em nosso site, onde o nível de rating exigido é detalhado”.
Tirando a crise e as adaptações necessárias na regulamentação, principalmente em relação a tributos, Maria Larrea, executiva da Allianz, ressaltou os esforços das companhias de seguros para ofertar melhores produtos e serviços. “O mercado tem de ser capaz de se adequar às necessidades dos segurados e não mais fazer com que eles se adaptem ao que as seguradoras têm a oferecer”, diz. Marco Antonio Castro, representante do Lloyd’s, afirma que os sindicatos representados pelo mercado londrino têm produtos e serviços para trazer inovação ao programa de seguro de qualquer segmento da economia brasileira.
O controle interno das companhias e a qualidade das informações prestadas sobre os riscos a serem segurados são outros pontos que precisam de reparos. “Pedimos a paciência e o entendimento dos resseguradores, pois o mercado agiu por muitos anos de uma forma e agora se esforça bastante para chegar aos padrões internacionais”, diz Maria.
As perdas causadas com a crise financeira trouxeram um tom vermelho para o balanço mundial da seguradora alemã Allianz. O grupo divulgou hoje em seu site dados consolidados de 2008, onde exibe perdas de US$ 3,2 bilhões. Em 2007, havia apresentado lucro líquido recorde de US$ 10,4 bilhões. O faturamento total declinou 5,3%, para US$ 121,5 bilhões. Segundo dados da empresa, boa parte da perda veio das operações descontinuadas, como o Dresdner Bank. As operações de seguros patrimoniais e de responsabilidade civil não sofreram fortes impactos, mas as operações de vida e asset management amargaram perdas com a volatilidade dos mercados financeiros. O balanço completo pode ser consultado no site www.allianz.com
As pessoas precisam ficar mais atentas às reservas para a aposentadoria. É bom acompanhar se a crise financeira alterou o valor planejado no momento da adesão ao fundo de previdência, seja ela um fundo fechado empresarial ou um fundo aberto individual. Se a crise reduziu o patrimônio, é preciso refazer as contas para saber quanto precisará aportar para ter a renda desejada na melhor idade. Se não puder aumentar a contribuição neste momento, saberá que terá de trabalhar alguns anos a mais para ter a renda desejada ou se conformar em viver com um valor menor.
Vários fundos fechados têm divulgado perdas com ativos em 2008. Hoje foi a vez da Shell. Segundo agências internacionais, a petrolífera divulgou comunicado ao órgão regulador holandês, informando déficit de US$ 8,3 bilhões nas contas do fundo de pensão no final de 2008 em razão das perdas de 40% em valor de ativos causados pela crise financeira.
A crise mundial intensificou o fluxo de estrangeiros interessados no mercado de seguro e resseguro no Brasil. Desde o início do ano passado, o vai e vem de estrangeiros no eixo Rio-São Paulo tem sido intenso. Nesta semana, quem visita o País é Graham Clarke, presidente e CEO da Miller Insurance Services Limited, sócia da Miller do Brasil Corretora de Resseguros.
Segundo Clarke, a tendência de preços de resseguro é de alta no mercado internacional, uma vez que as seguradoras e resseguradoras precisam recuperar perdas em ativos e investimentos causadas pela crise financeira. Além disso, diante da crise financeira internacional, haverá menos oferta de capacidade por parte dos resseguradores. No Brasil, o comportamento do preço do resseguro dependerá também da qualidade das informações sobre o risco para que este possa ser vendido no mercado internacional.
O mercado internacional sofreu perdas significativas em 2008 com a volatilidade dos mercados acionários. “Agora precisa recuperar capital. Isso quer dizer que temos menos capital disponível e uma seleção mais rigorosa nos riscos”, diz Marcio Correa, CEO da Miller Brasil. O setor de seguros já acumula perdas superiores a US$ 80 bilhões com as catástrofes naturais ocorridas em 2008. “Já o Brasil tem o privilégio de estar fora do circuito das grandes catástrofes naturais. Tem também os maiores valores segurados do mundo em alguns contratos pelos investimentos que estão sendo requeridos pelo dinamismo de sua economia”, acrescenta.
A Miller tem escritórios em 8 países e também é uma das mais importantes corretoras de resseguros dentro do Lloyd’s of London, desde 1902, conhecido como o principal mercado mundial de seguros há mais de três séculos, por agrupar em um moderno prédio na City de Londres as principais empresas da indústria.
No Brasil, a Miller Insurance está presente desde 1999, quando tinha apenas um escritório de representação. Três anos depois, com a entrada do executivo Dario Guarita, a parceria foi concretizada em sociedade. “Nosso grande diferencial está no desenvolvimento de coberturas de resseguros adequadas e diferenciadas, o que nos faz sermos reconhecidos pela constante inovação”, diz o CEO da Miller do Brasil, uma das 25 corretoras de resseguros já autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
No Brasil, o grupo atua no desenvolvimento de resseguros para contratos de energia, petróleo e gás, marítimo, construções, riscos patrimoniais, transporte de valores e acidentes pessoais. Há muitos projetos em andamento no Brasil. Apenas o governo brasileiro tem no orçamento de 2009 cerca de R$ 21 bilhões para obras e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Para garantir a sustentabilidade desses projetos é vital ter um contrato de resseguro bem desenhado e distribuído em resseguradores sólidos. E é isto que sabemos fazer”, diz Dario Guarita, sócio da Miller do Brasil.
Entre os negócios de maior relevância negociados pela Miller destacam-se as seguintes apólices: trechos do Metrô de São Paulo, obra da Calha do Tietê, aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, várias hidrelétricas de grande porte, rodoanel de São Paulo, grandes riscos industriais no segmento de Energia e Petroquímica, Jogos Panamericanos do Rio em 2007. Outras áreas onde a corretora atua estão relacionadas às operações de Vida e Saúde, Transporte de Valores e Obras de Arte. Foi a Miller quem colocou os riscos referentes às relíquias da Exposição 5 Mil Anos de Civilização Chinesa, realizada na Oca, em São Paulo.
A Miller Insurance foi fundada em 1902, tendo sua origem nas operações de seguros marítimos. Hoje é uma das maiores corretoras de P&I (Protection and Indemnity) do mundo e a número um do ranking entre as corretoras de capital fechado do Reino Unido. No ano passado, obteve prêmios de US$ 2 bilhões. Seu patrimônio líquido totalizava US$ 47 milhões em dezembro de 2008 e suas receitas somaram US$ 124 milhões.
Além do Reino Unido, opera nos Estados Unidos, Austrália, Espanha, Japão, Malásia, China, Tailândia, Bermudas e no próprio Brasil. Adicionalmente tem escritórios de representação em vários outros países. Tendo como holding a Miller Insurance Investments Limited, emprega 450 empregados no Reino Unido onde adota um modelo único de relação empregatícia que foi iniciado em 1983 e denominado Employee Trust. Esse modelo protege a empresa contra qualquer alternativa de venda indesejável e garante que boa parte dos lucros seja destinada para o desenvolvimento do próprio negócio, sendo o excedente distribuído a todos os funcionários.
A quarta maior petrolífera em valor de mercado do mundo tem clara noção da importância do gerenciamento de risco em sua atividade. Com investimentos superiores a US$ 30 milhões por ano em um programa de seguro para os bens patrimoniais e outros milhões para garantir mais de US$ 120 bilhões em investimentos previstos para os próximos anos, a Petrobras tem uma equipe de 70 funcionários para mitigar riscos e preservar o patrimônio de seus acionistas. Acompanhe os principais trechos da entrevista concedida por Jorge José Nahas Neto, Gerente Executivo de Planejamento Financeiro e Gestão de Riscos à jornalista Denise Bueno para a revista Gerencia de Riscos e Seguros, do grupo Mapfre.
Desde quando existe a unidade de gerenciamento de risco da Petrobras?
A unidade corporativa, responsável pela administração dos riscos da companhia, foi criada em 1999. Na época, a diretoria executiva já tinha consciência do aumento da exposição aos fatores de risco que a abertura do mercado doméstico do setor iria promover. Mas, mesmo antes da criação da unidade corporativa, já existia uma unidade de gestão de riscos na área comercial, para tratar riscos de preços de petróleo e derivados nas transações comerciais no exterior e uma unidade específica de seguros dentro da área financeira.
A quem se reporta a gerência de riscos?
Ao Diretor Financeiro.
Quantos empregados fazem parte da sua equipe?
Aproximadamente 70. A unidade tem como principais responsabilidades realizar o planejamento financeiro, a gestão do portfólio, avaliar os riscos em diversos aspectos dos negócios em que a Companhia está envolvida, avaliar crédito dos clientes e executar a administração de seguros no Sistema Petrobras.
Terceiriza funções do departamento?
Não.
Quais são os principais desafios do gerente de risco com a volatilidade mundial causada com as incertezas sobre o crédito, o clima e o abastecimento de alimentos?
No caso de uma companhia do tamanho da Petrobras, acho que o maior desafio é estabelecer um fluxo de informações eficiente entre as áreas de negócio, que são efetivamente os gestores dos negócios e dos riscos associados, e a unidade corporativa de gestão de riscos. A atualização e precisão das informações são indispensáveis para que nossas ações produzam os resultados esperados. Também é crítico montar uma equipe bem capacitada e saber comunicar os resultados de análises tecnicamente complexas de forma simples e prática.
A alta administração sempre valorizou a unidade de riscos?
Sempre tivemos grande apoio da diretoria. A unidade foi criada por iniciativa do diretor financeiro da época. A alta administração já era sensível ao gerenciamento de riscos mesmo antes de obrigações legais (SEC e SOX) colocarem o tema em destaque.
Quando a área ganhou maior destaque dentro da petrolífera?
O assunto adquiriu maior relevância com o início do processo de desregulamentação dos preços domésticos, em 1996, e vem crescendo de importância por conta de obrigações legais e conscientização de que tende a ser um diferencial competitivo em empresas de grande porte.
Quais são os riscos mais temidos pelos acionistas?
Considerando os questionamentos que recebemos dos acionistas, os riscos mais temidos são os relacionados aos preços de petróleo e derivados, os que impactam a implementação de grandes projetos (atraso no início de operação de grandes plataformas de produção, por exemplo), e os riscos “regulatórios”, principalmente a preocupação de alterações nas regras de concessão pelos governos para se apropriar de parcela maior dos lucros dos empreendimentos em razão de preços de petróleo elevados ou descoberta de reservas gigantes.
Como avalia que tipo de proteção cada risco necessita?
O tratamento a ser utilizado a cada risco é conseqüência direta da aplicação das orientações da diretoria executiva quanto aos limites de exposição (tolerância ao risco) e os instrumentos admitidos. Essa estrutura de gestão de riscos deve permitir uma decisão imediata de resposta ao risco o mais próximo possível do próprio gestor do negócio que produz o risco. Caso ainda não existam regras formais aprovadas para um risco específico, o risco é discutido na unidade corporativa de riscos para uma análise da resposta mais adequada de maneira integrada com as demais exposições de risco da companhia.
Que tipo de proteções costuma usar para minimizar riscos patrimoniais e financeiros?
Basicamente, os riscos patrimoniais são tratados com seguros e para os riscos financeiros são priorizadas ações estruturais, aproveitando ao máximo o alinhamento de ativos e passivos para que se compensem e minimizem a exposição. Eventualmente, utilizamos derivativos para proteger certas exposições financeiras.
Em que situações o seguro é recomendado como mitigador de risco?
O sistema Petrobras tem por filosofia básica reter riscos em níveis prudentes e compatíveis com sua robustez financeira. O nível de retenção de riscos aceitável, a partir do qual o risco deve ser transferido ao mercado, através da compra de uma cobertura securitária, é determinado por sua diretoria executiva, anualmente, quando da apreciação do Plano Anual de Seguros (PAS).
O que vem a ser o PAS?
O PAS identifica as linhas mestras da política de gerenciamento de risco adotada para garantir e proteger os bens e direitos da Companhia, através de seguros, nele estão especificados os seguros a serem contratados, os limites e franquias.
Quais riscos a Petrobras transfere para seguro?
Os riscos que na eventualidade de sua ocorrência provoquem um impacto financeiro significativo nas suas atividades; que são uma obrigação legal ou uma exigência contratual; ou tem um custo de transferência para seguro inferior à perda esperada. Nos demais casos, a diretoria opta por praticar o auto-seguro. Ainda que a ocorrência de algum evento possa vir a provocar um impacto financeiro, significativo, a prática de auto-seguro poderá ser considerada, também, nos casos em que o seguro tenha uma elevada relação custo / benefício, isto é, quando o custo do seguro for considerado como elevado em relação à proteção proporcionada, dada a probabilidade de ocorrência de sinistro.
Quais as análises de risco que mais demandam a atenção do departamento?
A análise de risco de mercado (commodities e câmbio, principalmente) e seus efeitos no fluxo de caixa da companhia, assim como a análise dos grandes projetos de investimento porque eles requerem conhecimento detalhado das características dos empreendimentos para a modelagem adequada das variáveis que influenciam o retorno em cada caso.
A empresa tem o hábito de consultar o departamento de risco antes de decidir por um novo investimento?
Sim. Na realidade, é procedimento regular submeter para análise de riscos todo investimento que vai ser decidido na Diretoria Executiva, ou seja, qualquer projeto com investimento acima de US$ 25 milhões. Entretanto, é cada vez mais comum os gestores dos projetos nos procurarem para avaliar também os projetos de investimento abaixo deste valor, que são aprovados na própria área de negócio executora.
Que tipo de levantamento é feito?
Em geral, os fatores considerados na análise dos projetos de investimento são as incertezas do valor do investimento, custos operacionais, cronograma de entrada em operação, produção/demanda e preços de insumos e produtos. Eventualmente, outros fatores podem ser considerados, se forem relevantes em projetos específicos, tais como taxa de câmbio, risco de crédito, risco regulatório, etc.
O que mudou no gerenciamento de risco após o acidente com o afundamento da plataforma em 2001?
Imediatamente após o acidente a Petrobras iniciou um conjunto de ações que vieram a constituir o programa denominado PEO – Programa de Excelência Operacional das Unidades Marítimas, cujo objetivo é, além de atuar nas causas prováveis do acidente, permitir que a Petrobras alcance a excelência nas operações marítimas de Exploração & Produção. O PEO possui requisitos que vão além da legislação e das normas ora vigentes, abrangendo as áreas de engenharia de projetos, segurança, estabilidade e lastro, manutenção, operação e recursos humanos.
Quais foram as principais ações tomadas?
Se destacam a revisão das Diretrizes de Projeto de Unidades; revisão da organização do trabalho das Unidades Marítimas de Produção; divulgação interna e externa de todas as causas e ações subseqüentes ao acidente da P-36, tendo como objetivo contribuir para o aprimoramento das práticas internacionais da Indústria de Petróleo; e o aperfeiçoamento dos profissionais de controle de estabilidade e lastro.
Foi difícil receber a indenização?
O dano material foi prontamente indenizado, pela apólice de riscos de petróleo, menos de quatro meses depois do acidente e a responsabilidade civil do Sistema foi coberto, neste caso, pela proteção de P&I que a plataforma tinha e pagou as indenizações. O acidente ressaltou a importância de se ter seguradores e resseguradores sólidos e um broker preparado para oferecer todo o suporte necessário no momento do sinistro.
A Petrobras tem muitas operações internacionais. Como avalia e controla o risco das operações fora do Brasil?
Basicamente, através do custo de capital aplicado para a avaliação dos investimentos. A Petrobras define um custo de capital específico para cada segmento de negócio e para cada país de atuação, levando em conta os riscos do negócio. Esses valores são reavaliados periodicamente pela Diretoria Executiva.
Como tem lidado com os riscos ambientais?
Dentro das práticas industriais mais modernas, a Petrobras criou, em 2000, uma área corporativa de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) com a missão de integrar a saúde ocupacional à segurança e ao meio ambiente, implementar o programa Pégaso, um dos maiores do gênero da indústria mundial de petróleo, e preparar a empresa para os desafios do crescimento.
Qual o objetivo do Pegaso?
Com os investimentos do Pégaso – que, por extenso, significa Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Ocupacional –, a Petrobras deu um salto rumo à excelência nas questões de segurança operacional, meio ambiente e saúde. Foram revisados e modernizados os equipamentos, processos e instalações da companhia, reforçados os planos de contingência e aprimorados os sistemas de gestão de acordo com os mais modernos padrões internacionais.
Essa filosofia abrange todas as operações?
Todas as unidades da Petrobras, no Brasil e no exterior, têm sua estrutura própria de SMS, e a integração de toda essa rede é assegurada por um sistema de governança composto de comitê e subcomitês, com representantes de todas as áreas de negócio, serviços e subsidiárias da companhia. A aplicação desse modelo de gestão tem garantido à Petrobras melhora constante em todos os seus indicadores de SMS.
A mudança climática preocupa o grupo?
Sim, consciente da importância de seu papel com relação à questão da mudança climática, a Petrobras resolveu incluí-la em seu Plano Estratégico 2020 criando um projeto estratégico específico para a área e estabelecendo metas. Em seu Plano Estratégico 2020, a Petrobras expressa claramente sua determinação de minimizar a exposição da companhia aos riscos associados à mudança climática; a reduzir a intensidade de emissão de gases de efeito estufa, tanto nos seus processos quanto na oferta de produtos, e a tornar mais visíveis para a sociedade as ações e resultados obtidos nesta área.
Quais os investimentos feitos nos últimos anos para melhorar a segurança da Petrobras?
A Petrobras está empenhada em atingir padrões de segurança que a coloquem no mesmo patamar das melhores empresas do mundo do setor de óleo e gás. Para isso estabeleceu em seu Plano Estratégico uma meta de Taxa de Freqüência de Acidentados com Afastamento (TFCA) de 0,5 para 2010, incluindo empregados próprios e contratados, o que representa um nível de excelência internacional.
O plano tem atingido os objetivos traçados?
A meta ambiciosa do Plano Estratégico levou a empresa a adotar normas de segurança que ultrapassam as exigências da legislação. Para garantir o alcance desses padrões está em curso o Programa de Segurança do Processo (PSP), que visa implementar, em todas as unidades da companhia, a Política e as Diretrizes Corporativas de segurança, meio ambiente e saúde (SMS). Para conseguir esses objetivos, a Petrobras investe maciçamente em treinamento e equipamentos para reduzir acidentes e melhorar a eficiência de reparação das conseqüências.
O que a Petrobras faz para reduzir a emissão CO2?
A Petrobras investe no aumento da eficiência energética, em redução do gás flaring, em biocombustíveis, em energias alternativas (solar, eólica, térmica, etc.) no desenvolvimento tecnológico de processos e produtos que contribuam para a redução de emissão de gases do efeito estufa e estimula o uso eficiente de combustíveis. Em 2001, por exemplo, a Petrobras lançou o Plano de Otimização do Aproveitamento de Gás (POAG) em 24 plataformas da Bacia de Campos. E graças, entre outras medidas, à instalação e o redimensionamento de compressores e à construção de novos gasodutos marítimos, a companhia conseguiu uma redução significativa na queima de gás natural e, conseqüentemente, nas emissões de CO2 na atmosfera. Outro exemplo é o Programa Interno de Conservação de Energia contribuiu para que a companhia atingisse, em 2006, uma redução de 180 mil toneladas na emissão de gás carbônico equivalente.
Acredita que a abertura do resseguro no Brasil vai exigir mais do gerente de risco? Por quê?
A abertura do mercado de resseguro certamente irá trazer novos desafios ao gerente de riscos. Até o advento da lei, com exceção de preocupação quanto à solvência da seguradora, o risco relativo ao resseguro era virtualmente inexistente, pois o IRB garantia o pagamento do resseguro, ainda que eventuais retrocessionários não viessem a honrar o pagamento. No caso de empresas grandes, como a Petrobras, como o resseguro respondia, por vezes, por mais de 90% do prêmio final, pois a capacidade de retenção das seguradoras era mínima, face ao tamanho do risco, o risco associado com a seguradora era pequeno. A partir de agora, inexiste esta obrigação, e assim, além da preocupação com a solvência da seguradora, que passa a responder pelo pagamento caso não obtenha o pagamento do resseguro, passa a ter de se preocupar, também, com a qualidade do resseguro.
E terão de ter mais informações, não?
O trabalho de levantamento de informações para efeito de seguro aumenta. O nível de exigência de informações dos resseguradores deverá ser maior e demandará maior detalhes. As regulações de sinistros devem ser mais rigorosas e demorar mais, pois os resseguradores internacionais serão, por certo, muito mais rigorosos e exigentes com relação à qualidade das informações que terão de ser fornecidas na regulação.
Acha importante o profissional estar em sincronia com o que acontece no mundo?
Como as inovações do mercado internacional devem começar a serem rapidamente repassadas para o mercado nacional, o gerente de risco terá de se manter, permanentemente, informado dessas inovações para adotá-las no seu plano de gerenciamento de riscos.
As ações da Petrobras estão entre as mais negociadas da Bovespa. Isso aumenta o trabalho do gerente de risco?
O trabalho seria o mesmo se a Petrobras fosse uma companhia de capital fechado. O que aumenta é a responsabilidade de comunicar com clareza e precisão as exposições da companhia por causa do impacto que as informações têm nas decisões dos investidores.
Que conselho daria aos gerentes de risco que, com a abertura do resseguro, terão mais responsabilidades e opções?
Que passem a atuar com maior antecedência no caso das contratações e renovações de seguro e que se preocupem mais com o volume e a qualidade das informações a serem prestadas para as contratações. Além disso, monitorar, permanentemente, a evolução dos níveis de solvência das seguradoras e a qualidade dos resseguradores. Finalmente, acompanhar a evolução do mercado internacional para antecipar os ciclos de mercado e adotar, com maior rapidez, as inovações que possam se traduzir em eficiência na cobertura dos riscos que se deseja mitigar.
Como lida com riscos difíceis de serem segurados, como de reputação, por exemplo?
Administramos esse tipo de risco atuando eficientemente sobre os riscos precursores e nos mantendo preparados para responder com rapidez às conseqüências de eventos nocivos. Dano na reputação é resultado da perda de confiança dos públicos de interesse em reação a eventos que devem ser gerenciados diretamente, tais como qualidade de produtos e serviços, prevenção de acidentes, danos ambientais e fraudes, preocupação com as comunidades afetadas, etc., ou enfrentados prontamente para limitar suas conseqüências.
Que tipo de política tem para dar um conforto maior ao acionista?
A comunicação franca de nossas práticas de gestão.
Acredita que uma boa política de gestão de risco influencia na avaliação dos acionistas?
Certamente. Acredito que a gestão de risco é um componente da gestão dos negócios que tende a se tornar cada vez mais importante como diferencial competitivo entre grandes companhias.
Matéria veiculada na revista Gerencia de Riscos e Seguros, do grupo Mapfre
Furnas Centrais Elétricas, geradora de energia que atende o Sudeste e o Centro-Oeste do País, está envolvida em grandes projetos de investimentos que vão garantir o crescimento sustentável do Brasil. E a área de seguros está envolvida em todos os projetos. Entre os principais está o Projeto Rio Madeira, que contempla a construção da Usina de Santo Antônio e Usina Jirau, as maiores usinas do mundo. Só a Usina Santo Antonio conta com investimentos superiores a R$ 10 bilhões. Sem contar os projetos em que está envolvida dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Carlos Henrique Ribeiro Virgilio de Carvalho, gerente da divisão de seguros de Furnas, Coordenador do Comitê de Gerenciamento de Riscos Seguráveis da Fundação COGE, onde fazem parte 63 empresas do setor elétrico brasileiro, e membro da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR), concedeu a seguinte entrevista a revista Gerencia de Riscos e Seguros, do grupo Mapfre, à jornalista Denise Bueno.
Em quantos projetos dentro do PAC Furnas está envolvida?
Estamos envolvidos com a construção de sete usinas, sendo as principais a Rio Madeira e a Jirau. Duas são totalmente de Furnas e cinco serão construídas em parcerias.
Quem concentrará o gerenciamento de risco de todo este investimento em novos projetos?
O departamento de seguros de Furnas vai participação das discussões sobre seguro em todos os empreendimentos visando formas de mitigar o risco e proteger o patrimônio do acionista.
Em quais projetos o departamento de seguros já está trabalhando?
O Projeto do Rio Madeira é o que tem nos demandado maior trabalho por enquanto. Furnas já discute o projeto há quatro anos e o departamento de seguros passou a fazer parte dos comitês há dois anos.
Estar envolvido no Projeto Madeira é um grande desafio, não?
Sim, é. Ao mesmo tempo em que este desafio é enriquecedor, teremos de empreender um bom tempo no desenho do melhor programa de gerenciamento de risco para garantir a sustentabilidade do projeto.
Pode nos dar uma noção do tamanho deste empreendimento?
Estima-se que a primeira e segunda unidades geradoras, das 44 previstas, devam entrar em funcionamento em dezembro de 2012. A obra empregará até 20 mil trabalhadores diretos no seu momento auge. As turbinas utilizadas em Santo Antônio serão as maiores em potência nominal no mundo: cada uma terá capacidade de gerar 72 megawatts. E tudo isso dará traz um trabalho extra para a equipe de seguros.
Que tipo de trabalho já foi feito pelos técnicos de seguro no Projeto Madeira?
Já trouxemos vários deles para conhecer a obra e o projeto. Eles também visitaram o modelo reduzido da Usina de Santo Antonio, que foi criado no laboratório de Jacarepaguá, no Rio. Algumas exigências foram feitas e várias discussões já tiveram início para conseguirmos coberturas adequadas. Traçaremos conjuntamente um programa de gerenciamento de risco.
Quando estará pronto este programa de seguro?
A previsão é visitar a obra em março de 2009, quando teremos um cenário mais propício para analisar os riscos. A partir do levantamento técnico apresentaremos um plano que será feito em parceria com uma empresa inglesa especializada em gerenciamento de risco. Com este plano, poderemos detalhar o programa de seguros, com riscos, franquias e coberturas necessárias para proteger o patrimônio do acionista.
Qual o principal risco do Projeto Madeira?
Para a Usina Santo Antonio o risco ambiental é um fator importante. Há uma grande aérea desmatada. O risco político também tem um ingrediente a mais, em razão da divisa com países vizinhos, no caso a Bolívia.
Quais são os riscos administrados hoje pelo departamento de seguro de Furnas?
Furnas tem hoje 12 usinas e 48 subestações. Temos também dois laboratórios, um em Goiânia e outro em Jacarepaguá que estão segurados. Também fazemos o seguro de despacho de cargas, seis almoxarifados e quatro escritórios de representação: Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte.
Que tipos de seguros contrata?
Os riscos inerentes à sua atividade operacional, como danos elétricos, explosão e incêndio. Com a recente inclusão de Furnas como empresa participante do PAC, a empresa, ultimamente, também tem lidado com riscos de engenharia, obra civil construção, instalação e montagem e responsabilidade civil geral.
Quais riscos Furnas transfere para seguro e quais assume?
Os riscos transferidos através de seguro, são incêndio, dano elétrico e explosão. Porém, cabe ressaltar que estes riscos não são transferidos em sua totalidade, cabendo a Furnas uma participação através de franquia. Os riscos de responsabilidade civil, ambientais e de vendaval são assumidos pelo grupo no que diz respeito ao patrimônio. Já no Projeto Madeira a política de riscos é diferente.
As linhas de transmissão e barragens estão seguradas?
Não. Para as linhas de transmissão optamos por fazer o gerenciamento de risco.
Por que?
Existe no mercado a cobertura para transmissão, mas optamos por fazer um gerenciamento de risco neste segmento. As quedas de rede são pontuais em função dos ventos. Temos 20 mil quilômetros de linhas de transmissão e esses problemas afetam uma pequena parte. Para fazer o seguro, teríamos de fazer de toda a extensão, gerando um custo elevado.
Há um departamento de gerenciamento de risco?
Furnas não tem um departamento de gerenciamento de riscos. Este trabalho é coordenado pela divisão de seguros, subordinada a Diretoria de Gestão Corporativa, e tem a participação do Comitê de Seguros, composto por representantes de todas as diretorias da empresa.
Como tem conseguido reduzir riscos?
Inicialmente, através de inspeções rotineiras nas áreas operacionais. Estas inspeções geram relatórios de análise de risco onde são identificados e avaliados os riscos inerentes à atividade. Além daqueles que já fazem parte das atividades de Furnas, também são identificados e avaliados outros riscos que, por sua natureza, possam expor os ativos de Furnas. Os relatórios são encaminhados ao Comitê de Seguros e, a partir daí, são traçadas as diretrizes para mitigação dos riscos.
No caso das linhas de transmissão e barragens. O que foi sugerido?
A melhor alternativa foi ter caminhões com equipamentos especializados para levantamento de torre. Assim que há uma queda, ele é acionado e a energia é recomposta rapidamente.
Como Furnas tem lidado com os riscos ambientais?
Furnas possui uma política muito rígida de prevenção ambiental no sentido de mitigar e controlar possíveis danos ambientais. No caso das usinas do Madeira, há uma empresa especializada apenas para estudar este assunto.
Como a sustentabilidade afeta o departamento de seguros?
Em vários aspectos, principalmente porque um risco pode colocar em risco vários aspectos da empresa, tanto financeiro, como de imagem ou operacional. Mas um exemplo prático foi a estréia das American Depositary Receipts (ADR) da Eletrobrás na Bolsa de Nova York (NYSE). Foi formado um comitê em Furnas em razão disto e apólice de riscos operacionais foi solicitada. Como ela contempla aspectos ambientais, foi aceita sem qualquer recomendação.
Como surgem as idéias para prevenção?
As idéias preventivas surgem no decorrer das inspeções de risco e na elaboração dos relatórios que são confeccionados com a participação dos engenheiros de manutenção, de operação, de segurança, além dos técnicos da Divisão de Seguros.
Quais têm sido os resultados obtidos?
Atualmente a empresa conhece mais detalhadamente os riscos aos quais está exposta, bem como as medidas de mitigação adotadas para a redução destes riscos, tanto em sua freqüência como em suas conseqüências. Como resultado, Furmas possui, hoje, a menor taxa de risco dentre as empresas do setor elétrico.
Você conseguiu uma boa negociação em 2008. Como foi negociar num mercado aberto de resseguro?
Para nós foi bom. Conseguimos redução no preço e ampliação das coberturas.
Nosso volume de prêmio no contrato renegociado em agosto de 2007 foi de R$ 15,6 milhões e em 2008 conseguimos reduzir o valor para R$ 11,9 milhões. As coberturas melhoraram bastante e a franquia agregada passou de R$ 40 milhões para R$ 15,5 milhões.
Quais as vantagens da abertura do resseguro?
Entre as principais vantagens temos a chegada de novos produtos, uma melhor qualificação técnica e uma possível redução tarifária com base na inédita concorrência no mercado brasileiro.
Quais são os principais desafios do gerente de risco com a volatilidade mundial causada com as incertezas sobre o crédito e o clima?
O maior desafio é buscar o equilíbrio entre os prováveis aumentos de taxa de seguro e resseguro e as medidas internas do segurado para uma melhor qualificação dos seus riscos buscando melhores preços através de uma retenção, cada vez maior, do risco, assumindo uma franquia maior.
Quais os critérios para contratar resseguro num mercado aberto e diante da crise internacional?
Furnas, na qualidade de grande compradora de seguros, procura estreitar os relacionamentos com todo o mercado, seja com seguradores ou com corretores de resseguro, objetivando uma constante troca de informações e experiências.
Acredita que a crise financeira internacional reverterá este ciclo de contratação de 2008, com preços menores e coberturas ampliadas?
Com certeza. Esperamos para 2009 um mercado bem mais difícil de obter coberturas. Manter os prêmios no mesmo nível de 2008 é um grande sonho.
Matéria veiculada na Revista Gerencia de Riscos e Seguros, editada pelo Grupo Mapfre – 2009
A longevidade é uma conquista interessante. É muito bom saber que estamos vivendo mais. Mas já parou para pensar o que isso significa em termos financeiros? Todos terão de abrir mão do consumo hoje para poupar e garantir qualidade de vida na terceira idade. Claro que investir na saúde ajuda. Principalmente a diminuir
os gastos com remédios e médicos. Mas só isso não basta. “É fundamental fazer uma reserva financeira para a aposentadoria.
Estou me referindo a uma poupança própria, sem considerar o plano de previdência da empresa, a promessa de aposentadoria do governo ou apostar em heranças. Amanhã ninguém sabe se terá o marido, o emprego ou se a empresa existirá. Mas, se poupar, saberá que terá a sua reserva financeira para enfrentar o amanhã”, diz José Roberto Carreta, consultor da Mercer, uma das maiores empresas globais de consultoria em previdência.
Por mais forte que seja o governo, ele não tem capacidade para arcar com os custos da previdência social, que não param de crescer. Os sistemas públicos de previdência no mundo todo já começam a dar sinais de exaustão, inclusive em países desenvolvidos. E a explicação é simples. Enquanto a expectativa de vida aumenta, a natalidade mundial sede pessoas acima de 80 anos. Segundo José Carlos Libânio, cientista social e ex-coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU), nos últimos 75 anos a população de idosos cresceu 11 vezes – de 1,7 milhão para 18,5 milhões de pessoas, ou seja, de 4% para 10% da população total.
No Brasil, um país considerado jovem, a previsão é ter 30 milhões de pessoas acima de 60 anos em 2020 e 64 milhões em 2050. Ou segue um ritmo inverso. Resultado: desequilíbrio no sistema, com poucos contribuindo para pagar benefícios a muitos. O mundo mudou rapidamente. Basta olhar para alguns anos atrás. Antigamente, a média era seis filhos por mulher. Hoje é de 1,8, segundo pesquisa divulgada por Lowell Catlett, professor de economia da Universidade do Estado do Novo México. Hoje, a expectativa de vida do brasileiro é de 68 anos para homens e de 76 para mulheres. No entanto, para quem chega aos 60 anos, a expectativa de viver mais cresce, sendo que as mulheres têm mais 23 anos e os homens outros 19.
Esse cenário mundial exige mudanças para equilibrar o sistema de previdência oficial, que enfrenta problemas de déficit atuarial e financeiro em todo o mundo. Dos 30 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), quase todos executaram mudanças de maior ou menor proporção dos anos 90 para cá, revela estudo da entidade. O aumento da idade mínima para a aposentadoria e o fim do benefício de deixar a renda vitalícia para o cônjuge são os ajustes mais comuns. Até mesmo quem já fez uma reforma, como o Chile, citado como modelo durante os últimos 25 anos, começa a mudar novamente.
O que prova ser arriscado demais depender do governo daqui para a frente. Apesar de a aposentadoria oficial do Brasil ser considerada a mais generosa do mundo, com teto de dez salários mínimos, é bem provável que as regras do jogo mudem até chegar o seu dia de parar de trabalhar. A atual crise financeira veio reforçar essa tese. Muitas empresas enfrentam dificuldades e o número de desempregados não pára de crescer. A OCDE estimou em 20 milhões os empregos perdidos em razão desta crise financeira, iniciada em julho de 2007. Os que mantêm o emprego se submetem a duras negociações com os empregadores sobre redução dos benefícios, numa tentativa de preservar o número de postos de trabalho.
O fundo de previdência é o principal alvo dessas conversas. Bem antes desta crise internacional, as maiores montadoras dos Estados Unidos, como General Motors (GM) e Ford, já enfrentavam sérias dificuldades para competir com as concorrentes japonesas. Tudo começou com o alto custo de mande ter planos de aposentadoria e de saúde dos funcionários. Um cálculo famoso para ilustrar a situação da GM é que ela tem dez aposentados para cada funcionário que contribui para o fundo de pensão.
Em saúde, o rombo é imenso também. Algo próximo a 2 mil dólares da venda de cada carro são usados para pagar despesas com saúde dos funcionários. Os riscos de chegar à melhor idade com poucos recursos, para a vaidade basta: quer manter um corpinho de 30 aos 60 anos? Essa manutenção em um custo fixo mensal alto e por isso requer uma poupança farta. Para aquelas que conquistaram a independência financeira há pouco tempo, basta erguntar: tem alguma velhinha em sua família que precisa da ajuda dos parentes?
“Eu mesmo ajudo minha irmã de 82 anos. Foi professora a vida toda. Tem duas fontes de renda. Somando tudo, dá 2 mil reais por mês. É insuficiente para tudo o que necessita”, conta o consultor de finanças pessoais Willian Eid, da Fundação Getúlio Vargas. Comece a poupar agora para poder unir qualidade com quantidade. Se aposentar com 70% do salário final, é um bom número, diz Carreta, fazendo uma conta simples. Uma pessoa que ganhe hoje 10 mil reais e queira se aposentar com uma renda de 7 mil reais, precisará contribuir com a previdência oficial para receber do governo 3 mil reais e poupar mais 15% da receita mensal por 25 anos para ter uma reserva individual entre 600 mil reais e 800 mil reais, que significará os outros 4 mil reais.
O tempo de acumulação potencializa o investimento, pois faz aumentar o impacto dos juros no capital acumulado. Para quem começa cedo, contribuições mensais de 200 reais já asseguram uma boa perspectiva de rendimento na aposentadoria. Quem deixa para começar mais tarde, terá de aportar uma soma muito maior para ter uma quantia que permita viver a aposentadoria com conforto.
Os consultores têm muitos argumentos para convencer o público feminino a não cair na armadilha das promoções, compras por impulso, de usar as reservas para trocar eletrodomésticos, o apartamento ou abusar do mimo na festa de aniversário da filha. Para muitas mulheres, apelar entanto, podem ser minimizados com a poupança para a previdência privada, um investimento que deve ser compulsório e “imexível”. “Tudo tem um preço. Por isso, é preciso estabelecer prioridades”, diz Fábio Colombo, administrador de investimentos, que atua desde 1979 no mercado financeiro.
A crise traz oportunidades. Parece clichê, mas com o tempo você verá que é realidade. A crise atual não tem prazo para acabar e os próximos meses serão de muita oscilação dos preços das ações. Por isso, o momento é mais indicado para ficar em um porto mais seguro, como títulos de renda fixa. “A rentabilidade dos fundos de renda fixa está elevada e é uma boa opção no momento”, diz Fabiano Vila, gerente da Um Investimento, corretora que acaba de criar um clube de investimentos só para mulheres. Mas, se a taxa de juro está atraleiro são os produtos conhecidos como Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) e Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL). Ambos assemelham-se a fundos de investimentos, mas tem vantagens fiscais.
“A desvantagem fica com as taxas de administração, geralmente mais elevadas do que as praticadas nos fundos tradicionais”, diz Colombo. O mais recomendado é aplicar até 40% de sua poupança total nesses fundos, para não ter de sacar em caso de emergência, já que o Imposto de Renda penaliza quem quiser sacar. “Num momento de crise como este, é preciente para quem tem investimento, está salgada para quem tem dívida. “Não deixe a dívida crescer. O juro do cheque especial em dezembro estava em 174,9% ao ano. Torna-se impagável. É preciso sair correndo das dívidas”, recomenda.
A parcela de investimento destinada à sua aposentadoria tem de ser encarada como compulsória e debitada antes das despesas. O ideal é poupar entre 15% e 20% da renda mensal. Quanto mais poupar, mais confortável será sua situação financeira no futuro.
Hoje os instrumentos disponíveis no mercado financeiro brasileiro são os produtos conhecidos como Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) e o Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL). Ambos assemelham-se a fundos de investimentos, mas tem vantagens fiscais. “A desvantagem fica com as taxas de administração geralmente mais elevadas do que as praticadas nos fundos tradicionais”, diz Colombo. O mais recomendado é aplicar até 40% da poupança nesses fundos, uma vez que há penalidade para quem quiser sacar. “Num momento de crise como este é preciso ser mais conservador e procurar instituições de primeira linha, tradicionais, com boa nota de avaliação para aportar seus recursos”, recomenda Colombo.
Considere a diversificação. O mais indicado é começar com a caderneta de poupança, que não cobra taxas e é isenta de imposto de renda. Com recursos acima de 5 mil reais, já é possível negociar taxas menores nos fundos de investimentos. Outros produtos financeiros, como títulos do Tesouro e ações também são recomendados para diversificar o portfolio. A partir do acúmulo de 24 salários em ativos líquidos é possível partir para aplicações de menor liquidez, mais difíceis de serem resgatados em momentos inadequados.
Fique atenta para não ser obrigada a abrir mão do hábito de poupar. Se a despesa aumentou e a renda permaneceu inalterada, a saída é cortar custos. A mesma receita utilizada para perder peso: quanto mais se come, mais precisará se exercitar para manter o peso. Uma fórmula simples para manter a parcela da previdência é se organizar e colocar suas despesas dentro do ABCD: A de alimentos, B de básicos, C de contornável e D de dispensável, sugere Eid.
Comece a cortar os dispensáveis. Se não for suficiente, parta para os contornáveis. Se tiver de partir para os básicos, reduza a quantidade. Se tiver de chegar até os alimentos, resta optar por ter uma qualidade menor até passar a crise. Para aqueles que perderam o emprego ou tiveram o salário reduzido, a receita é a mesma para que use o menos possível da poupança acumulada. Assim, sua previdência estará muito mais garantida. Afinal, só rezar não basta. É preciso unir a previdência com a providência para manter aquele corpo de 30 aos 60.
Matéria veiculada na revista Elas&Lucros, número 3/2009
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