Prevenção é essencial para fortalecer a resiliência do Brasil e mitigar eventos climáticos extremos

Por Juliana Alves, Market Head Brazil & Southern Cone da Swiss Re Resseguros

O aumento da frequência e severidade de eventos climáticos extremos exige uma mudança na forma como protegemos nossos bens, propriedades e economias. A construção de infraestrutura resiliente, aliada ao uso estratégico de seguros e ao suporte do resseguro, são pilares fundamentais para enfrentar esses desafios.

O Brasil, assim como outras nações, tem enfrentado eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, tempestades severas, deslizamentos de terra, alagamentos e ondas de calor recordes. Diante desse cenário, torna-se imperativo adotar medidas de prevenção e mitigação de riscos.

Investir em infraestrutura adequada pode reduzir significativamente os danos causados por inundações e outros eventos climáticos extremos. Medidas de proteção, como diques, represas e sistemas de drenagem eficientes, têm um custo inicial elevado, mas podem evitar prejuízos até dez vezes superiores aos custos de reconstrução.

Um estudo do Swiss Re Institute estima que as perdas seguradas globais por catástrofes naturais podem chegar a 145 bilhões de dólares em 2025, impulsionadas principalmente por riscos secundários, como tempestades severas, enchentes e incêndios florestais. Em anos de pico, quando furacões ou terremotos atingem áreas densamente povoadas, essas perdas podem ultrapassar 300 bilhões de dólares. Esse cenário reforça o papel estratégico da prevenção e da adaptação.

É imprescindível que as soluções sejam adaptadas às particularidades de cada país e região. No Brasil, por exemplo, o litoral requer projetos para conter a erosão costeira e reforçar portos diante de ventos extremos e da ação das marés. Em áreas urbanas vulneráveis, deve-se priorizar estratégias para mitigar os impactos de enchentes e ondas de calor, protegendo infraestruturas críticas e evitando o deslocamento forçado de pessoas.

Proprietários de imóveis e empresários também podem tomar medidas para reforçar a segurança, como investir em materiais resistentes, melhorar sistemas de drenagem e reforçar estruturas vulneráveis. Essas ações reduzem riscos econômicos, salvam vidas e fortalecem comunidades diante de eventos climáticos.

A indústria de seguros e resseguros tem um papel central no apoio a esses esforços em três frentes principais: fornecimento de dados e análises de risco, orientando tanto proprietários quanto gestores públicos na prevenção de perdas; viabilização de investimentos em resiliência climática por meio de proteção financeira, assegurando que projetos sejam executados no prazo e dentro do orçamento; e transferência de riscos residuais — que não podem ser totalmente mitigados —, apoiando a recuperação econômica após catástrofes.

O capital global das resseguradoras está estimado em 500 bilhões de dólares, atuando como um amortecedor essencial em anos críticos. Além de absorver grandes choques, essas empresas fornecem análises e dados fundamentais para o planejamento urbano, o desenvolvimento de infraestrutura e a formulação de políticas públicas.

No Brasil, um exemplo de colaboração público-privada é o Fundo Catástrofe, criado para garantir cobertura financeira a eventos climáticos extremos. No entanto, ainda é necessário avançar na modernização das estratégias de resiliência. Grande parte das infraestruturas de defesa contra enchentes no país foi construída há mais de 50 anos e se aproxima do fim de sua vida útil. Sem investimentos robustos na modernização desses sistemas, comunidades continuarão expostas, colocando vidas, meios de subsistência e a estabilidade econômica em risco.

Em resumo, fortalecer a resiliência a eventos climáticos exige uma mudança profunda na forma como construímos e protegemos nossos espaços e sociedades. Não podemos mais reagir apenas após a ocorrência de um desastre. É necessário adotar uma postura proativa, integrando a prevenção e a adaptação como pilares centrais do planejamento.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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