Rafaela Barreda assume Fenaber com foco no fortalecimento do resseguro

Nova presidente quer ampliar a atuação institucional, promover inovação e aproximar o setor das discussões regulatórias e de desenvolvimento econômico

Rafaela Barreda inicia seu mandato à frente da Fenaber (Federação Nacional das Resseguradoras) em um momento decisivo para o mercado brasileiro. Com a sanção recente do novo Marco Legal do Seguro e o crescimento da atividade resseguradora, o setor passa por um ciclo de transformação regulatória e aumento de desafios, como riscos climáticos e geopolíticos.

Além de liderar a federação que reúne 26 entidades do setor, Rafaela acumula a representação do Lloyd’s no Brasil, trazendo uma bagagem internacional que ela acredita ser essencial para enriquecer o setor de resseguros no Brasil. A seguir, ela fala das prioridades e desafios para este novo ciclo.

Quais são as suas principais metas à frente da Fenaber nesse novo ciclo, especialmente em um momento de modernização regulatória e de crescimento da atividade resseguradora no país?

Minhas principais metas incluem fortalecer a posição da Fenaber como ponto focal técnico sobre assuntos de resseguros, contribuir ativamente na melhoria regulatória, promover a inovação e garantir que nossas associadas estejam bem informadas para aproveitar as oportunidades e contribuir com o crescimento do setor de seguros brasileiros. Meu papel será de promover e conectar pessoas, empresas, instituições e setor público, disseminando a cultura de gerenciamento e transferência de risco e fomentar educação e capacitação profissional para acompanhar as mudanças do mercado. Somos 26 entidades com diferentes apetites comerciais e linhas de atuação, e portanto, concentramos uma grande gama de conhecimento e experiência. Eu vejo como um grande desafio e estou muito honrada com o apoio de nossas associadas, mas também animada com a possibilidade de dar minha contribuição. Se tem uma coisa que gosto de fazer é construir relações.

A recente sanção do novo Marco Legal do Seguro traz mudanças relevantes para o setor. Como a Fenaber pretende contribuir para a regulamentação da nova lei no que tange à atividade resseguradora?

A Fenaber sempre esteve comprometida em colaborar com a Susep e outras entidades reguladoras. Desde sua criação, este é um dos principais objetivos como Federação. Estabelecer um canal de comunicação diretamente com o setor de resseguro. Sabemos que a regulamentação da nova lei traz um grande desafio operacional para o órgão regulador, que além de suas funções rotineiras de supervisão do mercado, terá que revisar e atualizar uma grande parte do arcabouço de normas, mas esperamos que a nova regulamentação seja clara e benéfica para todos os envolvidos. Pretendemos participar ativamente das consultas públicas e oferecer nossa experiência para ajudar a moldar um ambiente regulatório que promova a estabilidade e o crescimento do setor de seguros e resseguros.

Quais são hoje os principais desafios enfrentados pelas resseguradoras locais e estrangeiras no Brasil? A questão da concorrência internacional segue sendo uma preocupação?

Sem dúvida, o principal desafio agora é a adaptação à nova lei e novas regulamentações. Combinado a isso, temos a gestão de riscos em um cenário de mudanças climáticas, geopolíticas e riscos emergentes como cibernético e inteligência artificial. Como atividade de multi fronteiras, o setor de resseguro não pode ter uma visão fixa e sim de 360 graus. Essa é a beleza do conceito de dispersão ou disseminação de risco. Concorrência é sempre saudável para o desenvolvimento econômico e uma excelente oportunidade para que o mercado local seja cada dia mais eficiente e inovador. Exigências regulatórias e tributárias diferentes entre países trazem impactos e desafios. Qualquer indústria no Brasil, não só o resseguro, que concorra com atividades desenvolvidas por empresas situadas em outros países estão sujeitas a um desequilíbrio concorrencial. Temos que ter políticas públicas que incentivem e proporcionem o desenvolvimento da atividade local. A criação de barreiras de acesso internacional, nos afasta do desenvolvimento e inovação.

Como a Fenaber avalia a atual regulação da Susep em relação à atividade de resseguro? Há pontos que precisam de atualização ou aprimoramento?

A Fenaber reconhece os esforços da Susep em modernizar a regulação do setor e está sempre à disposição para contribuir em áreas que podem ser aprimoradas, buscando simplificação de processos e redução de burocracias. Estamos em constante diálogo com a Susep para identificar e sugerir melhorias que beneficiem o mercado como um todo.

O setor de resseguro tem papel fundamental diante dos riscos climáticos, catástrofes naturais e grandes riscos industriais. Como a Fenaber pretende atuar na promoção de soluções e produtos mais adequados a essas novas demandas?

O setor de resseguro é a continuidade do setor de seguros. Estamos focados em fortalecer o mercado primário, promovendo inovação e o desenvolvimento de soluções que atendam às necessidades emergentes, como seguros para riscos climáticos e catástrofes naturais. Diversas associadas da Fenaber investem em tecnologias avançadas e colaboram com especialistas para criar soluções eficazes e sustentáveis.

Com o crescimento de temas como ESG, resiliência e sustentabilidade, qual deve ser o papel estratégico do resseguro na agenda de futuro do mercado segurador brasileiro?

O resseguro deve desempenhar um papel central de construção de resiliência, ajudando com práticas de mitigação de riscos ambientais e sociais, incentivando a sustentabilidade e dando suporte aos entes públicos com compartilhamento de dados e conhecimento sobre eventos anteriores. A necessidade de manter reservas financeiras maiores para cobrir esses danos também pressiona as margens de lucro do setor segurador. O mercado de resseguro tem um papel importante na sustentabilidade dos resultados financeiros do mercado primário.

Você é também a representante do Lloyd’s no Brasil. De que forma essa experiência internacional pode enriquecer sua gestão na Fenaber e contribuir para o fortalecimento do resseguro no país?

Minha experiência com o Mercado do Lloyd’s me permite trazer essa perspectiva de congregar diferentes participantes do mercado, para um propósito único, que é através da Fenaber difundir as melhores práticas, sejam nacionais ou internacionais, para uma atividade de excelência do setor. Isso inclui a implementação de padrões elevados de governança, inovação em produtos e processos, e a promoção de uma cultura de gestão de riscos robusta.

Como a Fenaber pretende ampliar o diálogo institucional com o governo, com reguladores e com o Congresso Nacional para consolidar o papel do resseguro no desenvolvimento econômico e social do Brasil?

A Fenaber está empenhada em manter um diálogo aberto e construtivo com todas as partes interessadas.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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