Relatório Resseguros: níveis de capital de resseguros estão se recuperando

Relatório da Guy Carpenter projeta três tendências internacionais 

As renovações dos programas norte-americanos de primeiro de janeiro, apresentaram uma melhora do capital disponível, com alguma contenção da subida de preços e condições comerciais mais equilibradas, proporcionando as companhias cedentes melhores oportunidades de atingirem seus objetivos.

Os níveis de capital estão se recuperando, impulsionado por fortes resultados de subscrição, ganhos de investimento e pela ausência de perdas significativas relativas à marcação a mercado. O capital dedicado total em 2023 aumentou 10% em relação ao final do ano de 2022 (antes do ajuste de renda fixa que ocorreu em 2023). O capital tradicional aumentou 12% em relação ao final do ano de 2022, enquanto o capital alternativo aumentou 3,7%, para 100 bilhões de dólares.

Neste cenário, de acordo com relatório da corretora de resseguros Guy Carpenter, três tendências internacionais se destacam:

  • Os investidores estão evitando novas startups de ramos tradicionais de resseguros devido a fatores que incluem necessidade de um projeto com diferencial, custos de agência e atratividade relativa de outros investimentos (por exemplo, rendimento de 10 anos do Tesouro dos EUA ~4%);
  • Os investidores podem obter mais acesso direto do que nunca à subscrição de riscos de resseguro através de cat bonds (agora incluindo riscos cibernéticos), sidecars e soluções estruturadas (incluindo vida);
  • A maior liquidez de mercado nestas classes também permitiu uma melhor descoberta de preços, reforçando ainda mais a liquidez e a proposta de investimento do capital de resseguro alternativo;

Após a queda relativa na capacidade observada durante o ano de 2023, quando o crescimento da procura ultrapassou o crescimento da oferta, as renovações de primeiro de janeiro de 2024 assistiram a um regresso ao aumento do apoio ao resseguro.

Os níveis médios de colocação aumentaram de 105% em primeiro de janeiro de 2023 para 109% em 1º de janeiro de 2024.  Ainda foi observada alguma perda de capacidade das resseguradoras existentes e a redução de alguma capacidade aérea (Air Capacity), mas numa escala muito menor do que em 2023. Num programa médio em janeiro de 2023, era necessário entregar 4% de nova capacidade para atingir a média do mercado, mas nas renovações de janeiro de 2024, a capacidade adicional média entregue foi de aproximadamente 9%.

“Em uma temporada de renovações complexas, a maioria das colocações foi concluída nos termos desejados pelo cliente, mas isso exigiu ajustes consideráveis no preço e na estrutura proposta pelo mercado. No entanto após extensivas negociações, conseguiu-se flexibilidade e cobertura para quase totalidade dos riscos ofertados”, diz Pedro Farme, CEO da Guy Carpenter no Brasil.

Resseguros no Brasil

O relatório da corretora de resseguros também detalha resultados do mercado brasileiro, que encerrou o ano de 2023 com R$ 25,1 bilhões em prêmios brutos de comissão, 8,8% maior que o ano anterior. Com o volume de sinistros pagos totalizando R$13,6 bilhões, uma diminuição de aproximadamente 21%, o resultado operacional registrou crescimento de 96%, fechando o ano com R$ 11,5 bilhões.

Os sinistros ligados as coberturas do agronegócio apresentaram um ano de queda na sinistralidade, saindo de 43% para 17% dos sinistros de resseguro totais, ficando atrás apenas do ramo de riscos patrimoniais, que terminou com 24% do total. Por outro lado, o ramo que chamou atenção foi o de Responsabilidade Civil, que registrou um aumento de quatro vezes na recuperação de sinistros comparando, com o ano de 2022, de acordo com a Guy Carpenter, um dos negócios da Marsh McLennan.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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