Cresce interesse de resseguradoras por risco cibernético na América Latina, revela estudo da Marsh

Preços dos seguros de linhas financeiras e profissionais são reduzidos pela primeira vez em 26 trimestres

Os preços dos seguros comerciais na América Latina aumentaram 8% no quarto trimestre de 2023, em comparação com os 10% do trimestre anterior e contra um 2% no nível global, segundo o estudo Índice do Mercado de Seguros Globais publicado pela Marsh, líder global em corretagem de seguros e consultoria de riscos, um dos negócios da Marsh McLennan. Este é o vigésimo quarto trimestre consecutivo no qual se observa um aumento nos preços dos seguros comerciais.

O risco cibernético é um dos destaques. O estudo revela que o interesse dos resseguradores no seguro cibernético está crescendo na América Latina, de modo que as taxas aumentaram apenas 3%, traz o estudo da corretora Marsh. É o que revela oOs autores afirmam que há um interesse crescente por parte dos resseguradores, especialmente do Reino Unido, em compreender melhor a região da América Latina. Isso permite uma melhor negociação das condições técnicas e a possibilidade de limites mais elevados.

De acordo com o estudo, a maioria dos clientes experimentou aumentos nas tarifas. As empresas consideradas pelas seguradoras como tendo bons controles de segurança cibernética e políticas de gestão de risco, em linhas gerais registraram aumentos menores.

“Num momento de grande incerteza econômica global, os clientes valorizarão a estabilidade nas taxas de seguros, especialmente no que diz respeito às exposições de ativos físicos. Além disso, há uma maior concorrência entre as seguradoras por riscos bem gerenciados. Dado que o ano de 2024 apresenta desafios geopolíticos e econômicos significativos, estamos trabalhando em estreita colaboração com os nossos clientes e parceiros de negócios, para desenvolver soluções que lhes permitam ser mais resilientes diante dos acontecimentos globais e a tirar partido da melhoria constante das condições de mercado”, afirma Ernesto Díaz, Líder de Placement da Marsh Latin America. 

De acordo com Maria Eduarda Araujo, diretora de Placement da Marsh Brasil, o setor de seguros está passando por uma mudança em direção a um mercado mais favorável para a maioria das linhas de negócio. “Como resultado, as principais seguradoras estão ajustando suas estratégias e demonstrando maior interesse e apetite por riscos que apresentam uma cultura de seguros bem desenvolvida e resultados satisfatórios. Adaptar-se ao cenário em constante mudança e adotar estratégias que priorizem a gestão de riscos, excelência no serviço e soluções centradas no cliente serão fundamentais para alcançar o sucesso nesse ambiente altamente competitivo.”

Na América Latina, o relatório destaca que os seguros patrimoniais aumentaram em 6%, em comparação com os 8% do trimestre anterior, mostrando o primeiro decréscimo em 20 trimestres da série histórica do relatório. No Brasil, as seguradoras reduziram a capacidade para riscos com limites elevados e registros de perdas.

No Chile, o aumento da concorrência entre as seguradoras levou a reduções nas taxas em alguns setores empresariais, como hotéis, construção e universidades. No México, as seguradoras continuaram a avaliar as taxas de exposição a catástrofes (CAT) após o furacão de categoria 5 que atingiu Acapulco no final de outubro de 2023.

Já os preços dos seguros de responsabilidade civil aumentaram 11% no terceiro trimestre, em comparação com 15% no trimestre anterior. Os aumentos da responsabilidade civil no setor automotivo foram decorrentes da inflação e do aumento de acidentes e furtos. “As organizações de risco que exigem capacidade facultativa ou diferentes estruturas de subscrição de seguros também registaram uma ligeira redução nas taxas devido à participação de seguradoras internacionais, novas capacidades de resseguro e concorrência local”, comentam os autores em nota enviada à imprensa.

Quanto aos preços dos seguros de linhas financeiras e profissionais, o estudo identificou queda de 2%. “A diminuição deve-se em parte ao aumento da concorrência entre as seguradoras por share de mercado, bem como à entrada de novas oportunidades no mercado. Observou-se uma mudança notável por parte das seguradoras em termos de interesse em subscrição para cobrir riscos geopolíticos, tecnológicos e ESG”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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