“Zurich startup since 1872”. Este é o título do livro digital que marca a comemoração dos 150 anos do grupo suíço. “Foram duas guerras mundiais, duas pandemias, várias guerras civis e um contexto de transformação cultural e tecnológica. O grupo não só sobreviveu como se transformou e se adaptou”, comemora Edson Franco, CEO da Zurich Brasil, em encontro com jornalistas na sede de São Paulo.
E o Brasil foi bem representado na festa realizada em Zurique, com o concerto Amazonia, com a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (OJESP). País estratégico para o grupo suíço, a filiam brasileira é a quarta maior do ranking, sem considerar saúde, capitalização e DPVAT. Os investimentos aqui se destacam, como a compra da seguradora Minas Brasil, na joint venture com o banco Santander e outras milhares de reais em parcerias de canais de distribuição. Hoje é a maior operação da Zurich na América Latina, onde o grupo está presente em outros países há mais de 60 anos.
Se depender da subsidiária brasileira, o grupo terá muitos motivos para comemorações nos próximos anos. Franco afirma que a seguradora está munida com ferramentas e capacidade de distribuição no que ele classifica como “state-of-the-arts (algo que é bastante avançado e moderno em termos de tecnologia). “A nossa grande alavanca de crescimento orgânico nos próximos três anos é principalmente no varejo tradicional, com seguro automóvel, residencial e, principalmente, no seguro de vida para pequenas e médias empresas”, conta Franco.
“Hoje as pequenas e médias empresas já representam 30% do portfolio e a minha meta é dobrar informou Rodrigo Barros, diretor executivo de Vida, Previdência e Capitalização. Segundo Barros, o mundo do pequeno e médio empresário é complexo. “Fizemos um estudo amplo juntamente com uma consultoria e agora iniciaremos uma jornada junto aos corretores para entender mais este mundo para fazer ofertas diferenciadas, começando pelo seguro de vida”, pontuou.
Márcio Benevides, diretor executivo de distribuição, tem o olhar de mais longo prazo. “Temos hoje 9 mil corretores ativos e queremos ter 15 mil corretores nos próximos cinco anos. Investimos em plataformas e treinamento para empoderar o corretor de seguros para que ele seja o protagonista do crescimento de vendas de seguros no Brasil. Existe ainda um grande gap de proteção securitária no país e os corretores têm papel central na educação financeira dos brasileiros”, disse. Com foco no crescimento em outras regiões, a seguradora já ampliou sua presença para mais estados. A expansão é feita por meio de assessorias que dão suporte comercial aos corretores. “Este modelo é fundamental para dar amplitude comercial aos nossos parceiros. As assessorias complementam nossa rede de 27 filiais físicas”.
Uma novidade para 2023 em grandes riscos é disponibilizar aos clientes locais um serviço lançado em 2021 pela matriz e disponível para alguns países, conta José Bailone, diretor executivo de seguros corporativos e de subscrição de ramos elementares. Trata-se de uma unidade de serviços de resiliência com 800 engenheiros de risco trabalhando em 40 países para ajudar as empresas a avaliar e mitigar seus riscos. Em razão da intensificação da frequência e gravidade das tempestades, este serviço é tido como um fator-chave para a adoção de medidas de resiliência entre as empresas.
Um case relatado em uma matéria do jornal inglês Financial Times conta que um dos clientes de Zurich é a montadora Audi, cuja fábrica de Neckarsulm, no sudoeste da Alemanha. Em 2016, ela foi atingida pelas chuvas torrenciais que atingiram a Europa, enviando lama e água para dentro da fábrica, danificando equipamentos e interrompendo a produção. A Audi então trabalhou com os engenheiros de risco de Zurich, bem como autoridades locais, serviços de emergência e outras partes interessadas para fortalecer as defesas da planta e da área circundante, incluindo a instalação de novas bacias de retenção. No ano passado, quando as chuvas intensas castigaram novamente a Alemanha, a fábrica estava pronta. Alertados por um sistema de alerta precoce, os trabalhadores se uniram aos serviços de emergência para inflar longas barreiras cheias de água ao redor da instalação. Graças às contramedidas, a conta final do reparo ficou mais leve e a produção não precisou parar.
Exemplos como este mostram o quanto as práticas ESG norteiam o grupo. Fábio Leme, que se juntou ao time Zurich neste ano como diretor executivo de Personal Lines, Marketing e Comunicação, destacou o comprometimento do grupo suíço com o planeta. “A ambição da Zurich é ser uma das empresas mais responsáveis e de maior impacto no planeta. Estamos comprometidos em várias iniciativas e nos empenhamos em ajudar nossos clientes e parceiros na transição para uma nova economia de baixo carbono, por meio de gestão de riscos e desenvolvimento de seguros, coberturas complementares, produtos de investimentos e serviços de consultoria que os apoiem em suas práticas ambientais, sociais e econômicas”, afirma.
Em relação a “ir a compras no Brasil”, Franco afirmou que faz uma gestão ativa deste assunto, principalmente com foco em parceiros de distribuição. “Temos mais de 100 parceiros e seguimos investimos muito em plataformas para que possamos democratizar a oferta de seguros por meio dos pequenos e médios varejistas, que ainda não têm produtos do setor como uma fonte de renda. Levar o seguro aos consumidores por meio do varejo, dos bancos digitais e das fintechs, sempre com a intermediação dos corretores, é um item importante em nossa estratégica de diversificação. Somos cada vez mais uma empresa de ecossistema e queremos crescer mais nos canais digitais. Neste modelo de distribuição, parcerias com startups e empresas da nova economia se somam as alianças com o varejo tradicional, abrindo novas oportunidades”, avalia o executivo.