Conheça os 3 empreendedores brasileiros que concorrem na 5ª edição dos Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social

A final premiará três vencedores, um de cada categoria, com o valor de 40 mil euros e sessões de coaching para o desenvolvimento de suas propostas de forma mais eficiente

Um cão robô para guiar cegos, uma plataforma que conecta jovens interessados em assessorar profissionais 50+ em temas digitais e um aplicativo que traz inclusão aos pacientes com epilepsia ao prever com antecedência suas crises. Três propostas com enfoque totalmente social são finalistas da 5ª edição dos Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social. “Tenho muito orgulho em ajudar na promoção desta premiação, que apoia iniciativas que melhoram a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo, impulsionando o crescimento do ecossistema de inovação social”, comentou Fátima Lima, representante da Fundación MAPFRE no Brasil. 

A premiação é voltada a empreendedores, escolas de negócios, cientistas, pesquisadores, estudantes e professores universitários. Nesta edição, 221 projetos foram inscritos, divididos em três regiões (Brasil, demais países da América Latina e Europa) e três categorias (Economia sênior; Prevenção e Mobilidade; Melhoria da saúde e Tecnologia digital – e-health). O Brasil participou com 69 trabalhos.. 

Os três vencedores (1 por categoria) serão conhecidos em maio e receberão o valor de 40 mil euros cada, além de coaching e um plano de relações públicas para aumentar a visibilidade de seus projetos para potenciais investidores e financiadores. Veja o vídeo

Conheça os três finalistas brasileiros que participarão desta premiação internacional: 

Epistemic, categoria Melhoria da saúde e Tecnologia digital (e-Health)

A engenheira eletrônica Paula Gomez, CEO da Epistemic, acostumada a apresentar projetos e a ganhar prêmios, diz que está com frio na barriga quando pensa na viagem para participar da final  da 5ª edição dos Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social, em Madri. “Ter o nosso trabalho reconhecido não apenas pela qualidade, mas como uma inovação social, em um prêmio tão sólido, é muito gratificante”, comentou.

Depois de ter realizado vários projetos em sua carreira profissional, Paula buscava uma boa ideia para empreender algo solo. Foi quando sua mãe, cientista, que sempre contava umas coisas que pareciam malucas, segundo ela, falou sobre uma pesquisa que detectava anomalias nos sinais de eletroencefalograma de pacientes com epilepsia. Ao ouvir a descoberta da mãe, Paula sugeriu prever a crise minutos antes dela ocorrer. “Joguei o desafio e ela agarrou. Foi quando eu vi que o projeto tinha grande potencial de realmente melhorar a vida dos pacientes e seus familiares”.

Foi assim que surgir a startup, de São Paulo, que durante 10 anos desenvolve um sistema com três elementos: um app diário no qual o paciente relata, de forma simples e intuitiva, seu dia e crises; uma plataforma web para o médico poder visualizar todas as informações do seu paciente e poder correlacionar possíveis gatilhos de suas crises; e um dispositivo para ser utilizado na cabeça capaz de prever crises epiléticas, avisando o paciente e seu cuidador ou responsável meia hora antes dela acontecer. 

“Iniciamos em 2022 o final dessa jornada. Entraremos logo na fase de testes clínicos, para, depois disso, disponibilizar o produto ao mercado. Sabendo quando uma crise está por vir, pacientes podem realizar atividades que hoje são consideradas perigosas, como dirigir, por exemplo. Notificados pelo aplicativo, eles podem parar o que estão fazendo e evitar complicações”, explica.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia é a mais comum e a mais grave dentre as condições neurológicas crônicas. São mais de 65 milhões de pessoas com epilepsia no mundo, das quais 80% residem em países em desenvolvimento, informa Paula. “Apesar de existirem medicamentos e cirurgias, estes não têm efeito para um terço dos pacientes. Estes pacientes se beneficiariam muito com um aviso de uma crise ainda por vir. Até hoje não existe nenhum dispositivo que consiga prever crises epilépticas. No Brasil, há apenas um relógio que avisa que a crise está acontecendo”, finaliza. 

Lysa Cão Guia Robô, categoria Prevenção e Mobilidade

Robôs se tornam cada vez mais comuns no dia a dia da sociedade. Mas um promete ganhar o coração de todos a partir de 2022: “Com a Lysa Cão Guia Robô queremos dar mais autonomia e esperança para deficientes visuais, para que possam frequentar espaços e se locomover com segurança”, afirma Neide Sellin, CEO e fundadora da Vixsystem. A robô conta com tecnologia de ponta e Inteligência Artificial para o mapeamento de ambientes diversos, possibilitando uma maior independência por parte dos deficientes. Desde fevereiro 23 deles começaram a passear em locais fechados como escolas, empresas, shoppings e aeroportos pelo Brasil afora.

Criada no Espírito Santo, 2016, a robô é o viés econômico da startup Vixsystem. A ideia surgiu em 2014 quando a professora de robótica trabalhava em um projeto. “Tínhamos de fazer um cachorro robô e eu quis fazer algo que tivesse uma função social. Perguntei a uma aluna cega da escola sobre seus desafios diários e comecei a desenvolvê-la com base nisso”, conta. 

A robô é equipada com dois motores e cinco sensores simultâneos aos passos, e leva o “dono” ao local solicitado, como uma loja, praça de alimentação ou a ambientes dentro de casa ou do escritório. Além da detecção do objeto e obstáculos à frente, a máquina faz cálculos de profundidade e consegue informar o objeto que está na frente do usuário, evitando riscos de colisão. Com bateria recarregável, Lysa tem funções semelhantes às de um cão-guia convencional.

Um grande desafio é adaptar a Lysa para ambientes externos. “Faltam calçadas adequadas, o que nos motiva a engajar a sociedade em um movimento em prol da mobilidade urbana. Paralelamente, estamos trabalhando para aprimorar a tecnologia de navegação GPS para que possam ser usadas em ruas”, conta a professora de robótica capixada, que se tornou referência mundial ao ter sua startup entre as 12 selecionadas no Slingshot 2021, um dos maiores eventos de inovação do mundo, em Singapura. 

Segundo ela, participar da premiação da Fundación MAPFRE é um grande privilégio. “Estamos muito entusiasmados com os benefícios da mentoria que recebemos e com a oportunidade de estar entre os escolhidos de tão relevante iniciativa de inovação que inclui o Brasil e outros países. Espero conseguir mais visibilidade de apoio para que a tecnologia seja implantada em outros lugares do mundo”, afirma. 

Segundo a World Blind Union (WBU), existem 253 milhões de pessoas em todo o mundo que são cegas ou parcialmente cegas. “Uma tecnologia inovadora como a Lysa fará o mundo enxergar a pessoa com deficiência visual de outra forma e a indicação aos prêmios potencializa ainda mais o alcance do projeto”. 

Mais Vívida, categoria Economia Sênior

Mais de 400 pessoas, entre 60 e 99 anos, passaram o período da pandemia mais conectados graças a startup Mais Vivida. Com atendimentos humanizados e benefícios gerados pelo encontro de gerações, a plataforma tem o objetivo de ensinar e estimular cognitivamente pessoas 50+, proporcionando independência e empoderamento.  “Devidamente treinados e remunerados, os anjos realizam atividades que facilitam a vida dos sêniores, como ensinar a usar as redes sociais, fazer compras, experimentar jogos que estimulam a mente e realizar passeios culturais ou ao ar livre”, conta a CEO e cofundadora Viviane Palladino.

Antes da pandemia os atendimentos eram 100% presenciais. Agora, 99% virtuais. Graças a agilidade com que ela e os sócios se adaptaram a um novo cenário. “Passamos a atender gratuitamente e online. Foi um aprendizado e tanto”, conta. Além de ter uma pessoa para conversar, os mais vividos têm um professor para ampliar o contato com o mundo por meio do celular. Entre os cinco temais mais demandados pelos mais vividos estão como usar o WhatsApp, redes sociais, como Facebook e Instagram, instalar aplicativos de delivery, organizar fotos e contatos no celular e dicas de segurança para evitar cair em fraudes ou ser clonados. 

Os anjos, cerca de 55 pessoas com repertório para construir ideias e vínculos, são remunerados para estimular engajamento maior do que o obtido com voluntários. Muitas vezes o encontro, que dura cerca de 1 hora no virtual e 1h30 no presencial, é o evento da semana para os sêniores, que cumprem todo um ritual para receber visita, com fazer bolo, chá, se arrumar. E furar um compromisso com eles é muito desapontador. O valor por atendimento vai de R$ 25 a R$ 40 reais. O perfil de quem se cadastra na plataforma como voluntário é bem variado.  

“Acreditamos que a educação formal não é a única forma de aprendizado existente – principalmente para o público mais experiente. Nosso papel é devolver toda a potência e autoconfiança que existe nas pessoas mais vividas e, consequentemente, mudar o olhar que as pessoas têm em relação ao idoso hoje em dia. Trabalhar com impacto social no Brasil é muito gratificante”, explica. 

A startup recebeu uma primeira rodada de investimento, de R$ 150 mil, do fundo de investimento Bossa Nova. Em fevereiro, uma nova rodada foi aberta para captar recursos para desenvolver mais recursos dentro do aplicativo, onde o atendido encontra uma pessoa para ajudá-lo. “O projeto envolve fazer toda a comunicação dentro do aplicativo, como as chamadas de vídeo, de forma instantânea”, conta. 

A Mais Vivida também se prepara para atender empresas interessadas em engajar o público nos canais digitais. Muitas marcas passaram a colocar os mais vividos no centro da estratégia. “Nós podemos ser um elo nesta jornada pelo conhecimento adquirido com a plataforma”, afirma. Segundo ela, há uma série de desafios a serem solucionados – e muitos obstáculos também. “Mas estar entre os finalistas da 5ª edição dos Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social mostra que estamos no caminho certo”, finaliza. 

Fundación MAPFRE apoia e promove ações que transformam o mundo

Os Prêmios à Inovação Social fazem parte de um extenso trabalho da Fundación MAPFRE. A instituição sem fins lucrativos, que tem sede na Espanha e atua em 31 países, tem o objetivo de promover, fomentar e investir em pesquisas, estudos e atividades de interesse geral da população – que gerem impacto social e melhorem a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, as iniciativas são principalmente voltadas às áreas de Ação Social, Prevenção e Segurança Viária, Seguro e Previdência Social, Promoção da Saúde e Cultura. As histórias completas dos três projetos finalistas, assim como mais informações sobre a atuação da Fundación MAPFRE estão disponíveis no site, Instagram e Facebook da instituição.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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