Valor: Liberty leva prêmio por gestão de RH

Companhia foi eleita a empresa campeã da pesquisa “Valor Carreira”, que premia as organizações com as melhores práticas de gestão de pessoas do país

Fonte: Valor Econômico

O consumidor está mais exigente, quer respostas rápidas e produtos mais digitais e simples. Ao mesmo tempo, a tecnologia avança em um ritmo acelerado e demanda projetos ágeis, com entregas em ciclos curtos. Esse novo cenário se reflete em um ambiente de trabalho com mais autonomia para os funcionários. O recado é claro: não dá para fazer gestão de pessoas como antigamente, enfatiza Carlos Magnarelli, presidente da Liberty Seguros Brasil – um argentino que está no Brasil há 20 anos, 19 deles na seguradora, primeiro como CFO e desde 2015 como presidente.

A Liberty foi eleita a empresa campeã da pesquisa “Valor Carreira”, que premia as organizações com as melhores práticas de gestão de pessoas do país, realizada pelo Valor e pela consultoria Mercer. A seguradora recebeu o título em evento realizado on-line ontem, onde foram anunciadas as 35 empresas destacadas na pesquisa, que chega à 18ª edição. Os perfis das vencedoras estão reunidos em um tablóide especial que circula com a edição de hoje do jornal e que também pode ser conferidos no site do Valor.

Um dos motivos que levou a Liberty ao pódio foi que, em um contexto de transformações aceleradas, os 2.700 funcionários da seguradora foram estimulados a inovar constantemente, seja por meio de pequenas melhorias em processos, seja pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços. “Precisamos de pessoas que pensam em inovação, que sejam ágeis e resilientes, porque tudo muda cada vez mais rápido”, diz Magnarelli. Há alguns anos, a seguradora adota metodologias ágeis, com um conjunto de práticas e ferramentas. O sistema, chamado Liberty Management System (LMS), bebe da fonte dos principais métodos e técnicas de gestão de negócios, como design thinking e filosofia Lean.

O executivo cita um dos principais projetos que contribui para o fomento à inovação. Chamado Programa 3A, ele trabalha a aceleração em três frentes: pessoas, projetos e ideias. Em ‘pessoas’, uma das ações é incentivar os profissionais a fazer melhorias no dia a dia. A cada três meses, a companhia premia as três melhores ideias, que são apresentados ao comitê executivo. Por ano, são cerca de 4.000 melhorias apresentadas pelos funcionários, geralmente pequenas mudanças no modo de trabalhar e processos do dia a dia. “As pessoas precisam se sentir motivadas e se engajar com a companhia. Não dá mais para ir ao trabalho e fazer 500 vezes a mesma coisa.”

Em outra frente, a seguradora abre espaço para os colaboradores apresentarem ideias “mais parrudas” sobre o desenvolvimento de novos produtos, novas coberturas e mudanças na experiência do cliente ou na venda feita pelo corretor. Em grupos, os funcionários de diferentes áreas se juntam para propor ideias. Na última edição da iniciativa, mais de 40% dos colaboradores apresentaram projetos, conta Magnarelli. “Esses projetos passam por uma triagem e elegemos os melhores. O ganhador deste ano será premiado com uma viagem para a matriz, em Boston, quando a pandemia passar. E, claro, a ideia será acelerada.”

Um dos frutos dessa iniciativa foi o “Meu Momento de Vida”, plataforma digital que permite a contratação 100% on-line de seguro de vida. A ferramenta, lançada em outubro, foi cocriada com os corretores parceiros da companhia que integram o conselho de corretores. O produto comercializado é um seguro de vida, com capital mínimo de R$ 10 mil e máximo de R$ 2,5 milhões, com coberturas para morte, invalidez por acidente, doenças graves e assistência funeral. Para indicar o capital necessário, a plataforma possui uma ferramenta de recomendação, baseada em três variáveis: educação dos filhos, reposição de renda e patrimônio atual. “O cliente pode navegar de forma fácil e calcular a apólice, mas também pode pedir apoio do corretor”, diz Magnarelli.

Com todos os funcionários trabalhando de forma remota desde março, e sem previsão de retorno ao escritório, a Liberty já tinha como prática oferecer a possibilidade do home office, de uma a duas vezes por semana. “Trabalhamos em home office desde 2014. Já tínhamos agilidade para trabalhar nesse formato”, diz. Mas ele próprio precisou se adaptar ao novo modelo. Acostumado com a presença física e o contato, o executivo admite que não foi uma mudança fácil, mas reconhece que o momento é de cuidar das pessoas.

Para ajudar os funcionários nessa transição do escritório para o home office, a companhia estruturou o que chamou de “escritório digital”, com dicas de cuidados com a saúde física e mental, mas também recomendações para o dia a dia. Por exemplo, em vez de fazer reuniões de uma hora, a sugestão é marcar conversas de 50 minutos, reservando dez minuto de intervalo. “Se queremos cuidar das pessoas, precisamos cuidar desses detalhes”, diz o executivo.

A pandemia também exigiu esforços de atendimento aos segurados e corretores. Com o seguro de automóvel como principal linha de negócio, a Liberty notou uma redução dos sinistros porque a circulação de veículos diminuiu nas ruas, de maneira geral. “Isso fez com que a rentabilidade aumentasse. E com isso, conseguimos repassar esse ganho para os clientes, com diminuição de preços para quem renovou a apólice”, explica. A seguradora também estendeu o prazo de pagamento do seguro e adiantou as comissões dos corretores. “Fomos ágeis em adaptar as entregas à nova realidade”.

O executivo diz que um dos nortes do negócio é funcionar como uma companhia enxuta, com despesas baixas. “Isso traz um benefício fantástico, porque conseguimos ter preços menores. E gera crescimento e melhor resultado”, aponta. Em um ano desafiador para o setor de seguros, a Liberty cresceu 10,6% de janeiro a setembro, com arrecadação de prêmios de R$ 2,97 bilhões, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). No mesmo período, o mercado segurador recuou 0,2%.

Em seguro auto – que representa 77% das operações da seguradora – a alta foi de 7,6% nos nove primeiros meses de 2020, ao passo que o mercado como um todo caiu 4,1%. “Começamos o ano em sétimo lugar no ranking de auto, e agora estamos em quinto”. No seguro residencial, a companhia apurou um crescimento de 47% de janeiro a setembro. “As pessoas estão em casa, perceberam que precisam de seguro”, afirma. Já o seguro patrimonial, voltado para pequenas e médias empresas, sofreu com o fechamento de negócios.

Para o executivo, o balanço do ano é positivo. Ele evita traçar perspectivas para 2021, mas acredita que será mais um ano desafiador, principalmente enquanto não houver uma vacina contra a covid-19. Dentro de casa, o plano é manter a cultura da organização, com foco no bem-estar dos funcionários. “Nossa principal função é desenvolver as pessoas. E como consequência disso, vem o restante”.

No mercado de seguros, os clientes e corretores vão preferir cada vez mais trabalhar de forma digital, o que exigirá constante investimento em inovação e tecnologias como inteligência artificial (IA) e machine learning. “Nossos investimentos em tecnologia são quatro vezes superiores ao que investíamos cinco anos atrás. E vamos continuar porque uma companhia de seguros no futuro será de tecnologia.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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