Marcio Coriolano pontua cinco temas prioritários para a saúde suplementar

Segundo dados apresentados por ele, nos últimos 12 anos a saúde suplementar acumulou arrecadação de R$ 1,58 trilhão

O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Marcio Coriolano, foi um dos debatedores do Webinar “Impacto da Pandemia no Cenário Econômico”, organizado pela Rede D’Or. O encontro virtual aconteceu ontem, dia 29, com a participação de representantes de instituições médicas e economistas. 

Um ponto comum entre todos é a urgência em se repensar o pais num momento tão complicado do mundo. “As grandes batalhas e conquistas vão acontecer dentro do país. Todos temos de se preparar, pois o Brasil já estava na UTI quando foi atingido pelo coronavírus. Sobreviver agora é estar pronto para as oportunidades”, disse Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil e sócio fundador da Gávea Investimentos em sua palestra ‘O que esperar do cenário econômico para os próximos meses”. Investir em saúde, infraestrutura, reforma política e tributárias foram algumas das urgentes prioridades citadas por Fraga para que o Brasil consiga vencer as feridas causadas por uma década sem crescimento continuado.

Marcio Coriolano reforçou a urgência das reformas estruturais e acrescentou as que precisam acontecer na saúde suplementar, que vinha num ritmo acelerado, mesmo em períodos recessivos. Em sua fala, ele afirmou que não acredita num novo normal mágico. “Acredito que temos de voltar a equacionar o que deveria ter sido normal na última década, e que ainda não conseguimos resolver”, comentou.

Segundo dados apresentados por ele, nos últimos 12 anos a saúde suplementar acumulou arrecadação de R$ 1,58 trilhão. “É um volume considerável, pago por pessoas que querem ter um plano de saúde”. Desse valor, R$ 1,31 trilhão retornou para os beneficiários de planos de saúde, mediante pagamento a toda a rede de atenção à saúde, formada por hospitais, laboratórios, médicos, indústria de fármacos e todo o tipo de profissionais médicos.

No entanto, desde 2014, as operadoras de planos de saúde vêm perdendo clientes por conta do desemprego. Dados apresentados por Denizar Vianna, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em sua palestra “Como será o mercado da saúde suplementar no pós-pandemia?”, revelam perdas financeiras significativas com o maior uso de tecnologia e procedimentos por parte dos usuários.

Desde 2016, o número de beneficiários atendidos, segue na casa dos 47 milhões. “A previsão agora é aumento do desemprego e as operadoras vão perder clientes com vínculo empregatício se essa projeção se confirmar. E se as operadoras perdem, toda a cadeia perde, pois hospitais e laboratórios têm boa parte das suas receitas proveniente dos planos de saúde”, enfatizou Vianna. 

Os trabalhadores informais são citados como um dos desafios do setor. “Em fevereiro deste ano, foram contabilizados 38 milhões de trabalhadores informais, que tem capacidade de pagar o plano de saúde, mas não estão organizados para ter acesso ao sistema de saúde suplementar. “Só os trabalhadores que usam aplicativos são 4 milhões. Eles poderiam ser foco da saúde pelo coletivo por adesão. Mas qual o tíquete médio? Em 2019, era de R$ 338. E esse valor não da para trazer o mercado informal para a saúde suplementar. Precisamos discutir o que é necessário em mudança regulatória, tanto as que dependem do Congresso como aquelas que podem ser realizadas pelo órgão regulador, para dar mais acesso a população à saúde suplementar”, pontou Vianna.

O presidente da CNseg frisou que a retomada do crescimento dependerá do comportamento do produto, da renda e do emprego. “Os planos de saúde empresariais dependem crucialmente da produção e do emprego e os planos por adesão da renda. Além disso, precisamos retomar discussões importantes que estavam na pauta do setor e precisam ser retomados.” 

Marcio Coriolano se referiu a cinco importantes temas: racionalidade da incorporação tecnológica; prioridade para a atenção primaria da saúde; prioridade para a promoção e prevenção da saúde; mudança do modelo de remuneração dos serviços médicos; e revisão do marco legal da Lei 9.656. “Sou otimista como todo segurador, já que nossa missão é dar proteção de longo prazo. Afinal, nos comprometemos em gerenciamento de riscos. Temos um desafio enorme de dar sustentabilidade para a saúde suplementar. Ela mostrou as suas soluções neste momento grave de pandemia. E o nosso sistema privado tem todas as condições de sair mais fortalecido se todos esses tópicos forem debatidos e implementados”. 

Veja todos participantes:

Moderadores:
Dr. João Pantoja – Diretor Geral do Hospital Copa Star
Dr. Gilberto Amorim
Oncologista da Oncologia D’OR e Clinica São Vicente;

Palestrantes:
Como os economistas interpretam as estatísticas da COVID-19?
Prof. Juliano Assunção
Professor Associado do Departamento de Economia da PUC Rio;

O que esperar do cenário econômico para os próximos meses?
Prof. Arminio Fraga
Ex- Presidente do Banco Central do Brasil, Sócio Fundador da Gávea Investimentos;

Como será o mercado da saúde suplementar no pós-pandemia?
Dr. Denizar Vianna
Ex- Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde

Debatedores:
Dr. Marcio Coriolano
Presidente da CNseg

Dr. Leandro Reis
Vice-Presidente Médico da Rede D’OR São Luiz

Coordenação do evento:
Drª. Olga Souza
Diretora Nacional da Cardiologia da RDSL

Dr. Flavio Cure
Cardiologista – H Copa Star

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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