Seguros na bolsa, um bom investimento até agora

O Brasil tem seis empresas ligadas a seguros negociadas na bolsa de valores. Isso sem contar bancos, que têm destacado os ganhos com seguros em seus balanços, como Bradesco, com uma média de 30% do ganho proveniente de seguros no total do conglomerado, e Itaú, com média de 15% vindo de produtos do mercado segurador fiscalizado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O blog Sonho Seguro solicitou a Economática um gráfico com o resultado das ações desde o lançamento em bolsa até o dia 25 de agosto de 2017. A Porto Seguro é a mais velha do quadro e a que registra a maior valorização. Estreou na bolsa em novembro de 2004. Já o maior volume negociado fica com a holding que controla as operações de seguros do Banco do Brasil, a BB Seguridade.

Veja o resultado para quem aplicou nas ações de seguros desde a entrada da empresa na bolsa:

Segundo gráfico elaborado pela Economática a pedido do blog Sonho Seguro, do dia da estreia, 19 de novembro de 2004 até o dia 25 de agosto, a valorização do papel da Porto foi de 914%. A demanda superou a oferta em cinco vezes. A maior parte dos papéis, 71%, ficou com investidores internacionais, e o restante com investidores locais. A empresa levantou R$ 328,11 milhões com a operação, sendo que R$ 248,31 milhões foram para o bolso dos controlares e o restante para o caixa da empresa. Os acionistas Rosa Empreendimentos e Stela Yara Blay venderam totalmente sua parte na companhia e passaram a ter apenas participação indireta. A empresa colocou no mercado 23,6%.

A centenária SulAmérica veio em outubro de 2007 com certificados de depósitos de ações no Nível 2 de governança corporativa da Bolsa. Esses títulos são conhecidos, no mercado de capitais, como Units. Com a emissão primária de 21.739.132 certificados de depósito de ações, a companhia levantou cerca de R$ 674 milhões. Do lançamento até o dia 25 de agosto, os papéis valorizaram 256%, segundo estudo da Economática. Fundada em 1895, a companhia possui cerca de 5,3 mil funcionários e atua em várias linhas de seguros, como saúde e odontológico, automóveis e outros ramos elementares, vida, além de outros segmentos, como previdência privada, investimentos e capitalização. A SulAmérica tem mais de 7 milhões de clientes, de pessoas físicas a grandes empresas, em todo o país. Em 2016, a companhia registrou receitas totais de R$ 16,8 bilhões.

A BB Seguridade estreou na bolsa em abril de 2013, após uma oferta pública de ações que movimentou R$ 11,5 bilhões. Foi considerado na época o maior IPO do mundo no ano. A empresa chegou ao mercado valendo R$ 34 bilhões, quase a metade do valor de mercado do Banco do Brasil, na época avaliado em R$ 75 bilhões). Do lançamento até agora, a valorização foi de 105%. Depois de passar todos esses anos sendo a querida dos analistas de ações, a companhia sofreu ao divulgar no segundo trimestre queda no lucro e revisão do guidance para o ano de alta de 1 a 5% para queda de 1 a 5%. O lucro do segundo trimestre caiu 12%, fazendo o retorno sobre patrimônio líquido ajustado recuar 11 pontos, a 44,5%, o pior nível desde o terceiro trimestre de 2013. O presidente-executivo do BB, Paulo Caffarelli, informou no início de agosto que a BB Seguridade deve aderir em setembro ao programa de governança de estatais criado pela bolsa brasileira.

A Par Corretora de Seguros, agora Wiz, movimentou R$ 602 milhões com a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em junho de 2015. A demanda superou dez vezes o ofertado, somando R$ 5,3 bilhões. A Par Corretora chegou a Bolsa com valor de mercado de cerca de R$ 2 bilhões. O objetivo do IPO, que tem entre os sócios a Caixa Seguros e a GP Investimentos, era preparar o terreno para a esperada oferta bilionária da Caixa Seguros, que emperrou por discussões sobre o contrato que a Caixa tem com a francesa CNP, que termina em 2021.

A BR Insurance tinha um plano ousado: unir vários corretores. Em novembro de 2010 captou R$ 644,625 milhões em sua oferta inicial de ações. O preço de emissão ficou em R$ 1.350,00, no centro do intervalo sugerido, que variava de R$ 1.250,00 a R$ 1.450,00. A operação foi destinada apenas a investidores qualificados (com mais de R$ 300 mil em investimentos), institucionais e contou com esforços de colocação no exterior. A companhia fez uma operação mista. A emissão primária totalizou R$ 348,097 milhões, com a emissão de 257.850 ações ordinárias. A oferta secundária somou R$ 296,527 milhões, com a colocação de 219.650 papéis. Com o tempo, o plano de integrar vários corretores se mostrou um desafio e tanto, com sucessivas brigas entre os acionistas. O resultado é uma desvalorização de 92% no período analisado, da estreia até o dia 25 de agosto de 2017.

O IRB chegou a bolsa em 31 de julho de 2017, depois de duas tentativas frustradas pela crise brasileira. O ressegurador levantou R$ 2,003 bilhões em seu IPO. A oferta foi apenas secundária, ou seja, o capital movimentado foi para o bolso dos acionistas. Em menos de um mês, apresenta valorização de 9%. A União não vendeu suas ações e manteve 11,68% do IRB. Já o Fgeduc reduziu sua fatia de 15,76% para 8,86%, embolsando R$ 585,81 milhões. Maior acionista vendedor do IRB, o Fgeduc assegura parte do risco das operações do Fundo de Financiamento ao estudante do Ensino Superior (Fies). BB e Bradesco diminuíram cada um suas fatias de 20,43% para 15,23%, enquanto o Itaú encolheu de 14,94% para 11,14%. O FIP Barcelona, que reúne os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa), saiu de 9,84% para 7,37%.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS