Universal Life e VGBL Saúde são expectativas do futuro presidente da Fenaprevi para 2013

Entrevista extraída do portal da CNseg (www.cnseg.org.br)

Em fevereiro de 2013, têm início a nova gestão da FenaPrevi, com Osvaldo de Nascimento, da Itaú Vida e Previdência, na presidência. Formado em Engenharia Eletrônica pela Escola Politécnica da USP e com mestrado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, Osvaldo de Nascimento concede sua primeira entrevista como presidente eleito para o portal da CNseg.

Quais serão as prioridades de sua gestão?

Na realidade, a nova gestão da FenaPrevi, focada tanto no segmento de previdência privada quanto no de seguro de vida, vai dar continuidade ao plano diretor traçado na atual gestão, da qual eu também faço parte. Mas obviamente temos alguns vetores bastante relevantes. Um deles, sem sobra de dúvidas, é o da educação financeira do cidadão brasileiro, porque entendemos que, num cenário de juros baixos, as pessoas vão ter de reaprender a formar poupança de curto, médio e longo prazos. Além disso, elas terão de começar a entender, nesse novo quadro, um pouco melhor o papel do seguro e como se utilizarem dele. Também vamos tratar da divulgação do papel da previdência na formação de poupança voltada ao custeio da saúde, tendo em vista que a regulamentação do VGBL Saúde está entre as prioridades da Susep para 2013.

Outra questão importante que vamos tratar diz respeito à nova classe C. Para este público, temos a oferecer o seguro de Vida, o Universal Life e o microsseguro nos próximos anos. Mas temos a consciência de que estes cidadãos têm, no primeiro momento, pouca capacidade de poupança, apesar de estarem preocupados com a proteção, e aí estamos falando do microsseguro, que tem justamente o papel de preservar o pequeno patrimônio acumulado por essas pessoas e assegurar continuidade da ascensão social. Depois, por conta do processo de ascensão social, o mercado deverá ser cada vez mais criativo em termos da oferta de produtos mais adequados ao conjunto da sociedade.

Quais as perspectivas do mercado para 2013?

Nós estamos em um cenário de relativa estabilidade econômica, com juros razoavelmente baixos e inflação estável, apesar de permanecer em um patamar ainda alto. Para 2013, mantido este cenário, o crescimento do PIB será o fator mais relevante para a expansão do nosso mercado. Isso porque a previdência e os seguros de vida acompanham tradicionalmente a desenvoltura do PIB. Se a economia não cresce, nosso mercado também tem desaceleração.

Outro fator importante é a baixa taxa de desemprego. Ou seja, quanto mais pessoas ocupadas, melhor é o nosso desempenho. Isso pode ser demonstrado com as reservas técnicas de previdência, que cresceram na faixa de 29% no ano passado.

Por fim, os juros baixos contribuem também para maior diversificação dos investimentos e são favoráveis para nosso mercado, já que, nessa revisão de portfólio, é provável que parte dos investidores decida alocar mais em previdência, desde que haja também um prêmio maior por essa imobilização de recursos. Em isso ocorrendo, imaginamos que teremos um ano muito similar ao de 2012, com uma taxa de crescimento de dois dígitos novamente.

A propósito, qual sua estimativa de crescimento do setor em 2012?

O ano foi bom, sobretudo para previdência, que teve um crescimento da ordem de 29%. No seguro de pessoas, repetiu-se o crescimento médio dos anos anteriores. Vale lembrar que, embora haja uma vinculação direta com a renda das pessoas, o mercado de vida não cresce na mesma proporção, em virtude da falta de educação financeira para o consumo de produtos de seguros de pessoas. Com isso, mesmo que o trabalhador esteja empregado e tenha renda adequada, isso não quer dizer que ele busque sua proteção e de sua família de forma adequada, exceto em situações muito específicas. Um bom exemplo é o avanço do seguro prestamista, que está associado à expansão das operações de crédito e ao endividamento das pessoas. Mas não há dúvidas de que os seguros de pessoas têm espaço para crescer bastante na dimensão familiar, apesar de, até agora, permanecer aquém de seu potencial. De qualquer forma, à medida em que a taxa de desemprego continue reduzida, as pessoas vão se preocupar em fazer seguros para cuidar da manutenção de seu patrimônio. Nesse sentido, a educação financeira é estratégica para levá-lo a pensar em proteção familiar e, consequentemente, em seguros de pessoas.

O plano regulatório preocupa?

A formação de poupança de longo prazo (leia-se previdência privada) está condicionada a algumas premissas, como educação financeira, inflação controlada e, sobretudo, estabilidade de regras. Mantidos estes pré-requisitos, o cidadão passa a olhar para o futuro em certo momento e a fazer reservas para custear suas despesas a mais longo prazo. Então, qualquer instabilidade de regra faz ruir a confiança das pessoas e são necessárias duas ou três décadas para recuperar o prumo dos negócios. Em razão disso, nossa conversa com o governo tem sido na direção de destacar a importância da estabilidade de regras para a evolução dos investimentos de longo prazo. É óbvio que a legislação do mercado pode e deve ser aperfeiçoada. Mas, acima do aperfeiçoamento, a estabilidade é fundamental, sobretudo para uma sociedade traumatizada com longos períodos de inflação e volatilidade de regras no passado.

E não há dúvidas de que estamos evoluindo bem nessas conversas com o governo. Após a regulamentação do microsseguro, deveremos ter a legislação do VGBL Saúde aprovada ainda este ano e podemos até considerar factível que ocorra o marco regulatório do Universal Life, que pode ser feito pela Susep sem grandes problemas.

Qual o cenário esperado pelo senhor no plano macroeconômico no próximo ano?

Esperamos um crescimento do PIB mais compatível com a pujança de nossa econômica. E este crescimento tem também relação direta com a atração investimentos de longo prazo. O governo está consciente disso e sabe que o País precisa atrair recursos de longo prazo para eliminar gaps em sua infraestrutura, e o mercado de previdência pode contribuir crescentemente, na condição de investidor institucional. E este processo será mais vigoroso quanto melhor for o processo de educação financeira do cidadão e sua ênfase aos investimentos de longo prazo.

E os juros básicos…

Os juros podem ficar na faixa de 7,25% durante todo o ano ou podem mesmo cair para o piso de 6,5%, já que não houve a reação esperada da economia.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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