Os riscos mais temidos pelas grandes corporações

A abertura favorecerá a contratação de apólices mais sofisticadas, que vão muito além do risco de acidentes com incêndio, roubo e perdas com transporte. “É preciso pensar nos riscos que podem comprometer a sustentabilidade da empresa. O aquecimento global, a emissão de CO2, o aumento do nível da água são problemas que podem comprometer o futuro do planeta e, conseqüentemente, das empresas. É preciso pensar em soluções agora”, alertou Peter Breitstone, executivo da corretora Aon Risk Services, em palestra promovida no Brasil.

Uma pesquisa realizada pela corretora com 320 executivos de diversos segmentos, em 29 países revelou que o risco mais temido pelas grandes corporações é “danos à reputação da empresa”.
A reputação é encarada como a maior fonte de vantagem competitiva. O estudo traz uma fotografia dos riscos empresariais e o quanto eles são parecidos, independentemente do setor de atuação. Os executivos responderam duas perguntas básicas: Você conhece os riscos potenciais da sua empresa? O quanto sua empresa está preparada para gerenciar esses riscos?

Mais da metade dos entrevistados disse não estar preparada para o risco classificado como o mais preocupante, dano à reputação. O segundo risco potencial citado foi a interrupção de negócios, para o qual 30% dos entrevistados disseram que a empresa não está preparada para enfrentar o problema. Segundo os executivos, há uma percepção de que a interrupção de negócios pode representar uma ameaça ainda maior do que o dano físico em si.

O terceiro maior risco citado pelos executivos foi o de responsabilidade civil, potencializado pela globalização e influência de culturas mais litigiosas como nos Estados Unidos, onde processar virou um hábito.

Entre outras principais preocupações de riscos se destacam: o risco de falha na distribuição ou na cadeia de fornecimento e o risco de ambiente de mercado. Na América, a preocupação com a falha na tecnologia e a perda de dados é uma preocupação de risco maior do que em outros países. Já na Europa, o medo em termos de fusão, aquisições e reestruturação é mais presente no dia a dia dos executivos. Os desastres naturais e climáticos são os mais temidos por executivos da Ásia e Pacífico.

RISCOS TEMIDOS
O principal temor é aquele que pode causar danos à reputação da empresa

Danos para a reputação
Interrupção de negócios
Responsabilidade civil de terceiros
Falha na venda de produtos em canais de distribuição
Risco de meio ambiente de mercado
Mudanças regulatórias
Riscos financeiros
Danos físicos
Problemas com fusões, aquisições ou reestruturação

Fonte: Aon Risks

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercanti em abril de 2008

Grandes riscos: mais coberturas por um preço menor*

As grandes empresas do Brasil serão beneficiadas por um programa de seguros mais amplo e com um custo mais acessível. Essa é a aposta da grande maioria dos executivos de seguradoras e corretoras. A avaliação tem como base a abertura do mercado de resseguros no País e o ciclo de farta oferta de capacidade no mercado internacional. “Em função principalmente de ausências de grandes catástrofes naturais nos dois últimos anos, o mercado internacional está em um ciclo de baixa de preços”, lembra Carlos Almeida, vice-presidente de Riscos Industriais e Comerciais da SulAmérica. Situações favoráveis à queda de preço.

A abertura do resseguro traz, de imediato, benefícios para as maiores empresas do Brasil. Isso porque são elas que demandam quase a totalidade dos R$ 3,5 bilhões em resseguro que é contratado no País. “O principal impacto deve ser nos grandes negócios, especialmente property e riscos de engenharia, aonde a disputa por clientes é constante. Com base nesse cenário, esperamos uma competição mais acirrada entre as empresas, resultando em conseqüente redução de preços. Novos produtos e maior agilidade no mercado também devem ser conseqüências da abertura do resseguro no País”, acredita Felipe Smith, diretor técnico da área corporate da Tokio Marine.

Porém este cenário é traçado para clientes com bom histórico de acidentes. Algumas empresas poderão encontrar dificuldades de renovar o seguro, como as que têm um grande índice de acidentes e um histórico de perdas razoável. A parceria entre cliente, corretor, seguradora e ressegurador será fundamental daqui para frente, uma vez que o mercado de resseguros está aberto e as empresas não podem contar mais com a cobertura quase obrigatória que o IRB Brasil Re, que deteve o monopólio por quase 70 anos, dava por ser monopolista.

O IRB já disse não para alguns segurados, que levaram um susto e tanto. A siderúrgica CSN foi um deles. Apesar de seu tamanho, o grupo enfrenta dificuldades para obter o valor de cobertura de seguro necessária a um preço razoável por atuar em um nicho de restrita oferta de cobertura, com poucos operadores e ainda ter um histórico de grandes perdas e troca de parceiros a todo ano.

A abertura traz automaticidade para as empresas. As seguradoras já desenharam contratos automáticos com seus parceiros de resseguro. Isso dará agilidade e melhores condições nos contratos. Para Jacques Bergman, diretor da Itaú XL, os programas com importância segurada entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões é que serão os mais afetados. “Valores abaixo dos R$ 100 milhões já eram atendidos pelas seguradoras dentro de suas capacidades de retenção. Os acima de R$ 300 milhões eram tratados como facultativos, diretamente com o mercado internacional”, diz.

A competição e mudanças estarão nos contratos entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões. “Esses terão uma modificação grande em termos de preços e serviços”, aposta Bergmann. A projeção é de que 70% dos riscos que eram colocados de forma facultativa, acima dos limites determinados pelo IRB, sejam agora colocados dentro dos contratos automáticos negociados pelas seguradoras. Ficando apenas 30% como facultativo. Essa mudança poderá reduzir o prazo de cotação dos contratos de em alguns casos chegavam a até três meses para três a cinco dias.

Em segmentos que o IRB não operava, como seguro multirisco de até R$ 100 milhões de importância segurada, transporte nacional rodoviário, aeronaves de pequeno porte, produtos financeiros e de responsabilidade civil, por já haver uma livre concorrência de preço, pouca mudança deverá ocorrer.

O gerente de risco terá um papel fundamental a partir de agora. Quanto mais informações armazenadas, mais correto será o cálculo do preço do seguro. Quanto maior o investimento em segurança, melhor as condições do contrato de seguro. Em contrapartida, as empresas seguradas terão a sua disposição um farto leque de produtos, coberturas e preços.

As seguradoras e corretoras terão um grande desafio. Com a possibilidade de cotação através de diversos brokers ou diretamente através de resseguradores, os preços podem ser os mais diversos. “Dependendo de que mercado seja contatado nas negociações, as ofertas de preço podem mudar e ocorrer casos de reduções de preços”, explica Luiz Carlos Nabuco, diretor gerente comercial da Bradesco Auto/RE Corporativo.

Apesar da tentação de ter um preço melhor, todo cuidado será pouco. “O risco do IRB era nulo por ter o Tesouro como controlador. Agora será preciso avaliar a solvência das empresas envolvidas no contrato”, diz Pedro Purm, presidente da Zurich Seguros. “Será muito importante os clientes/segurados estarem atentos exatamente para quem estará dando suporte nestas condições. O risco de crédito passa a ser uma realidade que antes ficava garantida pelo único ressegurador em atividade no mercado”, reforça Nabuco.

Outro ponto importante é a volatilidade. Se por um lado o monopólio de resseguros gerava um preço, em geral, igual para todos e acima da média do mercado internacional, por outro os clientes estavam protegidos de flutuações acentuadas. “Com a desregulamentação o mercado fica alinhado com os preços dos mercados internacionais, podendo assim ter variações positivas ou negativas de maneira a refletir mais imediatamente as flutuações do mercado internacional de resseguro”, diz o executivo da SulAmérica.

A qualidade dos serviços deverá melhorar. Bergmann acredita que a abertura do resseguro fará com que as seguradoras busquem diferenciação por qualidade de serviço. “Isso será visto pelo cliente como um diferenciador forte”, diz.

A regulação de sinistros entra neste quesito. Antes o IRB era responsável por decidir sobre o levantamento das perdas em um acidente. Agora, o segurado terá a responsabilidade de escolha da empresa que prestará este serviço. Ela é a responsável por determinar o valor a ser pago, a velocidade que o sinistro será finalizado e também será a prestadora que cobrará a conta dos resseguradores”, diz Bergmann, que também presidente da comissão de riscos especiais e de resseguro da Fenseg.

Apesar da projeção de queda do preço do seguro, a expectativa é de um aumento significativo no volume de prêmios na carteira de riscos patrimoniais. Com produtos limitados e preços elevados, uma situação típica de um mercado monopolista, a compra de seguros pelas multinacionais se limitava a contratação de um seguro básico de incêndio ou de roubo para mercadorias no Brasil. As apólices mais complexas eram contratadas em países onde o resseguro é aberto.

Tal comportamento fica evidente pelo medíocre desempenho do ramo empresarial, com faturamento que não chega a representar 10% das vendas totais de seguro no Brasil. Em 2007, esse segmento movimentou prêmios de R$ 3,3 bilhões, decréscimo de 12%. A expectativa agora é de as multinacionais passem a ter um programa de seguro mais completo no País, além de novos produtos que estimulem mais empresas a protegerem seus patrimônios.

Afinal, o que seria das ações da Petrobras em 2001 se não tivesse o seguro de US$ 500 milhões para recuperar a perda da P-36? E da CNS, que já recebeu aproximadamente US$ 400 milhões pelo acidente com o alto forno em janeiro de 2006? Sem falar nos acidentes das empresas aéreas Tam e Gol, tendo algo próximo de US$ 40 milhões cada uma só considerando-se a aeronave, e o Consórcio Via Amarela que acionou a Unibanco AIG para indenizar e prestar um pronto atendimento às vítimas da cratera que se abriu nas obras de expansão da Linha Amarela do Metrô de São Paulo.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em abril de 2008

Brasil tem a maior indústria de seguros da América Latina e a que mais cresce entre os países do Bric*

images1Apostas no mercado de seguros do Brasil não faltam. “O crescimento da economia brasileira impulsiona a indústria de seguros, que deverá crescer num ritmo muito superior ao esperado em outros países”, diz Jérôme Cazas, CEO mundial da Coface, uma das maiores seguradoras do mundo em seguro de crédito.

“Entrarmos no mercado brasileiro irá nos ajudar a alavancar a rentabilidade dos negócios na região”, afirmou Herman Weiss, vice-presidente sênior da Chubb & Son e diretor para a América Latina da Chubb Corp, ao anunciar o investimento de US$ 5 milhões do grupo para criar uma resseguradora admitida no País.

Depoimentos como esses se tornaram uma rotina no Brasil desde a abertura do mercado de resseguros, em dezembro de 2007, e também pelos projetos de infra-estrutura que deixaram a gaveta para ser executado. Para se ter uma idéia do potencial do Brasil, os dois maiores contratos de seguros do mundo são brasileiros. O Projeto Rio Madeira tem garantias de US$ 2 bilhões e o programa de investimentos em expansão da Petrobras conta com suporte de US$ 1,2 bilhão para cada projeto.

Desde o início de 2008, muitos grupos estrangeiros anunciaram investimentos, seja na abertura de empresas, seja no aporte de capital na subsidiária local ou mesmo na compra de carteiras, companhias ou parcerias estratégicas. Entre as notícias mais recentes figuram negociações entre seguradoras, resseguradoras e corretoras.

A Indiana Seguros, com 60% do capital nas mãos da família Afif e 40% com o Bradesco, foi comprada pela americana Liberty. A espanhola Mapfre fez aporte de R$ 300 milhões para sustentar o crescimento da seguradora do grupo em 2007; adquiriu a Vida Seguradora do grupo americano Nationwide; e investirá 25 milhões de euros para abrir uma resseguradora local e uma eventual no Brasil.

“É muito fácil convencer acionistas a colocar dinheiro no Brasil, que será uma grande potência nos próximos anos”, diz Ramón Aymerich, executivo da Mapfre Re, resseguradora do grupo. Doze grupos resseguradores já entraram com pedidos na Susep e onze corretores de resseguros. Entre os locais, com aporte mínimo de R$ 70 milhões, estão o grupo paranaense Malucelli, a alemã Munich Re e a americana XL Capital, além da Mapfre Re.

A corretora Aon, uma das maiores do mundo, fez sua nona compra desde 2000. Neste ano, foi a vez da Wappen Corretora de Seguros, especializada no segmento sucroalcooleiro. A Marsh focou seus negócios e vendeu para o Bradesco a sua consultoria em previdência, a Mercer. A Lazam MDS também aumentou seu market share com fusões e aquisições em 2007.

Os investimentos são justificados pela ausência de catástrofes naturais na região; pela baixa penetração de seguro no PIB do País, que precisaria triplicar para ficar dentro da média de países de primeiro mundo; e também por ainda pagar a maior taxa de juro do mundo para remunerar aplicações financeiras feitas em títulos do governo.

De acordo com Luiz Carlos Trabuco Cappi (foto), presidente da Bradesco Seguros e Previdência, o maior grupo segurador da América Latina, seja qual for o quadro de referência que o País estiver incluído, América Latina ou Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é importante para o mercado de seguros internacional.

Comparativamente ao mundo, a América Latina representa 13% da população e 5,2% do PIB. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América Latina é um dos indicadores positivos para o crescimento das vendas de seguros. Em 1995, o IDH era de 0,755 e dez anos depois passou para 0,797. O seguro, por sua vez, representa apenas 1,5% das vendas mundiais. Segundo as estatísticas, quanto maior o IDH de um país, maior a participação de seguro no PIB.

Quando o seguro penetra nas populações carentes há uma melhoria na manutenção social pela proteção financeira e patrimonial. “Estabilidade econômica e desenvolvimento social, aliados com uma baixa penetração de seguros, resultam em um imenso mercado a ser explorado. Podemos triplicar de tamanho para estar compatível com o PIB”, disse.

No Brasil, a indústria de seguros movimentou prêmios de US$ 55 bilhões em 2007, o que representou 4,59% no PIB. Mas há grandes desafios para triplicar de tamanho. Aumentar a base consumidora de seguros com coberturas adequadas e preços acessíveis para as classes C, D e E, que representam 80% da população, é o principal foco.

Também há muito a fazer para aumentar a base de consumo em diversas carteiras. Da frota nacional de veículos, estimada em 49,6 milhões, apenas 8,5 milhões contam com seguro, um índice de 17%. Das 5,7 milhões de empresas existentes no País, apenas 641 mil contam com seguro. Um índice de 11,2%. Das 54,7 milhões de domicílios cadastrados no Brasil, 7,6 milhões (ou 14%) contam com uma apólice de seguro para danos físicos.

Em saúde, Trabuco informou que as operadoras privadas contam com 39,7 milhões de clientes, 20,6% da população de 191,8 milhões. Já das 5,7 milhões de empresas, 7,1% ou 400 mil têm um plano de saúde para seus funcionários. “Temos um grande potencial em apólices individuais, mas falta uma regulamentação adequada para operar esta carteira”, informou.

Além do potencial da indústria de seguro na venda de riscos patrimoniais e de saúde, Trabuco ressaltou o segmento de previdência privada. Em 1991, tínhamos 16 idosos para 100 crianças. Em 2000, 30. Nos próximos 20 anos, a população com 60 anos ou mais deve atingir 30 milhões, representando 13% da população brasileira. Temos de amadurecer o nosso sistema enquanto somos um País jovem. Quando o País envelhecer, a maior parte do orçamento vai ser usada para cuidar do idoso, tirando recursos da educação. Por isso a reforma da previdência não pode ser mais adiada”, reforçou.

Todos esses dados — expansão da atividade econômica, aumento da renda, melhoria das condições de vida e a retomada dos investimentos — têm um impacto direto no mercado de seguros. “O nosso grande desafio é a criação de novos produtos, redução dos custos de comercialização e desenvolvimento de canais de distribuição de baixos custos”, concluiu Trabuco.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em abril de 2008

Especial Seguros – Gazeta Mercantil

http://pdf.investnews.com.br/pdf/gzm/Relatorios/2008/rel20080423.pdf

JMalucelli investe na emissão de apólice digital*

Ontem, a J.Malucelli Seguradora, especializada em seguro de garantias financeiras, emitiu a 100 apólice digital, dia de inauguração do sistema de certificação. “Foram oito meses de trabalho para desenvolver o programa para a emissão de apólices digitais. Mas o retorno dos nossos clientes e corretores foi fantástico”, diz João Gilberto Possiede, presidente da J.Malucelli.

A emissão digital será feita a partir de agora nas prorrogações, renovações ou novos contratos. A J.Malucelli emite uma média de 3,5 mil apólices por mês. “A cada 15 minutos sai uma apólice da seguradora”, orgulha-se Possiede. Segundo o executivo, o principal encantamento dos clientes é pela rapidez em ter a apólice emitida e pela economia que a iniciativa gera. Tudo isso conta pontos para se conseguir reduzir o custo do seguro.

Uma grande vantagem é a eliminação da fraude, apurada no passado e que trouxe muitas complicações para a imagem do produto. “O risco de fraude está totalmente eliminado”. Um dos incentivadores da implementação da apólice digital foi o ex-titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Renê Garcia. Durante sua gestão, iniciada no governo Lula e encerrada em julho do ano passado, ele teve de gerir vários problemas com fraude em seguro garantia.

Para tentar inibir as fraudes, Garcia baixou uma série de normas. Isso estimulou as seguradoras a buscarem formas mais simples e seguras. Segundo a J.Malucelli, a certificação digital foi uma das soluções encontradas para evitar que as informações de seus clientes sejam acessadas por terceiros. Além disso, o grupo investiu alguns milhões de reais em ferramentas ativas de proteção e solução para segurança dos internautas. Possiede cita a vantagem ecológica, pois não é necessário ter formulários em papel especial para as apólices e nem o gasto com cópias de documentos para reconhecimento de firmas em cartório.

A seguradora encerrou 2007 na liderança do ranking de vendas do segmento. O mercado de seguro garantia encerrou o ano com uma produção de R$ 346,2 milhões, superando os R$ 194,6 milhões obtidos por todas as seguradoras juntas em 2006. A J.Malucelli movimentou prêmios de R$ 174,5 milhões, 50% do market share.

O carro-chefe da seguradora são seguros que garantem contratos entre o setor privado e o governo. O grande crescimento tem vindo dos contratos de construção de usinas hidrelétricas. Outro produto de destaque dentro da empresa é o seguro de garantia judicial, onde a apólice libera os recursos dados como caução.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em 03/04/2008

Os impactos do subprime*

42-21522248As perdas geradas pela crise nos mercados mundiais de crédito devem superar US$ 600 bilhões, sendo a maior parte do prejuízo dos bancos e das seguradoras, segundo estudo divulgado no final de fevereiro pelo banco suíço UBS. Juntas, as principais seguradoras do setor garantem dívidas estimadas em US$ 2,4 trilhões.

É muito dinheiro. Tanto que o presidente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, fez um alerta de que alguns pequenos bancos dos país podem falir. Apesar disso, ele garante que o sistema bancário dos EUA continua sólido.

Essa crise não vai parar por aí. Aliado ao prejuízo com pagamentos de indenizações, as seguradoras registram também perdas na carteira de investimentos em razão da baixa das ações de grupos atingidos pela inadimplência do crédito hipotecário de alto risco (subprime). Muitas seguradoras estão tendo de dar baixa contábil no valor dos títulos conhecidos como credit-default swaps, que garantem o investidor contra a inadimplência da empresa tomadora. Algo parecido com o nosso garantia de crédito interno.

O American International Group Inc. (AIG), a maior seguradora mundial em termos de ativos, afastou o executivo Joseph Cassano, que comandava a divisão de produtos financeiros, depois dos US$ 15 bilhões em prejuízos no último trimestre de 2007 sobre garantias vendidas a investidores em títulos de renda fixa. Trata-se do maior prejuízo trimestral já contabilizado em seus 89 anos de história. E não foi apenas a AIG que perdeu. Swiss Re, XL Re, e muitas outras, além das maiores seguradoras de crédito dos Estados Unidos, conhecidas como monolines: MBIA e Ambac Financial Group.

A Fitch, agência classificadora de rating, mostra que o subprime é uma grande bola de neve. As empresas de hipoteca têm dificuldades para financiar as operações, há uma queda acelerada no preço das moradias, o que, por sua vez, dificulta o refinanciamento das dívidas e o uso da casa como garantia para empréstimo. Com isso, as companhias estão ameaçadas de perder os ratings AAA por causa de prejuízos com papéis atrelados às hipotecas de alto risco.

Se isso ocorrer, novo efeito cascata. Uma queda no rating das seguradoras reduz imediatamente o valor dos papéis que garantem. Além disso, alguns investidores só podem possuir ativos em suas carteiras que tenham o selo AAA. Com o rebaixamento do rating, são obrigados a fazer provisões para perdas, reduzindo seus lucros. Por isso até o megainvestidor Warren Buffett se propôs a ajudar, ofertando US$ 800 bilhões para garantir títulos emitidos por municípios, onde o risco de não pagamento é bem menor do que de uma empresa privada.

E o que nós temos a ver com tudo isso? O impacto no Brasil deverá ser restrito. Algumas empresas brasileiras que contam com seguro dessas seguradoras podem ter de substituir a garantia ou fazer provisionamento para perdas caso a seguradora contratada tenha o rating rebaixado. Investimentos de seguradoras estrangeiras previstos aqui podem ser suspensos até que se saiba qual a verdadeira extensão da crise subprime.

E o pior para todos. A alta do preço de alguns dos seguros que mais cresce nos últimos anos: responsabilidade civil de executivos. Os corretores de apólices de responsabilidade civil receberão pedidos de indenização de diretores e executivos com relação à crise, mas poderão pagar quase sem dificuldade, disse Christian Schmidt, economista sênior da Swiss Re, em evento realizado em Luxemburgo entre 20 e 21 de fevereiro. “Prejuízos ocorrerão, mas o céu não está caindo para o lado dos diretores”.

O executivo acredita que a capacidade de capital possivelmente se tornará mais dispendiosa para as seguradoras, porém deverá permanecer abundante.
O cenário para as seguradoras de crédito, que garantem pagamentos do principal e dos juros sobre os créditos podres, não está tão claro. Seus prejuízos são extremamente pesados e os órgãos reguladores dos EUA tentam analisar como manter as seguradoras saudáveis o suficiente para que possam pagar as indenizações. “O valor dessa parte do setor de seguros recai na reputação, e as seguradoras perderam parte dela”, disse Schmidt. “Portanto precisam ampliar seu gerenciamento de risco para recuperar a confiança do investidor”.

Que esta crise, ou qualquer outra que possa abalar a credibilidade do setor, continue bem longe daqui.

* Articulista da revista Apólice

Marítima faz aporte de R$ 76 milhões*

cazdyrx9catlrdr3caxdb2fpcayv5yuacaaps1iccaxl4xzecan5pj1vcabr5dj8ca7blthica6r0rnyca296rg2ca2tszbmca9w3e3ecalq227ycamwc8xbca737hbecapeay1dcabl4wgwcayozie41A Marítima Seguros anuncia hoje um aumento de capital de R$ 76 milhões, elevando o patrimônio da seguradora para R$ 165 milhões. Com a capitalização, a companhia ficará enquadrada nas novas regras de solvência do mercado de seguros e terá folga para aguardar um momento melhor do mercado financeiro para fazer o IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) agendado desde agosto do ano passado.

Os acionistas irão integralizar nesta terça-feira cerca de R$ 69 milhões, informa Milton Bellizia, diretor administrativo e financeiro da Marítima. Os R$ 7 milhões restantes dependem dos acionistas minoritários, que têm 30 dias para fazer a integralização. “Os atuais controladores apostam no mercado brasileiro e querem fortalecer a companhia para que ela entre neste novo ciclo do setor, mais globalizado com regras de solvência próxima dos padrões internacionais e abertura do resseguro.”

O lançamento de ações, cujo pedido foi registrado no final de agosto do ano passado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), já foi cancelado no início deste mês. Segundo o executivo, a empresa não desistiu de fazer a oferta. Apenas mudou a sua estratégia de abertura de capital. “Estamos com o prospecto para a nova emissão pronto, mas vamos esperar o melhor momento”, diz.

A intenção era entrar no Novo Mercado e captar até R$ 500 milhões com a emissão de ações ordinárias, segundo normas da Bovespa para empresas que querem fazer parte desse grupo. Elas só podem emitir ações ordinárias, com direito a voto. Trata-se do mais alto nível de governança corporativa, que conta com 94 empresas, entre elas a Porto Seguro, única seguradora listada.

Depois de obter a aprovação da CVM para fazer o IPO, a Marítima iniciou o road show no mercado local e internacional, em setembro do ano passado. No entanto, percebeu que os investidores estavam com pouco apetite pelos papéis em razão da falta de clareza sobre a extensão da crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos (subprime).

Decidiu, então, esperar. Neste período, advogados e bancos de investimento que assessoram a Marítima a convenceram de que a melhor estratégia seria entrar no Nível 2 da Bovespa e, em vez de ações ordinárias, emitir units, compostas por uma ordinária e duas preferenciais (sem direito a voto), limitando o poder de controle dos investidores.

A Bovespa criou as units para permitir que bancos e seguradoras, que não têm interesse em perder o controle da instituição, pudessem ser listados na bolsa. A SulAmérica está no nível 2 e captou R$ 775 milhões com a emissão de units em setembro do ano passado.
“Percebemos que os investidores buscam liquidez e por isso optamos pelas units, pois assim podemos fazer uma emissão maior, de até 70% do capital da companhia.” Segundo ele, o prospecto está pronto, aguardando apenas o melhor momento para a oferta.

Destino dos recursos

Com a emissão anterior, o grupo pretendia usar cerca de 80% dos recursos para elevar a margem de solvência, 10% para investimentos em tecnologia da informação e melhoria de processos internos. Do total, 4% seriam aplicados em capital de giro, 3% no desenvolvimento de novos produtos e 3% na expansão geográfica. Agora, a intenção é captar US$ 350 milhões, quase R$ 700 milhões, e o uso será o mesmo. Bellizia lembra o caso da Porto Seguro. “Ela estava preparada para fazer o IPO em 1999 e depois de tantas crises só fez a abertura em novembro de 2004. É preciso ter paciência para ter um bom resultado.”

Em 2007, a Marítima registrou lucro líquido de R$ 15,7 milhões, abaixo dos R$ 23,7 milhões do ano anterior. Os prêmios de seguros totalizaram R$ 929 milhões, crescimento de 8% em relação aos R$ 854 milhões de 2006. Cerca de 36% das vendas vêm do seguro automóvel e 30%, do saúde. Os ativos totais do grupo ultrapassaram R$ 817 milhões e as provisões técnicas R$ 360 milhões.

*Matéria publicada por Denise Bueno na Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 2

D&O: cresce o interesse e taxas recuam

A crise americana com créditos hipotecários de alto risco, conhecida como subprime, já traz efeitos para o seguro de responsabilidade civil de executivos, conhecido como Directors & Officers (D&O). Segundo Enrico Nanni, diretor-executivo da divisão Aon Network Solutions, do grupo Aon, dono de uma das maiores consultoras de seguros do mundo, 47 empresas avisaram que acionistas questionam judicialmente a responsabilidade dos executivos diante das milionárias perdas divulgadas até agora, superiores a US$ 200 bilhões.

“Acredito que haverá uma pressão para a subida do preço nos próximos meses mas, para empresas fora do mercado financeiro, essa tendência não deverá se consolidar, permanecendo o ciclo de taxas decrescentes”, disse Nanni, durante a 10ª Conferência Latino Americana de Seguros em Energia, promovida entre 10 e 12 deste mês, em Buenos Aires.

Eduardo Pitombeira, responsável pelos seguros financeiros da Zurich na América Latina, as instituições financeiras já encontram dificuldades para negociar suas apólices de responsabilidade civil do executivos, onde investidores questionam a perda de rentabilidade; de D&O, contra ações de acionistas; e de fraude, onde a beneficiária é a instituição financeira. “Além da crise do subprime, temos o choque de credibilidade que veio à tona com a fraude do Société Générale. As várias leis internacionais exigidas pelos órgãos reguladores para controlar riscos de gestão se mostraram frágeis e isso pode gerar uma revisão no cálculo do preço do seguro com o agravamento do risco. Se um grupo do porte do SocGen registrou perdas de US$ 4,9 bilhões, outros podem estar oferecendo o mesmo risco para o setor de seguros”, explica Pitombeira.

A situação fica ainda mais grave com as perspectivas de que o prejuízo com o subprime pode chegar a US$ 600 bilhões, segundo divulgou a agência Fitch. Entre as seguradas que já reportaram avisos que seus executivos foram intimados pela Justiça, 25 são do mercado financeiro. Além de cobrir o valor indenizatório determinado pela Justiça, desde que o executivo não tenha agido de ma fé, o seguro de D&O cobre custas judiciais e adianta valores financeiros para que o empresário possa ter dinheiro para as contas cotidianas caso seus bens sejam apreendidos.

Nanni, da Aon, informou em sua palestra que a crise do subprime ainda deve trazer mais acionamentos nos Estados Unidos. “Esse movimento não deverá agravar os preços do seguro em países da América Latina, onde México e Brasil são os maiores compradores do produto, pois há muita oferta de capacidade”, disse. Segundo o executivo, é possível achar com facilidade no mercado de resseguros capacidade de US$ 300 milhões por risco a um preço razoável.

O temor das seguradoras é ter um ano como no início do século 21. As maiores perdas em D&O foram iniciadas com a quebra da Enron, que gerou acordos com acionistas de US$ 7,1 bilhões. A WorldCom é a vice líder em indenizações, com US$ 6,1 bilhões. A Cedant gerou indenizações de US$ 3,5 bilhões.

As empresas que mais contratam o seguro de D&O são aquelas que negociam seus papéis no mercado acionário. Os Estados Unidos são os campeões em compra de D&O nas Américas. As empresas latinas que negociam ADR na bolsa de valores americana ocupam a segunda colocação no ranking do segmento. “Tem sido uma carteira tranqüila, com pouquíssimos acionamentos em países da America Latina. E por isso, acredito que o preço continuará com margens para negociação”, aposta Nanni, da Aon.

No Brasil, que até o momento não tem qualquer reflexo das crises, a procura pelos seguros tem crescido nos últimos anos. Principalmente agora que o Banco Mundial passou a reduzir significativamente a taxa de juros em empréstimos às instituições que têm essas apólices”, diz.

Marcelo Neves, diretor da OCS, corretora de seguros cativa do grupo Odebrecht, aposta na tendência de baixa das taxas. “Não há subprime no Brasil e por isso não há porque pagarmos a mais por um risco que não oferecemos”, argumenta o dono de uma das maiores apólices de seguros do Brasil.

Segundo dados da Susep organizados pela consultoria Siscorp, o seguro de D&O movimentou prêmios de R$ 96,4 milhões em 2007, alta de 9,3% em relação a 2006. A Unibanco AIG é a maior do Brasil, com prêmios de R$ 42,4 milhões. A Chubb é a segunda maior, com R$ 12,3 milhões, seguida pela ACE (R$ 11,6 milhões), SulAmérica (R$ 10,5 milhões), e Itaú XL (R$ 8,4 milhões)

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Bradesco pagou R$ 13,9 bi em indenizações e aposentadoria*

A Bradesco Seguros e Previdência divulga amanhã seu balanço social. “Os números mostram o que devolvemos à sociedade. Ou seja, os riscos cotidianos que os segurados preferiram repassar para a seguradora e que efetivamente aconteceram, seja de sua saúde, de seu patrimônio ou mesmo de seu futuro”, diz Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do maior grupo segurador do Brasil e também da América Latina.

Em 2007, a Bradesco faturou R$ 21 bilhões. Considerando-se o ganho financeiro, o resultado sobe para R$ 29 bilhões. As indenizações, resgates de planos de previdência e pagamento de aposentadorias totalizaram R$ 13,9 bilhões, acima dos R$ 12,3 bilhões em 2006. Em saúde, o grupo pagou R$ 3,4 bilhões referentes ao atendimento de 41 milhões de procedimentos médicos. “Pouco mais de 15 eventos por segurados. O que mostra a demanda e o papel social da saúde suplementar”, frisa Trabuco.

Na área de bens patrimoniais e responsabilidade civil, as indenizações totalizaram R$ 2,59 bilhões, com 387 mil atendimentos. Em previdência e vida, onde são considerados benefícios, pecúlios, aposentadoria, resgates e seguros prestamistas, o grupo desembolsou R$ 6,4 bilhões para atender a solicitações de 644,3 mil pessoas.

De acordo com Trabuco, poder dar esse retorno à sociedade e também ser rentável é fruto de ser uma seguradora com presença em todo o Brasil, o que lhe garante ter uma market share de 25,3%. O lucro líquido do grupo em 2007 foi de R$ 2,3 bilhões, o que chega a representar 30% do resultado do banco.

“Estamos preparados para o futuro. 2007 foi um ano em que se buscou equilíbrio harmônico entre todos os ramos, que passaram por ajustes. Em saúde, por exemplo, tivemos aumento das provisões, o que nos deixou preparado para o futuro, para o aumento da competição com a evolução do mercado interno.”

Para 2008, Trabuco diz que por ser uma seguradora multilinhas, o foco está em todas as direções: saúde, ramos elementares, capitalização, além de vida e previdência. O objetivo é crescer acima de 12%. A novidade neste ano é a criação da quinta área de atuação do grupo segurador: a Bradesco Dental. O produto era vendido por meio da Bradesco Saúde e agora ganhou vida própria e já começa com 735 mil clientes em apólices grupais.

Em quase todas as áreas a Bradesco detém a liderança ou vice liderança. VGBL, um produto de acumulação de renda, movimentou prêmios de R$ 8,4 bilhões, com 41% do mercado e 63% das vendas de seguro no grupo. Em automóvel ocupa a segunda posição, com prêmios de R$ 1,8 bilhão. Sua participação neste segmento é de 13,8% e o produto representa 14% do mix de seguros. Vida e acidentes pessoais a receita de prêmios foi de R$ 1,7 bilhão, com 16,4% de participação, que representa cerca de 12,6% das vendas de seguros.

Um produto que destoa dentro do grupo é o seguro prestamista, aquele que garante o pagamento de uma dívida em caso de morte ou invalidez do titular. Apesar de o banco Bradesco ser o maior banco privado em crédito, a seguradora ocupa o oitavo lugar no ranking de prestamista, segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), com prêmios de R$ 94 milhões. É superada pela Mapfre, Santander, Tokio Marine (ABN Amro Real), Unibanco AIG, HSBC, Cardif e Banco do Brasil. Porém, está à frente do principal concorrente, o Banco Itaú, com prêmios de prestamista de R$ 80 milhões. “Começamos a atuar neste segmento há menos de dois anos e acreditamos que vamos crescer aceleradamente”.

Segundo ele, 2008 será um ano mais competitivo do que os outros anos. “Só o recente aumento do salário mínimo vai injetar R$ 20 bilhões na economia. Isso significa dizer que o perfil de renda está mudando e isso possibilita que o consumidor possa comprar seguro. Todos os operadores estão atentos a isso e preocupados em desenvolver produtos com cobertura e preço adequados.” Das 100 maiores empresas do País, 40 são clientes no ramo corporativo e 38 em saúde.

Outra arma para enfrentar a concorrência é treinar seus profissionais e corretores. O programa Universeg completou três anos. No ano passado, o curso registrou 92 mil participações, sendo 76 mil presenciais e 15,8 mil online. Também formou a primeira turma de MBA in Company, em parceria com o IBMEC.

*matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em 04/03/2008

Protecionismo inibe globalização do setor*

images31Restrições para os investimentos estrangeiros, para a venda direta de produtos e a falta de liberdade para a compra de resseguro são os principais problemas citados no estudo “Barreiras nas operações globais de seguros nos mercados emergentes”, divulgado na semana passada pela Geneva Association, entidade que reúne cerca de 80 CEOs das seguradoras mais importantes do mundo. Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente da Bradesco Seguros e Previdência, e Osvaldo do Nascimento, responsável pelas operações de seguros, previdência e capitalização do Itaú, fazem parte do conselho da associação.

O estudo, de mais de 250 páginas, analisou a regulamentação de seguros dos países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), além do México, levando em conta as exigências determinadas durante negociações de acordos internacionais que envolvem General Agreement on Trade in Services (GAT) e World Trade Organisation (WTO).

Segundo a autora Julian Arkell, um sistema de regulamentação moderno nos mercados emergentes é um pré-requisito indispensável para a prosperidade da economia local. Isso é válido particularmente para China e Índia pela exposição que ambas têm a catástrofes naturais.

As vendas mundiais de seguros somaram US$ 3,7 trilhões em 2006, expansão real de 5% em relação a 2005. Os mercados emergentes representaram, em 2006, 5,1% das vendas mundiais de seguros de ramos elementares e 4,7% das apólices de vida e previdência.

A baixa penetração de seguro – seja pela oferta restrita de produtos e preço elevado, características de mercados sem competitividade -, gerou um volume insignificante de indenizações para as seguradoras mesmo sendo China e Índia os campeões em mortes causadas por catástrofes naturais no ano passado. “As seguradoras exercerão um papel fundamental no crescimento da economia local protegendo pessoas, empresas e governos de perdas, principalmente com catástrofes”, escreve ela no dossiê.

Alguns dados do estudo estão desatualizados em razão do prazo necessário para a edição de um dossiê de tal abrangência num momento em que os países emergentes são pressionados por órgãos reguladores dos países desenvolvidos por mudanças urgentes na área de seguros como uma forma de pulverizar os riscos a que estão expostos.

No caso do Brasil, por exemplo, o monopólio de resseguros é citado na lista de barreiras, bem como o de seguro de acidentes do trabalho. A partir de janeiro deste ano, resseguros está aberto aos estrangeiros, com reserva de 60% da cessão dos contratos aos locais nos três primeiros anos. Acidentes do trabalho ainda é operado só pelo governo.

Na China e na Índia, o principal obstáculo à entrada de grupos estrangeiros no setor de seguros está na limitação da participação acionária nas companhias. Sem deter o controle, o investimento estrangeiro se torna restrito. Na China, por exemplo, a participação estrangeira não ultrapassa 1,1% do market share em ramos elementares e 6% em vida, sendo os grupos HSBC, Zurich e AXA os mais representativos. No Brasil, os estrangeiros passaram a ter acesso ao controle das seguradoras em 1996, com o interesse da AIG em associar-se ao Unibanco.

Uma regulamentação mais moderna, transparente e que traga segurança jurídica aos acionistas e aos consumidores é vital para que as seguradoras possam oferecer serviços globais. A autora do estudo acredita que a definição do papel dos grupos estrangeiros é essencial para a criação de mercados fortes, uma vez que a decisão de investimento do acionista será tomada com base no retorno financeiro da operação, que depende de fatores de risco como segurança jurídica, operacional, comercial e financeiro. “A capacidade limitada ao acesso a seguros, a reforma nos planos de aposentadoria e as privatizações apresentam desafios formidáveis para as autoridades reguladoras”, aposta a autora do estudo, disponível no site da entidade (www.genevaassociation.org).

*matéria publicada no jornal Gazeta Mercantil