Só faltou uma coisa neste evento: mais clientes. Fora isso, o evento estava excelente em termos de debates nas palestras e para networking. Essa foi uma das frases mais pronunciadas pelos executivos que lotaram a feira de exposição do XII Seminário da Associação Brasileira de Gerenciamento de Risco (ABGR), que acontece em São Paulo entre os dias 21 e 23 de agosto, com a participação de 500 gestores de riscos, seguradores, corretores e resseguradores. Enquanto os poucos clientes se queixavam da falta de inovação no clausulado dos contratos de seguros de grandes riscos, seguradores e corretores sentiam falta dos tradicionais clientes do setor em edições anteriores a 2014. Eles se referiam as construtoras e empresa da indústria de óleo e gás, riscos marítimos e operadores portuários, que sofrem as consequências da Lava Jato e da crise econômica.
Os clientes fora do escopo das investigações sofrem com a retração da economia e acabam por contratar menos seguro, seja pelo menor movimento de mercadorias ou pela falta de motivação para investir em projetos de ampliação. Além disso, eles exigem reduções de preço e de valor de franquia, o que é atendido pelo mercado, que está com excesso de capital. O otimismo, no entanto, prevalece entre gestores de riscos, seguradores e corretores. “Superada a crise política, o que certamente fará com que a economia avançe a passos mais firmes, os investimentos em infraestrutura serão prioritários”, aposta Rodrigo Protásio, CEO da JTL Re.
Um dos seguros que mais chamou a atenção dos gestores de riscos presentes foi o cyber risk, que oferece proteções para danos causados por ataques de hackers. Os gestores estão mais focados neste risco diante das notícias que acompanhamos na mídia. Mas ainda o mercado de seguros não consegue ofertar um produto que atenda às necessidades dos gestores”, comenta Vanderelei Moreira, gestor de risco do grupo WEG e vice-presidente da ABGR. “Falta capital para as coberturas solicitadas. Temos de formar pool de seguradoras para conseguir a capacidade de cobertura que achamos ser a adequada. As pequenas conseguem, mas as grandes empresas, com atuação mundial, precisam juntar equipes para fechar um contrato de riscos cibernéticos”.
Segundo Moreira, os gestores de riscos devem olhar para o futuro e se adaptarem aos riscos que mais tem potencial de gerar perdas. “Os prejuízos vão muito além de um incêndio ou a perda da carga de um transporte. Conflitos políticos, globalização, risco cambial, quebra na cadeia de fornecedores, riscos regulatórios entre outros podem gerar perdas significativas, inclusive a imagem e marca dos grupos empresariais. Estamos adotando dentro da nossa estrutura a gestão de risco corporativo, por departamentos, auxiliando-os a gerenciar o risco do fornecedor, por exemplo. A área de suprimentos tem de avaliar o risco do fornecedor parar. Quem é o segundo da lista que pode substitui-lo no contrato?”, comenta.
A WEG ampliou o prazo de contratação do programa mundial de seguros para 18 e 24 meses. A apólice de property vence em 2018. Recentemente a WEG renovou a apólice de Directors & Officers (D&O), com boas condições diante da acirrada concorrência entre as seguradoras, por um período de 18 meses. “A renovação foi tranquila, mantendo os descontos dos anos anteriores, afirmou.
Inovação – O estande da XL era o mais moderno da feira da ABGR. O tema é inovação, afirma Renato Rodrigues, CEO da XL Catlin. “Temos de pensar no futuro. O papel do gerente de risco mudou completamente. Ele tem de olhar para os riscos que estão acontecendo e para os que virão em breve com o avanço do uso das tecnologias trazidas pela inteligência artificial. Isso impacta muito a operação das empresas. O gestor de risco tem de antecipar isso ao board e pensar que a dinâmica do relacionamento com o setor de seguros passa a ser de menos transferência de risco e mais gestão do potencial risco diante das mudanças geradas pela tecnologia”, sugere o executivo.
Na palestra sobre inovação, Richard Jinks, da XL Catlin, mostrou como serão os riscos do futuro, a partir da utilização de novas tecnologias. Entretanto, o que interessava mais aos participantes era saber a aplicabilidade da tecnologia para o gerenciamento de risco. Jinks mostrou que com o uso da Internet das Coisas já é possível, por exemplo, transmitir informações em tempo real de galpões, através de imagens captadas por sensores acoplados a empilhadeiras sem motorista, que circulam o tempo todo pela área. “Com estas informações é possível montar um mapa 3D do local a partir de qualquer lugar observar as vulnerabilidades. A conectividade é o grande desafio”, prevê Jinks, escreve Kelly Lubiato, da Revista Apólice.
No estande, várias frases chamavam a atenção, como essa da foto: O que os peixes estão tentando nos dizer? A migração dos peixes pode nos ensinar muito sobre as mudanças climáticas. Estudando os oceanos, entendemos seus riscos e impactos. As fazer as perguntas certas, nos preparamos para o amanhã”. Rodrigues contou que o grupo investe em pesquisas de vários segmentos para antecipar riscos e previne-los, como nos oceanos. Em 2016, a empresa patrocinou a pesquisa XL Catlin Deep Ocean, para a medição da saúde e resiliência do mar.
Riscos Especiais – Esse foi o tema do estande da divisão de riscos especiais da Liberty Seguros. Segundo Luis Oliveira, atualmente o carro chefe dos produtos corporativos é riscos financeiros. “Mas com a retomada da economia, certamente haverá uma retomada da internacionalização dos grupos brasileiros e com isso demanda para riscos como recall de produtos, contaminação, ambiental, terrorismo, sequestro e linhas financeiras. Nossa grade de produtos está aprovada e moderna, pronta para atender as necessidades dos empresários com a retomada do crescimento”, aposta Oliveira.
Energias renováveis – O estande da Travelers estava lotado. Os participantes queriam entender mais sobre o seguro para energias renováveis, já que a seguradora é uma das mais especializadas neste assunto nos EUA. Leonardo Semenovitch, presidente da Travelers no Brasil, explicou ao blog Sonho Seguro que o Brasil está entre os principais do mundo quando o tema é potencial para a energia eólica. “Temos alguns contratos em andamento, outros na fila para serem assinados e acreditamos que muitos virão quando a economia começar a rodar”, diz.
Semenovitch se refere desde a pequena micro geração solar até grandes plantas eólicas e solares. “Eólica representa ainda 5% da matriz energética do Brasil e solar é muito pequena ainda”, explicou. “O Brasil figura como o terceiro país mais atrativo em investimentos no setor de fontes renováveis, sendo a eólica a principal protagonista. Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), O Brasil é quinto país que mais investiu em energia eólica no ano passado, cerca de R$ 18 bilhões. O Brasil tem o melhor vento do mundo para produção de energia eólica, segundo especialistas do setor. O MCTIC também afirma que as fontes renováveis já geram por volta de 10 milhões de empregos de qualidade no mundo. A energia solar sozinha é responsável por mais de 3 milhões de empregos no planeta.
O CEO da Travelers conta que o grupo já trouxe dos EUA um pacote de coberturas para os empreendedores de energia solar com foco nas para pequenas micro geração solar. “Alguns pessoas colocam em casa ou no estabelecimento comercial. E nós já temos a oferta certa de seguro para isso. Certamente esse segmento vai crescer. Está bem organizado, já conta com uma associação de energia solar e vem crescendo”, afirma. Por ser uma especialidade da Travelers nos EUA, o grupo quer compartilhar com o mercado brasileiro a experiência. “Eólica e solar são energias mais baratas, mais limpa, não causam o dano ambiental que uma hidrelétrica causa. Tem tudo para crescer no Brasil com a retomada da economia e nos já estamos preparados”, afirma.
Os visitantes da Feira também puderam conhecer mais o trabalho que a Travelers vem realizando no segmento de pequenas e médias empresas, segmento que domina dos EUA com ofertas sob medida para restaurantes, lojas, lavanderias e outros negócios de pequeno porte. “Nosso foco está no atendimento diferenciado, transferindo aos clientes e corretores nossa expertise em gerenciar pequenos riscos e como especialista em médio e grande risco. As equipes das Travelers são focadas em facilitar a vida dos clientes e dos corretores, com produtos que priorizam descontos para quem investe em gerenciamento de riscos e que podem ser contratados de forma simples e ágil”, afirma.
Apólices globais – Um dos temas mais comentados foi a necessidade de o setor se organizar, por meio da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), para modernizar produtos a nova realidade dos clientes de grandes riscos, principalmente para atender às necessidades de programas mundiais. Alvaro Trilho, consultor da ABGR, afirmou que a sugestão dada por Wady Cury, executivo do grupo BB Mapfre, a maior em grandes riscos, é muito pertinente e será colocada em pauta entre a ABGR e FenSeg.
Bosco Francoy, da Mapfre Global Risk, explica que o conhecimento dos mercados é um fator chave para o sucesso ou fracasso do programa internacional de seguros. Ida Patrícia, gerente de seguros da Embraer, citou que os produtos aprovados pela Susep muitas vezes não atendem às especificidades dos seguros que a empresa precisa, como de responsabilidade civil produtos. “Temos de sentar com seguradora, ressegurador e corretor para adaptarmos o programa para atender as regras locais, sendo que mais de 90% do contrato tem resseguro”, comentou durante o evento. A comunicação do programa global, segundo os especialistas, é um dos pontos prioritários entre todos os envolvidos.
A franquia foi um dos temas mais criticados pelos gestores de riscos durante “perguntas e respostas”, com franquias que chegam a representar 40% do valor de indenização contratado no programa. Todos concordaram que é preciso reavaliar este item nas negociações de grandes apólices que estão em processo de renovação. Boa parte delas tem é renovada anualmente no ultimo trimestre do ano.
JCDecaux – Gustavo Bueno Neto, diretor de operações da francesa JCDecaux, maior empresa de mídia exterior do mundo que acaba de ganhar contratos de algumas linhas do metro de São Paulo e do aeroporto de Guarulhos, comemorou que conseguiu reduzir a franquia da apólice local de 50 mil euros para 5 mil euros. “Agora sim o seguro será usado em situações do nosso dia a dia”, comentou. “Como estava era uma situação que dava raiva de pagar o seguro todo ano”. Ele agradeceu o apoio da corretora Willis na conquista de melhores condições do contrato local dentro do programa mundial.
Segundo ele, os acidentes a que a empresa está exposta geralmente ficam muito abaixo de 50 mil euros. O grupo investe cerca de R$ 500 mil por ano na compra de seguros para proteger bens usados em propaganda, como relógios. “Espero que as manifestações no Brasil cessem e não tenhamos mais perdas por vandalismo”, comentou.
Pottencial – A jornalista Aline Bronzati, da Agência Estado, presente no evento, divulgou em sua coluna no Estadão que a seguradora mineira Pottencial, especializada no ramo de garantia, estaria à venda. O valor esperado com a operação seria de R$ 1,5 bilhão. O Credit Suisse é o banco de investimento assessor da transação. De médio porte, concorrentes consideram a plataforma da seguradora, criada em 2010, bem redonda, o que pode ajudar a atrair interessados. No primeiro semestre, a Pottencial emitiu mais de R$ 200 milhões em prêmios, alta de 20% em relação a igual período de 2016, sendo a maioria em seguro garantia para o setor público. Procurad a, a Pottencial negou que esteja à venda, informa a Coluna do Broadcast
D&O – O seguro de D&O deve sofrer alterações no mês de novembro, por conta da circular 553, informou a revista Apólice. Entre as mudanças está a volta da possibilidade de venda deste seguro para pessoas físicas. Mauricio Bandeira, da AON, disse que após algumas mudanças sugeridas pelo mercado de seguros, a nova regulamentação deve entrar em vigor a partir de 19 de novembro. “Estamos trabalhando para nos adaptarmos às novas regras. A grande mudança é a possibilidade de cobertura para multas, que existia no passado e que volta agora”, contou Flávio Sá, diretor da AIG. Em relação aos produtos capazes de serem contratados por pessoas físicas, ele acredita que a partir do segundo semestre de 2018 eles possam estar disponíveis.
Marsh – A corretora Marsh contratou Paul Connoly, ex-Liberty e ex-IRB, para atuar na area de resseguro do grupo. Outra novidade captada pelo blog Sonho Seguro no estande da March é que o diretor de infraestrutura Marcelo Elias foi convidado para fazer parte do conselho consultivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB).
Contratos – A equipe da corretora JLT comemorava ontem em seu estande na ABGR a conquista/renovação de duas contas: Natura e Fibria. A Generali também comemorava a conquista de algumas contas de riscos corporativos importantes. Uma delas era a Natura.
AIG – Nos bastidores do evento, uma das perguntas recorrentes era sobre quem será o novo presidente da AIG, uma vez que Paride Della Rosa já assumiu novas funções nos Estados Unidos. Ele acumula o cargo de CEO no Brasil, a espera de um sucessor.

Rural – Em meio a esse cenário de oportunidades de negócios, instabilidade do clima e necessidade de mais recursos públicos para a subvenção ao prêmio de seguro, a Allianz Seguros gerencia riscos agrícolas por regiões e produtores por meio da chamada “Estruturação de Operações Agrícolas”. “O modelo, em vez de usar somente as médias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também leva em consideração o histórico de produtividade do agricultor e o emprego de tecnologia na propriedade para conseguir ter como principal diferencial a personalização de coberturas”, explica Joaquim Francisco, superintendente de Agronegócios da Allianz Seguros.
A análise do risco a partir de dados mais precisos, fornecidos por associações setoriais ligadas ao agricultor ou vindos do próprio produtor, adequa garantias, minimiza perdas e equilibra o custo, deixando o valor do prêmio mais acessível e atrativo. A “Estruturação de Operações Agrícolas” também é uma forma de gerenciar a sinistralidade da seguradora, já que determinadas localidades são detalhadamente estudadas. Esse aspecto é bastante relevante para o seguro agrícola, uma vez que é a única modalidade correlacionada, isto é, um determinado evento pode acarretar perdas concentradas.
Ao fortalecer a relação entre o agronegócio e o setor de seguros há também um avanço nos produtos contratados. Segundo Joaquim, “até 2015, a Allianz praticamente comercializava seguro-custeio, aquele que o agricultor usa para financiar a sua atividade. Já em 2016, 80% das apólices foram de produtividade”. Ou seja, com a “Estruturação de Operações Agrícolas” toda produção passou a ser segurada.
Luciano Calheiros, CEO da seguradora Swiss Re Corporate Solutions, que participou do painel Gerências de Riscos e Compliance, propõe uma reflexão sobre os benefícios da integridade para as organizações, destacando a importância de processos e de atitudes na cultura organizacional. “Na Swiss Re, gostamos de brincar de que não fazemos nada que não possamos reproduzir em público”, explica Luciano, ao fazer uma analogia com um vídeo popular na internet em que um garoto americano tenta culpar um super-herói pelo desenho feito no espelho de casa. “É a reação normal do ser humano: colocar a culpa em outra pessoa”, completa.
Em pouco mais de uma hora de conversa, o executivo conduziu um percurso sobre as conexões entre gestão de riscos e compliance, seus benefícios para empresas, prejuízos causados por fraudes e a expertise do mercado segurador em atender essas demandas. “ Se puder deixar um conselho para vocês, diria três coisas: programas de compliance parecem caros, mas seus benefícios trazem ganhos, inclusive financeiros; a integridade de uma empresa não deve estar em uma área, mas no compromisso de cada funcionário; e empresas íntegras são mais resilientes”, finalizou Luciano.
retratei a feira pois não tive tempo de cobrir as palestras, pois estava comprometida com outros trabalhos. espero que outros veículos tenham feito a cobertura de tao brilhantes palestras. grande abraço
Cara Sra Denise!
Gostaria de aqui deixar meu parecer sobre sua matéria de ontem, aqui em seu blog que, ouvi dizer tão respeitado no mercado de Seguros de Riscos, sobre a Expo Riscos 2017.
Lendo seu comentário até o final tive a impressão de que visitou o andar errado deste complexo tão grande do WTC e passou por outro Evento que não o de Riscos e Seguros.
Estamos preparando o relatório, com base em todas as inscrições feitas, antes e durante os 2 dias intensos de eventos onde, simultaneamente ocorreram palestras com importantes palestrantes da área que disseminaram conhecimento, e a Expo Riscos, que bateu o recorde de visitantes.
Vale ressaltar que o ano de 2017 será marcado como ano de escândalos políticos, economia combalida, em um Brasil desacreditado.
É importante que tenhamos pessoas corajosas que aceitem o desafio de fazer acontecer, ainda que podendo cometer falhas, mas com paixão e alma a ponto de virar o jogo, como assim vem fazendo a ABGR, Associação esta que reputo mostrar sempre garra e persistência a ponto de reunir a cada 2 anos, um número expressivo de colaboradores, parceiros dispostos a mostrarem a importância desta área vital para o mercado de seguros.
Assim que entregarmos os números – estes sim que representam de fato a realidade sobre quem e quantas pessoas compareceram a este evento tão importante, tenho certeza que seus leitores fiéis ficarão satisfeitos com os resultados e poderão se manifestar a respeito.
Espero que outras pessoas que lá estiveram expondo em seus stands que atraíram tantos visitantes, possam deixar seus depoimentos da percepção que tiveram durante os longos 2 dias de Evento e relatem que se sentem revigorados para continuarem o trabalho de buscarem o resultado positivo para suas empresas. Para nós trabalhadores de back office temos certeza de que o trabalho de networking entre os que lá estiveram foi de grande valia e ânimo para o mercado.
Termino dizendo que, o Brasil precisa de pessoas sérias, construtivas e “balões”, que façam com que se reverta a imagem deste Brasil que passou a ser mal visto por potências importantes. Ainda, que bom que jovens estudantes também puderam ter o privilégio de conhecerem a área e poderem no futuro fazer parte do mercado.
Quem eu sou?
Uma mera organizadora de eventos, que tem uma admiração enorme pelo trabalho da ABGR e, que ao longo de quase 40 anos da existência desta Associação, pôde constatar a evolução que ela teve graças a grandes nomes que por lá passaram deixando suas contribuições e aos novos representantes como a Presidente Cristiane França Alves que abraçaram a árdua tarefa de dar continuidade iniciado por seus antecessores.
Acredito que os resultados chegarão em suas mãos e então você terá nova matéria para publicar tornando o pesadelo em de fato sonhos seguros!
Laura Fernandes