AM Best mantém perspectiva negativa para o mercado de resseguros no Brasil

O crescimento anual do segmento de resseguros no Brasil foi impulsionado pelos ramos de negócios de patrimônio, riscos especiais, aeronáutico e riscos financeiros

AM Best vem mantendo uma perspectiva negativa sobre o segmento de mercado de resseguros do Brasil, ao citar em parte a incerteza política e as medidas de reforma tributária que estão pressionando a lucratividade do setor.

Além das eleições de 2026 que se aproximam, as restrições regulatórias sobre ativos estrangeiros limitaram o crescimento das resseguradoras nacionais no exterior, de acordo com o Relatório de Segmentos de Mercado da Best. Conforme o relatório, o mercado de resseguros brasileiro continua em recuperação, mas é necessário manter uma tendência favorável. A AM Best irá considerar a perspectiva estável quando a volatilidade dos resultados técnicos e de resultado do setor diminuir, junto com o lucro técnico positivo, em meio às novas reformas tributárias em curso no país.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,9% em 2024, apesar do clima de incerteza econômica. O intenso consumo privado impulsionou o aumento da demanda, enquanto o crescimento dos serviços e da agricultura contribuiu para o crescimento da oferta. Contudo, o real sofreu uma desvalorização significativa, atingindo R$ 6,18 por USD em 30 de dezembro de 2024.

O crescimento anual do segmento de resseguros no Brasil foi impulsionado pelos ramos de negócios de patrimônio, riscos especiais, aeronáutico e riscos financeiros. Este crescimento foi compensado por uma queda nos ramos agrícola e marítimo no fim de 2024. “O resseguro agrícola pode ser considerado uma exposição similar a catástrofes naturais, mas técnicas inovadoras agora monitoram os riscos climáticos que deixam o setor vulnerável”, disse Ricardo Rodríguez Pérez, analista financeiro sênior da AM Best. “Apesar destas iniciativas, a subscrição de negócios agrícolas para o setor de resseguros caiu 47%.”

Entre outros destaques do relatório:

  • As recentes mudanças tributárias aplicadas às seguradoras e resseguradoras brasileiras pressionaram a lucratividade em 2025. Estas mudanças aumentam o imposto aplicado às transações de câmbio, com as resseguradoras offshore pagando mais que o triplo de impostos do que nos anos anteriores.
  • Uma desaceleração no crescimento do setor de resseguros mostra a melhora na seleção de riscos de resseguradoras locais ou nacionais, mas também reflete o aumento do prêmio cedido por estas seguradoras a resseguradoras no exterior.
  • O segmento de (res)seguros do Brasil se beneficiou do aumento das taxas de juros pagas sobre suas reservas investidas. A receita de investimentos contribuiu significativamente para a rentabilidade do setor de resseguros do Brasil, o que gerou resultados positivos em 2023 e 2024.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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