Indenizações pagas pelo seguro transporte se aproximam de R$ 1 bilhão no 1º trimestre

Alta de 46% nas compensações reflete escalada dos roubos de carga e pressiona a logística nacional

Fonte: FenSeg

A criminalidade nas estradas brasileiras segue impactando o transporte de cargas — e o seguro tem sido um dos principais amortecedores dos prejuízos. Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o ramo de seguro transporte pagou R$ 904 milhões em indenizações no primeiro trimestre de 2025, um salto de 46,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A arrecadação com prêmios também cresceu: R$ 1,570 bilhão no trimestre, alta de 10,8% sobre 2024.

O avanço nos sinistros acompanha a escalada dos crimes de roubo e furto de carga, especialmente em corredores logísticos estratégicos. De acordo com a NTC&Logística, o Brasil registrou cerca de 17 mil ocorrências em 2023 — média de duas por hora. Os dados consolidados de 2024 ainda não foram divulgados, mas estimativas indicam novo crescimento.

A Região Sudeste concentra a maior parte das perdas financeiras. Em 2024, 83% dos prejuízos se deram em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais — tendência que se manteve em 2025. Nos primeiros três meses do ano, RJ e MG já acumulam aumento superior a 40% nas ocorrências.

Esses dados se refletem nas indenizações por desvio de cargas. São Paulo lidera o ranking, com R$ 62,2 milhões pagos no trimestre. Em seguida vêm Minas Gerais (R$ 26,1 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 9 milhões), Rio de Janeiro (R$ 8,9 milhões) e Santa Catarina (R$ 7 milhões).

A frequência crescente e a sofisticação das quadrilhas elevaram o valor médio dos sinistros e pressionam os custos operacionais de transportadoras e embarcadores. Diante disso, o seguro transporte vem se consolidando como peça-chave na gestão de risco do setor.

“A escalada dos roubos de carga já penaliza toda a cadeia logística. Com o seguro pagando quase R$ 1 bilhão em indenizações em apenas três meses, fica claro que a criminalidade nas estradas se tornou uma variável central no planejamento logístico. O seguro, além de ressarcir perdas e danos, estimula investimentos em monitoramento e rastreamento das estradas, gerenciamento de riscos e gestão inteligente com estradas digitalizadas. Hoje, ele é um componente estratégico — não apenas financeiro, mas também operacional”, afirma Marcos Siqueira, presidente da Comissão de Transporte da FenSeg.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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