por Hélio Kinoshita é managing partner de Seguros da águilahub. É ex-country manager do Mitsui Sumitomo Insurance Group, ex-diretor da FenSeg e conselheiro do grupo Sabemi
Em um mercado historicamente marcado por processos tradicionais e burocráticos, forte regulação e que vem, ano a ano, presenciando uma compressão de margem dos produtos, a transformação digital no mercado de seguros deixou de ser um diferencial para se tornar um pré-requisito estratégico.
O PDMS – Programa de Desenvolvimento do Mercado de Seguros, lançado pela CNSEG no início de 2023, objetiva ampliar a participação da parcela da Sociedade Brasileira atendida pelos diversos produtos de seguros, capitalização e previdência. Tem como meta alcançar uma participação sobre o PIB de 30% em 2030 e traçou quatro principais diretrizes: Distribuição de Seguros, Produtos, Imagem do Seguro e Eficiência Regulatória.
E sem dúvida, o mercado tem encontrado na Inteligência Artificial (IA) um dos seus principais aliados na definição de uma jornada mais ágil, na criação de produtos personalizados e desenvolvimento estratégico dos dados para seu plano de venda.
A IA tem revolucionado o mercado de seguros ao automatizar tarefas repetitivas e burocráticas, como análise de propostas, atendimento e regulação de sinistros. Com algoritmos que processam grandes volumes de dados em segundos, processos antes demorados — como o de sinistros — podem ser resolvidos em poucas horas, com validações automáticas utilizando imagens e triagens inteligentes.
Com uma jornada mais ágil, melhora da produtividade interna e da qualidade da análise, o cliente tende a ter uma jornada mais positiva em sua relação com a seguradora, associando-a a uma experiência mais fluida e confiável.
Em um outro flanco, mas ainda na área de seguros, as empresas do setor, na medida em que adotam a análise preditiva e precificação dinâmica, conseguem adequar suas propostas ao perfil de risco de cada cliente. O resultado? Melhor equilíbrio entre preço e o risco, com propostas mais competitivas, coberturas mais adequadas e preços acessíveis, ampliando o alcance no mercado.
Além disso, o uso de IA permite a prevenção mais eficaz de fraudes, gera redução de indenizações impróprias e incremento da rentabilidade dos produtos de seguros, muito importante num cenário global de margens cada vez mais estreitas, inteligência em tempo real torna-se um ativo essencial.
Com IA, é possível, ainda, gerir e analisar Big Data e desenvolver uma estratégia de venda mais eficiente através de modelos de propensão, suportando os corretores com estratégias que priorizem ações de maior impacto. E utilizando a análise de predição, pode-se melhorar o índice de renovação e potencializar as estratégias de cross-sell & upsell.
Empresas que investem em IA estão redefinindo seu modelo de atuação e contribuindo com o PDMS. Ao tornarem seus processos mais eficientes, reduzirem tempos de resposta e entregarem produtos e serviços customizados, posicionam-se para crescer de forma sustentável, beneficiando toda a sociedade.
A IA não substitui a inteligência humana — ela a potencializa. E, no setor de seguros, esse potencial se traduz em eficiência operacional, vantagem competitiva e valor percebido pelo cliente.
Projetos com este nível de impacto exigem clareza estratégica, domínio técnico e excelência em execução. Consultorias estratégicas, nesse cenário, têm um papel decisivo em tornar essas transformações viáveis — conectando tecnologia, negócios e resultados concretos.
No setor de seguros, a inteligência artificial precisa ser aplicada com clareza estratégica para gerar ganhos reais de eficiência, reduzir custos operacionais e entregar uma experiência digital diferenciada. Trata-se de transformar tecnologia em resultado.