Namorar um(a) atleta pode ser desafiador. Exercícios e esportes, provavelmente, passarão a fazer parte da rotina do casal. Com a proximidade do Dia dos Namorados, o médico de família da rede Meu Doutor Novamed, da Bradesco Seguros, Marcelo Amorim, analisa, na entrevista abaixo, os benefícios e desafios de quem busca cumprir a rotina de treinos de forma compartilhada com o parceiro. A motivação do casal, com o incentivo mútuo para realizar as atividades, é um dos diversos benefícios. Manter o foco na atividade física e respeitar os limites de cada corpo está entre as dicas do médico para fazer da companhia um estímulo positivo para uma vida mais saudável.
1) Quais são os principais benefícios de casais que se exercitam juntos, tanto na motivação quanto na saúde física e emocional?
As vantagens de treinar acompanhado do parceiro ou parceira são diversas. Pode haver mais motivação e, com isso, mais adesão, regularidade e consistência nos treinos. A presença de um parceiro pode incentivar a superação de limites dentro de uma competição saudável, pois, geralmente, nos acostumamos a fazer menos da nossa capacidade quando não há um incentivo.
Ter alguém por perto durante os treinos, especialmente aqueles que envolvem pesos ou exercícios com risco de lesões, pode também proporcionar mais segurança, pois um parceiro de treino pode ajudar a corrigir a sua postura e técnica durante os exercícios, minimizando o risco de traumas.
Por fim, treinar em casal, assim como com amigos ou conhecidos, pode tornar o treino mais agradável e divertido, além de promover a socialização e a construção ou consolidação de relacionamentos.
2) Quais os riscos ou desvantagens mais comuns dessa prática, especialmente quando há diferença de preparo físico entre os parceiros?
A presença de outra pessoa, com a possível pressão de manter uma conversa ou interação podem impactar na concentração. Treinar acompanhado pode, ainda, lhe obrigar a adaptar o treino ao nível de energia e ritmo do parceiro.
3) Há tipos de treinos ou modalidades mais indicadas para casais com ritmos ou objetivos diferentes? Como alinhar metas sem prejudicar o rendimento?
Não existe um “melhor” treino, pois a escolha depende dos objetivos, estilo de vida, gosto pessoal, tempo e recursos disponíveis. Se o objetivo é perder peso, pode-se optar por treinos de alta intensidade ou exercícios aeróbicos. Se o objetivo é ganhar massa muscular, a musculação é a melhor opção. Ao se treinar junto, devem-se alinhar metas que sejam exequíveis, sem prejudicar o rendimento, sendo crucial definir metas realistas e flexíveis, focar no processo de melhoria e não apenas nos resultados, e adaptar a rotina de treino à disponibilidade e nível de condicionamento físico. As metas devem ser específicas. Por exemplo, em vez de melhorar a resistência, defina correr cinco quilômetros em 40 minutos. Essas metas também devem ser mensuráveis, como aumentar a carga de cinco quilos em três meses, e alcançáveis (desafiadoras, mas não impossíveis). Importante serem relevantes. A meta deve estar alinhada com seus objetivos de bem-estar e saúde, e ter um prazo. Estabeleça prazos para cada meta, criando uma sensação de urgência e progresso.
4) Para casais que só conseguem se exercitar juntos nos fins de semana, ainda assim vale a pena? Há benefícios mesmo com essa limitação?
A realização de volumes mensuráveis de atividade física, consistentes com as recomendações das diretrizes (ao menos 150 minutos por semana de exercícios moderados a vigorosos), está associada a um menor risco de mais de 200 doenças, com efeitos proeminentes nas condições cardiometabólicas. Essa é a afirmação de um estudo publicado em setembro de 2024 pela revista Circulation, da American Heart Association (AHA). Independentemente de a atividade física seguir um padrão de fim de semana ou ser distribuída de forma mais uniforme ao longo da semana, os benefícios gerais são basicamente semelhantes. O que se deve fazer é adequar a duração e intensidade dos treinos de finais de semana para a recomendação mínima semanal.