A nova face dos contratos de resseguros

por Maike Bruckner, líder de resseguros da WTW no Brasil

O mercado de resseguros está passando por uma transformação significativa, refletindo a crescente complexidade dos riscos globais. Tradicionalmente considerado uma ferramenta fundamental para setores que lidam com riscos extremos e grandes volumes de capital, o resseguro se posiciona agora como um pilar estratégico, cada vez mais central para o sucesso das operações.

A crescente interconexão dos riscos, como eventos climáticos extremos, ataques cibernéticos e projetos de grande escala, tem impulsionado essa mudança. Se antes o resseguro era visto principalmente como uma exigência regulatória, hoje ele se tornou uma ferramenta imprescindível para aumentar a resiliência dos negócios e garantir a continuidade das operações em setores de alto risco.

Um bom exemplo dessa transformação está no segmento de Property & Casualty (ou Propriedades e Responsabilidades Civis, em uma tradução livre), principalmente em decorrência das mudanças climáticas. Basta vermos o que aconteceu no Rio Grande do Sul, que foi fortemente impactado com as enchentes no ano passado.

Incontáveis empresas tiveram suas estruturas afetadas pelas fortes chuvas e as enchentes, o que resultou em perdas milionárias. Nesse novo cenário, onde os danos podem ser muito maiores, o Resseguro ganha projeção como um elemento estratégico.

Isso vale para o setor de Recursos Naturais, um segmento onde o Brasil tem grande protagonismo e existe um grande leque de possibilidades. Contudo, esse segmento também envolve grandes riscos, que, muitas vezes, podem inviabilizar projetos. É justamente aí que entram os Resseguros, funcionando como um elemento estratégico que traz a segurança e garantias necessárias para viabilizar grandes projetos.

Não podemos esquecer, também que setores tradicionalmente mais expostos, como o agronegócio, também estão cada vez mais buscando o resseguro, devido à dependência de condições climáticas. A Aviação e o Transporte Marítimo, por sua vez, exigem soluções altamente especializadas para cobrir riscos que vão desde danos físicos até interrupções nas operações.

O mercado brasileiro está acompanhando essas tendências, mas ele ainda não consegue absorver completamente a demanda, o que frequentemente leva as empresas a buscarem soluções no exterior. Nesse sentido, os mercados resseguradores globais têm desempenhado um papel fundamental ao oferecer soluções personalizadas que acompanham o crescimento e a transformação dos negócios no Brasil.

Este processo de transformação ainda está no começo e muitos empresários podem não reconhecer completamente a importância do resseguro como ferramenta estratégica. No entanto, a tendência é que a conscientização sobre sua relevância cresça rapidamente nos próximos anos, à medida que os riscos se intensificam e as empresas busquem formas cada vez mais eficazes de proteger suas operações.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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