Preços de resseguro voltam aos níveis de 2023, com tendência de queda liderada pelo mercado de cat bonds

Análise aponta que, apesar da recente suavização, os preços ainda estão acima dos níveis de suficiência, mas o setor já mostra sinais de pressão por crescimento e possível aperto de margens no futuro

Fonte: Artemis

Os analistas do J.P. Morgan avaliam que os preços do resseguro global retornaram aos níveis de 2023, considerados o início da fase mais recente do mercado duro, enquanto o mercado de cat bonds (títulos de catástrofe) teria suavizado ainda mais, se aproximando dos níveis observados em 2022.

O movimento de queda nos preços já era perceptível nas renovações de janeiro de 2025, quando a abundância de capital e a concorrência elevada pressionaram os valores tanto no resseguro quanto na retrocessão. Dados da Guy Carpenter apontaram queda de 6,6% nas taxas globais de resseguro de propriedades e de 6,2% nos EUA. A Howden estimou que os preços ajustados ao risco caíram 8% para contratos de propriedade catastrófica e 13,5% na retrocessão.

Esse cenário foi impulsionado por dois anos consecutivos de forte lucratividade para resseguradoras tradicionais e investidores ILS, com baixa ocorrência de catástrofes e ganhos expressivos em termos, condições e pontos de anexação. As renovações de abril reforçaram a tendência de suavização, com reduções de até 15% nas taxas de excesso de perdas no Japão e quedas ou altas de até 15% nos EUA, a depender do histórico de perdas.

Nos EUA, renovações recentes indicam mais pressão nos preços. A Allstate afirmou ter renovado seus contratos em abril por um custo inferior ao do ano anterior, mesmo adquirindo mais cobertura nos níveis superiores. Já a Citizens Property Insurance espera quedas de até 10% nas camadas acima do Fundo de Catástrofes da Flórida (FHCF). A TWIA, do Texas, também projeta menores taxas para 2025.

Apesar das quedas, o JP Morgan aponta que os preços permanecem bem acima dos níveis considerados adequados. Os analistas observam que as seguradoras ainda operam com folga, mas alertam que a redução de prêmios pode pressionar as margens à medida que se traduz em menor crescimento da receita.

Eles destacam que o ciclo positivo de preços foi incomumente longo, sustentado por inflação, pandemia e juros baixos. No entanto, alertam que o comportamento de algumas empresas, buscando crescimento mesmo com preços em queda, pode intensificar o ciclo de baixa — padrão semelhante ao observado no início dos anos 2010.

Os cat bonds, por negociarem o ano todo, costumam antecipar movimentos do mercado tradicional. Dados indicam que, em 2025, o spread médio acima da perda esperada está no menor nível desde 2021. Ainda assim, a perda esperada média também caiu, sugerindo que a precificação permanece atrativa para emissores.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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