Luiz Trabuco, Nilton Molina e Roberto Santos conversam sobre a resiliência em meio a disrupção de seguros

por Gilmara Santos

Pouco antes do Plano Real, em 1994, o setor de seguros – tirando PGBL, VGBL e seguro saúde – representava 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) e em 2023, esses mesmos ramos elementares clássicos representavam 1,4% do PIB. 

Os dados foram apresentados por Nilton Molina, presidente do conselho da MAG, durante o painel ‘Seguro para tudo e para todos: a proteção como pilar de resiliência em tempos de transformação’, que ocorreu na manhã desta terça-feira (27), na Conseguro 2025, realizada em São Paulo pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). “

“Temos, sim, um enorme processo pela frente: a disrupção vem na linguagem, no produto, no marketing e nas vendas, porque sem isso não vai alavancar aqueles seguros tradicionais, os ramos elementares”, avaliou Molina.

Roberto Santos, presidente do conselho diretor da CNseg, por sua vez, destacou que o cenário é desafiador para a indústria, mas reforçou que o mercado de seguros é muito resiliente. “Passamos por muitas coisas nos últimos anos, de modificação e inovação. Antes, a apólice era feita à mão, depois na máquina de escrever, na máquina de escrever elétrica, usávamos retroprojetor com transparência, mas o mundo foi evoluindo. Tivemos crises, recessão e mais recentemente Covid”, lembrou o executivo ao afirmar que, mesmo diante de tantos desafios, o setor tem um grande caminho a percorrer e a projeção é de chegar a 10% do PIB até 2030. 

“Para qualquer indústria crescer tem que ter crescimento orgânico e de novos produtos, com aquisições e criando negócios. Há espaço para a criação de novos produtos. Organicamente não temos crescido”, considera Santos.

Neste sentido, a tecnologia aparece como uma importante aliada do setor. “Assisti desde o começo essa questão (da tecnologia e a corretagem). Na década de 1980 já discutia se novas tecnologias iam substituir o corretor e não vão. A IA (inteligência artificial) vai facilitar a clareza de oferta para os clientes e isso vai levar mudança de comportamento da seguradora e da relação entre corretor e cliente”, considera Molina. “A questão tecnológica não deve ser vista como uma ameaça. Corretor se adapta passando a usar a internet como uma aliada, uma ferramenta para ajudar no seu trabalho e tudo isso, robôs e outros, são aliados. Risco sempre vai existir”, complementa Santos.

Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Banco Bradesco, comentou que, independentemente da evolução tecnológica, a humanidade não sai do centro do palco. “O mundo do seguro está intrinsecamente ligado aos desafios humanos. Estamos em processo de transição, mas não vai tirar o protagonista da humanidade. Os riscos estão presentes e é nossa função social mitigá-los”, afirmou Trabuco.

Para Trabuco, é fundamental a popularização e a massificação dos seguros. Parodiando o grande pintor Michelangelo, o executivo afirmou que os negócios do setor estão entre ‘Agonia e Êxtase”, que vem com o momento de pagamento da indenização. 

Os palestrantes concordam que para o setor evoluir é importante melhorar a comunicação com os consumidores e isso é trabalhar para acabar com o ‘segurês’. 

IOF

Trabuco aproveitou a oportunidade para criticar a criação do IOF nos planos  VGBL na semana passada pelo governo. “Se o seguro merece ser incentivado não é muito adequado usar IOF para ser carregamento fiscal de entrada para quem entra em seguros”, disse Trabuco.

O tema já havia sido abordado pelo presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, durante a abertura da Conseguro 2025. “Enquanto estamos investindo em tecnologia, inteligência artificial, pensando no futuro da indústria, seguro de carro e drones autônomos, seguro de robô, de fábrica que só tem robô, a gente tem que falar de IOF”, disse Oliveira.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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