Brasil se mantém como destaque e concentra 1 a cada 3 insurtechs da América Latina

Referência em seguro de vida, Azos tem liderado transformações digitais no país

A digitalização do setor de seguros segue avançando no Brasil, apesar da retração global no volume de investimentos em startups. De acordo com o estudo Digital Insurance 2025, o país conta, hoje, com 206 insurtechs ativas — um crescimento de 6% em 2024 e o equivalente a um terço de todas as startups de seguros da América Latina. O número, ainda que modesto, ganha relevância diante da queda de 78% nos aportes destinados ao segmento na região no mesmo período e reforça o papel estratégico do Brasil na transformação do mercado ao abrir espaço para modelos mais ágeis, digitais e centrados no consumidor.

A Azos, especializada em seguro de vida, realizou a captação de R$168 milhões em uma rodada Série B liderada pela gestora internacional Lightrock. A operação, que eleva o total captado pela empresa para mais de R$250 milhões desde sua fundação em 2020, teve como objetivo sustentar a expansão nacional da companhia e o desenvolvimento de novos produtos voltados à simplificação do acesso ao seguro no país.

O modelo de negócios com foco na digitalização da jornada do cliente e no uso de inteligência artificial para automação de processos tem resultado em uma trajetória de crescimento acelerado. Para se ter uma ideia, a receita da companhia triplicou em 2023 e fez com que a organização superasse a marca de R$60 bilhões em capital segurado.

Para Rafael Cló, cofundador e CEO da Azos, apesar dos avanços, ainda há espaço para mais expansão, uma vez que menos de um quinto da população brasileira possui seguro de vida, segundo a FenaPrevi. “Nosso objetivo é transformar o seguro de vida em um serviço simples, transparente e adaptado à realidade do brasileiro. A digitalização não é apenas sobre tecnologia, mas sobre permitir que mais pessoas tenham acesso à proteção financeira”, comenta o executivo em nota.

Embora o ambiente macroeconômico ainda imponha desafios como os juros elevados, seletividade dos investidores e menor liquidez para rodadas de crescimento, o segmento de insurtechs tende a se consolidar como uma frente relevante na modernização do mercado segurador. Especialmente no ramo de vida, a combinação entre tecnologia e demanda por proteção financeira tem impulsionado a adoção de produtos mais personalizados, de contratação ágil e com menor custo.

“A alta dos juros naturalmente restringe o apetite por risco no curto prazo, mas também cria espaço para modelos mais eficientes e sustentáveis. As empresas que conseguirem provar valor real ao consumidor, como é o caso do seguro de vida, sairão fortalecidas”, avalia Cló.

A afirmação está de acordo para Guilherme Cardoso, da Lightrock, que acrescenta “mesmo em um cenário de retração no volume global de investimentos em startups, a convicção é de que o mercado brasileiro de seguros, especialmente o de vida, representa uma avenida relevante de crescimento.

A expectativa da Azos é dobrar de tamanho em 2025, com a ampliação do time comercial para outros estados do país, a introdução de novas coberturas e o aprofundamento do uso da tecnologia. “O crescimento precisa vir acompanhado de responsabilidade técnica. Nosso foco é expandir com consistência, mantendo a experiência do cliente como prioridade e aprofundando nossa atuação junto aos corretores parceiros, que seguem sendo fundamentais na distribuição do seguro de vida no Brasil”, afirma o CEO.

O avanço da regulamentação sobre seguros digitais e a maior familiaridade do consumidor com canais online também devem favorecer o segmento nos próximos anos. Para Rafael Cló, o Brasil vive uma oportunidade única de implementar a cultura do seguro em novas camadas da população.

“Há um potencial enorme de inclusão financeira via seguro de vida. Com tecnologia, conseguimos oferecer produtos acessíveis para públicos que antes estavam totalmente à margem do setor. Esse é o verdadeiro impacto que buscamos gerar”, conclui o executivo.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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