A Gallagher anunciou a aquisição da THB Chile Corredores de Seguros, consolidando sua posição no mercado chileno. A operação, associada a receitas superiores a US$ 12 milhões, faz parte da estratégia de expansão do grupo na América Latina, onde já atua na Colômbia, Chile, Panamá e Brasil. No mercado brasileiro, a liderança está a cargo de Rodrigo Protasio, CEO da Gallagher Brasil, e Luiz Araripe, country manager e CEO da Gallagher Re.
No Brasil, a Gallagher deve encerrar 2024 com R$ 1,2 bilhão em prêmios, com maior concentração em seguros corporativos, seguidos pela área de benefícios (saúde e vida). Quando considerados resseguros, contratos e facultativos, o montante totaliza mais de R$ 2,5 bilhões. Na América Latina, as receitas ultrapassam US$ 1 bilhão. Segundo Protasio, o grupo cresceu 40% no Brasil em 2024 e projeta expansão de 25% para 2025.
A Gallagher, que atualmente está entre as dez maiores corretoras de seguros no Brasil, tem como objetivo alcançar o mesmo patamar global, onde ocupa a terceira posição. “Estamos de olho em aquisições, previstas no orçamento de 2025, para atingir nossas metas”, afirmou Protasio. Mundialmente, o grupo combina crescimento orgânico com aquisições estratégicas. Realizou 72 compras nos Estados Unidos entre 2023 (40) e 2024 (32), fortalecendo suas operações locais em mercados estratégicos, incluindo o Brasil.
No Brasil, a Gallagher tem aprovado um modelo diferenciado para aquisições, priorizando a compra de carteiras e equipes, ao invés de empresas inteiras. “Já realizamos duas aquisições nesse modelo, que é mais eficiente e reduz os riscos para todas as partes envolvidas”, explicou Protasio. O grupo também planeja expandir sua presença física no país, com o aumento do número de filiais. Mesmo diante de uma perspectiva de crescimento econômico menor para 2025, o grupo segue confiante no potencial do mercado brasileiro, de olho nas intenções do governo brasileiro em realizar investimentos de R$ 1,7 trilhão apenas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A diversificação do portfólio é um dos pilares da estratégia da Gallagher. A corretora vislumbra um grande potencial em seguros cibernéticos. “Poucas empresas contratam, apesar deste ser um dos principais riscos mundiais. Em 2025, lançaremos no Brasil a plataforma Cyber Defense voltada para riscos cibernéticos, que já tem dado bons resultados em outras corretoras do grupo. O objetivo é aumentar a adesão das empresas ao segmento. Nosso trabalho é oferecer consultoria sob medida, o que será determinante para nosso crescimento nesse nicho”, ressaltou Protasio.
Segundo Protasio, há também investimentos nos segmentos de transporte e de garantia. “O seguro garantia é o segmento de maior crescimento no portfólio, com projeção de expansão adicional em 2025. O setor de transporte também recebeu reforço, com a formação de uma equipe especializada, que certamente trará resultados no próximo ano”. O bancassurance, venda de seguros pelo canal bancário, também tem um espaço certo nas estratégias previstas, sendo já um modelo de distribuição de produtos utilizado pelo grupo em outros mercados.
O crescimento da Gallagher no Brasil vem acompanhado de investimentos significativos em recursos humanos. Em 2024, a empresa contratou 80 profissionais e prevê adicionar mais 60 em 2025. Grande parte das contratações envolve profissionais oriundos de concorrentes, o que eleva os custos devido à necessidade de salários mais competitivos. Para mitigar esse impacto, a corretora dobrará seu programa de estágio no próximo ano, buscando capacitar novos profissionais para atender à demanda crescente.
“O mercado de corretagem de seguros no Brasil está aquecido, com pleno emprego e crescimento em todos os segmentos. Contudo, é essencial treinar novos talentos para reduzir a dependência de contratações externas e sustentar o crescimento a longo prazo”, afirmou Protasio.
Para finalizar, o executivo pontuou que o mercado de seguros enfrenta desafios regulatórios, como a implementação do PL de Seguros, aprovado pelo Congresso e no aguardo da sanção do presidente Lula. Para Protasio, apesar do prazo de implementação do novo modelo regulatório ser de um ano a partir da publicação, o modelo afetará o segmento de seguros corporativos, podendo impactar em alta de preços e menor apetite de risco por parte dos resseguradores. Apesar disso, a Gallagher mantém uma visão otimista sobre o mercado brasileiro, impulsionada pela diversificação de produtos e pela conexão com contratos internacionais. “Estamos bem-posicionados, com especialistas em diversas áreas e acesso a uma base de clientes globais, o que beneficia nossas operações no Brasil”, concluiu Protasio.