Preço do seguro de transporte marítimo sobe com aumento dos riscos

Relatório da Guy Carpenter detalha impactos do cenário no Mar Vermelho no custo do seguro marítimo

Fonte: Guy Carpenter

As crescentes preocupações com o aumento dos riscos marítimos no Mar Vermelho levaram as seguradoras a reforçarem as suas políticas de subscrição, de acordo com relatório da corretora de resseguros Guy Carpenter. O sindicato das principais seguradoras, resseguradoras e subscritores de Londres, o Joint War Committee (JWC), expandiu recentemente a “zona de alto risco” nesta rota marítima, pressionando as seguradoras a cobrarem prêmios mais elevados para sustentar índices de sinistros positivos.

Após isso, os prêmios de risco para o Mar Vermelho teriam sido de 0,07% nominais em outubro de 2023, antes do início do conflito na região. Este número saltou para quase 0,5% a 0,7% no final de dezembro de 2023. Para os armadores israelenses, principais alvos na rota marítima, o aumento foi ainda maior.

O relatório da Guy Carpenter ressalta que as novas rotas em torno do Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, acrescentam 10 a 15 dias à viagem total, aumentando ainda mais os custos do seguro. “Estes prêmios de risco adicionais somam-se ao impacto que a inflação global teve no mercado de seguros durante o ano passado. Isto já tinha aumentado os prêmios de seguro de casco e carga em 8% em 2022 em comparação com o ano anterior, de acordo com dados da União Internacional de Seguros Marítimos (IUMI)”, ressalta o estudo.

O relatório também destaca o impacto da seca no Canal do Panamá no ano passado, que forçou as autoridades panamenhas a reduzirem as travessias de navios no Canal do Panamá, uma das rotas comerciais mais importantes do mundo responsável por 6% do comércio global e conecta os oceanos Atlântico e Pacífico. 

Em meio aos desafios, a Autoridade do Canal do Panamá adotou medidas para reduzir o trânsito, com o objetivo de conservar água. Em condições normais, o trecho recebe entre 34 e 36 embarcações diárias. Com a crise hídrica, o número de trânsitos diários recuou para 24. Até fevereiro deste ano, a estimativa é de que 18 embarcações possam cruzá-lo diariamente.

O administrador do Canal do Panamá, Ricaurte Vásquez, estima agora que a redução dos níveis da água poderia custar-lhes entre 500 milhões e 700 milhões de dólares em 2024, em comparação com estimativas anteriores de 200 milhões de dólares.

Uma das secas mais severas que já atingiu o país centro-americano provocou o caos na rota marítima de 80 km (50 milhas), causando um engarrafamento de navios, lançando dúvidas sobre a confiabilidade do canal para o transporte marítimo internacional e levantando preocupações sobre o seu impacto no comércio global.

Seguro Marítimo no Brasil: nova indústria vai impulsionar prêmios nos próximos anos

O relatório da Guy Carpenter mostra que o mercado de seguros marítimos no Brasil está em crescimento, e a busca por proteção tende a ser cada vez mais contratada na medida em que a produção nacional de bens agropecuários se expande e se diversifica contribuindo para o abastecimento local e mundial.

Tanto o comércio interno quanto as exportações se beneficiam de um mercado pleno e competitivo. A contratação de seguros marítimos tem crescido a taxas superiores à inflação e a penetração deste produto tende a se fortalecer cada vez mais com a maior inclusão do Brasil no comercio mundial.

A manutenção do nível produtivo do setor agro e a retomada da indústria local, impulsionado pelo programa ´Nova Indústria Brasil´ vai impulsionar os prêmios nos próximos anos. Acreditamos que o mercado internacional será a principal motriz de geração de negócios apoiados em um consumo aquecido e taxa de câmbio depreciado favorável ao país.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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