A Accenture acaba de lançar o mais recente estudo sobre “Tendências na indústria de seguros 2023”. Para os autores, a indústria de seguros brasileira conseguiu entregar um crescimento topline significativo no último ano, passando em 2022 a marca de R$ 355 bilhões em prêmio direto, o que significa um avanço de 16,2% frente a 2021.
“O cenário positivo é confirmado ao avaliarmos o último relatório divulgado pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) em 2022, em que os índices de sinistralidade tanto no seguro de pessoas, quanto no seguro de danos, se mantiveram aderentes a média histórica com aproximadamente 30% e 43%, respectivamente”, comenta Hugo Assis, líder de seguros para a América Latina.
Segundo ele, os próximos anos serão chave para as seguradoras, insurtechs e corretoras que desejam permanecer relevantes em um ambiente rentável e em crescimento, porém de competição acirrada e que precisa se tornar mais eficiente. “É necessário que as seguradoras aproveitem o momento positivo para se diferenciarem através de inovações ao longo de toda cadeia de valor sem perder a centralidade no cliente”, acrescenta.
O estudo traz tendências em diversos temas para o Brasil:
Tendências da indústria de Seguros no Brasil
1-Aceleração de novas parcerias entre incumbentes e insurtechs
2-Seguro deve deixar de ser um produto elitizado
3-ASG deve ganhar força frente a novas definições regulatórias
4- Prescriptive analytics deve impulsionar modernização de toda cadeia de valor
5-Inserção em ecossistemas estratégicos para viabilizar novos modelos de negócio
6-Adoção de novas tecnologias demanda readequação da força de trabalho
7-A janela de migração para a nuvem está se fechando e uma nova onda de escala deve surgir
8-A busca por maior produtividade deve ir além das iniciativas concentradas em back office
9-O amadurecimento do metaverso e desmistificação das oportunidades
Escolhi o tema ESG para o primeiro post por estarmos no mês do meio ambiente e termos diversas divulgações de seguradoras sobre as iniciativas adotadas até agora.
ESG deve ganhar força frente a novas definições regulatórias, prevê Accenture
Tendo que tomar decisões relevantes em ambos os lados do balanço, seja como investidora institucional ou como tomadora de riscos, as seguradoras são alvos constantes de ativistas que cobram restrições, metas claras de redução de carbono e o fim do greenwashing.
No Brasil, as seguradoras começam a se estruturar para adequação às normas regulatórias com objetivo de diferenciação e extração de valor sobre a pauta, destaca o estudo “Tendências de Seguros”, da consultoria Accenture. “Com o surgimento de equipes dedicadas, espera-se mais movimento rumo à inovação: novos produtos sustentáveis, melhorias de processos em toda cadeia de valor e uso de analytics para direcionar investimentos são alguns exemplos”, comenta Assis.
O estudo destaca algumas iniciativas ligadas à agenda ASG que têm sido desenvolvidas há alguns anos no mercado de seguros, como o descarte correto de resíduos gerados pelo cliente à redução drástica das emissões de CO2 através de automação e digitalização de diversos processos. Outro ponto relevante está na inclusão da filantropia à promoção de um ambiente de trabalho inclusivo, diversificado e equilibrado. Também na pauta das companhia, a seleção de riscos, com restrição a subscrição de determinados riscos à atuação transparente e responsável em todas as questões tributárias.
Assis enfatiza que a lista de iniciativas aumentou expressivamente nos últimos anos, seja por pressão regulatória ou devido a maior pressão social. “No Brasil, cada vez mais seguradoras tem assumido compromissos de sustentabilidade, alguns deles impulsionados por determinações globais. No entanto, os desafios para mensurar os resultados e extrair valor dessa agenda são enormes e todos reconhecem existir um longo caminho a percorrer”.

No último relatório de sustentabilidade da CNSeg com 34 seguradoras, menos da metade (47%) indicou possuírem diretrizes sustentáveis para apoiar as atividades de investimentos ou alocação de ativo. Ainda neste relatório, foi registrado que 38% das seguradoras consideram diretrizes ASG em seu processo de subscrição e apenas 1/5 (20%) indicam que os executivos seniores são avaliados e remunerados com base no desempenho na agenda. Na Europa, por exemplo, 57% dos executivos de seguros são avaliados segundo critérios ASG, compara o estudo da Accenture.
De acordo com os autores do estudo, números como esses demonstram os diferentes estágios de maturidade. Para aquelas que estão iniciando a caminhada, quatro passos são inevitáveis: definição consensual de metas claras, objetivas e mensuráveis; estabelecimento de papéis e responsabilidades com criação de times dedicados e independentes; desenvolvimento de uma estratégia ASG em ondas com priorização de determinados temas; e desenvolvimento de uma rotina de comunicação com stakeholders de maneira clara, ordenada e consistente.
Espera-se em 2023 e nos anos adiante que as seguradoras consigam usar a agenda ASG para melhorar branding compartilhando seu compromisso ASG para engajar clientes, corretores, investidores e funcionários. Também é esperado que as seguradoras façam parcerias com clientes e brokers para, utilizando seu know-how, auxiliar na redução de emissões.
“Um ponto importante da agenda ESG é abrir caminho para novas receitas”, destaca o consultor, citando três frentes: o desenvolvendo de novos produtos e serviços para negócios ambientais emergentes e para atingir população de baixa renda”, cita o consultor; redução de custo, utilizando novas tecnologias para digitalização de processos; e gestão do risco, incorporando fatores de sustentabilidade em sua estratégia, estruturas e políticas de risco, aumentando a confiança e gerenciando expectativas de partes interessadas.