Austral Seguradora corre para conquistar seguros relevantes em grandes riscos

Com abertura e integração de APIs, companhia simplifica contratação de apólices de Seguro Garantia e alavanca vendas em mais de 31%

A Austral Seguradora aposta suas fichas para crescer diante de tantas oportunidades que vislumbra para o crescimento do setor de seguros de grandes riscos e de garantia nos próximos anos, depois de quase uma década de poucos negócios em grandes riscos diante da paralisação dos investimentos em setores como petróleo e gás, por exemplo.

“Apostamos muito no segmento de petróleo, que tem muitas frentes para crescer nos próximos anos”, afirma Carlos Frederico Ferreira, CEO da Austral Seguradora, controlada pelo fundo Vinci Partners, que também é acionista da Austral Resseguradora. Juntas, faturaram R$ 3 bilhões em 2022. A seguradora faturou 1,2 bilhão, sendo o seguro garantia responsável por 50% do resultado e 30% das vendas.

Ferreira acrescenta que em setores como o de petróleo, há um ciclo relevante de investimentos à frente, com infraestruturas de exploração e produção que exigirão seguros. “Temos um horizonte de quatro, cinco anos de investimentos que devem continuar a acontecer no Brasil. Antes tínhamos só a Petrobras e agora temos vários nomes investindo neste segmento em que o Brasil é um competidor importante. Do ponto de vista de seguros, sermos um país fora da rota de catástrofes naturais como furacões, por exemplo, é uma grande vantagem”, comentou em entrevista ao Sonho Seguro.

Serão mais de R$ 50 bilhões de investimentos até 2028 em operações de descomissionamento (desativação) de instalações de exploração e produção de petróleo e gás natural previsto na Resolução ANP nº 854/2021. E os contratos para exploração e produção de petróleo e gás natural determinam, além da própria obrigação de conduzir o abandono e a desativação das instalações, a obrigação apresentar garantias financeiras para assegurar os recursos necessários para este fim.

Em termos de regulamentações, que podem atrasar os projetos neste e em outros segmentos em stand by há tempos, como de geração de energia, Ferreira afirma que muitos clientes sinalizam interesse de investimentos parrudos e que certamente a demanda impõe um tom de urgência. O tema está na pauta no governo, mas ainda sem uma sinalização muito clara como foi o caso envolvendo a Petrobras com exploração de petróleo na Amazônia.

Ferreira cita também o potencial em seguro garantia judicial, com o julgamento do voto de qualidade do Cade (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) estima que existam 93 mil processos do gênero no Carf. Destes, 162 representam receita de R$ 453 bilhões, de mais de R$ 1 trilhão que aguardam julgamento. À medida em que se tem o voto de qualidade, ou seja, a favor da União, é esperado um aumento de judicialização, pois as empresas vão buscar resolver a questão na Justiça e isso pode elevar a procura do seguro garantia judicial.

Sem falar na entrada em vigor da Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) em substituição à Lei nº 8.666/93, que deveria começar em abril deste ano, mas foi postergada para janeiro de 2024 pela falta de tempo dos gestores públicos na adaptação aos novos termos. Para as seguradoras, a principal mudança será a a obrigatoriedade de garantias nos contratos públicos do atual patamar de 5% para até 30% em obras com valores acima de R$ 200 milhões, além do step in, ferramenta introduzida na nova lei, pela qual a seguradora se torna interveniente anuente, ou seja, passa a fazer parte do contrato principal.

“O governo vem acertando vários pontos da politica e da economia. Tenho certeza de que será um ano mais estável e previsível, o que é bom para os negócios pois trás um cenário mais propicio aos investimentos que estão represados”, aposta. Enquanto a situação macroeconômica do país se arranja, a Austral se prepara. Em maio, Ferreira e Bruno Freire, CEO da Austral Resseguradora, comemoraram a avaliação A- (excelente), concedida para o grupo Austral pela agência global de avaliação de riscos AM Best, especializada no setor de seguros e resseguros.

Também vem desenvolvendo iniciativas de tecnologia e inovação para melhorar a experiência de seus parceiros comerciais e clientes. Depois de lançar a primeira apólice interativa do mercado segurador, com aprimoramento da arquitetura de informações em um menu navegável criado a partir das estratégias de Legal Design e Visual Law, a companhia agora está conectada aos sistemas de corretoras para simplificar o processo de contratação de Seguro Garantia – um dos produtos “carro-chefe” da empresa. 

O projeto Plug-in permite a otimização de processos e a contratação de apólices de forma cada vez mais simplificada, em poucos minutos. Dados da empresa mostram que, somente no primeiro quadrimestre, a Austral registrou um aumento significativo nas emissões de apólices do seguro garantia judicial que, a partir do projeto, já ultrapassam com 1,7 mil emissões. O mesmo levantamento mostra que, observando apenas o mês de maio, houve um crescimento de 31% nas contratações.

“A implementação do projeto Plug-in veio para facilitar ainda mais o dia a dia dos nossos atuais clientes. Produtos com grande volume de emissões, que anteriormente demandavam um alto esforço operacional de Subscrição, atualmente são processados de forma muito ágil com todos os parâmetros de aceitação de risco e controles da companhia”, explica a gerente de Subscrição Garantia, Camila Jarlicht Chut.

Segundo ela, as ações estruturadas estão alinhadas com a estratégia de digitalização da Austral Seguradora. “Há um avanço significativo já que essa solução traz grandes benefícios a todas as partes, gerando ainda mais valor no processo de emissão usual, favorecendo não só celeridade e ganho de escala, como maior contato com nossos parceiros”, complementa Camila.

O Seguro Garantia é um dos produtos que tem maior volume de emissões diárias. Para avaliar a qualidade das APIs e aprimorar o relacionamento, a Austral também promove reuniões semanais com as corretoras parceiras, quando há um intercâmbio de informações sobre possíveis melhorias, impressões de uso do sistema e demandas dos tomadores. “Nós somos especialistas nas áreas que atuamos e esse contato próximo com o cliente sempre foi um diferencial de mercado, que agora também traz um ganho em agilidade, já que a redução no tempo de fechamento do negócio foi exponencial”, exemplifica o gerente de Produtos, Kevin Holtz, que também faz parte do projeto.

A expectativa é de que a carteira esteja completamente plugada até o fim do ano e que a Austral avance para outras linhas de negócios, alavancando as vendas e criando mais facilidades aos clientes e corretores. As ações acontecerão por meio da tecnologia, possibilitando novos negócios e abrindo portas para outras emissões de produtos que ainda não são disponibilizados no formato digital.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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