RIMS 2023: educação, riscos cibernéticos e parceria de longo prazo

Nesta semana acontece a tradicional convenção dos gestores de riscos globais, a famosa “Risk World” RIMS 2023, realizada entre 30 de abril a 3 de maio em Atlanta, Geórgia. Vários brasileiros marcam presença no evento, como as filiais da corretora MDS e da seguradora Swiss Re Corporate Solutions, Mapfre, AXA entre outros.

O Sonho Seguro está nos EUA, mas não no RIMS, e sim a convite da corretora de resseguros brasileira, a Latin Re, que vai inaugurar sua filial em Miami no dia 3. Um orgulho e tanto em ver a expansão de uma brasileira que passa a fazer parte do hub de re/seguros para a América Latina.

Daqui deste centro de resseguros, onde o Brasil é o maior mercado da região, estamos atentos aos debates e acompanhando pela mídia local as tendências apresentadas na conferência RIMS. Os temas das principais conversas são parecidos com a realidade brasileira: investimentos em educação, riscos cibernéticos e parcerias de longo prazo entre clientes, corretor, seguradoras e resseguradoras para enfrentar este período em que as negociações de programas de seguros estão duras, ou hard market, termo usado pelos executivos do setor.

Tanto que a base do novo plano estratégico do RIMS, segundo informou a associação, é a educação. Em discurso durante a sessão de abertura da conferência anual da RIMS, Gary LaBranche, CEO do RIMS, disse que o conselho e a equipe de gerenciamento da RIMS iniciaram no ano passado um processo de planejamento para o futuro da organização, abrangendo desde sua missão, programas até sua estrutura e tecnologia.

“O resultado é um novo plano estratégico que traça onde o RIMS pretende estar no futuro”, disse ele. O plano, que traça uma missão de 10 anos, inclui o compromisso de reforço da sua capacidade organizacional, inovação e agilidade para apoiar os gestores de risco, segundo declarações dos membros do conselho de administração da RIMS.

Pelo programa, o RIMS irá “reformar e reposicionar” a organização para desenvolver novos programas e parcerias, que visam capacitar os profissionais de risco a fortalecer a resiliência organizacional, conduzindo a tomada de decisões estratégicas e melhorando os resultados dos negócios.

Jami Willingham, gerente de risco da Southern Co., concessionária de eletricidade e gás e presidente da RIMS em Atlanta, cidade do evento, afirmou que para a maioria dos gestores, o risco cibernético é provavelmente um dos maiores desafios no momento.

“Continuamos a ver um aumento na atividade cibernética, e entender isso é um desafio. A tecnologia está avançando, então como você mitiga os riscos inerentes a isso e o que você faz sobre isso do ponto de vista do seu programa de seguro? As sessões cibernéticas e de tecnologia na convenção provavelmente receberão muita atenção dos participantes porque o ambiente está mudando muito e os riscos cibernéticos são um grande desafio”.

Já as catástrofes, segundo Jami, são um desafio constante pela imprevisibilidade. Uma das preocupações dos gestores é como continuar a fazer negócios em um ambiente onde as catástrofes ocorrem. “Você precisa equilibrar isso com o que as seguradoras estão fazendo, como os mercados estão mudando e entender os termos e condições das apólices. É um momento difícil, mas também é divertido, porque se você ficar sentado e tudo continuar igual, pode ser muito chato. Por mais que eu reclame quando vejo mudanças em nossas políticas, isso me mantém alerta”, disse em reportagem do Business Insurance.

Para Jemi, estabelecer boas relações com as seguradoras segue sendo um trabalho árduo. “A única coisa que aprendi é que, ao construir esses relacionamentos com operadoras e corretores, você tem um parceiro quando as coisas estão difíceis. Ele fala sobre a importância das parcerias e de garantir que você estabeleça bons relacionamentos, porque esses subscritores vão lutar por você e ajudá-lo conforme as coisas mudam, na medida do possível”.

A presidente do RIMS Nova York, Jennifer Santiago, diretora de gerenciamento de riscos e segurança da Wakefern Food Corp., compartilha as mesmas preocupações e dicas. Ela acredita que os gestores de riscos continuam com o foco crítico nas mudanças climáticas, no risco cibernético e na lacuna de talentos. “Aprendemos com a pandemia e a guerra em andamento na Ucrânia sobre a frequência crescente e o alto impacto da agitação geopolítica, civil e social. É uma sensação de estar em modo contínuo de resposta à crise; lutar ou fugir”, disse em entrevista.

Segundo Jennifer, a tecnologia mudou drasticamente o mundo e certamente impactou todas as profissões. Há cerca de 10 anos, as insurtechs começaram a surgir para dar suporte a processos e eficiências no setor de seguros. Para ela, todas as novatas oferecem muitas possibilidades de novas tecnologias e IA à comunidade de gerenciamento de riscos – desde previsão, gerenciamento de dados, criação de cenários, manutenção da conformidade dos negócios e muito mais. Para ela, que não percebe desaceleração nas insurtechs, apesar da queda brutal em investimentos nas startups, a tecnologia tem sido essencial para ajudar os profissionais de risco ao longo da desafiadora jornada para fortalecer a resiliência organizacional.

Sobre a chave do sucesso para gestores de riscos, Jennifer foi categórica em afirmar que os profissionais de risco não podem ficar parados e complacentes. “Precisamos sair de trás de nossas mesas e conduzir uma tomada de risco inteligente dentro de nossas organizações. Precisamos construir capacidades em torno da avaliação de riscos e planejamento de cenários para que possamos fortalecer a resiliência organizacional. Devemos desenvolver resiliência e proteção de ativos, ao mesmo tempo em que apoiamos oportunidades que estimulam o crescimento e a inovação”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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