Corretores especializados puxam o crescimento das vendas de seguro de vida

O seguro de vida individual cresceu 348%, de R$ 4,7 bilhões para R$ 21,3 bilhões, entre 2010 e 2022

O seguro de vida tem dado um importante impulso para o mercado de seguro no Brasil. Entre 2010 e 2022, cresceu 222%, saindo de R$ 18,8 bilhões para R$ 61,1 bilhões. O seguro de vida em grupo tem a maior participação nas vendas, mas a aposta das companhias no seguro individual tem dado resultado. A participação das apólices coletivas recuaram de 75% para 65%.

Neste período, o seguro de vida individual cresceu 348%, de R$ 4,7 bilhões para R$ 21,3 bilhões. Já o seguro de vida em grupo saltou 180%, de R$ 14,2 bilhões para R$ 39,8 bilhões. Há cinco anos, o segmento de pessoas ultrapassou o de seguro automóvel, até então o mais comercializado no Brasil, o que foi motivo de muita comemoração pelas seguradoras de vida.

As informações fazem parte de um estudo compartilhado por Nilton Molina, um ícone do setor de seguros no tema vida e previdência. Não é por menos que a MAG Seguros, seguradora que preside o conselho de administração, exibe um índice de crescimento de 852%, bem acima do avanço das vendas por grandes bancos (175%) e pelas seguradoras independentes (305%).

“Um detalhe importante deste crescimento é que o corretor de seguros tradicional não é o responsável por este avanço. São os corretores especializados em vida, treinados pelas companhias, e os agentes autônomos de investimentos, que atuam com as gestoras de investimentos, que descobriram a importância do seguro como complemento de proteção para o patrimônio financeiro das famílias”, disse Molina durante evento organizado pelo CVG-SP (Clube de Vida em Grupo em São Paulo).

O executivo afirmou ser um desperdício o corretor tradicional, que representam a maioria dos 120 mil corretores registrados no Brasil, ter milhares de clientes de automóvel em carteira e não ofertar um seguro de vida aos segurados como uma opção de proteção financeira para a família para o risco de morte, de acidentes, de doenças graves”, comentou

“Temos conquistado um crescimento constante e não somente no período da pandemia”, comentou Rogerio Araujo, presidente da corretora mineira TGL, que conta com mais de 300 mil vidas seguradas. “Há 18 anos fundei minha própria corretora de vida, depois de trabalhar para grandes seguradoras, pois quero realmente construir algo que fique de legado para o mercado”, comentou ele, ao lançar um curso para treinar corretores como especialistas em vida, no qual a sua remuneração será doada a uma entidade escolhida pelo CVG-SP.

Josusmar Sousa, presidente do MDTR Brasil (Million Dollar Round Table), destacou que a instituição apoia o crescimento do seguro de vida no mundo. “Tenho orgulho de fazer parte do crescimento da MAG, que tem o maior numero de profissionais treinados por nós”, comentou durante o talk show promovido pela CGV em sua estreia de um novo modelo de encontro mensal.

A MDTR é uma associação internacional que reúne os melhores corretores de seguro de vida e profissionais do mercado financeiro no mundo para levar qualificação e conhecimento especializado aos principais países do mundo, realizando eventos em diversos pontos do globo. “O ciclo de vendas do seguro automóvel durou 40 anos. Embora tenha uma reação neste ano, o ciclo de crescimento do seguro de vida está previsto até 2045. O corretor que se qualificar e trabalhar muito pode se tornar um milionário. No mínimo, terá uma condição de vida confortável vendendo algo que agrega valor aos seus clientes”, afirma.

Como exemplo para ressaltar a importância da qualificação de quem vende seguros de vida, Sousa citou a China. Há 25 anos, a China era o 45o. no ranking de países que mais vendiam seguro de vida individual. Em 2023, a China passou a ser o primeiro colocado no ranking, ultrapassando os EUA”, contou.

E acrescentou: “Juntos podemos alcançar um propósito humano. Os membros do MDRT constroem sua grandeza sendo cúmplices do crescimento dos outros, compartilhando conhecimento em um ciclo colaborativo. Compartilharmos experiências incríveis e conteúdo de alto valor para a comunidade produtora de seguros de vida. Sabemos que a chave do sucesso reside no interesse honesto e genuíno pelo bem-estar daqueles que confiam em nós. Tornamo-nos aliados da vida de cada um de nossos clientes”.

Molina concorda que crescer no seguro de vida individual não é algo trivial, por se tratar de um seguro sem demanda, diferente do automóvel, que é prioridade para todos proprietário de veículo. “A pessoa não percebe que precisa de um seguro de vida. Uma fábrica pode pegar fogo. Uma máquina pode quebrar. Já em vida, dificilmente alguém acorda achando que vai morrer ou ficar doente e pensa em comprar espontaneamente um seguro para proteger a si mesmo e a sua família. O seguro de vida exige um profissional qualificado para dar uma consultoria aos clientes. Os profissionais que vendem vida são muito diferentes dos corretores de seguros patrimoniais”, afirma.

O corretor Araujo fez um alerta para que as seguradoras tenham cuidado em suas ofertas à população, que passou por um desconforto durante a pandemia. “Esta tragédia despertou os sentimentos de medo, de insegurança e de incerteza nas pessoas, mas que ainda não sabem o que necessitam. É preciso ter cuidado com os produtos que entregamos para a população. Principalmente para ela não ter a falsa sensação de que esta protegida e ficar frustrada quando for usar. Temos de construir a imagem do seguro no Brasil, sem riscos de imagem para o setor”.

Molina concorda. “O corretor tem a responsabilidade de entregar o que a família precisa. Só assim todos crescerão, incluindo seguradora, corretor, famílias, empresas e o Brasil. Ter uma proteção para recomeçar a vida após uma fatalidade é vital para a sustentabilidade de qualquer projeto de vida”.

Apenas 15% das 700 mil pessoas que morreram por Covid-19 contavam uma apólice de seguros. E dessas, apenas 20% tinha um seguro de vida individual, sendo a maioria dos pagamentos realizados para clientes de seguro de vida em grupo e de planos de previdência.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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