2021 marca um ano recorde para emissão de títulos de catástrofe (ILS)

No Brasil, apesar de as normas entrarem em vigor em janeiro de 2021, ainda é irrelevante a emissão do título de catástrofe

A emissão de títulos de catástrofe e títulos vinculados a seguros, ou Insurance-Linked Securities (ILS) alcançou US$ 14 bilhões em 2021, representando um crescimento anual de 15%, de acordo com estudo divulgado pelo portal Artemis, que traz informações sobre o quarto trimestre e ano completo de 2021. Os produtos ILS, que inclui os chamados cat bonds, permitem que subscritores transfiram riscos tomados de seus clientes aos mercados de capitais em troca de um retorno sobre o investimento feito. Os exemplos mais conhecidos são os chamados cat bonds emitidos nos Estados Unidos para cobrir excessos de perdas causadas, por exemplo, pelos furacões, com certa frequência.

A emissão tradicional de títulos de catástrofe de seguro de danos (Property & Casualty-P&C) totalizou US$ 2,8 bilhões no último trimestre do ano passado, tornando-o o segundo quarto trimestre mais ativo da história do mercado. Mas, quando combinada com os três trimestres anteriores do ano, a ILS atingiu um novo recorde anual, de US$ 12,5 bilhões.

Somando-se a isso a gama de transações privadas, ou cat bonds, e também cat bonds que cobrem outras linhas de negócios, a emissão do quarto trimestre atingiu US$ 3,2 bilhões e a emissão do ano inteiro atingiu um novo recorde de US$ 14 bilhões.

Os dados da Artemis mostram que isso é aproximadamente US$ 2 bilhões, ou 15% acima do recorde anterior estabelecido em 2020, já que o apetite do patrocinador e do investidor permaneceu forte ao longo do ano em meio a condições de mercado favoráveis. O tamanho do mercado de títulos em circulação atingiu US$ 36 bilhões. Os dados mostram que isso representa um crescimento de quase 8%, ou mais de US$ 2,5 bilhões a partir do final de 2020.

O relatório do quarto trimestre de 2021 também detalha a emissão de ILS de hipotecas para o trimestre e o ano, mostrando que um número recorde de negócios chegou ao mercado no período de 12 meses, um recorde de US$ 6,3 bilhões de capital de risco hipotecário.

No Brasil, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) divulgou em 2020 uma normatização para possibilitar que seguradoras e resseguradoras securitizem carteiras, ou seja, consigam transferir risco ao mercado de capitais por meio dos Insurance Linked Securities (ILS), instrumento financeiro que ajuda a reduzir o seu custo de capital. A Susep afirmou na época, que a introdução de fontes de resseguro de terceiros e capital de retrocessão no mercado de capitais diretos possa, em última análise, ajudar a reduzir os custos de seguro para os consumidores do país.

Mesmo antes da regulamentação, uma resseguradora brasileira estreiou no ILS. Foi a Terra Brasis, em 2017, com a emissão do título, no valor de US$ 5 milhões. Para viabilizar a operação do Alpha Terra Validus I, a Terra Brasis teve que primeiro transferir os riscos para uma resseguradora suíça registrada no Brasil, a Validus Re. O Alpha Terra Validus I, listado nas Bermudas, cobria a exposição a riscos de danos a bens ligados a catástrofes naturais da Terra Brasis na América Latina. Em junho de 2019, a Austral e a Terra Brasis anunciaram a fusão das operações.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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