Eduardo Toledo comenta os desafios e oportunidades da Alper Re

"Vislumbramos um cenário desafiador para nossos clientes não apenas na questão de aumento de prêmio, mas também pela necessidade de investimentos e melhorias dos riscos"

Eduardo Toledo, acaba de assumir a vice-presidente da Alper Re, que adquiriu a corretora de resseguros do C6 Bank, a C6 Re. Com a aquisição, a consultoria absorve uma carteira de R$ 90 milhões em prêmios de resseguros. O blog Sonho Seguro conversou com Toledo para saber mais sobre os desafios que tem pela frente. Leia abaixo:

Quais são os desafios de criar uma área tão importante dentro de uma corretora já estabelecida?

O lançamento da Alper Re, área de Resseguro da Alper Seguros, nasce com um time de especialistas aptos a fazer a conexão entre o mercado segurador e o mercado ressegurador, ampliando as possibilidades de capacidade para nossos clientes e trazendo produtos inovadores praticados no mercado internacional. Somos uma corretora completa que irá atender as demandas de nossos clientes possibilitando agora o acesso direto ao mercado ressegurador, estreitando as parcerias, visando o relacionamento de longo prazo. A integração entre as operações, seguro e resseguro, certamente trará excelentes oportunidades para que possamos crescer significativamente a operação do resseguro nos próximos anos.

Você também será responsável pela de Specialty Insurance Products. Como essa área vai funcionar?

A criação da área de Specialty Insurance Products consiste em uma divisão dedicada a atuar em alguns segmentos que requer uma especialização e que na maioria dos casos, precisa da capacidade e conhecimento técnico do mercado ressegurador internacional. A área de Specialty possibilitará à Alper atuar em nichos de mercado onde há demandas específicas e que poucas corretoras operam.

Com quais resseguradoras a Alper atua? 

Ao longo da história do resseguro no Brasil sempre fomos muito atuantes, desde a época do monopólio do IRB, e também após a abertura do mercado em 2007. Desde então, mantemos relacionamentos estreitos com os principais mercados resseguradores nacionais e internacionais presentes nos EUA, Europa, Ásia e também na América Latina. Mantemos parcerias com Brokers de Resseguros independentes e especialistas em Londres, que nos possibilitam acessar a maior indústria do seguro e resseguro do mundo, que é o Sindicato do Lloyd’s (Lloyd’sof London). Com a aquisição da C6 Re, a Alper herda o relacionamento e a confiabilidade que os mercados creditam em nossa operação e, com a certeza de que novos negócios irão acontecer. Estão todos entusiasmados com esta nova oportunidade de estreitarmos cada vez mais nossos relacionamentos.

Como será composta a equipe da Alper Re?

A equipe da Alper Re é composta de um corpo técnico de profissionais altamente capacitados, que atuam como especialistas nosdiversos segmentos do resseguro, atuando desde a operação das cotações e colocações dos riscos junto aos mercados, regulação de sinistros, endossos, bem como no acompanhamento de todo o processo até sua renovação, atendendo sempre as exigências específicas que nosso regulador exige. Temos um time dedicado que entende as reais necessidades dos nossos clientes, ajudando-os nas colocações dos riscos mais complexos e inovadores.

Pelos balanços divulgados nas maiores do mundo, vem aumento no resseguro. O que vislumbra para seus clientes?

Os balanços divulgados clamam por um equilíbrio melhor na relação prêmio vs sinistro, podemos observar um agravo de taxas em diversas linhas de negócios, relacionados principalmente, pelas perdas significativas em decorrência da pandemia do Covid-19. Diante disso, vislumbramos um cenário desafiador para nossos clientes não apenas na questão de aumento de prêmio, mas também pela necessidade de investimentos e melhorias dos riscos. A figura do corretor de resseguro será fundamental para traduzir aos mercados resseguradores toda e qualquer informação que faça a diferença neste momento atípico.

O Brasil também sofrerá os reajustes que as maiores resseguradoras prometem?

Sim. Ninguém ficará de fora desse reequilíbrio que o mercado de resseguro está buscando. Óbvio que será levado em consideração aqueles riscos onde comprovadamente houve investimentos significativos na melhora da exposição do risco, objetivando a mitigação de perdas, nesses casos, o impacto, se houver, será mínimo em termos de agravo de prêmio. O Brasil vem crescendo o volume de prêmio cedido aos mercados resseguradores internacionais, o que mostra um maior apetite pelos riscos locais.

Muitas falam sobre a seriedade da subscrição, prevalecendo acima de condições concorrenciais. Como vê isso?

Nosso mercado é muito sério, a subscrição de risco é muito séria e extremamente profissional. Infelizmente, é muito difícil reeducar um cliente que pagou por anos uma taxa baixa de seu risco em relação à realidade do mercado e, levá-lo ao patamar desta “nova” realidade, coloca em risco as condições concorrenciais. Este é um trabalho árduo e desafiador, e por muitas vezes afeta a relação com o cliente. Mas, temos que ter em mente que estamos passando por esta reestruturação e a realidade será para todos, os mercados resseguradores sabem muito bem como manter um posicionamento firme nos termos e condições ofertados nas diversas concorrências em que participam, não deixando brechas para aventureiros.

Quais os segmentos mais sujeitos a reajustes de taxas e quais os menos afetados?

Ainda é difícil prever o impacto que a pandemia está causando na indústria, mas sabemos que será significativo no curto, médio e longo prazo. Ossegmentos de saúde suplementar estão sendo os mais afetados e sujeitos a reajustes. As carteiras de Seguro de Vida também estão com grandes passivos de longo prazo e com capacidade limitada para subscrição de novos negócios, especialmente por conta de seus contratos de resseguro não-proporcional.

Nos demais ramos não relacionados a Pessoas, percebemos um impacto negativo mais propriamente nas carteiras de seguros de Crédito, Aviação, Lucro Cessantes, Proteção de Dados, entre outros, muito em decorrência das mudanças provocadas pela quarentena que refletiram negativamente nas economias por todo mundo. Em outros segmentos, como Carteiras de Automóvel, Propriedades, Responsabilidade Civil, não vimos grandes impactos.

A pandemia afetou os contratos? De que forma?

Sim, afetou diretamente carteiras importantes, como mencionado anteriormente, principalmente no segmento de Saúde e Vida, bem como na Previdência. Muitas empresas, em decorrência da crise econômica causada pela pandemia, estão sendo forçadas a reduzirem seu quadro funcional, o que impacta diretamente no volume de prêmio arrecadado pelas companhias de Seguro Saúde. Muitas vezes os clientes migram para planos inferiores buscando economia de sobrevivência. Além do aumento de inadimplência, principalmente no segmento de pequenas e médias empresas, o que representa o maior volume de prêmio neste mercado.

O que esperar das renovações dos contratos neste fim de ano e em 2022?

Um dos princípios do seguro é o mutualismo, que busca o equilíbrio do mercado, e vendo por este prisma, teremos grandes desafios pela frente com as renovações dos contratos em 2022. Certamente será um ano de reequilíbrio das carteiras mais afetadas, as quais irão contar com uma compensação de outros segmentos menos afetados. Não podemos deixar de ressaltar que estamos vivendo uma conjuntura de juros baixo, onde a subscrição passa a ser fundamental para a saúde financeira do mercado segurador e ressegurador.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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