Plataforma já emitiu 5 mil apólices em um ano, sendo 60% apenas no primeiro trimestre deste ano
A crise não afeta todos. Alguns segmentos seguem com boas perspectivas, como o seguro judicial. Em março, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tomou decisão permitindo a troca de depósitos judiciais em execuções ou depósitos recursais por seguro-garantia. Isso animou os fundadores da insurtech Avita, ex-Aon Adriano Almeida e Daniela Durán e Rodolfo Fonzar (ex-BTG Pactual).
Trata-se de uma plataforma de emissão, gestão e controle de apólices de Seguro Garantia Judicial, que completa em abril um ano de sua primeira emissão totalmente automática. A empresa já emitiu 5 mil apólices desde sua fudação, sendo 60% apenas nos três primeiros meses de 2020. Por operar de forma 100% digital, a empresa não teve sua operação afetada durante a pandemia de Covid-19, e projeta terminar o ano com o volume de 5 mil emissões por mês. Veja abaixo a entrevista concedida ao blog Sonho Seguro por Adriano Almeida.
Para quais seguradoras a plataforma emite apólice?
A plataforma emite apólice para mais de 60 grandes clientes atualmente, com outros 60 em processo de integração. Os segmentos são diversificados, entre eles companhias siderúrgicas, varejistas, farmacêuticas e de alimentos e bebidas, todas empresas de grande porte. Hoje, emitimos automaticamente seguros das seguradoras: Austral, Fairfax, Junto Seguros, JNS Seguros, Pottencial e Sompo. Até o final do ano, aproximadamente 10 seguradoras estarão 100% integradas à plataforma.
Como foi o primeiro ano de atuação da plataforma?
O primeiro ano da Avita superou as nossas expectativas. Por termos desenvolvido a nossa própria tecnologia do zero e estarmos propondo uma nova forma de executar um procedimento arraigado na cultura das companhias, projetamos uma curva de crescimento menos acentuada do que, de fato, ocorreu. Entre abril de 2019 e abril de 2020, emitimos 5 mil apólices, sendo cerca de 60% deste montante no primeiro trimestre deste ano, o que ilustra uma mudança de procedimentos processuais no ecossistema empresarial brasileiro, com maior adesão a alternativas que os desburocratizam. O desafio, no começo, foi educar os clientes quanto aos benefícios da plataforma, ou seja, ganho de agilidade, disponibilidade de multisserviços e economia de tempo com corretagem, o que, convenhamos, não é tão complexo assim mudar para um modelo melhor. Por conta dessa questão de cultura organizacional que mencionei, a ampliação da carteira de clientes levou um certo tempo. Contudo, a experiência no uso da plataforma vivenciada pelos primeiros usuários impulsionou as adesões, pois o mercado começou a ver, na prática, como trabalhávamos e que a solução que entregávamos daria uma relevante vantagem competitiva.
O segmento foi beneficiado por mudanças em leis. Comente essas mudanças
A mudança foi a autorização, pelo Conselho Nacional de Justiça, de substituição de depósito judicial pelo Seguro Garantia Judicial em execuções trabalhistas. As conversas em torno dessa modernização começaram em outubro de 2019, mas o julgado do CNJ definiu o assunto apenas no final de março. A novidade traz mais celeridade ao departamento jurídico das empresas, pois a finalidade do Seguro Garantia Judicial é a mesma do depósito judicial, com o bônus de estar lastreado em um produto financeiro e, portanto, oferecer mais segurança às operações.
Quais as perspectivas do seguro judicial ampliar seu nicho de atuação? Em quais segmentos da economia?
Vislumbramos um vasto campo para a utilização do Seguro Garantia Judicial e estamos bastante otimistas com os próximos meses. Na nossa projeção, quando passar o pico da pandemia de Covid-19 haverá forte retomada do judiciário e o aumento da demanda pelo Seguro Garantia Judicial, uma vez que a Justiça do Trabalho está paralisada. Acreditamos que empresas dos mais variados segmentos devem aderir à novidade, mas o nosso foco inicial está nas pequenas e médias empresas.
Quais as mudanças implementadas pela companhia diante da atual crise?
A Avisa já nasceu 100% digital, então não fomos severamente impactados pela crise em nosso operacional. As mudanças que fizemos estiveram em linha com as orientações da OMS e autoridades públicas brasileiras, com foco na limitação da circulação das pessoas em locais públicos. Cinco dias antes de a maioria das empresas adotar o home office, nossa equipe já estava atuando de forma remota, o que nos deu tranquilidade para atendermos os clientes durante os primeiros dias de surto, momento em que a incerteza estava ainda mais latente e que processos tiveram de ser adaptados às pressas. O assunto mais requisitado nos últimos dias é nosso projeto automático de substituições de depósitos judiciais por seguro garantia, pois, naturalmente, o momento é de contingenciamento e retornar dinheiro ao caixa das empresas passou a ser prioridade número 1. Nosso modelo de substituição de depósitos por seguros contempla todas as etapas do trabalho e, por isso, fechamos importantes contratos nas últimas semanas.