Se o Museu Nacional tivesse seguro, certamente a destruição seria menor

Ao contrário do Museu da Língua Portuguesa, o Museu Nacional, destruído pelo incêndio no último domingo no Rio de Janeiro, não tinha sistema de incêndio, gerenciamento de risco ou seguro. Alias, se a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, responsável por administrar o museu, tivesse ao menos cotado o seguro, teria recebido um extenso laudo das seguradoras sobre todas as providências que teria de tomar para conseguir contratar o seguro. Do jeito que estava, certamente nenhuma seguradora aceitaria o risco. Nem do prédio em si, nem do conteúdo nele existente, nem de uma verba para indenizar terceiros prejudicados por tamanha catástrofe.

Reconstrução do Museu da Língua Portuguesa foi orçada em R$ 65 milhões, sendo que R$ 34 milhões veio da apólice de seguro contratada na japonesa Mitsui

Caso tivesse seguro, o prédio poderia contar com uma boa ajuda financeira para ser reconstruído, assim como o Museu da Língua Portuguesa, parcialmente consumido por um incêndio em dezembro de 2015. A obra de reconstrução foi orçada em R$ 65 milhões, sendo que R$ 34 milhões foram pagos pelas seguradoras e resseguradoras, sendo a japonesa Mitsui a líder do contrato.

Outro exemplo. Em novembro de 2013, um incêndio consumiu 90% do Auditório Simón Bolivar, que fica instalado dentro do complexo de prédios do Memorial da América Latina, inaugurado em 1989 com projeto de Oscar Niemeyer. A reforma custou R$ 41,4 milhões, sendo R$ 6,5 milhões pagos pelo seguro contratado na seguradora Marítima, hoje Sompo Seguros.

Na área de museu e arte, o faturamento das seguradoras vem de apólices para exposições temporárias e obras de artes privadas. No Museu Nacional, certamente nem isso conseguiria. Só se corretores e seguradoras fizessem vistas grossas as “gambiarras elétricas” existentes em diversas salas, segundo fotos divulgadas na mídia por engenheiros, arquitetos, visitantes e funcionários.

Apesar do risco iminente de incêndio ser anunciado desde 2004, nada foi feito. Pelo contrário. A situação foi se agravando cada vez mais. E o pedido de verba ao BNDES para a reforma, informam as mídias hoje, só foi liberado depois de ter sido incluído, a pedido do banco, um sistema contra incêndio. Ou seja, a administração seguia contando com a sorte e ignorando a segurança do local e a importância de ter um seguro para imprevistos. Se tivesse cotado o seguro, feito as recomendações de segurança, certamente esta catástrofe teria sido evitada. Mais de 200 mil itens. Uma perda irreparável.

Mas não são só museus que arriscam ficar sem seguro. Tem muita empresa que aposta na sorte. Um número que é muito citado em entrevistas, é que 70% das empresas do Brasil não tem seguro. Apenas 30% da frota circulante de veículos conta com uma proteção securitária. Menos de 10% das casas tem seguro e também pouco se vende em seguro de vida para deixar a família amparada diante da perda do responsável financeiro, seja por morte ou invalidez.

Fica a dica: se quer garantir seus sonhos, gerencie riscos e repasse para as seguradoras aquilo que for realmente imprevisível.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS