Como a tecnologia afeta os riscos e os negócios foi tema da 8ª Zurich Corporate Conference

Qual o futuro do emprego? Como a revolução 4.0 impacta os negócios? Qual a diferença entre “Industria 4.0” e ”Internet Industrial”? O Brasil vai, definitivamente, crescer ou manter esse sobe e desce na economia afugentando investimento? Dar luz a esses questionamentos foi a proposta da 8ª Zurich Corporate Conference.

Glaucia: Liderança de pensamento . Thought leadership. Instigar perguntas. Que futuro nos espera? Desafios de um futuro tão próximo!

“A Zurich está atenta a essa transformação em que robôs estão integrados em sistemas ciberfísicos. Temos um compromisso com a difusão de pensamento: nossa missão é a de ajudar os clientes a entenderem e se protegerem de riscos. Não apenas mapeamos riscos, como também compartilhamos nossas análises com a sociedade como um todo e os diferentes públicos”, diz Glaucia Smithson, Head of Commercial Insurance, Corporate Life & Pensions and Zurich Re e sponsor do evento, que aconteceu em São Paulo, com a presença de clientes, corretoras e profissionais dedicados ao setor de seguros, que vive a sua própria revolução motivada pela transformação promovida pela economia digital.

De forma inspiradora, a melhor resposta sobre o futuro do emprego veio do executivo Paulo de Tarso: “mais do que pensar em treinar pessoas, é preciso dar a elas um propósito”. Exatamente por ter um propósito, de ajudar alguém a renegociar suas dívidas, ou como ele mesmo diz, “empoderar o devedor”, a startup Kitado, fundada por ele por meio da Cubo, aceleradora do Itaú Unibanco, é uma daquelas fintechs que virou case de sucesso.

Trata-se de uma plataforma que oferece aos endividados uma trégua dos cobradores que ainda insistem em ligar no quase extinto telefone fixo para pressionar pelo pagamento de contas em atraso. “Na plataforma, eles podem simular a solução da dívida, sentado no sofá, analisar e nos retornar quando tiver uma ideia mais clara de como pode pagar”, conta ele, que tem cadastrados cerca de 4 milhões de pessoas aptas a renegociar suas dívidas.

A Kitado, bem como os famosos Waze, Airbnb e Netflix sinalizam a todos que não é só a tecnologia que transforma a indústria e sim um novo modelo de negócio. “As pessoas se apaixonam pela tecnologia, mas temos de nos apaixonar pelo problema e encontrar uma forma de resolver”, recomenda José Rizzo Hahn, presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII).

Analfabetos digitais – Certamente boa parte dos robos existentes – já são mais de 614 mil no mundo, segundo Hahn, vai solucionar questões complexas. Eles também farão manutenções preditivas, aquela realizada antes de a máquina falhar gerando uma economia gigantesca com troca desnecessária de peças. Isso torna o emprego mais qualificado. “Mas teremos de ter pessoas qualificadas para operar esses robôs”, diz.

Jefferson Gomes, diretor regional do Senai do Estado de Santa Catarina, concorda. “Não aposto na redução drástica de vagas de trabalho. Os estudos apontam que a tecnologia fará surgir o mesmo número de vagas perdidas pela implementação de inovações. O que muda é que os empregos exigem uma nova qualificação dos profissionais”, afirma.

Segundo Gomes, até 2020 mais de 50 bilhões de objetos, o que significa dizer sete vezes a população mundial, estarão interconectados. Isso gera uma expectativa de negócios na casa dos US$ 32 trilhões. Isso torna a eficiência na tomada de decisões algo prioritário para se manter no mercado. ”Além de investimento em blockchain, internet das coisas, big data, analytics entre outros, e em pessoas que vão operar essas novas tecnologias. Por mais que a TI impressione, com esses robos, o valor esta no momento em que aplica essa inovação para resolver o problema”, sentencia.

Dados de 2016 do Fórum Econômico Mundial revelam que 65% das crianças executarão trabalhos que não existem hoje. Das 52 milhões de jovens no Brasil, somente 16% chegam na universidade. No entanto, 89% deles usam smartphone .“Me preocupa a pessoa acima de 30 anos, que não sabe criar um programa ou operar um sensor. Nossas pesquisas mostram que há um grande analfabetismo digital e temos de viabilizar educação para sustentar a modernização das empresas no Brasil”, enfatizou Gomes.

Segundo os palestrantes, o modelo de negócio inovador obedece a cinco premissas: ter produtos e serviços personalizados; economia de compartilhamento; precificação baseada em uso; ecossistema mais colaborativo; e, finalmente, agilidade e adaptação. “As companhias disruptivas são fortes participantes de ecossistemas. No Brasil boa parte das empresas tem barreira de sentar com o concorrente para entender o que funciona para a industria e o que pode fazer junto. E isso tem de mudar”, recomenda Hahn.

Hahn afirma que a Internet Industrial já começou. Ela une máquinas inteligentes, análise computacional avançada e traba­lho colaborativo entre pessoas conectadas para gerar profundas mudanças e trazer eficiência operacional para setores industriais diversos: manufatura, trans­porte, energia e saúde.

“Analistas indicam mercado potencial de US$ 15 trilhões em 15 anos e não podemos ficar fora disso. Temos de ter claro que as tecnologias de informação e de au­tomação, e não a mão de obra de baixo custo, é que irão gerar as vantagens competitivas para as nações com setor de manufatura relevante”, ressalta o consultor.

Em relação aos desafios de implementar a internet industrial no Brasil e no mundo, ele cita a falta de interoperabilidade e padrões, preocupações com segurança, legado de equipamentos, imaturidade tecnológica, preocupações com privacidade, falta de profissionais especializados e preocupações sociais, segundo o Fórum Economico Mundial.

Quanto a macroeconomia do Brasil, o economista Ricardo Amorim é categórico: a crise vai passar, mas não é simples definir quando. “Não sabemos quem será candidato a presidente no próximo ano, mas a bolsa fechou nesta semana no maior patamar desde 2008. Isso sinaliza que os investidores estão animados com o que já foi feito no Brasil em termos de economia”, disse ele.

Ele ressalta que o agronegócio vem puxando o Brasil e deve continuar, pois a China aumentará cada vez mais a demanda por alimentos no país. Entretanto, a Índia cresce mais do que a China e deve ser o principal demandador do agronegócio brasileiro nos próximos anos.

As cidades que mais cresceram no Brasil nos últimos 15 anos foram do interior, devido ao agronegócio e também a indústria que é muito promissora do país. A região de Franca/SP cresceu por conta do setor de calçados. Joinville foi puxada pelo setor de auto peças, pois várias montadoras foram para lá. Em Caxias do Sul, o crescimento foi devido ao polo industrial metal-mecânico, cita. “A recuperação econômica está por vir e quem estiver mais preparado no mercado será quem mais aproveitará para o beneficio de ser líder numa região de países emergentes que cresce num ritmo maior do que a economia americana”, finaliza Amorim.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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