Política do Brasil frustra o debate sobre o crescimento, comenta analista da Aon Risk Solutions

As perspectivas de risco político para a maior economia da América Latina são preocupantes, afirma Maria Antonio de Carli, analista política da Aon Risks Solutions. Segundo texto publicado em seu Linkedln, o surgimento de novas alegações de corrupção envolvendo o governo e algumas das empresas mais importantes do Brasil agravaram uma situação que já era preocupante.

O novo governo interino do Brasil, liderado pelo presidente Michel Temer, que assumiu o cargo após o impeachment de Dilma Rousseff, enfrenta uma batalha difícil, pois procura introduzir reformas polêmicas do mercado de trabalho e das pensões, juntamente com políticas pró-mercado destinadas a colocar a economia no caminho certo, comenta ela.

Com a confiança dos investidores diminuindo e o crescimento econômico anual em 0.4%, a recente notícia de que a Moody’s reduziu a classificação soberana do Brasil de estável para negativo rapidamente seguida de rebaixamentos em 19 bancos brasileiros, tem servido para agravar a sensação de crise já aparente no Palácio Do Planalto.

Os mapas de risco da Aon produzem uma história semelhante, com nossas perspectivas para o Brasil, sugerindo que o país enfrentará difíceis condições econômicas e políticas no curto prazo. “Vemos o resultado mais provável da crise atual, sendo o presidente Temer permanecendo no poder, apesar das acusações de corrupção, mas uma batalha contínua com as forças políticas opostas à sua presidência”, escreve.

O desafio é como pode Temer – ou qualquer outro político brasileiro – restaurar a fé em um sistema político quebrado no país, e uma economia turbulenta internacionalmente. Temer procura reduzir a recessão que começou no início de 2014, quando os preços das commodities e a demanda chinesa caíram acentuadamente. O déficit do Brasil atingiu 78% do PIB em 2016; enquanto a taxa de desemprego está em torno de 13%, agravando as fraquezas estruturais existentes na economia brasileira.

Juntamente com um escândalo de corrupção tóxica que engloba praticamente toda a elite política, as questões a serem superadas são muitas para Temer implementar mudanças econômicas e políticas significativas. A dúvida é se ele será capaz de obter apoio do Congresso e completar seu mandato com denúncias de corrupção que se aproximem.

A atual crise política e econômica tem raízes profundas em um sistema de corrupção firmemente arraigado na vida política brasileira, comenta a analista em seu texto. Os últimos dois governos foram perseguidos pela corrupção e com novas alegações emergentes sobre o “escândalo de lavagem de carros” – um esquema que alegadamente viu as maiores empresas do Brasil financiar as campanhas políticas de várias figuras políticas brasileiras para garantir contratos governamentais lucrativos – o país é Esperando que um par de mãos mais limpo pegue a roda.

A política brasileira tornou-se uma soma zero, uma situação que frustrou um debate significativo sobre a necessidade de uma reforma que poderia acabar com a corrupção, com o impasse do governo e as profundas divisões ideológicas dentro da sociedade.

O problema é que já parece provável que o novo presidente seja arrastado para o contínuo escândalo da Lava Jato após uma recente conversa gravada implicando ele em tentativas de uma possível obstrução de justiça. Não que Temer esteja sozinho. Praticamente todas as principais figuras políticas no Brasil estão ligadas à investigação de corrupção, que também implicou grandes empresas brasileiras. O desafio é como pode Temer – ou qualquer outro político brasileiro – restaurar a fé em um sistema do país torna a economia turbulenta internacionalmente, com um cenário político cada vez mais polarizado?

Temer e o PMDB, juntamente com o PSDB – o principal rival do PT – estão buscando introduzir uma série de reformas favoráveis ​​ao mercado, incluindo uma revisão do sistema de previdência existente e mudanças nas rígidas leis trabalhistas do Brasil. A esperança é que essas reformas impulsionem a lenta economia do Brasil. A política brasileira frustra um debate significativo sobre a necessidade de uma reforma que poderia acabar com a corrupção, com o impasse do governo e as profundas divisões ideológicas dentro da sociedade.

O portal e análise de mapas de risco da Aon, que explora globalmente o risco político e terrorista, pode ser acessado aqui.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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