Helder Molina, CEO da Mongeral Aegon: a reforma da previdência é urgente

helder molinaO que a Mongeral Aegon, especialista em vida e previdência, pensa sobre a reforma que o governo interino de Michel Temer quer propor a sociedade? O blog Sonho Seguro foi entrevistar o presidente Helder Molina para entender mais deste tema e poder dar mais subsídios para este debate, tão prioritário para o governo, para as empresas e para os indivíduos. Leia abaixo os principais trechos da entrevista do CEO que preside a companhia de 181 anos e que tem como objetivo auxiliar as pessoas com as ferramentas necessárias para que elas planejem um futuro financeiro mais tranquilo.

Como tem visto as discussões sobre a reforma da previdência pelo novo governo?

Este é um assunto mundial. Em particular, é uma questão aguda no Brasil. Nosso país, apesar de ainda jovem, já tem mais despesa com benefícios previdenciários que alguns países com população relativamente mais velha. A reforma da previdência é, portanto, urgente. O mérito do novo governo será levar esta questão para o Congresso. Um dos avanços que tivemos – a reforma da aposentadoria do servidor público – teve origem no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi continuado por Lula e finalmente concluído no governo Dilma. O desafio seguinte será reformar a previdência social.

Qual a sua aposta sobre o que realmente entrar na lista de discussões?

Entendo que será o estabelecimento da idade mínima para aposentadoria. O modelo existente hoje foi pensado para uma realidade na qual as pessoas se aposentavam com aproximadamente 65 anos e morriam por volta dos 72 anos. O tempo passado na aposentadoria correspondia, portanto, a aproximadamente 20% do tempo na vida ativa (7 anos divididos por 35 anos de trabalho). Hoje, a realidade nos mostra que as pessoas estão vivendo mais, cada vez mais se aproximando dos 90 anos de idade. O tempo na aposentadoria, portanto, representa agora aproximadamente 70% do tempo na vida ativa (25 anos divididos por 35 anos), ou seja, 3 vezes e meia o que foi no passado.

Em sua opinião, o que realmente deveria ser feito já?

Primeiro a aposentadoria por tempo de serviço sem exigência de idade mínima, tornando possível a aposentadoria aos 55-57 anos de idade. Em segundo lugar, a exigibilidade de uma idade para aposentadoria às mulheres inferior àquela exigida para os homens que, sem entrar no aspecto social da discussão, representa uma disfunção atuarial, uma vez que estatisticamente são elas que dispõem de uma vida mais longa em relação a eles. E, por fim, a possibilidade de uma pessoa jovem ter direito a receber pensão vitalícia diante da morte de seu cônjuge idoso, muitas vezes fruto de um casamento recente. É preciso haver um tempo de reconstrução e adaptação da vida após o sinistro, sem necessidade de um fluxo vitalício de proventos.

Acredita que o mercado privado de previdência está pronto para atender a demanda da sociedade por um plano privado?

Sim, acredito. O grande problema é que o mercado privado está desenvolvido do ponto de vista financeiro e não do ponto de vista previdenciário. Existem, atualmente, poucos profissionais que entendem de previdência. Quem mais vende hoje são os bancos que, em sua maioria, não se preocupam com outros riscos além do financeiro. Exemplos disto são a falta de cobertura contra invalidez e contra morte prematura no início da fase de acumulação dos planos de previdência comercializados pelos bancos. Outro ponto relevante é que hoje o mercado está concentrado na venda de produtos individuais de previdência e não de soluções grupais. Sabemos que o segundo pilar do preparo para a aposentadoria é o do empregador, das soluções corporativas aos seus funcionários. Este pilar complementa os dois outros: a seguridade social e a poupança individual.

O que precisaria ser feito para tornar o setor de previdência aberta mais atrativo e mais acessível?

Ele precisa ser mais atrativo para as empresas a fim de que elas se preocupem com o futuro dos seus funcionários. As companhias já contribuem com o FGTS e com o INSS. A maior parte delas, por serem de pequeno e médio porte, não consegue utilizar as despesas com a previdência de seus funcionários para incentivos fiscais, para abater a base tributária. Outro ponto é que o setor de previdência aberta tem poucos entendedores. As regras são complicadas e complexas. Muitas vezes os profissionais não foram preparados. O governo também precisa ajudar, no sentido da capacitação e educação do mercado.

Como a Mongeral Aegon contribuiu para desenvolver a cultura de vida e previdência no Brasil?

A Mongeral Aegon contribui por meio de desenvolvimento de produtos mais adequados às necessidades do mercado; discussões com as autarquias no sentido de incentivar novas legislações; formação de profissionais (corretores), através de cursos certificados pela Funenseg; promoção do diálogo com o público, por meio das redes sociais e da internet; lançamento e apoio ao Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, que visa mostrar caminhos para os brasileiros viverem mais e melhor, complementando o trabalho desenvolvido nos EUA e na Europa pelos outros dois institutos do grupo dedicados ao mesmo tema; além do intercâmbio de conhecimento entre os mais de vinte países em que a Aegon tem operações.

Sobre a Mongeral Aegon

A companhia está presente em todo o Brasil, com mais de 2 milhões de clientes, para os quais assegura mais de R$ 270 bilhões. Desde 2009, a empresa faz parte do Grupo Aegon, um dos maiores grupos de seguro, previdência e investimentos financeiros do mundo. Nos últimos anos, a expansão dos negócios deu origem ao Grupo Mongeral Aegon, que é formado por, além da seguradora, pelo Mongeral Aegon Fundo de Pensão, pela Mongeral Aegon Investimentos e pela empresa de gestão previdenciária Mongeral Aegon Administração de Benefícios. O grupo está presente em todo o país por meio de 60 unidades de negócios, 1.200 funcionários e 4 mil corretores parceiros. www.mongeralaegon.com.br

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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