Consumidor que busca a ouvidoria mostra que confia na seguradora e quer a melhoria do serviço

cnseg ouvidor 2015“O consumidor que procura a ouvidoria, depois de passar por um atendimento de balcão, acredita na empresa. Por isso é importante ouvir o que ele tem a dizer. Quando ele encontra o Ouvidor, ele mostra claramente que não quer sair por ai processando a empresa. Ele quer a melhoria do serviço. E não ouvi-lo, é matar a crença de melhoria.”. Essa foi a mensagem de Juliana Pereira da Silva, titular da Secretaria de Defesa do Direito do Consumidor, no evento realizado pela CNseg para comemorar o Dia Nacional do Ouvidor neste dia 16 e também o Dia do Consumidor, comemorado no dia 15 de março.

Para Juliana, ouvir é diferente de escutar. “É preciso ter a capacidade de ouvir o ponto de vista do consumidor. Trata-se de uma consultoria gratuita dentro da empresa por captar as queixas dos consumidores que procuram os órgãos de defesa”, destaca em seu discurso. Segundo ela, 90% dos consumidores que chegam aos Procons procuraram a ouvidoria das empresas. Entre os desafios dos ouvidores é mostrar à população aonde está a ouvidoria dentro das organizações. “É imprescindível que essa comunicação seja feita, tanto pelas empresas privadas como pelas públicas”, enumerou.

Para Marco Antonio Rossi, presidente da CNseg e da Bradesco Seguros, “este é um canal cada dia mais importante para nós, pois ele contribui para a democratização dos direitos dos consumidores”, disse ele em um vídeo virtual para marcar a abertura do evento, que conta com a presença dos principais ouvidores de seguros e também do Banco Central, bancos e da Federação Nacional do Bancos, (FEBRABAN).

O mercado segurador completa neste ano 10 anos de investimentos no canal de atendimento de Ouvidoria. Esse é um marco histórico para o setor, que em 2005 estabeleceu a implementação das ouvidorias de forma facultativa e contou com a adesão de um grande número de empresas, que representavam mais de 90% do faturamento do setor. Há dois anos, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) tornou a ouvidoria obrigatória.

“Desde então, o papel do ouvidor tem sido cada dia mais presente no dia a dia das seguradoras, que usam as queixas dos clientes para aprimorar processos e produtos, destacou Solange Beatriz, diretora da CNseg, ao comentar a Carta de Compromisso dos Ouvidores de Seguros, Previdência Privada, Saúde Suplementar e Capitalização aos Consumidores, divulgada hoje. “A carta deixa claro que a ouvidoria mantém seu compromisso de isenção e ética na resolução de conflitos”.

De acordo com a diretora executiva da CNseg, a ideia é tornar transparente e reforçar o compromisso das ouvidorias privadas com a isenção e a ética no tratamento às demandas de clientes:- Diretores e gerentes têm a obrigação de dar atenção especial às informações que chegam por meio desse canal, e acolher e atender essas demandas com a agilidade necessária.

A carta apresenta três compromissos: “reconhecimento da importância da preservação do acesso e da qualidade do atendimento ao consumidor como mecanismo de prevenção, solução e harmonização dos conflitos de consumo de seguros; reafirmação da atuação das ouvidorias na defesa dos direitos dos consumidoresm conforme estalecem as leis do setor; e promover e defender os valores centrados na harmonia, confiança e equilíbrio nas relações entre os consumidores e as instituições signatárias”.

“Eu considero que o setor ainda engatinha no atendimento ao consumidor”, afirmou Roberto Westenberger, titular da Susep, que participou do evento realizado no Rio de Janeiro nesta segunda-feira, para comemorar o Dia do Ouvidor. Segundo ele, é preciso considerar que o setor passou muitos anos sob o domínio monopolista do resseguro e também passa pela obrigatoriedade da presença do consumidor. “O setor não teve o hábito de lidar com o consumidor, o que só passou a acontecer com a quebra do monopólio a partir de 2008. É um mercado que está com extrema consciência que tem um caminho a percorrer, vencendo a falta de preparo da relação direta com o consumidor. Estou feliz de ver o mercado andando na direção correta e com o apoio dos órgãos que seguem na mesma luta”, afirmou Westenberg.

Os números apresentados pela Susep comprovam que o setor tem evoluído a passos largos. Em número de queixas, o salto foi de 3,3 mil em 2003 para 26,4 mil em 2014. No entanto, depois de tentativas em resolver o conflito com as empresas do setor, a abertura de processos registrou significativa queda. Em 2003, os processos de atendimento ao consumidor abertos pela Susep representaram 18% das queixas. Com a atuação da CNseg no estímulo da implementação das ouvidorias nas companhias, a relação passou para 3% em 2014. “Isso torna claro o investimento das seguradoras em resolver conflitos”, diz, Natalie Herdato, da Susep. “Um índice de 97% de resolução de conflitos é maravilhoso”, destaca Natalie Hurtado, funcionária da autarquia responsável pelo departamento de atendimento.

Ela antecipou ao setor que a Susep se movimenta para monitorar o desempenho das ouvidorias, em relação a todas as queixas que chegam às empresas.Algo como transformar a escuta individual em ações coletivas. “Ainda precisamos de sistema de dados, mas já começamos a estruturar um caminho para que isso se torne realidade”, avisou.

Martha Oliveira, diretora presidente substituta da Agência Nacional de Saúde (ANS), contou que em 2011 a maior parte das queixas recebidas eram de fácil solução, o que facilitou que o segmento de saúde respondesse com uma forte adesão a obrigatoriedade da implementação da ouvidoria. “Hoje 99,8% das operadoras de saúde contam com ouvidora e os trabalhos seguem avançando dia a dia”, disse ela, destacando o recente lançamento do Guia do Consumidor. Queremos usar o trabalho da ouvidoria das empresas para se ter um trabalho conjunto para mediação de conflitos e criar espaços a mais para essa mediação”, disse.

Os dados estatísticos dos atendimentos das ouvidorias das seguradoras em 2014 ainda não estão finalizados. Segundo ouvidores presentes no evento, o setor recebe cerca de 35 mil queixas por meio das ouvidorias das companhias por ano, sem considerar o DPVAT, que conta com estatísticas à parte. O principal produto que ainda gera conflito com os consumidores é o seguro automóvel, o mais vendido no segmento de seguros gerais, seguido pelas apólices simplificadas comercializadas com o carimbo “massificados”, por meio de canais alternativos, como varejo e cartões de crédito, por exemplo. “Reafirmo o compromisso do setor segurador em privilegiar o relacionamento com o consumidor”, finalizou Silas, RIvielle Jr, presidente da Comissão de Ouvidoria da CNseg e executivo da Unimed.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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