Brasil lidera avanço em canais digitais

© Copyright 2010 CorbisCorporationFonte: Brasil Econômico, por Rodrigo Carro

Tendência mundial, os chamados “agregadores” – páginas que coletam informações de vários sites para apresentá-las de forma simples ao consumidor final – entraram com força total no mercado brasileiro de seguros. Levantamento da empresa de pesquisa e assessoria Celent, em 20 nações da América Latina, aponta Brasil e Colômbia como os países com maior número de agregadores na região: nove. Por trás da expansão desses canais digitais no país estão 18 companhias seguradoras, a maioria de grande porte, que trabalham com agregadores.

Apesar do avanço dos agregadores no país, há pouca perspectiva de alteração – pelo menos nos próximos cinco anos – na maneira como os brasileiros contratam seguros, ressalta Juan Mazzini, analista sênior da Celent e coautor do estudo “A importância crescente dos agregadores em seguros”. “Vai ser uma mudança gradual, que acontecerá muito lentamente para os consumidores”, sustenta Mazzini, acrescentando que a figura do corretor ainda é muito forte no Brasil. “O que pode mudar esse cenário é a entrada de um grande player no mercado, que pode ser tanto um banco como o Google ou o Alibaba”. Em mercados mais maduros, como o do Reino Unido, 40% das vendas de seguros gerais (casae vida) e automotivos para pessoas físicas são realizadas por meio de agregadores.

Na América Latina, apenas dois países não contam com agregadores: Guiana e Suriname. Ao todo, a Celent identificou a existência – no segundo trimestre do ano passado – de 63 agregadores na região. Desse total, 68% pertenciam a apenas cinco companhias regionais. No Brasil, a consultoria mapeou 18 companhias que atuam por meio de agregadores, numa lista que inclui Bradesco, Azul, Allianz, Generali, Porto Seguro e Mapfre, entre outras. O tamanho do mercado brasileiro e o acesso crescente da população aos canais digitais estão entre as principais razões para a expansão dos agregadores no país.

O serviço mais oferecido é o de seguros para viagem, disponível em 70% dos agregadores latino-americanos. O segundo mais comum é o seguro automotivo. “São ‘commodities’, produtos mais fáceis de comparar”, justifica Mazzini. “Os agregadores permitem ao consumidor obter a melhor combinação entre custo e benefício”. Dos nove agregadores existentes no Brasil, cinco atuam no segmento de vida e saúde. Outros dois trabalham com seguros de propriedades e contra acidentes. Os restantes são especializados em viagens.

Na prática, a ferramenta digital funciona melhor para seguros mais simples, aqueles em que o consumidor usualmente não necessita de atendimento personalizado. Nessa faixa, o agregador concorre diretamente com o corretor tradicional, reconhece o analista sênior da Celent. Produtos mais complexos, em que o cliente busca aconselhamento e comodidade, são normalmente deixados a cargo dos corretores.

Na tentativa de preencher ao menos parcialmente a lacuna em re lação aos canais tradicionais, alguns agregadores – principalmente no segmento de viagens (passagens e hotéis) – vêm oferecendo atendimento virtual. Para contornar as restrições de custos, uma das saídas tem sido a utilização de programas de computação cognitiva, que empregam inteligência artificial para responder às dúvidas e pedidos da clientela, sem a necessidade de montagem de um call center.

As tensões naturais entre canais de venda digitais e tradicionais podem ser minimizadas – argumenta Mazzini com a configuração de produtos mais simples para mercados-alvo específicos. A possibilidade de comparar preços quase que em tempo real é um ponto decisivo a favor do agregadores, mas está longe de ser o único. Com a evolução do serviço de busca, muitos sites permitem ao consumidor comparar produtos usando outros critérios além do preço. O mesmo acontece, por exemplo, no segmento de bilhetes aéreos, no qual o internauta pode pesquisar passagens de acordo com critérios como número de escalas e duração da viagem.

“No futuro, não vai haver diferença entre corretores e agregadores”, acredita Mazzini. Mas, por enquanto, essa diferença ainda aparece de forma marcante nos números coletados pela Celent na América Latina. Segundo a empresa de consultoria voltada para instituições financeiras, 47% dos agregadores na região permitem a compra direta pelos seus sites, enquanto o restante redireciona os pedidos dos clientes para a página das seguradoras, para encerramento da transação.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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