VALOR ECONÔMICO – Boa matéria para quem quer olhar o idoso por outro prisma

valorHoje li essa matéria no Valor Econômico e acho até um dever que todos leiam depois de assistir a palestra de Alexandre Kalache, post abaixo deste.

Na contramão, plano Prevent Senior lucra
por Beth Koike

Um plano de saúde que atende principalmente pessoas com mais de 60 anos, é comercializado exclusivamente na modalidade individual e tem preço máximo de R$ 585,25. Ou seja, todos os atributos que levariam um convênio médico à lona, segundo prega o mercado. A operadora paulista Prevent Senior caminha na contramão do setor e, ainda assim, apurou no ano passado um lucro líquido de R$ 34,5 milhões. Como a conta fecha?

“É uma lenda achar que os idosos gastam mais. A frequência com que eles usam o plano de saúde é seis a oito vezes superior, mas o custo não é necessariamente maior. Fazemos um forte trabalho de prevenção com ações para diabetes, pressão alta, depressão”, justifica Fernando Parrillo, CEO e fundador da Prevent Senior, ao lado do seu irmão, o geriatra Eduardo Parrillo.

“É comum o idoso ir várias vezes ao médico para ocupar seu tempo. Temos psicólogos nas unidades para conversar com esse público e criamos atividades sociais para eles”, complementou Fernando, que há 18 anos era motorista de ambulância atendendo, principalmente, pacientes idosos.

A Prevent Senior tem 190 mil clientes: 88% deles têm mais de 60 anos de idade e nenhum tem menos de 49. Segundo Fernando, as ocorrências com os idosos são previsíveis e já são contabilizadas no orçamento. Ele cita que a maior demanda é em ortopedia e por isso tem um hospital próprio destinado exclusivamente para esse procedimento médico. Há unidades específicas para tratamento oftalmológico, devido à alta incidência de cirurgias de catarata, e ainda para cardiologia e oncologia.

A operadora consegue fechar a conta no azul também porque 90% dos atendimentos são feitos em rede própria com seis hospitais, quatro laboratórios e mais de 20 clínicas. Com o maior controle das contas, foi possível encerrar o balanço de 2012 com sinistralidade de 64%, enquanto a média do mercado fica em 75%. “Acredito que é possível baixar esse número para 60%”, diz o CEO.

Mas, nem tudo é tão azul. O índice de reclamações da Prevent Senior na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é elevado. Em junho, a taxa de queixas de clientes da operadora foi de 1,93 contra a média de 0,99 entre as empresas de mesmo porte.

A taxa de ocupação nos hospitais próprios, da rede Sancta Maggiore, é de 100%. A demanda extra, que corresponde a 10% de seus procedimentos médicos, é atendida em rede credenciada. Para não extrapolar esse percentual e desequilibrar o balanço, a empresa está finalizando o sétimo hospital e um oitavo está em fase de elaboração.

De acordo com o executivo, neste ano já foram investidos R$ 80 milhões e a meta a partir de 2014 é construir dois hospitais por ano. A Prevent Senior tentou adquirir o Hospital Santa Marina, em São Paulo, fechado em 2011. A operadora ofereceu em um lance R$ 50 milhoes pelo hospital com 265 leitos, mas perdeu a disputa para a Amil, que pagou R$ 55 milhoes.

“Esses investimentos são para atender à forte demanda que surgiu a partir do segundo semestre de 2012, com a quebra de cinco operadoras e também porque as outras empresas não querem mais vender planos individuais e para terceira idade”, disse. Porém, vale destacar que um fator delicado para as finanças da operadora são os clientes oriundos de outros convênios médicos que foram à bancarrota e podem migrar para a sua carteira ou para outra operadora do mercado sem necessidade de cumprir carências, segundo normas da ANS. Trocando em miúdos: esses usuários já chegam gastando, mas não passaram por programas de prevenção.

Apostando na contramão do setor, a Prevent Senior espera crescimento expressivo neste ano. A projeção é encerrar 2013 com faturamento de R$ 800 milhões, um crescimento de 42% em relação ao apurado em 2012.

É uma das maiores expansões da operadora fundada em 1996 pelos irmãos Parillo. O maior salto mesmo foi em 1998, quando Eduardo serviu de garoto-propaganda da Prevent Senior em um programa de TV vespertino comandado pela apresentadora Claudete Troiano. “Investimos R$ 2,5 mil numa propaganda na TV oferecendo um plano de saúde para pessoas com mais de 60 anos e custo acessível. Foi um ‘boom’. O telefone não parou de tocar. Na época, só tínhamos 500 clientes e crescemos 120%”, diz Fernando.

Daí em diante, a família toda foi trabalhar na empresa. “Meu irmão analisava os clientes do plano com maior propensão a ter problemas de saúde. Minha mãe acompanhava esses pacientes. Eles mediam a pressão na farmácia e ligavam do orelhão para minha mãe que anotava diariamente”, conta Fernando.

Hoje, a mãe não está mais no negócio e os irmão Parillo dividem seu tempo entre o plano de saúde voltado para os idosos e apresentações para o público jovem. Ambos têm uma banda de rock pesado, a Doctor Pheabes. Em tempo, Fernando e Eduardo têm 45 e 47 anos de idade, respectivamente.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS